Ally

Aeroporto de New York, 10am

– Ally, nós vamos sentir tanto a sua falta.– Agora era a Ted que me esmagava no aeroporto de NY.

– Ted, não mata a menina! - Reclamou Vanessa, a morena de mexas rosas ria da situação. - Se não ela não vai poder pegar o avião. - Nós três rimos. Eu ia sentir falta daquelas duas loucas.

– Não estão se esquecendo de alguém, não? - Um moreno alto, um ruivo e um loiro chegaram nos abraçando.

– Mike! Spencer! Will! - Gritei, abraçando primeiro o loiro e o ruivo, depois o moreno. - O que estão fazendo aqui? Pensei que o vôo de vocês tinha saído ontem à noite!

– Pois é, a gente deu um jeito de ficar mais uns dias na cidade pra poder aproveitar com umas certas garotas. - Mike disse enlaçando as mãos na cintura de Vanessa, que corou.

– Digo o mesmo, Mike. - Respondeu Spencer, abraçando Ted.

– Hummm, vocês hein? Se cuidem! - Rimos, enquanto Will passou os braços ao redor do meu pescoço. Suspirei, estava na hora da despedida.

– Will, pode vir aqui um instante? - Ele assentiu e o puxei até uma parede. Aproveitei que Ted e Vanessa estavam "ocupadas".

– Algum problema, Ally? - Ele perguntou, me abraçando por trás. "Sim, tem um problema. Vou ter que terminar com você e nem sei como fazer isso."

– Não, é que você disse que tinha uma coisa pra me contar, lembra? - Ele assentiu, cauteloso.

– Ah, isso... Então, é que a minha família tá voltando pra Alemanha. - Começou. - E eu vou com eles, tipo, vai ser legal conhecer melhor as minhas origens, concorda? - Assenti, sorrindo.

– Que notícia boa, Will! - Abracei o loiro, que me ergueu no ar. Nós rimos. - Eu vou voltar pra Miami. - Disse, séria. - E acho melhor...

– Que a gente termine? - Ele me interrompeu. - Ah, Ally, vem cá. - Me abraçou novamente. - Eu adoro a sua companhia, você é a melhor amiga/namorada do mundo. Eu sei que ainda gosta do loiro cujo nome não pronucia, mas eu vou dizer mesmo assim: Austin. - Bufei e semicerrei os olhos. - Não adianta fingir. - Ele riu. - Então, se lembra da Grace? - Assenti. Grace era a ex namorada do Will. Alta, cabelos castanhos, olhos verdes, pele impecável. Eles terminaram pelo mesmo motivo que eu e o Austin: distância. E obviamente ele ainda era afim dela. - Ela acabou de terminar a faculdade de jornalismo e advinha que país escolheu pra estagiar? - Tapei a boca e arregalei os olhos.

– Ela vai estagiar na Alemanha?! - Ele assentiu. - Meu Deus! Aw, que lindo! A história de vocês podia virar um romance de livro, daqueles épicos, sabe? - Rimos. - Ah, vem cá. - Imitei-o, nos juntando em outro abraço. - Corre atrás dela logo, ok? A Grace é bonita demais pra ter que ficar esperando a sua lerdeza. - Sussurrei.

– Por que não usa seu próprio conselho? - Ele sussurrou de volta, me fazendo rir. "Quem dera se fosse fácil assim, ainda tem a Cassidy."

Voltamos até onde meus amigos estavam, nos abraçamos e eu recebi alguns tapas das minhas amigas violentas divas até ouvirmos um alarme soar.

– É o meu vôo, então eu já vou indo. - Comecei a chorar, enquanto as garotas loiras me abraçavam. - Não se esqueçam! Os cinco podem passar em Miami quando quiserem! É por minha conta.

– Tchau, Ally! - Eles gritaram e eu acenei, entrando no portão de embarque e sumindo da vista deles.

