Já havia passado um mês, desde o “grande pedido” de Benjamin e Stalin para as minhas irmãs. Desde aqueles dias eu estou meio alheia a todos os assuntos, depois de Sally e Emily perdoarem os garotos, eles se sentaram juntos e eu teria ficado sozinha, se por acaso Stalin não tivesse trazido John junto. Eu fui obrigada a sentar do lado daquele insuportável, que não parava de falar que amor era algo idiota e tal... Minha viagem se resumiu a: eu defender o amor que na maioria das vezes foi um merda comigo e John falar mal do mesmo.

Agora eu estou no jardim, escrevendo no meu diário (você), sei que é algo infantil, mas sabe... As pessoas não me entendem, para elas eu sou só mais um rostinho bonito do mundo, e eu não quero ser apenas isso, eu não quero ser “A Filha de America Singer” “A Meia-Filha do Rei Maxon” eu quero ser “A Pâmela” quero que as pessoas me conheçam por quem eu sou, nada diferente disso, é pedir demais?

–Por que você esta aqui fora? – Uma voz, que estava claro que era de John, perguntou um pouco atrás de mim.

–Vendo a neve. – Menti, antes que John chegasse do meu lado eu escondi o diário no meu casaco, estava nevando aquele dia, e apesar de ter 100% de chance de eu ficar resfriada, ainda assim é lindo ficar aqui – E você?

Consigo ouvir os passos dele na neve ate que um corpo enorme se sentou do meu lado. Ele estava com um cachecol marrom e um suéter azul, estava com uma calça de moletom da mesma cor que o cachecol, e um tênis que pelo volume estava entupido de meias, seu cabelo loiro caramelado estava bagunçado e seus olhos pretos fitavam a neve.

–Vim ver o porquê de você agir assim – Ele diz olhando para frente.

–Assim como? – Pergunto me virando para ele.

–Tão desliga dos acontecimentos, acho que você nem lembra que hoje a noite terá um baile por causa do noivado dos nossos pais, nem que Gabriel esta ficando com os cabelos brancos por Julieta só ignorá-lo, acho que você se quer lembra que eu existo e quantos anos você tem.

–Só ando pensando... – Dou de ombros.

–Você pensa demais, isso geralmente leva as pessoas à loucura – John diz rindo.

John fica em silêncio esperando que eu falasse algo, mas percebe que eu não o faria então torna a falar:

–No que esta pensando? – Ele pergunta se virando de lado, para ficar de frente para mim.

–Na vida... – Eu ia continuar, mas ele me interrompe mal educadamente.

–No amor? – John pergunta com um tom de ironia.

–Talvez... Algo contra? – Ergo uma sobrancelha.

–Não, só acho idiota.

–Idiota? Em pleno século XXl, você esta com 19 anos, e ainda não acredita no amor? Você acha que nossos pais têm o que? Gripe? E você acha que Sally e Benjamin têm o que? Diarréia? E Stalin e Emily? Acha que eles estão com febre? Eles não estão John. Eles estão amando!

–Não é que eu não acredito. Eu só acho algo idiota. – John diz serio.

–Geralmente são as coisas idiotas que fazem com que a vida seja feliz. A verdade é que a gente decide se apaixonar... Cada vez que nos apaixonamos estamos tendo uma nova chance de acertar.

–EU SÓ ACHO IDIOTA, NÃO PRECISA TRANSFORMAR EM ISSO EM UMA GUERRA MUNDIAL! – John grita se levantando, ele estava muito vermelho.

–Você esta preso – Digo suspirando e balançando a cabeça.

–Eu o que? – Ele pergunta incrédulo.

–Esta preso... Às vezes as pessoas ficam duras por fora por que estão muito magoadas por dentro. Elas não querem se magoar de novo, então se esconde dentro de uma casca. – Digo olhando-o nos olhos – Você sabe quem foi Alex?

–Não – Ele responde ríspido.

–Foi um dos meus namorados. Ele morreu quando estava indo para minha casa, acharem um anel no bolso dele, talvez hoje eu estivesse casada se ele não tivesse morrido – Digo dando de ombros e segurando as lagrimas.

John volta a sentar no banco devagar.

–Lamento.

–Obrigado – Digo concordando com a cabeça – E eu ainda o amo, é por isso que eu nunca disse adeus. Não me permiti chorar ou sentir tristeza. Nem mesmo falava seu nome, nunca, talvez eu pensasse que se nunca enfrentasse minha perda, Alex jamais se iria de fato. Sei como é entrar em uma casca e jamais sair para fora. Sabe eu nunca comprei tanta roupa e maquiagem como naqueles anos, minha casca foi o shopping, eu fazias compras impulsivas, não precisava de metade do que eu comprava, mas aquilo me mantinha ocupada, e assim eu não pensava nele, não lembrava que eu perdi ele. Tudo isso me distraia do meu sofrimento. Mas sabe John, enquanto você estiver dentro dessa casca, nunca poderá ser livre. Você esta numa prisão invisível que você mesmo construiu para não se machucar mais. O pior de tudo é que, se você jamais sair dessa prisão, não estará presente quando aqueles a quem você ama, ou que te amam, precisarem realmente de você.

