Between us escrita por IS Maria


Capítulo 38
Eu disse


Notas iniciais do capítulo

Dá pra acreditar que tudo já está terminando ? Por que é sempre tão difícil começar a desapegar???



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581116/chapter/38

– Como posso ter certeza se o que diz, é verdade ? - Sussurrei contra seus lábios. Ele sorriu e por alguns segundos, vi os vestígios de seu lado sombrio que em pouco ele havia me apresentado.

– Acho que terá que confiar em mim - Disse, seus olhos negros presos aos meus, olhando-me como se pudessem ler por completo toda a minha alma. Abri um sorriso, por mais que tudo ao meu redor tivesse me deixado de cabelo em pé, eu não negaria o que aquelas palavras haviam provocado em mim.

– Bem senhor, eu geralmente não confio em qualquer um - Me separei brevemente, abrindo um sorriso brincalhão.

– Ah... então terei que fazer com que confie em mim - Puxou-me novamente pela cintura.

As vezes nos questionamos se de fato valia a pena viver. Na manhã seguinte quando acordei ao lado dele, enquanto o observava dormir, tão lindo, imaginei como seria se tudo fosse diferente... imaginei como se seria se seus olhos se abrissem e em vez de castanhos... fossem azuis. Levantei, passei uma de suas camisetas pelo corpo e caminhei pela cozinha. Eu não duvidava do que eu sentia por ele, não poderia, eu tinha certeza absoluta de que ficar ao lado dele era tudo o que eu mais desejava, mas renegar a outra parte de mim, seria viver uma completa farsa... eu simplesmente não posso ignorar o que meu corpo grita por completo. Coloquei um pouco de café em uma xícara e sorri novamente ao ver o quanto ele ainda dormia pesado. Caminhei até o sofá e me esparramei, eu adorava aquele lugar, era grande e ao mesmo tempo mal dividido, agora mesmo eu não sabia se estava na sala ou em sua garagem.

– Eu adoraria abrir os olhos e me deparar com você ao meu lado - Pulei de susto, porém ele apenas riu e passou a mão em meus ombros em um carinho e se deitou ao meu lado no sofá.

– Eu não queria o incomodar - Sorri, passando as pontas do dedo pelo seu belo e perfeitamente desenhado, rosto.

– Você não incomoda - Disse revirando os olhos, como se fosse óbvio.

– Se você diz - levantei as mãos me rendendo. - Pode me levar em casa ? - Perguntei arqueando minhas sobrancelhas.

– Anão... por que ? - Protestou.

– Carol me mandou umas mil mensagens só de manhã me pedindo para a encontrar com urgência. - Apertei as bochechas o mostrando o quanto aquilo também me aborrecia.

– Bem, não vai ser bom irritar a minha " Sogra" ? - Perguntou, fazendo-me rir.

– Não... ela não - Sorri, deixando que ele me puxasse para si me abraçando. - Vou me vestir - Pulei do sofá e em segundos eu estava pronta.

– Eu adoraria que passasse o dia comigo - Puxou-me pela cintura, beijando-me - Porém... espero que ao menos reserve o dia de amanhã para mim, - Eu sabia o que teria amanhã, mas não vi nenhum problema.

– Serei sua - Sorri, o beijando novamente. - Mas, por que amanhã ?

– Ah... - Ele olhou para o alto - É só o aniversário da mulher que eu amo - Me beijou - Por que seria importante ? - Seu tom de irõnia apenas me divertiu.

– Como sabe que é meu aniversário ? - Eu me lembrava muito bem de não ter dito para ninguém.

– Um bom namorado faz sua pesquisa - Brincou e em seguida abriu a porta de seu carro para mim. Ele entrou e em seguida eu entrei também, ele deu partida e a medida que eu carro ia partindo... vi algo que tive de conferir parar ter certeza de que tinha visto certo.

" Eu vendi a minha moto " Eu me lembrava do que ele havia me dito algumas semanas atrás, bem... se aquilo era verdade, então, por que eu havia acabado de vê-la ? Apreensiva passei o cinto de segurança e não disse uma sequer palavra, ser cautelosa me pareceu melhor do que petulante, afinal eu me lembrava o que tinha me custado da última vez. O beijei uma última vez e então cruzei o saguão rapidamente. Ignorei qualquer ideia ou pensamento que cruzou a respeito disso em minha cabeça, eu não seria preciptada, não desta vez. Patrick estava esparramado no sofá da sala, seus olhos bateram em mim porém ele demonstrou completa indiferença em me ver.

