Escolha-me [EM REVISÃO] escrita por Moriah


Capítulo 5
Música sobre segurança, raízes e ausência


Notas iniciais do capítulo

Está ai mais um capitulo ^-^
Espero que gostem, tem muitas surpresas pela frente gente 'u'



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Capítulo Cinco:

Música sobre segurança, raízes e ausência.

 

Naquela noite o jantar entre a família de America poderia ser considerado turbulento. Em suma, os mais velhos se dividiram em opiniões e todos relembraram a cada cinco frases todo o percurso de Ames desde A Seleção, de como ela ficara após a escolha de Maxon. Os menores ficaram eufóricos com a chance de conhecer o castelo e a família real, e por mais que Henrique tentasse esconder, estava nervoso com a oportunidade de se encontrar com a princesa.

No fim, America entrou em seu quarto com o coração pesado como estivera desde que Maxon deixara seu camarim. Motivada por uma dúvida que nunca havia passado pela sua cabeça, sentou-se na cama com o notebook em mãos e buscou por todos os nomes da família real. Todos os sites notificavam a morte da Rainha, mas a ruiva não pode deixar de notar que a maior parte era sobre o rei e a rainha, além de uma pequena parte sobre os filhos deles, mas nada sobre Kriss Ambers grávida. Levando a idade avançada em que os garotos se encontram seria impossível serem filhos de Maxon, ou até mesmo de Kriss. E ainda tinha Esther, até seus 13 anos não havia qualquer menção ao seu nome nos sites e jornais.

— Ainda ruminando uma escolha?

Magda estava na porta, trazia em suas mãos uma bandeja de chá. America sorriu, ajudou sua mãe a depositar a bandeja em sua cama e fechou o notebook.

— Não sei como me sinto, independente da escolha.

Magda sorriu, parecia refletir entre seus pensamentos.

— A senhora ainda tem mais opiniões guardadas, eu imagino.

— Sempre — Magda sorriu. — Sabe, você sempre foi extraordinária.

— Acredito que você queira dizer teimosa.

— Bem, desde pequena você leva as coisas para dentro do seu coração e as comporta lá, porque acredita que precisará delas um dia.

— Tenho tratado isso na terapia.

— Não estou tentando diagnosticar você, o que estou tentando dizer é que você tem dificuldade em separar as coisas. Dificuldade em separar a cantora da mãe, a selecionada da cantora, a America Singer da selecionada... você foi professora de música, ativista e hoje é uma estrela. Foi muitas coisas, mas quem você é hoje?

America tomou seu chá, tentando compreender as entrelinhas.

— Não pense como a America que não foi escolhida, Meri. Você não é mais ela e a amargura, a dor e todos os sentimentos ruins precisam ficar para trás para que você possa pensar direito. Você ainda pode mudar as coisas, melhorar mais vidas. Essa pode ser a sua grande oportunidade... Lembro de quando vi você na televisão, falando sobre aqueles diários, com fogo nos olhos, alucinada pela sensação de justiça... Como o seu pai. Sempre como ele.

Ambas concordaram.

— Ele gostaria disso — Ames suspirou. — Acho que você tem razão. O rei comentou sobre projetos, e agora com essa crise de água doce e eletricidade... Posso tentar ajudar o povo.

— Não existe solução para a grande parte das coisas, filha, mas para o que existe acredito que você pode encontrar.  Você consegue, se quiser.  

America cochilou com sua mãe fazendo-lhe cafuné. A última coisa da qual se lembrava era observar sua mãe, os cabelos ruivos esbranquiçados na raiz, sempre amarrados em coque desde que seu pai se fora. Sempre vestida de preto. Sem o brilho fervente que costumava emanar e irritar a filha. Magda pôs a filha para dormir com uma antiga canção que falava sobre segurança.

♫ ♫ ♫

Maxon observava a paisagem pelo vidro se sentindo mais melancólico do que durante a primeira semana. Kriss costumava sentar-se na sua frente e ambos conversavam por horas a fio, até que o caminho de horas se tornava minutos. Agora três horas se tornavam sete. Era cerca de quatro da manhã e o castelo ainda parecia longe demais, prometendo descanso e uma vida de solidão longa e perpétua. O caminho era ladeado por mensagens de ódio: cartazes, fantoches pegando fogo, manifestantes sendo retidos pelas motos que ladeavam a limosine. O mundo do lado de fora estava um caos e, se tivesse coragem de admitir para si mesmo, também estava.

— Quero saber como passaram pela segurança — John amassava um dos cartazes que havia arrancado de um muro antes de entrar na limosine.

— Ninguém passou pela segurança, John — Esther ajeitava seus cabelos no próprio reflexo, tentando ignorar toda a gritaria do lado de fora. — O problema foi a equipe da America, ela poderia ter sido ferida.

— Todos poderiam ter se ferido — Maxon completou, fechando os olhos e suspirando.