Ele fica em silencio olhando para baixo.

–Por que esta me falando isso?

–Por que você tem 19 anos! – Digo como se fosse obvio – Quer mesmo que eu acredite que você nunca amou alguém? Nem que seja aquele amorzinho platônico que a maioria das crianças sente pelos primos, ou quando você era adolescente, eu não sei, mas você já amou... E se machucou feio. Amar é como voar John, e eu tenho dó de você, por que você caiu apenas uma vez e já desistiu para sempre. E o pior de tudo é que alem de se achar incapaz de voar, você não consegue ficar feliz quando alguém vem ate você é mostra que aprendeu a fazê-lo, você tem inveja, mas fingi que é indiferença. Eu tenho uma novidade para você John, o amor é um jogo, e umas das regras é que: Ou você vai atrás do amor, ou ele vem atrás de você. Não adianta você fugir, você vai se apaixonar por alguém! Ou alguém por você. E ficar dentro dessa casca de ironia não é nem um pouco eficaz. Eu apenas espero que quando você encontre essa pessoa, não fique tratando ela como um lixo como você costuma fazer. – Digo me levantando.

–Você vai mesmo embora? – Ele pergunta quando eu estou saindo.

–Amanhã a tarde – Concordo mordendo o lábio inferior – Ate mais.

***

Narrador:

Pâmela sai andando e John fica por um tempo sentado.

–Você é um idiota maninho – Julieta diz chegando na frente de John – Vai deixar ela ir embora?

–O que você quer que eu faça? – John pergunta olhando-a.

–Ir atrás dela, falar o que sente, eu não sei... – Julieta da de ombros – Do que você tem medo John?

–Eu já paguei muito mico por causa do amor... – Ele fala baixinho.

Julieta solta uma gargalhada.

–Você fala como se fosse grande coisa! Você não é o primeiro a pagar mico por causa do amor... Todo mundo faz isso. Todos fazem coisas que não se orgulham por causa do amor, mas você pode seguir em frente ou ficar ai.

–Você fala com se estendesse algo – Então John volta em si e da um pulo – JULIETA VOCÊ FALA!

–É, você demorou a perceber em... – Julieta revira os olhos.

–Mas como...? – John pergunta com os olhos arregalados.

–Há você sabe, falando... Não sei explicar, é como enxergar, você simplesmente enxerga, é como ser um idiota também, é só imitar você – Julieta se levanta – Ela vai embora John, a única garota que não machucou você! E você esta a deixando partir, mano, você vai se arrepender tanto disso.

–Eu a odeio – John se levanta e vai em direção ao castelo – Não posso amar alguém que eu odeio.

–Você pode – Julieta diz para si mesmo – Eu bem sei disso.

John fica um tempo pensando, em tão decide que estava na hora de seguir em frente, se Pâmela iria embora, John encontraria outro alguém.

***

Hoje era o baile, todos estavam na recepção para levar os convidados para os seus lugares, os homens estavam com a tradicional roupa, mas as mulheres, estavam uma mais linda que as outras.

–Onde está mamãe e Maxon? – Sally pergunta preocupada.

–Os convidados já estão quase todos aqui – Emily fala apavorada.

–Eles já estão vindo meninas – May diz aparecendo atrás das duas.

–America mandou avisar que já vai descer – Marlee diz correndo em direção ao moço que iria apresentar o casal.

–Aspen esta tendo problemas com a gravata – Lucy diz, ela parecia exausta – Porque homens sempre têm problemas com as gravatas?

–É tipo regra... – John diz aparecendo com a gravata toda errada.

–Pâmela ajuda ele – May diz apontando para a gravata do John.

–Meu Deus – Pâmela vai em direção ao John – Não se mexa.

–Ok – John diz, mas logo começa a se mexer.

–Qual é o seu problema? Parece uma criança de cinco anos, você tem que ficar parado.

–Essa roupa ta pinicando, não me julgue. – John diz tentando fazer uma cara de bravo, mas acabou rindo no final.

–Pronto Príncipe John – Pâmela faz uma reverencia e sai.

–Que cara de paisagem é essa? – Henrique pergunta com um copo de alguma coisa muito alcoólica na mão.

–Nenhuma – John diz se virando para ele.

–Você esta muito apaixonado – Henrique diz rindo.

–E você esta muito bêbado. – John diz tirando o copo da mão de Henrique.

