Por trás de Frozen escrita por TamirisJ


Capítulo 8
Capítulo 7 - Vejo uma porta abrir!


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de começar essa nota pedindo desculpas gigantescas por estar tão atrasada para postar esse capítulo. Sabe quando você faz planos e, de repente, tudo muda? Essa semana foi assim, e apenas ontem tive tempo de escrever esse capítulo. Me desculpem T_T Odeio descumprir prazos e promessas, mas às vezes a vida nos trolla de uma maneira que não tem como ser diferente :'(
Peço também desculpas porque, como bem sabem, as personagens começam a criar vida própria, e esse capítulo terminou diferente do que eu esperava, mudando inclusive como serão os próximos. Mas acredito que essa mudança foi para melhor, porque o próximo capítulo será mais legal do que eu tinha imaginado hihihi
Bem, espero que gostem e que perdoem minha pobre pessoa T_T



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POV ANNA

Eu sei que tenho muito em que pensar – a Elsa falou comigo e... A Elsa falou comigo! -, mas tudo em que consigo me focar, neste momento, é em não ter meu pé esmagado pelo Duque de Wisentown. Ou Weselton. Ah, tanto faz, porque...

– Ai! – mordo os lábios para tentar conter um grito que tenta sair quando ele pisa no meu pé direito. – Ai! – e depois no esquerdo.

Decido me movimentar menos para evitar mais “acidentes”, então fico parada remexendo o corpo enquanto ele dança em volta de mim de uma maneira que me lembra uma pomba – acho que ele tinha dito que era um pavão, até fez a tentativa de imitar o barulho de um, mas eu digo que não ele não tem a elegância de um pavão mesmo, principalmente porque sua peruca fica pulando enquanto dança (oh, Elsa, você está me devendo agora).

– Por falar nisso – ele começa, tirando a conversa de lugar nenhum. -, que ótimo terem aberto os portões! Mas por que mesmo que eles foram fechados? – ele se aproxima tanto de mim que me inclino para trás, pois não estou disposta a analisar detalhadamente seus enormes bigodes cinzentos. - Você sabe a razão? Hm...?

– Não. – respondo, ainda incomodada com sua proximidade exagerada. Se fosse o Hans, eu não me incomodaria tanto assim, é claro.

– Não... – ele repete, desconfiado. – Certo. Pro chão!

E, de repente, ele pega na minha cintura e joga meu corpo para trás, e o estralo em minhas costas é tão grande que um casal ao lado para de dançar e me olha.

Ai, que vergonha.

Ao longe, vejo Elsa rindo, se divertindo com minha desgraça. Faço uma careta para ela e o Duque me puxa de volta para cima.

Minha reação foi tão natural que apenas agora percebo que Elsa e eu estávamos agindo como se nunca tivéssemos nos separado – quero dizer, como se Elsa tivesse se separado de mim – por tantos anos. Um sorriso ameaça a surgir, mas é interrompido pelo Duque que pega em minhas mãos e me gira com tanta força que quase perco o equilíbrio e caio.

– Não é à toa que me chamam de pé de valsa! – ele diz, orgulhoso.

Eu acho que vou vomitar.

– Como uma galinha! – ele coloca a mão direita aberta em cima da cabeça e a outra nas costas, e eu me pergunto se esse senhor é mentalmente estável. – Com o rosto de um macaco e voa! – e ele pula como um macaco quando a música, finalmente, termina.

Faço um cumprimento e, o mais rápido possível, me retiro daquele lugar.

– Me avise quando estiver pronta pra outra dança, Alteza! – ele grita de algum lugar do salão.

Não sei quem deu aulas de dança para esse homem, mas nunca quero conhecer essa pessoa. Ai. Mexo meus dedos do pé para me certificar de que ainda estão funcionando enquanto me encaminho até Elsa, que parece me esperar ansiosa.