— Ainda acha uma boa ideia aparecermos em público?

John se fazia ser o precursor do caos desde muito novo e trazia a responsabilidade da segurança de sua família sobre qualquer coisa. Essa proteção cega fazia com que não pudesse ser o herdeiro da coroa.

— Apresentar uma imagem sólida é sempre a melhor alternativa. Juntos somos uma ameaça e não podem abalar o que aparenta inabalável — Esther recitou, imitando a voz de sua instrutora de política e comunicação.

John bufou.

— Você escreveu a carta para o sul?

— Escrevi, John. E não recebi resposta alguma. — Esther começava a se irritar e Maxon podia ver sua garganta e bochechas ficaram salpicadas de vermelho. A jovem apertou o nariz até se acalmar. — Eles não querem trazer seus filhos para estudar conosco porque não confiam em nós, para eles as raízes com a terra importam mais do que saber o valor de uma moeda em cada país. Acreditam que iremos raptar suas crianças, lavar suas mentes e convencê-los a roubar a água de seus próprios pais. Você poderia culpá-los?

E John não poderia. Ele havia abandonado suas raízes assim que entrou no castelo, e fizera isso de bom grado, ainda assim o povo do sul não eram as vítimas. Vítimas não afugentam os donos de fazendas de suas próprias terras e tomam posse de seus rios, lagos e nascentes doces. John podia ouvir a voz de Kriss o repreendendo — quando fome gera uma reação, o que pode ser considerado um exagero?

— Estamos tentando falar com a líder do grupo aimara, mas estão sempre em movimento e não temos previsão de contato direto.

— Logo será comemorado o festival do sol, talvez possamos participar para mostrarmos que respeitamos suas crenças e não pretendemos apagá-la — Esther comentou, sem falar com alguém especificamente. — Irei comentar a respeito daqui duas semanas, caso não façam contato.

John suspirou e voltou-se para Maxon que encarava Esther com admiração.

— Por que não me consultou antes de convidar dúzias de estranhos para conviver conosco?

— Porque apesar de apreciar sua opinião negativa sobre tudo, não preciso da sua permissão.

Maxon sabia que isso não encerrava aquele assunto. John era veemente contra trazer qualquer pessoa para perto da família real sem antes submetê-la a diversos testes psicológicos e físicos.

— Eu pedi — Esther murmurou, e então voltou-se com raiva para seu irmão mais velho. — Preciso de ajuda. E preciso com tudo, caso não esteja vendo. Enquanto você prepara o casamento dos sonhos para o próximo inverno, estou tentando não deixar a nação pegar fogo. Mas veja só, o  começo de uma combustão.

Os três observaram o lado de fora enquanto as pessoas e os cartazes começavam a ficar para trás.

Maxon observava como Kriss mostrava sua ausência em todos. Fazia anos desde que vira Esther raivosa e John ansioso, e nessas ocasiões sempre a Rainha entrava em ação sabendo equilibrar todos os seus papéis em uma máscara só.

— Estamos todos tentando — ele murmurou. Se mostrando pela primeira vez desde a morte de Kriss vulnerável para seus filhos. — Somos nós três. E seremos mesmo quando você casar e você assumir a coroa — apontou para John e para Esther em sequência. — Nós somos o que sobrou e nós temos o que sobrou. Vamos construir algo a partir disso e tudo bem precisarmos de ajuda. Não estamos fracos, nem perdidos, nem vulneráveis. Estamos juntos. Assim que sairmos dessa limosine somos um trono e eu não quero mais ver vocês dois se atacando porque são o que tem. Lidem e trabalhem com isso.

Esther e John se entreolharam. Ambos eram um só, sabiam disso. Tinham o mesmo sangue, a mesma história e os mesmos segredos. Levavam em suas nucas a mesma marca queimando como uma demonstração do inferno que os aguardava. Esther sorriu e John devolveu o mesmo sorriso triste. Eram um pelo outro desde antes de entenderem o que família significava e agora eram por Maxon, que os salvara de seus demônios.

O telefone pessoal de Maxon vibrou.

Número desconhecido [4:23]: proposta aceita.”

— Ela aceitou — lançou seu celular para o colo do homem na sua frente. — John, diga para ela como funcionará todo o processo de mudança.

John concordou. Maxon sentia-se desconfortável em falar sobre ou com América. Parecia um tipo de zombaria com Kriss, com tudo o que viveram e a amizade que tinham. Seu peito doía e imitou o gesto de Esther para acalmar-se, a princesa vendo a tensão do pai sentou-se ao seu lado e descansou a cabeça em seu ombro.

A mente do rei viaja entre os diversos desastres que estavam ameaçando a coroa e sua família, e como tudo parecia afunilar ainda mais após a partida de Kriss.