–Esse é o meu primeiro copo – Henrique diz serio tentando pegar o copo de volta.

–Agora é meu, passar bem Henrique – John diz sumindo em meio à multidão.

***

A musica parou de tocar e todos se viraram em direção à escada.

America estava com um vestido preto de cauda enorme e que deveria pesar bastante, a ruiva estava com um coque frouxo com alguns fios soltos e nenhuma maquiagem no rosto. Ela estava deslumbrante.

Maxon leva America ate a pista de dança e eles começam a dançar. Elisa (a governanta do castelo) comandou os ensaios e todos já sabiam o que fazer, a ordem de Elisa foi que depois de America e Maxon dançar, era para cada filho do casal achar alguém e ir para pista dançar junto com os pais. Após America e Maxon dançarem um tempo sozinhos, Benjamin e Sally foram dançar, logo Stalin e Emily estavam dançando juntos.

–Quer dançar Princesa Julieta? – Gabriel pergunta estendendo a mão para Julieta.

–Saia daí mero plebeu, quem achas que és para convidar uma bela dama para como essa para dançar? – Um garoto ruivo com olhos verdes perguntou empurrando Gabriel. – Quer dançar comigo Princesa? Deixe esse pobre pulguento de lado.

–Não quero. – Julieta respondeu para o garoto rispidamente – Se ele é pulguento então me permita dizer que sou a pulga seu estúpido esnobe. E para você saber ele é filho da sua futura rainha, acho melhor você tratá-lo com educação, com licença.

Julieta vira-se para Gabriel e pega sua mão.

–Tire-me logo daqui – Ela diz sorrindo para ele.

***

Em outro canto Pâmela estava sentada em uma cadeira.

–Quer dançar? – Um garoto loiro de olhos azuis convidou.

–Tudo bem – Pâmela da de ombros.

Pelo canto dos olhos Pâmela contemplou um John vermelho de raiva. A garota não tinha culpa se John tinha tanto medo de falar com ela.

–Meu nome é Matheus. – O garoto diz depois de um tempo.

–Eu sou Pâmela – Ela diz com um sorriso gentil.

–Aquele é seu namorado? – Ele pergunta olhando para John.

–Esta mais para meu maior inimigo – Pâmela diz rindo – Por quê?

–Acho que inimigos não ficam com ciúmes um dos outros. – Ele diz dando de ombros – Veja, ele esta convidando minha irmã para dançar, não por que ele acha ela bonita, mas por que ele quer te deixar com ciúmes.

–John não quer me deixar com ciúmes – Pâmela diz olhando John dançar com uma garota idêntica a Matheus – Ele só esta dançando com uma menina. Isso é normal.

–Mas você esta com ciúmes dele – Matheus diz sorrindo.

–Qual é o seu problema? – Pâmela pergunta olhando o garoto nos olhos.

–Estou dançando com alguém cego, fora isso nenhum, e os seus?

–Petulante – Pâmela sussurra braba.

–Obrigado – Ele diz sorrindo – É hora de trocar de par, adivinha quem vai ser o seu próximo?

–Você não ousaria! – Pâmela murmura incrédula para ele.

–Ousaria sim, e minha desculpa vai ser “estou com saudades da minha irmã” – Ele diz puxando Pâmela para onde John dançava.

–Você é um idiota – Pâmela tentava se soltar, mas Matheus era muito forte que ela.

–Eu sei, mas eu sou querido, podia muito bem dizer “Olha ela é apaixonada por ti e quer dançar com você”, mas eu não vou, ficaria com dó de você depois.

–Quem é você? E por que quer me ajudar? – Pâmela parou no meio do caminho com um pouco de dificuldade.

–Porque você dois estão passando vergonha dando uma de difícil! Todo mundo já percebeu, já pode parar, essa peça de teatro já tinha que ter acabado há horas, as pessoas já estão dormindo, é hora de fechar a cortina Pâmela! Mas antes de fechar a cortina temos que ter o tão esperado final, sabe? Onde os mocinhos param de ser idiota e se beijam.

–Quem se beija? – John pergunta chegando por trás de Matheus.

–O menino e a menina do filme que eu olhei – Pâmela diz.

–E como ele sabe... Se quem olhou o filme foi você? – John pergunta erguendo a sobrancelha, John desconfiava que Matheus estivesse falando algo sobre beijar Pâmela, e ele não gostou nem um pouco disso.

–É uma boa pergunta – Pâmela fala nervosa – Como você sabe? – Ela vira para Matheus.

–Eu também olhei, apesar do filme ser de mulherzinha Andreza me obrigou a ir olhar com ela.

–Eu? – A irmã de Matheus pergunta e logo depois recebe um chute no pé – Há é... Aquele filme, sim, sim eu pedi para o Matheus me acompanhar naquele filme – Ela fala nervosa.