Elsa. Minha espera. Ansiosa. Essas palavras não combinam e, entretanto, descrevem a imagem à minha frente. O rosto dela está resplandecente e, a não ser pelo fato de que seus dedos sempre esfregam nas luvas – eu acho que ela tem nojo de sujeira, pois nunca a vi sem as luvas -, parece até uma pessoa... normal. Como se nunca tivesse se trancado e isolado do mundo por praticamente sua vida inteira. A alegria que demonstra é quase infantil, como se tentasse dizer alguma coisa, mas esperasse que eu adivinhasse o que era.

Observo-a, curiosa, enquanto tento entender o que aconteceu. Por tantos anos, tentei conversar com ela e, como resultado, recebia apenas um “Vai embora, Anna!”. Até o dia de hoje, eu tinha desistido de conversar e entender minha irmã; e agora, pensando bem, a entendo menos ainda.

Mas, sinceramente, quem se importa com o motivo de Elsa estar agindo desta forma tão diferente? O que importa é que, de repente, eu recuperei a minha irmã, e tudo em que consigo pensar é em como não quero perdê-la e ficar sozinha novamente. Um calafrio perpassa pelas minhas costas quando me lembro da aflição que me atingiu ontem à noite, quando uma parte de mim pensava que as coisas poderiam dar errado.

Tudo bem, Anna, calma. Nada vai dar errado esta noite. Elsa até iniciou uma conversa com você!

Lembro-me daquele momento de surpresa quando ela dirigiu a palavra a mim, meu coração batendo rápido, e a primeira coisa que pensei foi que eu estava sonhando. E, depois de ver que não (apesar de essa hipótese do sonho não ser descartada, pois tudo está muito perfeito), um conflito me atingiu: respondê-la prontamente, como eu queria desesperadamente fazer, ou deixá-la à deriva, para entender como me senti durante tantos anos? Mal tive tempo de pensar e já me vi respondendo à Elsa, minhas palavras demonstrando toda a minha surpresa. Eu ainda amo, sempre amei e sempre vou amá-la, não importa como ela me trate. Ela é minha irmã, e eu sempre soube, mesmo que às vezes me perguntasse se isso era mesmo verdade, que ela nunca me magoaria de propósito.

Nesse momento, o que posso fazer é aproveitar. É recuperar o tempo perdido e pensar sempre o melhor. Elsa não irá me rejeitar novamente. E, agora, eu tenho Hans. As coisas não poderiam estar mais perfeitas e...

Ai. Uma pontada de dor no meu pé direito interrompe meus pensamentos e me faz dar uma mancadinha. Talvez, as coisas seriam mais perfeitas se eu não tivesse dançado com o Duque de Wisentown.

Chego até Elsa, uma Elsa sorridente e brilhante que nunca conheci.

– Puxa, ele estava animado! – ela diz a mim, rindo.

– Especialmente para um homem usando saltinho! – me posiciono ao lado dela com o corpo dolorido, e movimento novamente meus pés para ver se a dor diminui um pouco.

– Você está bem?

– Eu... - primeiramente, ia responder que não por causa do meu pobre pé, mas então penso que estou aqui, conversando com Elsa e com os portões abertos lá fora. Olho bem para ela, esperando que meu rosto ecoe a esperança e alegria que sinto neste momento. Esperando que ela reconheça que isso é o que esperei por toda minha vida. – Nunca estive melhor. Isso é tão legal! – coloco as mãos no peito para ver se o ritmo do meu coração desacelera quando vejo que essa é a hora de iniciar a conversa. –... Eu queria que fosse assim todo dia.

Nunca ouvi tanta sinceridade, desespero e esperança na minha voz. Olho, ansiosa, para Elsa, enquanto um nervosismo me corrói por dentro. Será que ela realmente deixaria que todo dia fosse assim? Que os portões sempre fossem abertos, que ela e eu ficássemos conversando como se nada tivesse ocorrido?

Pare de pensar assim, Anna, seja positiva.

Elsa sorri e mordo a boca de ansiedade.

– Seria bom. – então, ela parece se lembrar de algo e suas sobrancelhas se franzem. Seus olhos perdem o brilho, seu sorriso desaparece e ela olha para o lado, pensativa e desesperada, enquanto sinto meu coração despencar. – Mas não dá.

Não.

Será que é agora que meu sonho se torna um pesadelo?

