Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 43
Cobiça Templária I


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Aí vem um cap bastante tenso. Esperem por mais caps tensos.
Aliás, creio que quem se lembra de um certo encontro que aconteceu lá atrásjá deveria prever que isso fosse acontecer. Bom, vez ou outra eu sou um pouco previsível, mas garanto que o desfecho disso não será nem um pouco. Esperem por boas caras de espanto em seus rostos quando os fatos a seguir terminarem de se desenrolar. Rsrs.

E é verdade, vez ou outra eu fico com a sensação de que tem gente viva demais na minha fanfic. Então, para diminuir a densidade populacional dela, eu desperto meu lado George R.R. Martin. Já cheguei a matar dois personagens em um mesmo cap. Leitores das minhas fics de Holmes ficam revoltados quando isso acontece. Mas fazer o quê,não posso evitar.

Não fiquem assustados, isso PODE não acontecer. Mas não garanto nada.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/580789/chapter/43

Kenway Homestead. 23 de Agosto de 1778.


Quando era criança, Tessa detestava passar dias em Kanataséhton, onde vivia o povo de sua mãe e de seu irmão – não o seu povo, ela pensava. Sentia-se um estranho no ninho, ou como diziam alguns, uma lebre em uma toca de castores. Sua pele branca e olhos azuis ainda causavam um efeito hipnotizador nos meninos, e nas meninas a inveja e a estranheza. Por isso, Tessa passava boa parte de seu tempo brincando com os meninos da Aldeia Mohawk. Usava inclusive calças para caminhar mais livremente pelas colinas – que seu pai não soubesse. Aos dez anos, Tessa já era uma caçadora hábil como seu irmão, tendo boa habilidade com o arco e flecha. No entanto, Tessa sentia-se perdida entre dois mundos. Gostava de vestidos, de suas amigas colonas, de ir à cidade ao lado de seu pai. Mas ela também gostava de estar na Aldeia, caçando e se divertindo com os meninos. Ainda assim, para os dois lados era difícil admitir isto. Tessa sempre mentia. Dizia ao seu pai que detestava andar pela floresta, e dizia à sua Ista que a cidade era sufocante e inóspita. E neste jogo duplo, Tessa viveu por toda sua infância, até que a vida a forçasse a decidir por um lado.

E aos dezoito anos, Tessa finalmente optou pela vida de colona.

Ela sabia que estaria abrindo mão de muita coisa, mas o que mais lhe doía era saber que um certo menino Mohawk jamais a olharia com bons olhos.

Desde pequena, Tessa nutria uma paixão ligeira, mansa e envergonhada por Kanen'tó:kon, não à toa melhor amigo de seu irmão. Ele era gordinho em sua adolescência, o que provocava desagrado na maioria das nativas, mas Tessa pouco se importava com sua aparência desajeitada e sua falta de aptidão para a caça que o tornava um mau partido. No entanto, Kanen'tó:kon parecia sequer notar sua existência. Para ele, Tessa seria sempre a “irmã de meu melhor amigo”, e nada mais.

Mas agora, que Kanen'tó:kon estava chegando à vida adulta, e seu corpo já tinha adquirido uma aparência mais imponente, as moçoilas da Aldeia praticamente se atiravam aos seus pés, fascinadas por sua aparência mas também por sua maneira de falar pelos Mohawk, destemida e corajosa.

Tessa sabia que um dos motivos para se afastar dos Mohawk definitivamente era Kanen'tó:kon. Ela não sabia o que fazer para chamar sua atenção, para que ele olhasse para ela com bons olhos. Ele era, definitivamente, uma causa perdida para assuntos amorosos, assim como seu irmão, Connor.

–Então, o que devo fazer?

Foi a primeira vez que Tessa conversou sobre seus sentimentos com alguém. Ela sentiu que Amália Lawler poderia ser de alguma ajuda. Era uma mulher mais velha, e portanto, mais experiente. Ao menos a jovem acreditava que sim.

–Por que você não conta a ele sobre seus sentimentos?

–Eu não consigo! – exclamou Tessa, começando a se corar.

–Ora, Tessa. Eu aposto que sua família ficaria feliz com esse arranjo.

–Tem certeza, Amália? Eu acho que meu pai sentiria desagrado nisto.

–Porquê desagrado? Ele se casou com uma Mohawk também!

Tessa riu. – Eu já ouvi meu pai falar algumas vezes sobre arranjar um marido para mim. “Está chegando a hora de Tessa se casar”, ele diz para minha mãe de vez em quando.

–E o que a sua mãe diz?

Tessa fez um semblante indiferente, tão desgostoso, que fez Amália lembrar imediatamente a Ziio e cair em gargalhadas. Muito embora Tessa fosse muito diferente fisicamente de sua mãe, ela sabia imita-la como ninguém.

