– Vaca – eu repetia pela milésima vez desde que os meninos me buscaram em casa – James, ela sempre foi uma grade vaca, eu te avisei.

– Lily, eu não sou um grande entendedor de conselhos femininos, mas acho que você não está ajudando em nada – comentou Sirius fazendo uma careta e apontando para a cara péssima do James.

– Eu não acredito que ela rompeu comigo logo agora que tudo está começando a dar tão certo na minha vida – choramingou James.

– James, querido, quero que você repita as palavras exatas que ela utilizou pra romper com você – disse me aproximando e passando um braço pelo ombro de James.

– Ela disse: “James eu não suporto te ver perto dessas tietes, eu não nasci pra namorar gente de banda, eu vejo um futuro pro The Marauders, por isso eu estou terminando com você” – James baixou a cabeça – ela disse que eu mentia pra ela o tempo todo por causa da banda, que eu sempre botava a banda em primeiro lugar.

– Ela é uma vaca que até as vacas se sentem ofendidas de serem comparadas a ela – suspirei e revirei os olhos

– James até escreveu uma música pra ela – disse Remus – e você sabe, quando James escreve uma música pra alguém é porque o negócio era sério.

– Não dá pra acreditar, James – disse indignada – estou aqui, batendo ponto na vida de vocês desde o ensino infantil e eu não estive nem em um versinho das suas letras, assim meu coração vai quebrar de vez.

– Eu só sei escrever sobre coisas que me deixam triste – disse James – você é minha melhor amiga, você não me deixa triste, você me deixa bêbado quando está de saco cheio de mim.

– O lance entre o James e a Emmeline foi tão sério que o James quer usar essa música pra apresentar para o produtor na semana que vem - comentou Sirius com um sorriso brincando nos lábios, como se aquilo o divertisse.

– Não seria mais seguro vocês apresentarem uma música que vocês dominam mais? – Perguntei com um pouquinho de preocupação.

– Está duvidando do nosso potencial, Lírio? – Disse Sirius oferecendo as costas para que ele possa me carregar para a aula, eu não posso descrever o quanto eu amo quando Sirius faz isso. – Além disso, o James faz questão que usemos a música, ele disse que a Emmeline sempre deu sorte para nós, eu contestei, é claro, a sorte sempre fui eu e esse meu rostinho bonito.

– Fala sério, James! - exclamei olhando com indignação para James – a sorte sempre fui eu, até o nome da banda foi eu que dei e eu sempre ajudo você a compor as músicas.

– Você é uma grande compositora, Lily, mas as coisas na banda sempre deram certo quando eu e a Emme namorávamos. – eu ia abrindo a boca para contestar, mas James levantou a mão para que eu me calasse – tenho aula de História agora no ensaio conversamos.

– Ele é um chato quando os relacionamentos terminam – comentou Remus antes de se despedir e ir pra aula de álgebra dele e eu e Sirius irmos para a aula de inglês.

Sirius me botou no chão na entrada da sala e rumamos para os nossos lugares, a aula como sempre foi uma tortura, então fiquei pensando no relacionamento de James e Emmeline, eu sempre avisara James que Emmeline era uma vaca, porque ela era realmente uma vaca, metade de Hogsmeade já tinha passado a mão nela e ela só queria levar uma carona na popularidade de James e ela conseguiu, tenho que admitir que a vaca era bem bonita e tudo o mais, mas tinha meninas que arrastam asa para o James que são bem mais legais e respeitáveis que a Emmeline, porém James gosta de ter sua própria opinião das coisas e ele acabou se apaixonando por ela, Jay era realmente um garoto super sentimental.

– Lily – me chamou Lene no fim da aula de inglês enquanto eu arrumava minhas coisas – posso conversar com você durante o almoço? Sabe, sobre o encontro com o Charlie.

– Claro que sim, Lene, já ia te perguntar como foi no almoço quero todos os detalhes. – disse sorrindo, me despedi e fui para a aula de álgebra avançada que era antes do almoço.

Eu amava álgebra, amava aqueles números, então a aula passou voando e logo já era a hora do almoço, avisei os meninos que ia sentar com Lene e Dorcas no almoço e me juntei a elas.

– Até que enfim, Lily – disse Dorcas revirando os olhos, porém sorrindo.

– Estou aqui, então, conta tudo, quero os detalhes desde o espelho até o beijo na soleira da sua porta. – disse enquanto me sentava no assento em frente ao de Lene.

