Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 49
Ser Vivente


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Eis aqui um cap grande e cheio de revelações.
Deixei também algumas pistas sobre o desenrolar da história, nos caps finais. Vamos ver se vocês conseguirão pegar todas as pistas.

Boa leitura!



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Isso não pode estar acontecendo...

O homem que tinha acabado de sequestrar minha irmã, que era também o responsável por destruir a Ordem dos Assassinos que eu construí, e que também aniquilou os Assassinos da Ordem de meu Mentor Achilles estava bem diante de mim, convalescente, com a vida por um triz. Eu poderia mata-lo, sem qualquer esforço, depositar sobre minha lâmina toda a dor e angústia que ele trouxe a mim e aos meus irmãos. Vingar todas as mortes e destruição de ambas as realidades que eu vivi.

E meu pai estava me impedindo?

–Você não entende... – tentei procurar argumentos convincentes, mas eu sabia que seria impossível dizê-los. Tudo que eu vivi tinha sido deixado para trás, e ouso dizer, deixado de existir. Mas a dor das lembranças permanecia em mim, e saber que as tragédias de minha vida não tinham acontecido não amenizavam a minha dor,

–Filho... – disse meu pai, tocando em meu ombro. Recolhi ao seu toque. Aquele era justamente o mesmo local que Shay me feriu e me incapacitou para sempre. – Shay é um bom homem. Só precisa ser retirado de sua ignorância.

–Ele sequestrou minha irmã. Sua filha!

–Quem fez isto foi Charles! E lamento dizer, mas você teve sua cota de responsabilidade nisto, Connor.

Ri. – Então é isto? Irá me culpar agora?

–Charles deveria saber de a relação de Tessa com você. Aposto que você andava com sua irmã por Nova York vestindo o Manto, não é?

Ele estava certo. Não só eu, como Amália, andávamos com Tessa pela cidade e pelo campo vestindo nossas vestes. Senti-me culpado por expor minha irmã a tamanho perigo.

–Dê um voto de confiança a Shay. – pediu meu pai.

–E se ele provar que não é digno de tal coisa?

Após uma pausa indiferente, meu pai deu seu decreto.

–Ele morre.




Era loucura imaginar um Templário em nossa casa. Na verdade, esta seria a coisa mais imprudente a se fazer, mas Shay Cormac estava mais morto do que vivo, e ainda com sério risco de não sobreviver mais que algumas noites. Ele sobreviveu à cirurgia delicada que retirou a bala de suas costas. Segundo Dr. White, era um milagre que a bala não tivesse atingido nenhum órgão vital, ou mesmo a coluna.

–Um homem de sorte, este. – disse o médico, colocando a bala em um pano sobre a mesa.

Meu pai riu. – Se ele estivesse acordado, te diria “eu faço a minha sorte”.

Bufei, em desgosto. A julgar por esta frase, deveria ser um homem arrogante e prepotente. De fato, eu o tinha conhecido em meu horrendo delírio como Templário, mas pouco deu para saber de si. Além disso, eu era filho de seu Grão-Mestre. Estava curioso para saber como ele trataria um “mestiço” Assassino.

Mas de todas as minhas más conclusões a respeito dele, eu tinha de dar o braço a torcer. Ele era resistente.

Por medida de segurança, Tessa estava dormindo na casa de Ellen, a costureira da fazenda. Eu e minha mãe permanecemos em nossa rotina. Tudo parecia normal, se não fosse pela porta do quarto de hóspedes ter se tornado, curiosamente, o local mais vigiado da casa, a julgar pela forma como meu pai sempre fazia suas rondas, verificando o moribundo Shay Cormac. Vez ou outra, eu flagrava em seu olhar notável preocupação. Alívio, ao vê-lo se mexer levemente, ou temor, quando ele estava quieto demais. Após ver tal comportamento por três vezes, decidi me afastar. Não conseguia digerir a idéia de ver meu pai preocupado com um homem desses. Seriam eles tão amigos assim? Meu pai jamais foi muito aberto a este ponto, mas acredito que ele era um homem de pouquíssimos amigos. E talvez, Shay fizesse parte de seu minúsculo círculo de confiança, do qual eu sei que faziam parte o deplorável Charles Lee e o tal Jim Holden, que ele citou em seu Diário.