♫ ♫ ♫

Amanhã de America fora dividida em três reuniões diferentes, com a escola das crianças, com seus patrocinadores e com sua equipe e assessoria, se tornava cada vez mais fácil fingir que sentia-se lisonjeada pela proposta real (e não completamente confusa). Surpreendentemente, todos aceitaram muito bem e facilitaram todo o processo, Rei Maxon soubera adoçar a boca de todos antes que ela precisasse sequer pensar no que dizer. Em todas as reuniões estava presente um representante da coroa para defender a necessidade e honra dos serviços que America prestaria ao seu país. Serviços esses que eram ensinar música, não salvar vidas — ela fez questão de relembrar o fato ao representante antes da última reunião.

May ficara responsável por revisar as malas e preparativos da viagem de todos e sua viagem terminou no quarto de America.

— Como estamos?

— Nervosas — America murmurou, guardando o notebook em sua bolsa de colo. — Foi uma ideia ruim?

May deu de ombros, como poderia saber? Não apoiava com vontade, mas já estava feito.

— Não vamos pensar a respeito até que já estejamos no castelo descobrindo o caminho até a adega real.

Ambas riram.

— Você conversou com Sally? — May puxava as malas de América para a sala.

America soltou um palavrão.

— Ela está em casa?

— Vai vir para o jantar de despedida.

— Assim que ela chegar peça para ela vir aqui.

— Mamãe preparou lanches da tarde, você não quer se juntar a nós? — a mão delicada de May se estendia até sua irmã. — Sim, tem café mesmo com o calor dos infernos que está fazendo lá fora. Magda conhece bem sua filha.

Na cozinha pequena do quarto de hotel Magda terminava o último misto-quente. Emily derrubava um pote de glitter em um cartão.

— Para quem? — Pâmela perguntou com a boca cheia de comida.

— Sally. Pedindo para ela nos acompanhar.

— Ela tem sua faculdade e namorado, e aceitou nos acompanhar até aqui porque é a duas horas e meia da sua casa.

Emily mostrou a língua para a irmã.

— Emily, só não espere um sim. — America interviu, fechando a cara como Magda costumava fazer para ela.

Sally encontrou toda a família Singer conferindo se não estavam deixando nada esquecido pelos quartos do hotel.

— Esse cheirinho de café... Me digam que sobrou um pouco, essa viagem sempre acaba comigo.

Nas mãos de Sally encontrava-se seu capacete e em suas costas uma mochila grande de acampamento.

— De onde você está voltando, mulher? — May perguntou arregalando os olhos e ajudando a jovem a tirar a mochila das suas costas.

— Eu estava indo para um acampamento com Nahshon — Sally começou a explicar, tomando longos fôlegos como quem tenta não chorar. — Até descobrir que eu não havia sido a primeira mulher a ser convidada para acompanha-lo. Na verdade não tenho sido a única a mulher com quem ele divide aquele mísero e fedorento pin-

— EMILY! Ajude a vovó a servir a Sally, por favor — Pâmela a corta desesperada.

Sally respira fundo tentando controlar sua raiva eminente.

— Desculpa — pede, aceitando a xícara de Em e tomando um longo golé. A dor da garganta queimando era um alívio, pois algumas lágrimas puderam escapar com uma boa desculpa. — Você poderia escrever uma música sobre isso.

— Todas elas acabam sendo sobre isso, querida — America afaga o ombro de Sally. — Terminou com ele?

— Ele não sabe que descobri, mas acredito que ele já desconfie. Eu deveria busca-lo antes de passar aqui.

— Achei que o relacionamento de vocês era aberto.

— E ele era, até Nahshon ter uma crise de ciúmes e resolver fechar todos os portões. Apenas para mim, pelo jeito.

— Coma, vai se sentir melhor — Magda alcançou um prato com dois mistos-quentes.

— Obrigada.

A conversa acabou focando nas diversas formas que Sally poderia lidar com a situação, mas nenhuma sugestão era de fato plausível ou não acabava em prisão, até que Emily alcança para Sally o cartão que havia feito.

— Espero que isso seja uma passagem para alguma ilha deserta onde não existe homens — Sally brincou.

Emily sorriu e os meninos que até então estavam no sofá da sala fingindo não ouvir nada a respeito soltaram sons de protesto.

— É um convite para vir com a gente para o castelo.

— O castelo, é? — Sally brincou e então olhou para America. Ao notar que ninguém havia zombado, engoliu rapidamente o pedaço enorme da mordida que havia dado. — O castelo mesmo? O castelo, castelo? Aquele com as fortalezas, masmorra e a família real? Com o rei?

— Com o Rei Maxon — Ames concordou, sorrindo. — Eu ia fazer uma proposta mais formal, mas acredito que o pedido da Em é apropriado.

— Vai ter uns soldadinhos gatinhos para gente, Sally — Pâmela brincou, ignorando o olhar de Magda e America.

Sally riu.

— Eu não sei, eu estou com muita matéria acumulada. Não estou dando conta de tudo.