–Tá... – John fala desconfiado.

–Vocês dois tinham que estar dançando com os pais de vocês, ande! – Matheus diz pegando a mão de Pâmela e ponde em cima da de John. Pâmela retira a mão rapidamente e Matheus a repreende – O Príncipe John não morde, não é?

–Às vezes – John responde com um sorriso malicioso – Vem logo – Ele pega e puxa a mão de Pâmela a levando para pista sem dar tempo para a garota protestar.

–Eu vou pegar um copo de água, quer alguma coisa? – Andreza pergunta para Matheus.

–Não.

Andreza se afasta.

–E assim eu completei minha missão – Matheus diz sorrindo – Sim, eu não sou um simples humano, eu sou um cupido...

Matheus estava sorrindo feito bobo.

–Mentira, eu vou ter que ir lá falar com meus pais e responder todas as perguntas que eles vão fazer sobre como é dançar com a filha da futura rainha. Droga de vida! – Ele bufa indo para uma mesa no canto do salão onde estava sua família.

***

–Há vai, não é tão ruim dançar comigo, pelo menos eu não piso no seu pé – John fala rindo da cara de Pâmela.

–É... – Ela fala olhando para os lados.

–Foque em mim querida – Ele diz apertando-a mais contra si.

–John estamos dançando, não é um novo ritual para fazer sexo – Pâmela fala encarando-o – Espaço pessoal!

–Você é muito chata – John diz parando de apertar Pâmela, a mesma solta um suspiro de alivio – A que isso, admita que ama ficar presa a mim...

–Claro, claro – Pâmela diz revirando os olhos.

A musica acaba e começa outra, mas eles continuam dançando Pâmela olhava em volta ate que seus olhos se encontraram com o de John e então eles ficaram se encarando por um tempo. E então era como se todos em volta tivessem sumido e nenhum dos dois queria olhar em volta para ter certeza, mas então Pâmela se da conta de que estava perto demais.

–Eu... Não consigo fazer isso – Ela diz se distanciando de John.

–Pâmela... – Ele começa a passar a mão no cabelo nervosamente.

–Não dá, e-eu, desculpa não dá. – Pâmela sai correndo.

Ela chega a uma área que era coberta, mas era aberta nos lados, poderíamos chamar de uma varanda, mas não era uma simples varanda, ela estava no castelo, nada é simples por ali.

Ela se senta no murinho que dividia aquela “área” do jardim e fica olhando a lua.

–Por que você correu? O que eu fiz? Por que você vai embora? Por que você age com se eu fosse um monstro? Como se eu fosse à causa dos seus pesadelos? Por quê? – Era John, a voz era baixa, o que mostrava que ele estava relativamente longe.

–Eu não consigo, eu vou embora amanhã no almoço, não dá. – Pâmela diz sem virar para trás.

–Por quê? Claro que dá, Pâmela! – Ele diz se aproximando.

–Não... Não dá droga! – Ela começa a chorar.

–POR QUÊ? – Ele grita com raiva.

–POR QUE EU ESTOU ME APAIXONANDO POR VOCÊ DROGA! – Ela grita se virando para ele – E DROGA VOCÊ NÃO PRECISAVA SABER DISSO.

Eu sou uma idiota, eu nunca devia ter falado aquilo em voz alta, eu nunca devia pensar em algo assim. Pâmela se xingava mentalmente em quanto corria para seu quarto. A menina não deixou John respondeu, saiu correndo quando terminou de falar aquilo, ela não precisava ser zoada, não mesmo. Ela não queria que John brincasse com os sentimentos dela, como ele estava acostumado a fazer.

Pâmela entra no quarto e tranca a porta, vai ao banheiro e tira a maquiagem do rosto, ela não iria chorar, não mesmo.

Ela senta na cama e pega o celular, o mesmo avisa que ela tinha uma mensagem.

Logo depois de você sair do jardim eu resolvi seguir seu conselho, vou pedir Katharine (Uma das seguidoras de Annie) em namoro amanhã. Obrigado por ter me acordado para a realidade :)

Eu acho que não te contei, a gente estava saindo faz um tempo, na verdade eu não amo ela, mas eu nem sei o que é amar, e ela é muito gostosa, ela é perfeita para mim! - John às 14:30.

Pâmela olha as horas eram 22:30 da noite. Foi logo depois de Pâmela sair do jardim aquela tarde. Ele vai pedir a garota em namoro e quase beijou Pâmela! O sentimento de ódio tomou conta de Pâmela e ela começou a fazer as malas, amanhã ao meio dia Pâmela sairá do castelo. Ela não vai suportar ver a cara de Katharine, não vai suportar ver Katherine se achando por estar no castelo, por ser uma princesa, por estar com John.