Cerca de três dias se passaram, e Shay Cormac oscilava em seu estado de plena inconsciência. Ora estava dormindo, ora delirava e se debatia em febre. Prudence, que auxiliava minha mãe a cuidar do Templário, chegou a pedir para que eu chamasse o Reverendo para dar-lhe uma Oração – ou Extrema Unção, não tenho certeza se é assim que os protestantes chamam -, mas Shay acabou se acalmando sozinho.

E ainda havia outro fato a me preocupar.

Meu diário. Eu sempre o levo comigo, em meu bolso no Manto de Assassino. Não o vejo desde que meu pai me deixara inconsciente para tomar o Manto de mim. Quando ele me devolveu o Manto – melhor dizendo, o que sobrou dele – eu lhe perguntei discretamente, mas senti que ele não fazia a menor idéia do que eu estava falando. Decerto ele deve ter perdido pelo caminho, enquanto tentava resgatar minha irmã Tessa. O fato de ele estar ocupado demais naquela ocasião me acalmava. Ele sequer teria notado o Diário, ou mesmo lido. E eu não notei nenhuma alteração em seu comportamento. Se ele tivesse lido o Diário, onde eu contava com bons detalhes tudo que vivi na vida que abandonei graças à Maçã, teria me taxado por louco. E nos últimos dias, seu comportamento andava normal para comigo.

Preciso ser mais cauteloso.


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No quarto dia, finalmente Shay acordou.

Eu soube da notícia enquanto procurava por flechas em meu quarto. Ouvi vozes agitadas e encontrei Prudence e minha mãe conversando com ele. Devido aos medicamentos, ele estava grogue, e longe de ser o homem temível que destruíra minha vida a ponto de me fazer procurar uma Maçã para consertá-la. Mas mesmo diante de um homem moribundo e fraco, eu não me sentia confortável. Fiquei recostado ao limiar da porta, observando-o aparentemente tonto, e tentando me conter para não cravar uma flecha em seu peito naquele mesmo instante.

–Shay! -exclamou meu pai, assim que apareceu no quarto, também alarmado pelas vozes agitadas de minha mãe e Prudence. – É bom vê-lo de volta ao mundo dos vivos.

–M-Mestre Kenway? – perguntou Shay, confuso. Ele olhava para os lados, inquieto. Ao tentar fazer um movimento brusco, foi detido pela dor. Meu próprio pai o colocou de volta à cama.

–É melhor ficar quieto, Shay.

–M-Mas Mestre... O-Os Assassinos, eles têm o Manuscrito...

Não havia dúvidas. Ele estava delirando. Minha mãe encostou sua mão à testa dele, e imediatamente encheu um pano de água, levando-o á cabeça. Manuscrito? Mas do que diabos ele estava falando?

–Depois, Shay. Depois conversaremos. Agora, descanse... – disse meu pai, num tom de voz sereno que me causou um repentino e estranho estalo à minha cabeça.

–Depois conversamos, Connor. Agora descanse...

–Mas Raké:ni... – pude ouvir minha voz de criança, um tanto febril, e depois senti o calor das cobertas sobre meu corpo, e uma mão leve a recostar sobre minha cabeça.

Malditas lembranças de algo que jamais vivi...

Quando Shay fechou seus olhos, meu pai se virou para todos nós.

–Ele ainda está doente.

–Mas agora, ele acordou. – observou Prudence. – Acho que é um bom sinal.

–Bom, devemos reconhecer que sim.

–M-Mestre... Kenway... – ouviu-se a voz de Shay, fraca e cansada, a interromper aquela conversa.

–Sim, sou eu Shay.

–P-Por quê, sir?!

–Prudence, vamos preparar algum caldo para Shay. Ele parece estar faminto. – disse minha mãe, claramente desejando deixar os dois às sós. Pelo olhar que ela me lançou, ela desejou que eu fizesse o mesmo, mas minha curiosidade era maior, e eu procurei ignorá-la. Decidi permanecer onde estava, no limiar da porta. Por alívio, meu pai não se importou com minha presença ali, deixando de fazer qualquer comentário sobre isso.

Meu pai sentou-se de costas para mim, sob a ponta da cama. Não pude ver seu semblante, mas sei que ele deixou escapar um leve suspiro antes de começar. Eu sabia o que significava aquele questionamento.

–Você me mostrou o significado da misericórdia, lembra? Por que eu não seria convosco, depois de tudo que vivemos? E o que eu te disse naquele forte não foi um blefe, Shay. Eu confio em sua capacidade de julgamento. Se tiver ciência de todos os fatos, eu tenho certeza de que entenderá o que está acontecendo, e porquê a Ordem dos Templários que você conheceu... Não existe mais.