— Agora você não precisa sustentar macho, garota. Um trabalho a menos, provavelmente o pior de todos — May apontou.

Nenhuma das mulheres apoiava o relacionamento que Sally vinha tendo há três anos e todas procuravam não comentar sobre as roupas compridas e maquiagem que Sally usava vez ou outra quando aparecia de cara fechada e olhos inchados. Houve uma tentativa de fazê-la se abrir que não foi bem aceita, Sally não apareceu para trabalhar por dois meses após a oferta de ajuda de America.

— Tens razão, ainda assim...

— Não quero você lá a trabalho, a menos que queira supervisionar Emily. Eu me sentiria segura com você lá, o castelo é realmente um lugar imenso e é fácil perder uma criança curiosa, mas você precisa de férias assim como mamãe, Henrique e May.

— Eu também trabalho — Pâmela relembrou America, suspirando e revirando os olhos. — E também vou tirar férias, gostaria de ter uma amiga comigo. Para ser mais clara quero — se aproximou de Sally — você como a amiga que está comigo em um castelo cheio de soldados sarados treinando sem camisa.

— Se essa é a sua motivação, eu vou aceitar também — America completou, se dirigindo a Sally.

No fim, depois de alguns combinados e regras impostas por America, todos estavam prontos para partir. As regras eram não perturbar os guardas em ronda, não abusar das empregadas e nunca sair do castelo desacompanhados.

Quando a limusine buzinou todas as malas já estavam no hall de entrada do hotel e America quis se enterrar ao notar o tanto de paparazzis a vendo entrar na limusine real com sua família. Bem, isto tudo parecia tão errado, ridículo e fora do lugar. Outra vez a ruiva não sabia ao certo o que vestir e acabou rendendo-se ao preto básico, odiando como desde que Maxon reaparecera em sua vida nem se vestir direito sabia mais.

Havia um nó grosso e palpável no estômago de America, mas estar perto da sua família aliviava todo o enjôo. A viagem fora divertida recheada de piadas, músicas e porcarias comestíveis, America observava todos sentindo-se realizada por fazer parte disso: sentia-se transbordante de gratidão por tê-los em sua vida — não suportaria metade das coisas sem eles. Henrique jogava salgadinhos no cabelo de Pâmela, e Sally ficava catando-os como se estivesse procurando piolhos enquanto Emily gargalhava até chorar. Gabriel e May cantavam uma música totalmente fora do tom e Magda observava a algazarra toda preocupada com o barulho atordoar o motorista.

America resolve ligar para Marlee perto do fim da viagem.

Alô, Meri, querida, tudo bem?

Marlee?

America se você liga para o meu telefone espera-se que eu atenda, amiga — Marlee zomba, parecia feliz.

Ambas riem.

Oi Marlee, tudo sim e com você? Não vai acreditar na confusão em que me meti desta vez.

Você está me assustando, mulher! E que tanto barulho é esse onde você está?

Aceitei um serviço no castelo e estamos todos indo ficar hospedados lá, por um tempo. — Solta tudo de uma vez, pensando ser a melhor alternativa.

Marlee engasgou. 

Que tipo de serviço America Singer?

Meu Deus, me respeite. Vou ensinar música — America responde, magoada.

E isso até quando? — agora todo o bom humor havia sumido.

Eu... Eu não sei — agora parecia ainda mais errado.

Oh Meri, você tem certeza disso?

— Não tenho muito o que repensar agora, Marlee. Estamos quase lá — ela não queria ter soado tão arrogante.

— Eu lhe desejo sorte, minha amiga.

Marlee desligou. America suspirou.

— Sabe, filha — Magda diz, baixinho — tenho um bom pressentimento, apesar de tudo — e sorriu. Mas um sorriso amarelo, não de quem confia no que diz, mas de quem quer muito que seja verdade.

A grande limusine parou e America observou estar no imenso portão de entrada do castelo. Conforme o carro se dirigia para a frente do castelo, o peito de America apertava mais e mais, tudo continuava tão igual e ao mesmo tempo havia mudado tanto, como ela mesma, talvez. Tudo parecia como no dia em que partiu, como se estivesse passando outra vez pela escolha, e só podia torcer para não sair machucada de novo. A tarde já estava caindo e nem mesmo os doces pequenos e salgadinhos da viagem conseguiram tampar o buraco no estômago de America, pois não conseguira comer muito pelo nervoso.

Desceram todos, um após o outro e foram direcionados para dentro das altas paredes de concreto. America usou todo seu autocontrole para não olhar em volta e mostrar que ainda se impressionava com aquele lugar. Lá dentro o Rei os esperava, com seus dois filhos. Eles eram imensamente diferentes entre si, pouco mais atrás de Esther havia um guardo jovem, na mesma idade do príncipe mais velho. Houveram reverências malfeitas e sorrisos amarelos.

