Ally

New York, 5:35pm

"It's not a new life,

It's the same old one.

It's not a new life,

It's the same old one...

Just different."

Nova York é e sempre será uma cidade muito linda. As luzes, a brisa soprando, o clássico "humor" Nova-iorquino...

Mas ela era diferente de Miami em vários aspectos: Não tinha praias e lá era tão frio que dava pra fazer um boneco de neve dentro da sua própria casa.

Na verdade, a primeira coisa que fiz quando pisei lá, foi colocar um casaco mais quente.

Claro que eu me lembrava da frieza de Nova Iorque, desde o dia em que o Austin cantou na Time Square no ano novo. Só não me lembrava que no dia-a-dia ficava pior.

Conforme os anos se passaram, eu fui me acostumando. Ligava pra Trish todos os dias e ela me contava tudo o que acontecia em Miami, só pra não me deixar "desatualizada".

Falava coisas do tipo "O Dez comprou uma lhama" "Eu estou saindo com um carinha novo" E às vezes até "O Dez está saindo com a lhama". Porém, nunca "Austin está namorando com uma garota." Não sei se era por medo de me magoar, ou porque ele realmente não fazia isso.

Enfim, era praticamente como se eu estivesse lá. As conversas com Trish, as perguntas idiotas de Dez e eu continuei escrevendo com o Austin. Toda quinta nós virávamos a noite escrevendo canções.

Mas, um dia, em uma quarta-feira, quando cheguei em casa de um trabalho na casa da Ted, minha amiga mais próxima da universidade. Trish me chamou um pouco mais cedo que o normal (Geralmente, nas quartas, ela ligava às oito, ainda não passava das cinco e meia).

"- Ally! - Cumprimentou, parecia estar falando da Sonic Boom.

– Hey Trish! - Acenei, tirando o cachecol. Pelo menos (graças ao aquecedor) dentro das casas era um pouco mais quente. - Tudo bem? Por que ligou a essa hora? - Ela sorriu, Dez apareceu atrás dela usando um chapéu de raposa.

– Ah, é que esse ruivo aqui estava me irritando e pediu pra eu te ligar. - Reprimi uma risada quando minha amiga semicerrou os olhos pro garoto, arrancou o chapéu e jogou em algum lugar da loja. - Dez! Eu já falei que esse chapéu não! - Ele deu a língua, indo procurar o acessório e ignorando qualquer outra coisa que ela podia dizer. - Enfim, e você? Tudo bem?

– Tudo, estou nos últimos trabalhos da universidade. - Ela arregalou os olhos e Dez levantou a cabeça de trás do balcão sorrindo, na fundo do vídeo.

– Não brinca, é sério? - Gritou.

– É sério, se tudo correr bem, eu volto pra Miami no mês que vem. - Eu gritei também. Que saudades que eu sentia deles todos. - Não estão se esquecendo de alguém? Cadê o Austin? - Eles se entre olharam rápido e ela abaixou o tablet por uns dois ou três segundos. Franziu os lábios e virou o aparelho para a porta onde o loiro estava tendo um encontro com uma loira que me parecia bem familiar, estreitei o olhar tentando enxergá-la melhor e senti minha respiração falhar um pouco. Minha mente gritava "Ela não, ela não, por favor!"

– Cassidy...? - Sussurrei, alto o suficiente pra Trish ouvir e assentir devagar.

– Ally, tá tudo bem? - Dez perguntou, preocupado e eu sorri.

– Tá tudo ótimo! Eu preciso desligar, uma composição me espera. Se eu não entregar esse trabalho, não volto pra casa. - Rimos. - Amo vocês! - Mandei um beijo.

– Também te amamos, Ally! - Eles sorriram e o vídeo chat foi encerrado.

Eu e Austin tínhamos terminado há anos e nunca mais nenhum dos dois tocou no assunto. Tenho que admitir, eu saí com alguns caras sim, mas foi só na amizade, nenhum deles me faziam sentir como ele fazia. E depois de anos sem ele sair oficialmente com ninguém, eu pensei que talvez fosse pra ser. Pensei que ia pisar em Miami e cair em seus braços, dizer tudo que não disse.

Francamente, A quem eu quero enganar? Ele é lindo, famoso, divertido, simpático... e a Cassidy é como ele disse: perfeita. Não dava mesmo pra competir com isso.

Na semana seguinte, eu me concentrei no último trabalho da universidade, que era: compor uma música que venha do coração, criar uma melodia e apresentá-la na frente de todos. Fácil.

A letra foi a parte mais difícil, na verdade. Toda vez que eu pensava em alguma coisa, pensava no loiro, nos seus olhos tristes quando fui embora e depois no seu sorriso enorme saindo com Cassidy. Acabei notando que era a única coisa que eu ia conseguir compor e me entreguei a letra, que ficou melhor do que pensei.

Guardei o violão e peguei o tablet ponderando se mostrava ou não a música a minha melhor amiga. Acabei decidindo que ela devia ser a primeira a ouvir e a mesma adorou, a pesar das mesmas insinuações: "Você devia mostrar pro Austin." "Eu sei que você escreveu pra ele." Mas eu neguei tudo. Não vou atrapalhar a vida dele.

~//~

– Allycia M. Dawson? - Levantei minha mão e andei até o centro da sala, onde Ted filmava tudo. Sorri. - Como é o nome da sua música?

– Recomeçar. - Ele assentiu, afirmando que eu já podia começar e eu respirei fundo, era agora ou nunca.