Percebi que Shay desviou seus olhos de meu pai. Seus olhos castanhos voltaram-se às bandagens ao redor de sua barriga. Ele ainda sentia a dor picar sua pele. Sem duvida, ele não estava em condições de lutar – ainda. E duvidava que estivesse por um bom tempo. Não havia escapatória. Era aceitar esse “cárcere amigável”, ou ser morto. Ele também deveria saber que aquelas palavras de meu pai eram meias-verdades. Havia algo mais. E se ele não colaborasse, seria morto. E, afinal, valeria morrer por uma Ordem dos Templários que desrespeitava o povo, que desejava vê-lo na miséria a sofrer com violência e repressão do Império Britânico? “A Ordem dos Templários que você conheceu não existe mais.” Não conheci essa tal Ordem dos tempos de Shay, mas senti que havia um fundo de verdade nas palavras de meu pai. Para ser franco, o tal Purgo dos Assassinos era um fato bastante obscuro para mim. Não havia qualquer menção disso nos escritos de meu pai, e Achilles sempre parecia reticente em suas explicações do porquê a Ordem dos Assassinos foi dizimada. Como se quisesse esquecê-la.

Meu pai me contara que Shay abandonou os Assassinos para se aliar aos Templários. Por isso, acredito que Shay era incapaz de reconhecer naquele novo grupo de aristocratas comandados por Howard Davidson os ideais e princípios que lhe fizeram abandonar os Assassinos por completo.

E além do mais, se ele se recusasse a colaborar, morreria. Simples assim.

–Está bem, sir. – disse Shay, após longa pausa. – Sou todo ouvidos.


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Dois dias haviam se passado desde a conversa com Haytham.

Shay ainda estava aturdido com os recentes acontecimentos. Percebeu que Haytham vivia uma vida feliz, talvez bem melhor do que aquela profunda tristeza em seu ex-Mestre, ao ouvi-lo dizer sobre a morte de seu filho caçula.

As palavras de Haytham foram tão fortes que Shay chegou a se sentir envergonhado por ser um Templário.

–Não posso acreditar... – disse Shay. – O Rito Colonial era tão... Justo. E de pensar que o General Monro pertencia a este mesmo grupo...

–O general Monro era um homem honrado. Um dos poucos Templários de boa índole que conheci, agora posso afirmar após boa análise. No fundo, todos eles tinham interesses particulares para adentrar a Ordem. Não viviam das mesmas crenças que eu e você.

Shay deu uma risada seca.

–Você sabe que o que me motiva a estar ao lado dos Templários é, e sempre foi, a falta de comprometimento dos Assassinos em relação a vidas inocentes quando os Artefatos do Éden estão envolvidos.

–Sim, eu sempre soube. E acredite, mesmo o seu motivo não sendo o mesmo que eu, ainda é mais nobre do que é de muitos de seus “irmãos templários”. Pois ora convenhamos, Shay: metade da Ordem esteve conosco por mero ganho pessoal, ou buscando ascensão na vida. Ascensão este que eu conferia.

–Não é sua culpa, Mestre Kenway.

Haytham deu um suspiro. – Sei que não é. Inteiramente. Bom, de qualquer modo, creio que você já se sinta bem o bastante para se levantar desta cama. Estar tão prostrado assim não é de seu feitio.

Haytham estendeu uma mão a Shay, que parecia analisa-la. Após breve momento, Shay a pegou, sendo ajudado por Haytham a se levantar da cama. De imediato, o Mestre Templário se sentiu tonto, sendo acudido por Haytham.

–Você esteve deitado por dias e perdeu muito sangue. É natural que se sinta assim. O Dr. White já tinha me alertado sobre isso.

–Sim, eu sei como é. Eu já estive nesta mesma situação, há anos atrás. Quando os Templários... Salvaram a minha vida. – lembrou Shay, com tristeza.

Finalmente ficando de pé, Shay começou a andar, até perceber a presença de mais alguém no quarto, além de Haytham.

Um jovem rapaz, de feições mestiças, meio nativo, meio inglês, a observar-lhe atentamente, de braços cruzados. Se olhar matasse, Shay percebeu, ele estaria morto. De vez.

–Vejo que já consegue andar, dias depois de tomar um tiro nas costas. Muitas pessoas não têm essa sorte.

–Eu faço a minha sorte. – disse Shay, dando um sorriso fraco. Haytham riu.