— Sejam bem-vindos ao castelo, e que sua estadia aqui seja a mais confortável possível — a voz de Maxon soou mais rouca do que America se lembrava e autoritária como esperava-se de um rei, porém em seus lábios havia um sorriso ansioso como o de uma criança — creio que todos estejam cansados pela viagem, gostariam de participar do chá de fim de tarde que foi preparado ou querem ir direto para seus aposentos?

— Eu preferiria tirar um longo cochilo em uma cama bem confortável — May riu e Maxon pareceu surpreso ao observá-la: estava muito diferente do que quando se conheceram. Ela sorriu de modo mordaz para ele, como quem diz que muita coisa estava diferente – ainda assim era apenas uma criança em diversos sentidos e ele sabia.

— Eu também preferiria receber o alimento em meu quarto — como em uma prisão, America completou mentalmente. Era difícil encarar Maxon nos olhos, principalmente quando ostentava uma coroa grande e pesada sobre os cabelos loiros, por isso concentrava-se no ponto entre as duas sobrancelhas dele.

— Certo, então antes de serem direcionados para cada aposento gostaria de conhecê-los devidamente — ele esperava fazer isso no jantar, mas bem, teriam bastante tempo juntos, certo?

Tudo ficou silencioso até America entender que essa era sua deixa.

— Oh, certo. Estes são Henrique, Pâmela, Emily e este — America chacoalha Gabriel, que estava ao seu lado — é Gabriel. Minha irmã e minha mãe você já conhece, e essa é Sally, amiga da família.

O príncipe John fez um som de reprovação que ecoou pelos corredores, mas ninguém da família real moveu um músculo em reconhecimento de sua presença. Era claro para o círculo íntimo que John desaprovava a família de America, que não passavam de estranhos, e saber que ela havia aproveitado a deixa para trazer outra estranha completa para o seio do castelo o deixava ainda mais irritado.

Magda fez outra vez uma reverência enquanto May apenas acenou, como se nunca antes tivesse aberto a boca no recinto. Sally imitou sem jeito as referências, novamente.  

— É um enorme prazer — Esther sorri, interrompendo qualquer coisa que seu pai fosse dizer. — Este é meu irmão, John. E aquele escondido das atenções é Benjamin, apesar de ser apenas um soldado ele é bastante ativo dentro desta família — aquilo parecia uma lavagem de roupa suja incoerente e Maxon comprimiu os lábios antes de virar-se para Esther seriamente. — Enfim, qualquer dúvida sobre o castelo e horários podem falar com qualquer um de nós, além dos funcionários. Estamos à disposição.

Ela sorria e falava tão naturalmente que parecia não ser A Princesa e sim uma funcionária qualquer daquele imenso castelo. Talvez afinal este fosse o jogo que explicava porque Esther seria rainha e não John, o mais velho. Olhar para John como faziam era olhar para mármore puro, bem esculpido e gélido, já olhar para Esther era olhar para a roda gigante de um parque: a atração principal, prepotente, indispensável, brilhante e viva. Ter a atenção dela era basicamente importar.

John limpa a garganta assim que Esther termina de falar e fala para Maxon, ainda olhando para a família desajustada a sua frente:

— Acho melhor que todos comam em seus quartos e amanhã seja servido um café da manhã de boas-vindas. A viagem parece tê-los desgastado bastante.

Pâmela não escondeu o descontentamento com as insinuações do príncipe, estava dizendo o quê? Que eram claramente desajustados? Isso porque eram muitos? Pareciam assim tão acabados para falar com tanta impaciência? Queria tanto se livrar deles o mais rápido possível? Temeu até mesmo olhar seu reflexo no chão bem polido. 

— Eu não quero jantar sozinha, Ames — Emily virou-se para America, com um beicinho e olhos pidões.

— Eu também não quero, senhorita Singer — Maxon sorriu. — Eu acompanho você, que tal? — ofereceu-lhe então o braço.

Emily hesitou.

— Eu posso dizer não ao Rei? — cochichou para Sally, mas todos ouviram.

— Nem pensar, Em — Sally respondeu.

— Não há porque negar cordialidades e pedidos à Família Real, meu bem — America disse, sorrindo amarelo enquanto torcia para não estar vermelha. Magda no outro lado da fileira nem mesmo tentava esconder seu descontentamento batendo o pé e escondendo o rosto entre as mãos.

— Mas eu não quero ir com ele, quis dizer que queria jantar com vocês — ela explica, ficando vermelha. — Com a família, como sempre fazemos em casa.

— Ele é O Rei garota — Pâmela torce o nariz, tentando ajudar America.

Emily ignora a todos, cruzando os braços.

— Emily Singer, você mata sua mãe de vergonha desse jeito — Magda ralhava.

Oh, céus, que papelão.

Sally observou o guarda de Esther, Benjamin, aproximar-se de John e sussurrar-lhe algo no ouvido, fazendo este último segurar o riso. Odiou-os. Maxon entretanto divertia-se muito observando tudo aquilo.