– Oi pra você também, maninho - Disse depois de seu puro ato de clara arrogância.

– Poderia ter ao menos me dito que passaria a noite com ele . - Pelo seu tom, soube que não estava nenhum pouco contente.

– Como... ? - Comecei, mas ele simplesmente mudou de canal colocando em um desses noticiários de fofoca onde eu claramente podia ver uma foto minha e de Oliver... eu havia completamente me esquecido de que não era mais uma desconhecida. - Eu ...

– Não , Alice ! - Me interrompeu - Tudo bem, sabemos que isso é melhor pra nós dois depois daquelas fotos... - Seus olhos estavam vermelhos.

– Sim... mas...

– Eu amo você - Disse, calando-me novamente - Mas, sei que é melhor que você o ame. - Completou, subindo as escadas.

Eu sabia o quanto aquilo o machucava e no entanto havia sido mais fácil para ele admitir do que para mim. Quando Oliver havia me dito entre beijos que me amava, eu havia sentido uma grande alegria, havia sentido uma vontade imensa de permanecer eternamente em seus braços, mas não havia encontrado palavras. Eu sabia o que desejava gritar a ele, mas não havia saído nada, por mais que eu pensei estar certa... as palavras simplesmente fugiram de minha boca, deixando-me mais uma vez na mão. Subi as escadas sentindo o peso do meu próprio corpo ir aos poucos se tornando insuportável. Tomei um banho, trocando-me rapidamente e ao sair me deparei com um embrulho sobre a cama.

" Para o seu grande dia " O cartão dizia e ainda " Beijos... Alex " , no verso. Eu não podia acreditar que ele havia tido a cara de pal de me mandar um presente depois de ter feito algo comigo e simplesmente ter sumido. Ignorei o embrulho e continuei seguindo o meu caminho, o que quer que estivesse dentro daquela caixa poderia muito bem esperar para hora que eu me visse com curiosidade de saber do que se tratava. Fiquei contente ao saber que o motorista do meu pai estava disponível, afinal, meu irmão não iria se colocar a minha disposição, principalmente agora. No estúdio, pude ver que Amanda estava quase perdendo a cabeça. Havia tanto para ser organizado para amanhã anoite que eu sinceramente me vi com pena dela, por isso não reclamei de nada que ela decidiu, apenas concordei com o que quer que ela desejasse que eu fizesse, não me parecia tão ruim, apenas não parecia boa ideia... mas eu já havia dito sim de qualquer maneira.

– Me diga que tem uma idéia do que vai usar - Segurou meus braços mostrando-me o quanto estava desesperada.

– Para a festa ? Pensei que você fosse me dizer - Eu estava até surpresa que ela tivesse deixado esta tarefa em minhas mãos.

– Eu não tenho tempo para escolher... - Ela disse revirando os olhos - Não me decepcione . - Completou me deixando sozinha.

Me sentei sobre a mesa de madeira que havia em seu escritório, eu não fazia a menor ideia do que deveria vestir, não sabia nem por onde deveria começar a escolher. Olhei para o lado até encontrar um porta retrato duplo. Em um dos lados havia uma foto de meu pai, ele estava lindo, seu sorriso era lindo, seus olhos verdes e rebeldes... do outro havia Patch, com seus olhos azuis, não pude deixar de sorrir. Era engraçado a maneira como havíamos nos apaixonado, sempre nos atraindo um para o outro mesmo sabendo o quanto tudo poderia ser perigoso. Era incrível como meu corpo parecia desejar o seu cada vez mais intensamento, mas era simplesmente mágico a maneira como meu coração para bater por ele. Nossos batimentos simplesmente entravam em sincronia quando estávamos juntos e tudo se torna música... mordi o lábio inferior e sentindo uma leve ardência em meu peito, soube exatamente o que eu precisava.