Meu coração bate rápida e dolorosamente, e começo a sentir aquela sensação claustrofóbica que me lembra o que é ficar presa todos os dias, e que isso ficará muito pior agora que eu sei como é ir para além dos portões. Que eu sei o que é ser feliz.

– Ué, por que não? – me vejo perguntando, tentando ser otimista, tentando mostrar a ela que uma vida diferente é possível. Tem que ser possível! – Nós... - me aproximo dela, tentando fazer com que olhe para mim, mas ela vira as costas e se afasta bruscamente.

– Eu disse que não dá!

“Não dá!”. “Não dá!”. “Não dá!”, as palavras ficam ecoando em minha mente enquanto tento conter as lágrimas de amargura que, prontamente, querem cair.

Essa é a Elsa que eu conheço. E que, infelizmente, já estou farta de conhecer.

– Com licença, um minuto. – digo, e minha voz sai triste e desalentada enquanto me encaminho para longe de Elsa. Para qualquer lugar longe dela.

Passo pela multidão com os ombros encolhidos e lutando contra a desesperança que tenta me engolir. Olho para baixo, mal prestando atenção em meus passos.

Nada mais importa. Nada mais importa agora que sei que meu destino é ficar trancada neste castelo para sempre. No fundo, nada mudou. E eu tento não mudar também, tentando manter pensamentos positivos, o que está muito difícil de fazer.

É nesse momento que algo me atinge e sou empurrada para trás. Tudo parece acontecer lentamente, e minha vontade é me deixar cair e ficar deitada no chão, sem forças de continuar uma vida condenada a meu pesadelo que, muito brevemente, se tornará realidade.

Entretanto, uma mão pega a minha e, novamente, me salva.

– Dessa vez não caiu. – diz uma voz já conhecida e que, imediatamente, faz o meu coração saltar.

– Hans? – e sinto a esperança retornar. Sim. HANS!

“Muitas portas se fecharam pra mim, sem razão. E, de repente, eu encontrei você!”

Por um momento, quase me esqueci do meu príncipe, daquele que me salvará do isolamento. Sorrio, inacreditada. Parece que a vida sempre me leva até a ele, me dizendo que ele me dará forças para continuar.

Hans coloca um copo que segurava em uma bandeja e me leva junto dele numa dança tão fluida, leve e sem pisar em meu pé que me sinto dançando no céu, em um patamar completamente diferente do que me encontrava há alguns segundos. As partes que me toca enquanto dançamos parecem formigar, e ele me traz uma sensação de conforto tão boa que, numa dança mais lenta – devemos ter dançado umas seis músicas, e meu pé nem parece mais doer -, apoio minha cabeça em seus ombros.

– Ah, Hans... – suspiro, e ele apoia a cabeça na minha.

Como alguém pode transformar uma vida de forma tão repentina e completa? É como se todos os meus sentimentos de momentos atrás desaparecessem, substituídos por uma fé imbatível no poder do amor.

Ficamos dançando assim por algum tempo até que ele, gentilmente, se separa um pouco de mim, me olhando tão penetrantemente que não sei quanto tempo poderei ficar dessa maneira sem derreter.

– Está com sede?

Olho tanto para ele que me esqueço de responder. Ele é tão lindo de se olhar!

– Anna? – ele ajeita um fio de cabelo que está em meu rosto e, imediatamente, me sinto queimar por dentro.

– Ah, oi, o quê? Sim, claro, é, beber é bom, quero dizer, não beber de bebida, mas beber de...

Ele ri, seus olhos brilhantes e meu coração flutuante.

– Acho que isso é um sim. Vou buscar, me espere perto da varanda.

Aceno e me dirijo até lá com a cabeça nas nuvens, não querendo nunca mais colocar os pés na realidade.

Fico olhando para além da janela, meu corpo ainda balançando suavemente, como se eu estivesse nos braços de Hans. Quando estou prestes a me virar para procurar por ele – acho que está demorando demais, a única explicação seria ele estar dando uma volta pelos cômodos do castelo, o que não imagino que faria sem mim -, alguém bate em meu ombro e me viro, esperando Hans.