–Sem dúvida, Shay, você está de volta.

Connor rolou os olhos.

Agora eu sei de onde Amália herdou a arrogância.

–Então, a julgar por seu queixo e seu nariz, posso dizer que você é filho do Mestre Kenway. – disse Shay, tentando conversar amigavelmente com Connor, embora o nativo ainda tivesse um olhar de poucos amigos.

–Ele é meu primogênito. – disse Haytham. – Nasceu durante a Guerra dos Sete Anos, na época em que eu estava na Europa, resolvendo assuntos pessoais.

–Entendo. – disse Shay, pigarreando. – Pois bem, como se chama?

–Connor. – respondeu, após bufar em indignação. – Connor Kenway.

–Connor?! Incrível! De todos os nomes que tenho em mente, Mestre Kenway, eu jamais imaginei este a um filho seu.

–Deveras? E por que?

–Connor também era o nome do falecido filho de Achilles Davenport.

Haytham parecia incomodado com a coincidência. E realmente, ele se lembrou que o filho de Achilles também se chamava Connor. Fato este que ele sequer percebeu na época em que seu filho escolheu seu nome Inglês. Se tivesse se apercebido, não teria permitido a escolha deste nome.

–Acredite em mim, Shay, Connor não tem esse nome em homenagem aquele velhote. Na verdade, foi o próprio quem o escolhera, aos cinco anos. Afinal, o nome dele é impronunciável.

–Não há nada de errado com o nome Ratonhnhaké:ton. – retrucou Connor.

–Ratonhnhaké:ton? Então este é o seu nome Mohawk?

Connor ficara surpreso. Ele disse meu nome corretamente, e já na primeira tentativa! Mas como?!

–“A vida que foi arranhada”... Bom, com todo o respeito, Mestre Kenway, mas creio que sua esposa estava com um humor e tanto para escolher este nome... – disse Shay, deixando Connor e Haytham surpresos com seu aparente domínio da língua Mohawk.

–Você sabe falar Mohawk? – perguntou Haytham, surpreso.

–Sim, aprendi um pouco. Eu, Liam e Kenesowasa fazíamos breves visitas a algumas aldeias Mohawk. Acabei aprendendo uma coisa e outra.

–Céus! Pergunto-me, Shay, quando você deixará de me surpreender...

Shay riu, encabulado como raras vezes ficava. Connor ainda estava sem reação, até perceber a porta se abrir, revelando sua mãe. Ao notar o Templário de pé, Ziio ficou surpresa.

–Kaniehtí:io?

Haytham arregalou os olhos, em direção a Shay, ao vê-lo dizer o nome correto de Ziio. Algo que eu jamais fiz.

–O almoço já está pronto. Irá se esfriar se vocês continuarem conversando aqui. – ela disse, ignorando Shay, e saindo daquela sala. Connor notou que o semblante de seu pai não era nada agradável.

–Vocês se conhecem? – questionou Haytham, de modo nada amigável.

–Eu... Eu estive com os Kanien'kehá:ka algumas vezes, com Liam... Se eu a vi uma ou duas vezes em minha vida, foi muito.

Connor sentiu que seu pai ficara desconfiado. Ele não era tolo, afinal. Shay estava escondendo alguma coisa. E tinha haver com sua mãe.

Não... Minha mãe jamais poderia ter se envolvido com este homem...


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–Você já conhecia Shay.

Aquilo não foi uma pergunta, Ziio percebeu. Já era tarde da noite, e todos da Kenway Homestead já tinha se retirado. Ziio estava de armário, escolhendo uma camisola, quando Haytham se aproximou, dizendo tais palavras. Chovia forte do lado de fora, e Ziio acreditava que a tempestade também havia chegado para dentro de sua casa.

Desde que aquele homem despertara.

–Não da forma como você está pensando. – ela disse, friamente, ainda de costas para Haytham, escolhendo por fim sua camisola.

–E no que estou pensando, poderia me esclarecer?

Ziio bufou, deixando Haytham cada vez mais impaciente.

–Haytham, se acaso não percebeu, nós não temos mais idade para crises de ciúmes...

–Até o seu nome ele conseguiu dizer corretamente... – continuou Haytham.

–Você não consegue porque é preguiçoso, então não culpe os outros por sua inabilidade de dizer meu nome corretamente...

–Pare com isso, Kaniehtí:io.