Voltei correndo para casa, esperando o encontrar. A casa estava vazia, seu quarto estava vazio. Olhei para as fotos esparramadas sobre sua cama, nossas fotos, as que vinham sendo usadas para nos chantagear, provavelmente pela mesma pessoa que deseja me ver morta. Olhar para elas deveria provocar medo ou qualquer outra coisa, mas ao contrário, me faziam bem. Eu olhava em cada uma delas e apenas via sorrisos sinceros, me lembrava de momentos cheios de paixão, onde não havíamos sido apenas amantes, tinhamos sido melhores amigos, confidentes, irmãos. Ele havia preenchido que todas as perdas que eu havia sofrido tinham causado, ele havia me feito esquecer da dor que antes parecia conduzir a vida e tornou mais do que possível uma vida ali, foi por isso que decidi que não me desanimaria... eu iria até seu encontro.

Eu sabia que meu pai não ia aprovar nenhum pouco eu roubar um de seus carros, mas aquilo me parecia uma emergência. Dirigi a uma alta velocidade, poderia ser arriscado, porém eu já não respondia por mim mesma. Naquele momento não eram minhas mãos que me conduziam e sim meu coração, o mesmo que batia cada vez mais aceleradamente. Não parecia de qualquer maneira que alguém fosse cruzar o meu caminho. Muito mais rápido do que das outras vezes, eu havia conseguido alcançar aquele lugar. Pensei que eu demoraria um bom tempo até desejar voltar ali, mas francamente, não havia um lugar melhor.

Corri em meio as árvores até encontrar a pequena cabana. Olhei pela janela de vidro e notei que não havia a menor possibilidade dele estar ali, mas aquilo não me faria desistir. Continuei andando, desda vez descalça, me arrependendo dos saltos que havia escolhido. Eu não me lembrava muito bem o caminho e considerando o quanto eu tendia a ser desastrada, eu tinha altas chances de acabar perdida ali, mas mesmo assim continuei... subindo e subindo. Lembrei-me da sensação de ter torzido o tornozelo e aos poucos fui reconhecendo o caminho... meu coração o conhecia. Em instantes eu estava ao topo do penhasco. O dia estava nublado e frio, mas mesmo assim eu podia o ver na água que me parecia gelada. Eu sabia que me arrependeria, mas mesmo assim, tirei o casaco e me joguei... eu não havia me enganado, a água estava congelando. Senti uma dor profunda em meu tornozelo novamente e notei que havia batido contra uma perna.

– Ah ! - Exclamei de dor, atraindo então a atenção dele para mim. Ele nadou em minha direção e então nós dois pudemos ver o sangue.

– Eu vou matar você - Bufou com raiva enquanto me colocava em seus braços.

– Desculpa - Disse enquanto mordia meu lábio inferior. - Eu não fazia a menor ideia que me machucaria. - Mas eu podia imaginar, tendo em conta a minha sorte. Na verdade já era uma graça ter sido meu pé e não meu tornozelo.

– O que fará com o desfile amanhã, idiota ? - Disse ele enquanto me carregava pela trilha. Levei a mão a boca, Carol me mataria.

– Darei um jeito - Suspirei sentindo o corte arder cada vez mais.

Me levou até a cabana e lá depois de me jogar uma camisa sua, seca, limpou o ferimento e enfachou meu tornozelo. Eu não pude conter alguns gritinhos de dor, ele não estava pegando leve, mas aos poucos, com a faixa, a dor aliviou. Ele se levantou e eu me levantei para o seguir, mas quando meu pé tocou o chão, gritei com o choque que senti. Ele rapidamente me apanhou em seus braços, furioso obviamente.

– Eu vou te dar uns tapas - Me segurou com força.

– Não seria má idéia...- Brinquei, ganhando um olhar ainda mais enfurecido.

– O que veio fazer aqui Alice ? - Perguntou ainda me segurando.

– Vim para dizer que amo Oliver - Ele me olhou incrédulo.

– Disso eu já sabia - Bufou, colocando-me em seus braços para me sentar com cuidado novamente. Levei meus dedos aos seus lábios o impedindo de continuar a falar e então deixei que meus lábios encontrassem os seus em um beijo breve e delicado.

– Eu amo Oliver - Suspirei quando nos separamos, ainda em seus braços. - Mas... Eu te amo mais - Fechei os olhos sentindo meu peito queimar. - Te amo muito mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!