 

— Emily, poxa vida, ele é o rei — America sussurrou, abaixando-se até ficar com os olhos na altura da pequena ruiva. Elas eram assombrosamente parecidas, apesar de America ser branca e Emily negra. Era como ver várias versões de uma mesma pessoa, em idades diferentes e isso não se dava apenas pelos cabelos tingidos de ruivos.

— Mas eu não tenho culpa se ele é o rei, Meri! — Sapateou a ruiva menor, estressando-se — foi tudo um grande mal-entendido, Majestade. Eu também quero no meu quarto, como os outros — torcia as mãos nervosamente, como quem foi pega fazendo alguma burrada.

— Am, acho que deveria tentar pelas crianças — May aproximou-se para dizer ao ouvido de America. Mesmo sem vontade a ruiva teve que concordar.

— Iremos todos jantar juntos se você aceitar ir acompanhando o Rei, na frente — America pontuou. Aquela frase parecia ter lhe custado um esforço enorme e Maxon engoliu um imenso descontentamento, congelando seu rosto em uma máscara agradável. America, ao seu ver, podia ao menos tentar tornar a convivência agradável.

— Façamos assim: — retumbou a voz de Maxon, mais grave do que nos pesadelos de America, mais alto do que ele já havia se atrevido no passado. Como um rei. — às sete nos encontramos aqui, até lá podem se instalar como desejarem em seus quartos. Chamarei alguém para acompanhá-los.

Maxon parecia mais mecânico do que quando chegaram, e, apesar da mudança minuciosa, todos conseguiam notar algo diferente, quase errado.

— Posso acompanhá-los. Será para mim um prazer. — Era Esther, melodiosa e firme.

— Claro — Maxon a liberou com a mão e depois fez um sinal para John, que concordou com a cabeça. Era o sinal que ele costumava fazer para America. Agora isso virara uma tática de guerra? America segurou-se para não vomitar. — Bem, se me permitem — o rei bateu as mãos e abaixou levemente a cabeça, desculpando-se, antes de começar a subir as escadas com o príncipe John. No topo da escada Maxon girou, as janelas atrás dele o davam um ar angelical, parecia querer falar mais, porém apenas sorriu brevemente e seguiu seu filho mais velho.

Enquanto subiam as escadas, May, Pâmela e Sally se envolveram em uma boa conversa. Mais atrás o mesmo acontecia com os rapazes. America e Magda seguiam atrás, uma em completo alerta pelos filhos e a outra com os olhos transbordando de euforia ao ver o castelo outra vez. Como devia ser conviver em um castelo tão imenso e tão vazio?

Solidão pura, podia até ser sentida no ar. Ele e seus dois filhos, dúzias de guardas e empregados. E problemas. Nada além, sem avós, sem festas, sem líderes, sem duas dúzias de garotas tagarelas como fora em sua época. America focou em seguir a princesa, negando-se lembrar dos ataques que passaram ali.

— Vocês ficarão hospedados no terceiro andar — Esther continuava, mexendo as mãos algumas vezes sem haver qualquer necessidade. Henrique estava enfeitiçado, ainda assim procurava prestar mais atenção em Benjamin, o guarda, que falava animado com ele sobre finalmente ter alguém de sua idade que não fosse um completo mimado como o “bunda mole do John”. — O jantar será as sete, até lá sintam-se a vontade para passear, dormir, banhar-se... O que desejarem. Há um sino ao lado de cada cama, basta acioná-lo que uma funcionária logo chegará para servi-los.

— Não se retirem para o jardim sem pedir uma escolta — Benjamin completou. Esther lançou-lhe um olhar fulminante

— Ataques são frequentes? — Henrique pergunta, enquanto passam por um largo corredor recheado de pinturas de monarcas, animais e paisagens.

— Não — Benjamin responde, mas em seguida trava o maxilar. — Depende da época do ano, não custa manter a segurança dos convidados.

— Não, não custa — Esther murmurou.

America entendia. O peso. Pelos guardas, criados e povo que morriam todas as vezes.  Pelas famílias que por dois segundos a menos perdiam alguém. Chegaram a parte do corredor cheia de quartos um após o outro. Esther denominou-os um por um, no final sorriu como se tivesse comprido um dever.

— Obrigada, Alteza — America diz, reverenciando-a e todos fazem o mesmo.

— Perdoem-me a indiscrição, mas nos veremos muito ainda, peço que deixemos essas reverências de lado. E podem todos me chamar de Esther, como amigos fazem. — e mesmo que todos soubessem que ela estava sendo gentil como dizia o dever, não conseguiam negar que se sentiram especiais ao vê-la sorrindo, ou talvez só Henrique tenha se sentido. — Senhorita Singer, gostaria de apresenta-la pessoalmente a sala de música, poderia me acompanhar agora ou após o jantar?