Ziio congelou momentaneamente, ao ouvir seu nome nativo sendo dito, corretamente, da boca de seu marido, melhor dizendo, do homem que ela amava.

Haytham suspirou.

–Eu sei que me acomodei e não procurei dize-lo por todos estes ano, mas nos últimos meses Tessa me ensinou a dizê-lo corretamente. Sabe, eu pretendia fazer uma surpresa, fazer-lhe tal revelação no aniversário de nosso casamento. Mas você estragou tudo, mentindo para mim sobre Shay...

–Haytham...

–Por favor, Ziio. Não minta para mim. Por mais que possa doer, seja sincera. Sei que foram as minhas mentiras que ajudaram a acabar com nosso relacionamento no início, por isso, eu não quero que sejam as suas, desta vez.

–Está ameaçando acabar com o nosso casamento, com tudo que construímos, é isto? Porque um estranho sabe dizer o meu nome...

–Esse estranho parece te conhecer muito bem! – exclamou Haytham.

–Fale baixo, Haytham. Não quero que as crianças escutem essa conversa. Especialmente Connor. Sabe que nosso filho irá mata-lo, se souber que estamos discutindo por causa dele...

–Mas agora, então, está preocupada com Shay? É isto?

Ziio rolou os olhos, em irritação.

–Não, eu estou preocupada com nosso filho. Não quero que ele suje suas mãos com aquele sujeito. E se você quer saber, sim! Sim, eu conheci Shay, e o conheci um pouco antes de você. Mas não aconteceu nada entre nós dois, se é o que está insinuando.

Haytham pareceu refletir.

–Ele flertou com você, é isto?

Ziio escondeu um riso.

–Comigo, e com metade das mulheres da Aldeia, seu idiota!

Haytham pareceu aliviado. Algo bem do feitio de Shay.

–Desculpe-me, Ziio, por pensar que você...

–Nem continue, Haytham. E se quer saber, você deveria agradecer a Shay. Foi ele quem mostrou a nós, nativos, as lâminas ocultas de Assassino. Quando te vi usando uma, pensei que você também era um deles. Se não fosse por Shay, eu jamais teria sequer te dado atenção.

Haytham ficou surpreso outra vez.

–Espera, então você está admitindo que só me deu alguma atenção porque pensou que eu era um Assassino, é isto?

–Os Assassinos estavam aqui antes de você. Achilles se aproximou de nosso povo, inclusive, e conseguiu nossa confiança. Quando eu descobri que estava grávida, fui atrás de Achilles, procurando por você. Eu... Eu me arrependi de ter mandado você embora por causa de Braddock, assim que soube da gravidez. Queria ao menos contar a você sobre a criança, deixa-lo saber de sua existência, porque acreditava que você tinha o direito de ao menos saber. Procurei por Achilles, dizendo que tinha engravidado de um Assassino Britânico, mas então eu soube por ele que você era exatamente o contrário. O maior inimigo dos aliados de meu povo, portanto, meu inimigo também. Se você não tivesse reaparecido e se separado dos Templários, eu jamais deixaria Ratonhnhaké:ton saber de sua existência. Mas eu tenho certeza de que seu amigo ficou temeroso ao perceber que tinha direcionado flertes a mim, que sou sua esposa, há alguns anos atrás. Portanto, pare de sentir ciúmes e...

Ziio não pôde terminar sua própria conclusão, pois Haytham a surpreendeu com um beijo, intenso e inesperado.

–Konnorónhkwa. – disse Haytham, em seu ouvido.

–Quantas palavras Tessa te ensinou? – ela perguntou, num tom de brincadeira, ao ouvi-lo dizer “eu te amo” no idioma Mohawk.

–Algumas. Mas há certas palavras que não pude pedir à nossa filha, se é que me entende... Por isso, gostaria que você me ajudasse a... Expandir um pouco mais o meu vocabulário Mohawk. – disse Haytham, com o olhar repleto de luxúria.

–É mesmo? E que palavras seriam estas? – perguntou Ziio, fingindo seriedade. Recebeu como resposta nada mais que um sussurro em seu ouvido, que a fez rir. O casal trocou mais um beijo apaixonado, dando por encerrada àquela discussão.


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Notas finais do capítulo

Eu sempre me perguntei se Shay tinha conhecido Ziio. Afinal, os Mohawk pareciam ter algum tipo de relação com a Irmandade de Achilles.

Espero que tenham gostado do cap. Reviews são sempre bem-vindos!

Obrigada por ainda acompanharem e até o próximo!



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