– Eu usei saltos, eu sei que era demais para apenas um café, mas eu queria me sentir bem, não eram tão altos, fora que o Taylor odiava que eu usasse saltos, coloquei os fones naquela música que ele dizia que eu não entendia, mas eu sempre entendi, e fui. – ela sorriu e olhou para a mesa a nossa frente – eu cheguei no café ele já estava lá acenando pra mim e quando eu me aproximei dele ele se levantou e puxou a cadeira para eu sentar, acho que ele não tinha ideia do quanto isso legal, mas eu tinha. Então conversamos e ele disse que jamais tinha conhecido uma garota que tivesse tantos discos do James Taylor quanto ele, então contamos histórias e então comecei a ficar tímida porque ele começava a rir e ele jogava a cabeça pra trás enquanto ria, achei estranho que ele me achasse engraçada, porque Taylor não achava. Sabe, eu fiquei oito longos meses achando que tudo o que o amor fazia era quebrar, queimar e acabar, mas naquele dia, naquela quarta, ontem, no caso, eu vi tudo recomeçar. No caminho do meu carro eu quase mencionei o Taylor, mas aí ele começou a falar dos filmes que a família dele assistia no natal e eu realmente queria conversar sobre isso e sabe pela primeira vez o que passou passou. Ele é incrível – ela levanta a cabeça.

– Eu fico muito feliz porque eu sei que ele vai te fazer feliz, eu te disse, o Charlie é um cara incrível – digo e segurei a mão de Lene

– Mal posso falar o quanto fico feliz por você, principalmente agora que eu vejo que aquele infeliz do Taylor vai ficar no passado – diz Dorcar com um sorriso estampado no rosto.

Depois do almoço as aulas passaram voando e depois da escola fui para a casa de Remus com os meninos já que eles iam ensaiar, a história de Lene ficava na minha cabeça, não pude deixar de notar que daria uma bela música, não queria seguir nessa carreira de música, mas não pude evitar pegar lápis e caneta e compor uma letra enquanto os meninos ensaiavam, eu tinha talento, eu sabia disso, mas não queria me arriscar em um meio tão incerto quanto o mundo artístico, eu gosto de certezas.

Eu era ágil ao escrever, James sempre me dizia que quando eles ficassem famosos eles me levariam a tiracolo pra ajuda-los com as músicas, eu os amo tanto que eu não consigo dimensionar a dor que eu vou sentir quando tiver que ir pra faculdade e eles seguirem o sonho deles. Terminei o arranjo da música no fim do ensaio dos meninos, ia dar 20hs da noite, por sorte o Remus morava a duas quadras da minha casa e minha sempre sabia onde eu estava.

James abriu a porta do quarto de Remus onde eu estava com o violão finalizando a música pra ver se tudo combinava.

– Está compondo? – pergunta James e senta do meu lado na cama.

– Sim – sorrio – ás vezes não dá pra evitar, sabe, Lene me contou uma história tão linda que achei egoísmo não transforma-la em uma música.

– Você tem um talento incrível, Lily – disse James e eu revirei os olhos – Mas não vou falar o que você já sabe, vamos, cante essa música pra mim.

– Essa daqui você não vão poder cantar, muito feminina – disse e comecei a tocar a música a qual tinha intitulado como Begin Again.

( https://www.youtube.com/watch?v=cQ5tlnGg4wc )

Terminei de cantar a música e James estava sorrindo.

– É incrível, de verdade, você é uma compositora e canta bem, Lily, não vejo porque não usa isso. – questiona James, mas faz um gesto com a mão pra deixar pra lá, esa discussão sobre uma carreira musical pra mim já tinha cansado a todos. – a única coisa que quero saber é quando essas músicas vão ter uma história sua.

– Quando eu encontrar o amor da minha vida, você sabe, eu sonho com isso – suspirei.

– E você vai encontra-lo, tenho certeza, mas esse negócio de “se guardar” – James faz aspas com as mãos – não é um pouco de exagero?

– Minha virgindade é algo precioso, James, não quero ser uma rodada, quero que quando o cara certo estiver comigo ele note que eu sou completamente diferente das outras principalmente pelo fato de eu ter me preservado, tudo tem sua hora e eu não quero discutir isso de novo, o corpo é meu e eu decido “dar” pra quem eu quiser quando eu quiser.

– Tudo bem – diz James levantando a mão em gesto de rendição

– E você? Já está melhor quanto ao assunto Emmeline? – pergunto com certa cautela

– Eu vou superar, não vou? Eu sempre supero. Além disso, a música é ótima. – James sorri e se levanta da cama – vamos descer, a mãe de Remus pediu pizza e deve tá pra chegar.

Levantei-me e segui James até o andar inferior onde estavam todos e quando a pizza chegou e todos ficaram satisfeitos James me deixou em casa.

James achava bobeira meus planos, ele gostava da vida sem roteiro, acho que pelo fato de sermos tão diferentes era o que nos tornava tão amigos, ele é como um irmão pra mim. Ele sempre estava comigo quando eu preciso dele, qualquer garota que fisgar o coração do James de vez vai ter meu respeito eterno, porque se uma garota não enjoa dele, ele enjoa da garota.