Mas não é ele. É uma garota que deve ter aproximadamente minha idade, de cabelos castanhos e curtos e grandes olhos verdes.

– Oi! Você é Anna, não é? Aquele bom homem – ela aponta para Ludvig, que está conversando com alguns serventes – me mostrou quem era você. Sou Rapunzel, sua prima do reino de Corona. Mas, obviamente, não era eu quem você gostaria de ver – ela me lança um olhar questionador e maroto, assim como uma iguana muito bonitinha que está em seu ombro.

– Hã... Oi! – eu digo, ajeitando meu cabelo e subitamente sem graça. – É um prazer conhecê-la! Ah, eu ouvi falar sobre sua história. É um sonho se tornando realidade, sair daquela torre e conhecer o mundo... – percebo que ela ainda esperava eu responder a seu olhar questionador. - Eu, é, estava esperando... – como poderia classificar Hans? Meu acompanhante? Namorado? Amor verdadeiro? -... um homem.

– Que coincidência! Também estou esperando por um! – ela ri. – É meu marido. O seu também é?

Sinto minhas bochechas esquentarem com a pergunta.

– Não, não, não! – respondo rápido, tentando conter minha vergonha. - Mas bem que eu gostaria.

Mordo meus lábios e olho para o lado, pensando em como posso ser tão impulsiva nas minhas respostas. É isso que dá não conversar com gente de verdade por tantos anos.

Felizmente, Rapunzel apenas ri.

– Não se preocupe. Quando é amor verdadeiro, tudo se ajeita, e você sabe que não há outra pessoa. Parece que o destino diz para vocês ficarem juntos, independentemente das circunstâncias. Foi assim comigo. José foi a primeira pessoa que vi após sair da torre em que minha... – ela respira fundo. – Em que a mulher que cuidou de mim me mantinha presa e, mesmo assim, eu soube que era ele.

– Oh, perdoem-me, eu deveria ter trago mais uma taça.

Rapunzel olha para trás e vê Hans com duas taças na mão, sorrindo. As sobrancelhas dela se arqueiam, então olha para mim e dá uma piscadinha de aprovação.

– Com licença, não quero atrapalhar. Foi um prazer conhecê-la, Anna! – Rapunzel faz um cumprimento e, subitamente, some.

A conversa com ela apenas me deu ainda mais certeza de que Hans é o homem da minha vida. Observo, encantada, seus movimentos elegantes enquanto dá uma golada em sua bebida.

– Aqui está a sua. – ele me entrega uma taça e bebo um gole de algo um pouco forte e, instantaneamente, faço uma careta. Depois, sorrio, tentando disfarçar. – Belo castelo, Princesa Anna.

– Oh, obrigada! Ele é enorme! Tenho um corrimão inteiro para vir escorregando e cantaaaando! – faço um movimento de dança que, infelizmente, acabando sendo um pouco mais exagerado do que eu pretendia e acerto (ou melhor, soco) o rosto de Hans. – Opa, desculpa...!

Aproximo minha mão de seu rosto, mas então penso que, talvez, isso seria tão adequado quanto socar o queixo dele.

Oh, meu Deus, eu sou uma bagunça humana.

Para meu alívio, Hans apenas ri. Sinto meus ombros relaxarem.

– Não se preocupe, Princesa Anna, é uma honra ter meu rosto atingido por uma Princesa, especialmente se for você.

– Por favor, me chame apenas de Anna. – meu estômago parece conter borboletas que não param de voar.

A sensação é ótima.

– Muito bem. Anna. – ele experimenta o nome falando-o devagar e meu coração parece explodir.

Meu Deus, ele é tão charmoso!

– Vamos sair desse salão? Está abafado, lá fora deve estar mais fresco. – ele abana um pouco o rosto.

– Ah, claro, vamos, com certeza! – pego em uma mão dele e o guio para fora do salão em direção aos jardins do castelo. - Por aqui.

Passo pelo olhar curioso dos convidados e vejo Ludvig em um canto, observando Hans e eu de soslaio, atento. Aceno para ele, mostrando que tudo está bem e que vou apenas mostrar a Hans um pouco do castelo.