–Bom, eu acho que você terá sua mãe e Connor ao seu lado. E seu pai pode ser dobrado por ela.

–Dobrado, meu pai? Duvido muito... – murmurou Tessa, desanimada.

–Acredite em mim – piscou Amália – Nós, mulheres, sempre conseguimos dobrar os homens quando queremos. Oh, mas olha quem está aqui, é Kanen'tó:kon... – assinalou Amália, ressaltando bem o nome do nativo que se aproximava das duas moças.

Tessa imediatamente se corou ao vê-lo. Não o esperava ali na fazenda, no momento em que ele era exatamente o assunto da conversa entre as duas jovens.

–Olá Kanen'tó:kon. – disse Amália, amigavelmente. O nativo consentiu.

–Olá, meninas. Ratonhnhaké:ton está?

–Ele está em Concord.

–Hunf. Aposto que está com Minowhaa também. Bom, parece que terei de fazer isto sozinho.

Ao perceber o nativo se virar, com o rosto emburrado, Amália não pôde deixar de estranhar.

–Como assim, sozinho? Do que está falando?

–Há um grupo de soldados muito próximo de nossa Aldeia. Eles estão acampados próximos do templo de Iottisitíson. Eles parecem soldados, por isso não queria expulsá-los hostilmente, porque sei que Minowhaa e Ratonhnhaké:ton estão sempre dizendo que nossa Aldeia deve se manter neutra nesta Guerra... Sinceramente, eu não vejo porquê essa recusa em deixar o nosso povo apoiar um dos lados da Guerra.

–Connor está certo. Seu povo já sofre atritos demais, mesmo sem assumir um lado. Isso só tornaria a vivência com os colonos dos arredores mais difícil, e os ataques mais frequentes.

–Pois eu acho que estamos agindo como covardes, enquanto deixamos estes soldados adentrarem em nossas terras. Deveríamos nos unir e expulsá-los. Em cada tribo, cada nação, há guerreiros valorosos. Se nos uníssemos...

–Isso é loucura! - retrucou Amália. – Eles têm armas de fogo e são numerosos! Sem ofensas, mas vocês seriam massacrados!

–Não menospreze o meu povo! – reclamou o nativo. Após uma pausa pensativa, ele riu. – Aposto que “Connor”, como vocês costumam chama-lo, tem este mesmo discurso na ponta da língua. Pois bem, eu não vou me acovardar desta vez!

Kanen'tó:kon deu meia-volta, dando passos rapidamente em direção ao seu cavalo. Tessa e Amália o observavam com preocupação.

–Quer saber? Eu vou até Concord buscar Connor. Tessa, fique aqui.

Amália pegou um cavalo no estábulo, e logo montou no animal. A Assassina, no entanto, mal sabia que aquelas palavras surtiriam nenhum efeito em Tessa.

–Eu preciso ajudar Kanen'tó:kon. Ele irá acabar morrendo se eu não fizer alguma coisa. – pensou a menina.

Quando Amália desaparecera no horizonte, depois de galopar em direção à Concord, Tessa correu para o cavalo e saiu em disparada. Percebera que Kanen'tó:kon cavalgara em direção à Aldeia. O cavalo dele parecia cansado, o que tornava mais fácil conseguir alcança-lo.

–Preciso convencê-lo a desistir dessa idéia. – pensava Tessa, em meio aos galopes do cavalo.


0000000000000000000000000000000000000000000



Um intervalo de três meses havia se passado, desde aquela curiosa reunião entre o ex-Grão Mestre Templário Haytham Kenway e a Ordem dos Assassinos. De fato, meu pai cumpriu com sua palavra e não se tornou um Assassino. Simplesmente, agiria ao lado do Credo quando envolvesse Howard Davidson, como já fizera, e só. Nossa vida na Herdade transcorria bem, dentro do possível. A dor da morte de Jim ainda existia, mas o tempo havia deixado sua perda mais amenizada.

Amália estava cada vez mais próxima de minha família, e gostava de passear com Tessa pela Fronteira. Ainda assim, me faltava coragem para lhe dizer a respeito dos meus verdadeiros sentimentos. Sempre que estávamos juntos, eu me sentia frustrado, e temeroso também. Nos últimos tempos, ela não dava muitos sinais de que queria algo mais que uma amizade. Sem dúvida, ainda não tinha digerido bem minha recente agressão.

Eu aproveitava de tardes como aquela pelas terras da Fronteira, para refletir sobre minha vida. Passei o dia vendendo madeira e alguns objetos fabricados pela fazenda pelos pequenos vilarejos que brotavam na floresta, próximo à estrada. A carroça de suprimentos já estava vazia quando o fim do dia começou a dar seus primeiros sinais. Observei o crepúsculo começar a surgir no horizonte. Era hora de voltar para casa.