Decidi ligar pra Trish, antes que pedissem para os aparelhos ficarem desligados. Eu havia feito mistério do dia da viagem a semana inteira, ela devia estar pirando. Mas quando a chamada começou, não foi minha amiga que atendeu.

– Hey, Tr... Austin?! - O loiro do outro lado da tela sorriu, meu coração começou a bater forte, ia brigar com Trish mais tarde, por deixar seu tablet com ele.

– Hey, Ally! - Ele disse, franzindo o cenho em seguida. - Onde você está?

– Surpresa! - Falei. - Estou no avião, voltando pra Miami. - Ele e mais duas pessoas arregalaram os olhos, surpresos.

– Miami?! - Trish e Dez eram as outras duas pessoas. - Você tá voltando?

– Yep. Eu chego em algumas horas! - Sorri. - Ah! Eu queria saber se um de vocês não podia me pegar no aeroporto, se não incomodar. - Eles se entre olharam e riram. Foi a minha vez de franzir a testa. - O que foi?

– Um de nós? - Austin riu. - Nós três vamos te buscar, claro, Alls. Ainda pergunta? - Corei de leve com o apelido, ele não me chamava assim desde o tempo que nós namoramos.

– Obrigada, então. Agora eu tenho que ir, todos os aparelhos têm que ser desligados. Tchau, gente! - Mandei um beijo.

– Tchau, Alls. - Austin disse depois que os outros dois saíram.

– Tchau, Aus. - Respondi, desligando.

Fiquei alguns segundos calada, olhando pro tablet que dizia "Chamada com Trish: encerrada" tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer e contando os segundos pra chegar em Miami logo.

Depois de algum tempo, peguei meu diário e pensei em escrever alguma coisa pra passar o tempo. Ele estava aberto na música.

"Tudo tem um começo e um fim
Eu vejo a dor em seu olhar.
E mesmo sem querer eu te deixo partir."

Fechei a página e meus olhos, descansando na poltrona do avião, eu não precisava ler a letra, sabia ela de cor, então me permiti lembrar mais um pouco do loiro, me perder nas memórias.

"E quando eu me perco em suas memórias
Vejo um espelho contando histórias
Sei que é difícil de esquecer essa dor
E quando penso no que vivemos
Fecho os olhos, me perco no tempo
Pra mim..."

De repente, tudo ficou escuro e eu só acordei quando percebi um tumulto.

– Ahn? O que...? - Minha primeira reação foi olhar na janela. Imediatamente reconheci o aeroporto de Miami.

Assim como também reconheci um loiro, uma latina e um ruivo com um enorme cartaz escrito "Bem vinda de volta, Alls (formada na U.M.N.Y)" Coloquei minha mochila nas costas e saí o mais rápido que pude, correndo pra fora daquele avião.

– Alls?– Sorri quando ouvi a sua voz. Ele deu um passo a frente.

– Aus!– Corri até onde ele estava, quando o loiro fez o mesmo.

"Sei que você vai seguir
Mas eu não vou desistir
Eu espero que você se entregue nesse amor
Sei que você vai seguir, mesmo com a dor,
Vai lembrar de mim."

– Senti sua falta! - Sussurrou quando nossos corpos se encontraram em mais um abraço longo. - Eu preciso te contar uma coisa. - Me soltou, olhando em meus olhos. Lembrei da vídeo conferência, do chapéu de raposa, do encontro com Cassidy. Será que...?

– Não, Austin. Você não precisa me contar.

– Só me ouve. - Ele pediu, segurando na minha mão. Seus olhos dizia um singelo "Por favor." Eu levantei o olhar, confusa.

"Hoje eu vejo que não consigo entender
O que houve entre nós."

– Alls, eu... - Não aguentando mais aquela enrolação, eu fiz a primeira coisa que consegui pensar. Eu beijei o Austin e o mais incrível é que ele correspondeu. Não teve susto, relutância ou surpresa.

Eu entrelacei minhas mãos em seu pescoço, que fez o mesmo na minha cintura. Eu posso ter dito que o beijo do "eu te amo" foi o melhor de todos, mas acho que me enganei. Esse, com certeza, foi o melhor.