America respirou fundo. Sempre após o jantar sentia-se esgotada e com sono, então sabia que por mais cansada que estivesse agora, esse era o melhor momento para ir além.

— Agora, Alteza.

— Certo, vamos. Ao demais: sejam bem-vindos outra vez, nos vemos às sete.

Não hesitou em dar-lhes um sorriso de princesa e então se retirar, seguida por Benjamin e America. Os quartos se mostraram dignos de palácios e grandiosos demais para qualquer sonho e descrição — esbanjavam de sobra o que fazia falta para grande parte da população: dinheiro, um teto e cobertores com o que se aquecer.

A sala de música ficava em um andar e em um corredor que America não conseguira gravar e certamente precisaria de auxílio para encontrá-la durante toda a primeira semana.

— Acredito que, se já estiver bem instalada, podemos começar com as aulas amanhã — Esther sorriu, colocando-se no meio da enorme sala.

As paredes eram estufadas com espumas escuras utilizadas para conter o som e melhor a acústica, as janelas imensas tentavam clarear a sala e dois ar-condicionados faziam o trabalho de tornar aquela sala refrigerado ao invés de uma sauna.

— Claro, eu gostaria de começar ouvindo sua voz. Vamos fazer alguns exercícios básicos e depois vamos para os instrumentos que sente maior afinidade. Preciso conhecer o quanto você sabe, Alteza.

— Vou surpreender você mostrando que não sei absolutamente nada — Esther riu ao ver America arregalar os olhos. — Força de expressão, sei o básico sim, mas preciso urgentemente me destacar em algum instrumento. Não sei em qual deles poderia ser melhor e me sobressair.

— Você pode escolher qualquer um e nós trabalhamos nisso — America apontou para os diversos instrumentos expostos.

Esther suspirou, America não entendia.

— Quando você mostra uma leve inclinação para qualquer arte, na corte, você deve ser a melhor nela. Somos uma exposição ambulante e eu sei que deixo a desejar na música. E não posso. Logo mais esse castelo estará atulhado de homens e eu preciso ter algo a mostrar.

— Alteza, a senhora é a única coisa que esses rapazes desejarão — America riu, sentando-se no estofado do piano.

— Quero ter algo mais para mostrar a mim mesma — Esther explicou. E America compreendeu.

O silêncio foi extremamente desconfortável, pois America não sabia ao certo como agir perto da princesa.

— Você terá, Alteza.

 Esther sentou-se em um pequeno banquinho, de frente para America.

— Kriss falava bastante sobre o tempo que vocês passaram no castelo.

America sorriu, optando por novamente ficar em silêncio.

— É difícil saber que ela não estará aqui para me ajudar quando houver tantos homens focados no meu poder... — America observou que Esther não parecia estar ciente que falava tanto em voz alta, e certamente não esperava uma resposta.  — É bom vocês estarem aqui — Esther corrigiu-se. — Nos tira da rotina mórbida de sempre.

E preenchia mais vazios do que eles poderiam imaginar. Trazendo vozes, cores e luzes para o castelo.

— Tem sido um mês estranho...

Benjamin, que observava tudo na porta da sala, limpou a garganta. Esther rapidamente levanta batendo as mãos em seus próprios joelhos.

— Vamos lá, tomei muito seu tempo. Benjamin a acompanhará até seu aposento, nos vemos às sete.

E rapidamente, Esther a deixou sozinha.

— Senhorita Singer, vamos? — Benjamin abriu espaço para que America passasse.

Antes de saírem, ambos observaram pelas imensas janelas John e Henrique cavalgando para uma extensão de campo atrás do castelo, Benjamin repentinamente ficou em alerta e sem esperar mais um segundo tomou o braço de America e começou a arrastá-la rapidamente até seu quarto. Não houvera despedida por parte do soldado, que após deixar Ames em seu aposento saiu correndo escadas abaixo sem qualquer decoro.

A criada de Meri era uma garota jovem e asiática, com traços firmes digno de uma modelo que não se abalou quando America ofereceu ajuda para guardar suas próprias roupas no armário, como se já fosse normal pessoas da realeza e convidados descerem do salto às vezes. Oda, a criada, parecia prestes a revirar os olhos — os ricos se acham tão caridosos quando fazem o mínimo com suas aveludadas mãos, não é?

Oda ajudara America a se vestir em silêncio, e a ruiva não conseguia se sentir menos desconfortável, como se em algum momento tivesse errado com Oda – mesmo mal a conhecendo. O vestido de Meri era verde escuro e realçava seus belos cabelos ruivos devidamente escovados. O fim da tarde passou como um risco e o céu estava alaranjado enquanto o sol lutava para não sumir.

Houve duas batidas na porta antes de Maxon entrar graciosamente. Não parecia envergonhado. Não parecia qualquer coisa, mas ainda assim se encararam como se toda a cena fosse absurdamente errada.

