Ainda deitada em sua cama Clary estava imóvel, as lágrimas já haviam secado e agora só restava à dor.

Dor. Isto era tudo que Clary sentia, isto e o ódio por Jonathan. O ódio que queimava em suas veias todo santo dia, desde que acordava até o momento que dormia.

Não sabia quanto dias estava em seu quarto, só sabia que fazia muito tempo. Desde que fora levada as pressas para um hospital em Nova Iorque e teve a noticia que abalou todas as suas estruturas, esteve trancada em seu novo quarto na casa de sua mãe e Luke.

Batidas na porta a fazem sair de seus devaneios, Clary se senta com um pouco de dificuldade, e diz um “Entra” baixo. Logo após a porta é aberta, e sua mãe entra com uma bandeja nas mãos.
- Trouxe um lanche pra você. – diz Jocelyn.
- Obrigada. – agradece Clary.
- Como está se sentindo? – pergunta Jocelyn se sentando na beirada da cama.
- Melhor. – responde Clary. Mas a verdade que ela nunca esteve melhor, ou nunca mais estará, não depois de perder seu filho.

Inconscientemente Clary leva as mãos a seu ventre vazio, e algumas lágrimas caem em seu rosto. A dor era tanta, tanta que às vezes ela achava que ia mata-la.

- Óh minha menina não fica assim, tudo vai ficar bem. – disse Jocelyn, a abraçando.

Clary assentiu, e abraçou sua mãe de volta. Nesse momento de dor, sua mãe era a única pessoa com quem podia contar, nem mesmo Luke, Simon ou Isabelle foram capazes de ajuda-la.

As duas se soltaram, e Jocelyn deu um meio sorriso, e esfregou o braço de Clary, depois se levantou e saiu do quarto, deixando Clary sozinha com seus pensamentos.

Clary olhou pra bandeja em sua mesa de cabeceira, e faz uma careta. Por mais que estivesse com fome, nada ali na bandeja lhe agrava nem mesmo as deliciosas panquecas alegres de sua mãe.

Sem nada pra fazer, e cansada de ficar deitada em sua cama, Clary pegou seu celular ao seu lado da cama e o ligou, fazendo uma careta logo depois pela inúmeras mensagens de voz e textos, e ligações perdidas que constava seu celular. A maioria era de Jonathan, suas mensagens se baseavam em “Precisamos conversar”, “Não quero que passe por esse momento sozinha”, “Por favor me atenda”, e “Me perdoa”; com o celular ainda em mãos Clary apagava as mensagens de texto assim que acabava de ler, assim se surpreendeu quando uma nova mensagem chegou em seu celular. Na mensagem dizia “Você bem que tentou, mas não conseguiu me superar. – Número Desconhecido”