Encerrei, assim que minha consciência voltou. "Ele não é seu, Ally. Ele é da Cassidy."

– Austin, me desculpa, eu não devia ter feito isso, foi o calor do momento e... - Eu não pude terminar a frase, porque ele me beijou?! Ele me beijou? Empurrei ele devagar. - O que você está fazendo? E quanto a Cassidy? - Foi a vez do loiro ter a expressão confusa.

– O que tem a Cassidy? - Ahn??

– Ela é sua namorada. - Ele arregalou os olhos, tirando a mão da minha cintura e rindo. Ele estava rindo de mim? - Do que você tá rindo?!

– Ally, a Cassidy não é a namorada do Austin. - O ruivo falou lá de trás.

– Mas eu vi vocês dois juntos no vídeo chat da Trish. - Ele sorriu, acariciando meu rosto com uma das mãos.

– Ah, aquilo? A Cass estava me pedindo conselhos pra sair com um cara.

– Quem?

– Dallas. - Arregalei os olhos. - É, eles estão juntos. - Austin riu quando corei. Eu estava com ciúmes e nem mesmo havia motivo para isso.

– Mas, mas, mas... - Ele colocou um dedo sobre meus lábios. - Ah, quer saber? Dane-se! - Puxei a cabeleira loira pra mais um beijo, ele me interrompeu.

– Espera. E quanto ao seu namoradinho "Will"? - Revirei os olhos.

– Ciúme? A essa altura do campeonato Moon? - Ele estreitou os olhos, enquanto Trish e Dez gargalhavam.

– Ué, você perguntou da Cassidy, então... Cadê o engomadinho Alemão? - Reprimi um riso e tentei ser o mais séria possível.

– Então... - Levantei sua mão, brincando com os seus dedos. - Se não estou enganada, ele deve estar agora na Alemanha reatando com a sua ex namorada jornalista. - Dei um meio sorriso e ele arregalou os olhos, corando. - Você é um bobo! Agora pode dizer o que precisa me contar?

– Pode me ouvir uma vez, senhorita Dawson? - Assenti, sorrindo. - Eu não engoli o nosso fim de namoro, fiquei meses pensando no porquê de você ter terminado daquele jeito, até que a Trish me disse que só estava me dando liberdade - Eu fuzilei Trish com os olhos naquele momento e ela deu de ombros, sorrindo. - Mas eu não queria liberdade, eu queria te ligar toda quinta e te chamar de namorada, dizer pra todo mundo ouvir que eu te amo, Alls!

"E quando eu me perco em suas memórias
Vejo um espelho contando histórias
Sei que é difícil de esquecer essa dor
E quando penso no que vivemos
Fecho os olhos, me perco no tempo."

– Passei todo esse tempo procurando alguma qualidade sua em outra garota, qualquer coisa que me lembrasse do seu jeito, dos seus olhos, dos seus beijos, mas a verdade é que não há outra pessoa que eu possa amar a não ser você, Allycia. Sabe por que foi tão difícil me separar daquele abraço no aeroporto? - Neguei. - Porque pra mim, não tinha acabado.

"Pra mim, não acabou.
Pra mim, não acabou."

– Ah, pelo amor de Deus, se beijem logo e acabem com isso, acho que as pessoas lá na Sonic Boom não vão esperar pra sempre! - Dez gritou, se arrependendo em seguida. - Não que tenha uma festa surpresa te esperando lá, porque não tem. - Tentou concertar, fazendo Trish lhe dar um tapa.

– Você escutou o que ele disse. - Ele ergueu as mãos, em sinal de rendição. - Agora tem que me beijar.

– Com todo o prazer, Sr. Moon. - Puxei a gola da camisa que ele usava e o beijei, tendo certeza de que estávamos nos entregando de corpo inteiro a esse amor que não acabou e que não vai acabar tão cedo.

"Pra mim, não acabou.
Pra mim, não acabou."