–Connor! Graças a Deus te encontrei!

–Amália? – perguntei, com estranheza ao vê-la esbaforida e preocupada.

–Seu amigo Kanen'tó:kon esteve na fazenda. Disse que irá enfrentar alguns soldados que estão acampados próximo à um templo de Iotti... Iotti...

–Iottisitíson?

–Sim! Era este o nome!

–Droga! – exclamei. Uma das poucas coisas que a Maçã deixou inalterada foi Kanen'tó:kon. Ele era sempre reticente à presença branca e disposto a entrar na Guerra, se necessário. Isso me irritou, naquele momento. Como pude ter me esquecido dele? Kanen'tó:kon foi morto por minhas mãos, após ser manipulado por Charles Lee. Será que o mesmo estava acontecendo? Isso me aterrorizava, afinal eu deveria ter previsto sua atitude! Sem dúvida eu precisava agir.

–Vamos! – exclamei, montando em meu cavalo sem pensar duas vezes.

O desespero em impedir que mais uma tragédia de minha vida acontecesse tomou-me. Assim, cavalgava pela estrada como se não houvesse amanhã, tomado pela expectativa de tornar minha vida menos trágica. Por sorte, Amália sabia andar à galopes, assim como eu, e logo acompanhou o meu ritmo.

–Você está preparada, Amália? – preguntei, assinalando para a provável possibilidade de um confronto direto.

–Sempre. – ela disse, fazendo-me sorrir. Sem dúvida, éramos perfeitos um para o outro. Ela só não sabia disso.

Quando comecei a ver a colina próxima ao Vale que habitávamos, distingui fumaça negra. Cheguei tarde demais, foi a conclusão que eu tive. Amália também parecia preocupada. Decerto chegara à mesma conclusão que eu.

–Vamos prosseguir, mas com cautela. – disse, conduzindo o cavalo com minha Tomahawk em punho. Amália também se armou, com um revólver. Reduzimos a velocidade, enquanto nos aproximávamos do foco do incêndio.

E para minha infelicidade, eu estava certo.

Kanen'tó:kon estava errado. Aquelas eram cinzas de um acampamento, mas não de um acampamento Patriota, ou de um acampamento de Casacas-Vermelhas. Parecia civil, mas ainda havia pouco a concluir. Havia alguns corpos espalhados. Não era espanto que a maioria fosse de nativos. Eu sempre os alertei para o perigo que era enfrentar os brancos em tamanha desvantagem. Olhar aquela cena sangrenta me fazia ter mais certeza do quanto eu queria meu povo fora daquela guerra.

–Céus, Connor! – exclamou Amália, tentando verificar ser havia vivos ali, com pouco sucesso. – Será que seu amigo está bem?

Como em afirmação, ouvimos um estranho grunhido, não muito distante de nós. Sobressaltado, eu me aproximei e descobri que o dono dos grunhidos de dor era Kanen'tó:kon. Ele estava caído ao chão, agonizando com uma horrenda ferida de bala em seu peito. Um pouco de sangue já escorria de seus lábios.

–Rato...

–Não fale, Kanen'tó:kon! – exclamei, desesperado, cortando um pano de minha própria roupa para tentar conter o sangramento. Mas ao notar o semblante decepcionado de Amália, dei por mim que era desnecessário. Ele já perdera sangue demais.

–Me-Me Escute... A-A-A Su-su...

–O quê? Eu não entendo, Kanen'tó:kon. Fique quieto, amigo.

–Te-Tessa.

Aquele nome me deixou sobressaltado.

–O que há com Tessa, Kanen'tó:kon? Ela está em casa.

–E-E-Eles a levaram.

–O quê?! – exclamei, com grande ira. – Quem a levou? – perguntei, quase sacudindo o corpo de Kanen'tó:kon ao notar que ele estava demorando a me dizer, provavelmente porque sua vida estava se esvaindo.

–C-Charles Lee.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caramba!!!!

Por essa o Connor não esperava, tenho certeza!!!
A irmãzinha dele, nas mãos do psicopata do Charles Lee... JUSTAMENTE do Charles Lee... Até nesta realidade o Charles Lee apronta das suas.
Bom, é torcer para que o Connor impeça que este monstro toque em um fio de cabelo dela. Porque convenhamos, creio ser bem esta a intenção dele.
Agora, é aguardar!!! Até a próxima semana!!!


PS: Vi na internet as referências ao Edward Kenway, e de fato, ele foi um grande colaborador da Irmandade na Inglaterra!!! Fiquei contente por vê-lo redimido.
Mal vejo a hora de comprar este game. Meu PS4 tá ansioso em recebê-lo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Aftermath" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.