Quando chegamos aos jardins, Hans respira fundo. Realmente, a beleza desse lugar é de tirar o fôlego. Há flores azuis de todos os tipos e tonalidades, subindo em postes e no chão. A única iluminação presente vem das luzes do salão, um pouco atrás de nós, e o silêncio plácido que reina nesse lugar o deixa ainda mais belo.

– Uau. – ele balbucia. – Essas flores são belíssimas. Devem custar uma fortuna.

– Ah, sim. Ludvig me disse que algumas flores são exóticas e que jardineiros especializados cuidam delas todos os dias. – suspiro. – Minha mãe adorava vir aqui.

– Acho que as mais bonitas são as que estão no alto dos postes. Deve ser difícil chegar até lá para cuidar delas. – ele continua prestando atenção nas flores, passando os dedos em algumas pétalas.

– Bem, imagino que os homens sejam fortes o suficiente para subir até lá.

Ele ri.

– Então, suspeito que eu teria dificuldade em ser jardineiro.

– Seu físico ajuda, eu tenho certeza! – digo, e quero me xingar novamente pelas minhas palavras.

– Ah, que nada... – ele diz, virando-se para mim. Ele segura uma urze azul em minha direção. – Para você. Uma flor para outra flor.

Minhas mãos estão trêmulas quando as direciono até a flor. Minhas bochechas ardem. Meu coração explode.

Ai, ele é tão fofinho!

– Oh, obrigada, é, muito obrigada! Eu daria uma flor a você também, mas não posso dizer que você é uma flor, porque flores são delicadas e você é homem e... – ele continua me olhando e sorrindo e eu continuo derretendo. – Ah, deixa pra lá...

Então, depois de muito nos olharmos, continuamos andando pelos jardins e, de repente, Hans me empurra para o lado e ri. Empurro-o novamente, brincando como se fôssemos crianças sem preocupações. Ele se vira para mim e me encara de um jeito que o tempo parece parar. Estamos tão próximos que sinto a forte colônia que ele usa, e o cheiro é tão bom que inspiro um pouco mais forte.

Ele ergue a mão em direção ao meu rosto e paro no lugar, estática, enquanto meu coração parece fazer ginástica e as borboletas em meu estômago ficam loucas.

"Não há nada igual a esse amor sentir!”

Então, ele põe a mão próxima a minha cabeça, inclino meu rosto e ele diz:

– O que é isso aí?

O tempo volta ao normal e olho para o lado, confusa. Peraí. Não era isso que deveria ter acontecido.

Olho para cima e ele está apontando para minha mexa branca no cabelo.

Oh. É por isso que ele se aproximou de mim.

– Eu nasci com isso. – respondo sem graça, e coloco a mão na mexa, aproveitando para ajeitar meu cabelo. – Embora eu tenha sonhado que fui beijada por um troll.

Espero ele me olhar com o rosto espantado por uma declaração desse tipo, mas tudo o que ele faz é rir e dizer:

– Eu gostei.

Ele é tão perfeito!

– Venha comigo. – eu digo, e o levo para dentro do castelo (aproveitando para pegar alguns pratos no Grande Salão, claro) até uma das varandas com uma das vistas mais bonitas para o jardim e até além dele, para Arendelle.

Nos sentamos na ponta da varanda, observando Arendelle e comendo um doce feito de leite de rena. Esse é, definitivamente, o melhor dia da minha vida. Eu nunca senti tanta certeza quanto aos meus sentimentos e ao meu futuro como agora, enquanto olho para Hans se empurrando de doce.

Ele é muito perfeito.

– É, tem que comer tudo! – digo, e rimos juntos enquanto ele coloca mais um pedaço de doce na boca. – Conseguiu!

Eu costumava fazer concurso de quem comia mais com Elsa, e ele tem tanta prática em comer muitos doces que imagino que deve ter irmãos.

– Tá, peraí, peraí... – digo, fazendo ele dar uma pausa nos doces que têm no outro prato. – Você tem quantos irmãos?