— Estou passando para avisar que estamos esperando todos no fim da escada, a fim de acompanhá-los.

Uma leve careta cruzou o rosto de Maxon, sentia-se uma criança se explicando.

— Obrigada — America concordou, cruzando as mãos na frente do corpo.

Maxon concorda antes de retirar-se e Oda o seguiu logo depois, sendo dispensada. Enquanto dirigiam-se para o jantar, Esther a contragosto ruminava a falta de interesse que Henrique demonstrara em todas suas tentativas de conversas e nem mesmo tentou oferecê-la o braço para irem ao jantar.

Esther sentia-se nervosa e despreparada para qualquer interação com homens, pois os mais próximos eram seu pai, seu irmão e Benjamin, um brutamontes sem cérebro e um ego enorme. Sabia que sua seleção se aproximava e sabia que nada conhecia do universo masculino e como agradá-los. Kriss não medira esforços, mas nada podia fazer além de explicá-la suas próprias experiências e aconselhá-la a não sofrer com antecedência — porém ela sofria. Henrique era sua chance de aprender tudo antes de definitivamente encontrar o “homem de sua vida”, entretanto o filho de America parecia mais interessado em cavalgar e falar besteiras com os outros homens do que acompanha-la a qualquer passeio insignificante.

Na sala de jantar, os últimos a compareceram eram Henrique e Benjamin e assim que se assentaram o jantar começou a ser servido. Ao lado dos tronos de Maxon, Esther e John havia outras duas poltronas menores que também não foram preenchidas ainda.

Havia uma inquietação na sala de jantar em torno de Pâmela que não passara despercebido sua tia May e por Sally, enquanto isso Benjamin fritava Pam com um olhar irritado que Esther conhecia bem: rejeição.

Fique longe dela — Esther havia o avisado pela manhã e conseguira que John concordasse com ela, mesmo sem interesse algum nos relacionamentos do amigo.

E ela ficará de mim? — Benjamin sorriu maliciosamente.

Agora, entretanto, sabia que ela ficaria o mais longe possível.

America e todos no aposento se perguntavam os motivos da ausência do príncipe ao jantar. Odiava tanto os convidados que não queriam nem mesmo jantar na presença deles?

Enquanto Pâmela se retirava, o príncipe apareceu com as botas sujas de lama acompanhados por duas crianças.

— Queridos convidados, infelizmente não poderemos nos juntar a vocês nessa bela noite. Espero que todos se sintam satisfeitos e confortáveis durante essa estadia. Uma agradável noite à todos.

E sempre esperar qualquer resposta, John e as crianças se retiraram deixando pegadas de lama por todo o percurso que fizeram. Após a partida a curiosidade era palpável em todos os presentes, pois aquelas crianças não haviam sido apresentadas, mas possuíam tronos.

— Stalin e Julieta não jantaram ontem, também — Benjamin explicou para o rei, que não estivera presenta no jantar anterior.

— Você sabe se eles estão doentes? — Maxon perguntou à Esther.

— Eles se recusam a participar das refeições desde que Sarah fora expulsa, há duas semanas. — Esther não escondia o olhar de reprovação por seu pai saber tão pouco e participar cada vez menos da vida de todos eles. —  Você saberia se comparecesse.

Maxon limpou a garganta apenas uma vez e o diálogo entre eles foi encerrado. De repente, Pâmela levanta da mesa jogando o guardanapo que estava no seu colo no chão e murmurando um “com licença”.

— Está tudo bem? — America a segura pelo pulso, preocupada.

— Sim, ah... Eu estou um pouco indisposta.

America supus que era cólica e soltou-a com um sorriso de desculpas. May, porém, não engolira aquilo e assim que pode correu para o quarto da sobrinha. Ainda no jantar pode-se ouvir Benjamin murmurar algo sobre a reação de Pâmela para o Rei e a princesa e este dizer em bom tom “é como sua mãe”. Depois disto o jantar foi silencioso, lento e frio. Ao fim da noite Maxon tentara se aproximar, mas o olhar de America não o deixou alternativas de diálogos.

— Você nunca decora todas ás águas que já passaram por um rio que você conhece. O que qualquer um aqui sabe sobre o outro? Essa será uma estadia longa e eu espero que haja respeito quanto aos limites de cada um. Isso vale para minha família, mas espero que faça se adequar a sua também, Majestade.

E então todos vislumbraram as costas desnudas pelo vestido de America balançando-se para fora do salão de jantar. Aquele jantar fora recheado de dramas e saídas dramáticas, mas dentre todas elas a de America fora uma saída e tanto, amigos.


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Notas finais do capítulo

Obrigado desde já aos meus leitores de carteirinha, por comentar em quase todos os capítulos, eu amo vocês s2 Vocês me fazem feliz :')

— Capítulo Betado Dia: 22/01/2021.



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