Ele me encara com o rosto alegre, seu cabelo ruivo ainda mais bonito em contraste com as flores azuis que se encontram atrás dele.

– Tenho doze irmãos mais velhos. – uau. Se eu sofria com uma, imagina com doze. Pobrezinho! – Três deles fingiam que eu era invisível, literalmente, por dois anos!

– Isso é horrível! – três irmãos em dois anos? Eu não sei se eu ia aguentar.

– É o que fazem os irmãos. – ele balança os ombros, conformado.

– E irmãs. – suspiro, meu coração se apertando ao me lembrar de Elsa, mais uma vez, me rejeitando. – Elsa e eu éramos muito próximas quando crianças, mas aí... Um dia, ela... – olho bem para Hans, sabendo que ele entende esse meu sofrimento. -... me abandonou e eu nunca soube o porquê.

Olho para baixo, e toda a alegria que eu sinto vai se esvaindo ao me lembrar de Elsa. Assim como em meu sonho, ela sempre faz com que minha alegria se transforme em tristeza e desespero.

Então, mais uma vez, Hans pega em minha mão e vejo um novo caminho para minha vida. Vejo uma salvação.

– Eu nunca abandonaria você. – ele diz, e minha respiração parece falhar.

“... Vejo uma porta abrir!”

Meu coração salta, pedindo para declarar o que ele significa para mim. Pedindo para que ele aceite ser meu salvador, pedindo para que ele dê, de uma vez, a esperança que me livre de um futuro de isolamento ao qual Elsa me condenou.

Parece loucura, mas eu tenho que fazer isso.

Respiro fundo e olho para ele.

– Eu posso... dizer uma coisa louca?

– Eu adoro loucura! – ele responde, se sintonizando mais uma vez comigo.

Então, eu faço o que melhor expressa meus sentimentos: eu canto.

E o melhor: ele canta comigo.

Então, cantamos e dançamos pelo castelo inteiro, cada palavra e passo apenas confirmando que foi o destino que nos juntou. Agradeço mentalmente à Rapunzel por ter me ajudado a ter certeza absoluta de que Hans é aquele que vai mudar minha vida.

“Não conheci ninguém com meu jeito de pensar!”.

E, enquanto isso, cada vez mais minha alma se eleva, esperançosa, feliz e, pela primeira vez na minha vida, recebendo amor.

“Diga adeus para a dor que passou! O amor não vai deixar ela vir...”

Então, chegamos até uma parte do castelo que leva a uma cachoeira, e a lua cheia no céu está brilhante como nunca vi – ainda mais se considerar que, a não ser antes dos meus 8 anos, nunca vi uma lua. Me sinto tão completa que nada poderia estragar minha alegria, nem mesmo Elsa.

– Eu posso dizer uma coisa louca? – ele diz, e apenas rio, porque o que está acontecendo entre nós já é uma grande loucura.

Não, não é loucura. É o destino.

Então, ele se ajoelha, pega em minha mão e diz:

– Quer casar comigo?

Nesse momento, o tempo para.

Eu nem cheguei a pensar que, depois de hoje, não veria Hans novamente, pois nossa sincronia é tão grande que o acaso daria um jeito de tudo dar certo, como disse Rapunzel.

Então, esse pedido é apenas a confirmação do que, um dia, iria acontecer, e meus sentimentos não me deixam dúvidas de que Hans é a pessoa certa.

– Posso dizer uma coisa mais louca ainda? – respondo, meu corpo inundado de uma sensação maravilhosa que até me arrepia. Não há outra resposta senão essa. – SIM!

E é assim que minha vida muda. Para sempre.


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Notas finais do capítulo

Hansanna, alguém shippa? Hahaha
Acho que Rapunzel teve um papel importante pois, de acordo com suas experiências, ajudou Anna e Elsa a tomarem importantes decisões. Espero que tenham gostado da participação dela (talvez ela apareça novamente!) :D
Tentarei sempre cumprir meus prazos, não desanimem! Seus favoritos e "seguindo" e comentários e mensagens me deixam extremamente contente e com forças para continuar :') kkkkkkk
Obrigada por serem essas pessoas maravilindas! :')