Menino anjo escrita por Celso Innocente


Capítulo 7
Sequestro




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A televisão é o veículo mais importante para divulgação de fatos bons e principalmente cruéis. A maior parte dos noticiários só informam coisas más e o pior, sem solução, pois um crime depois de ocorrido, dificilmente tem como ser solucionado a contento para as vítimas. Mesmo que se prenda ou execute o marginal, a vítima, que foi ferida ou assassinada, no mínimo estará traumatizada para sempre.

Regis, como qualquer garoto de sua idade, gostava de assistir desenhos pela televisão e raramente assistia a algum tipo de noticiário. Mas... às vezes era pego de surpresa, quando a televisão interrompe o desenho ou outra programação para noticiar algo urgente.

— Interrompemos nossa programação para notícia urgente — informou o jornalista. — Sequestrado agora a pouco na entrada de Ribeirão Preto, o empresário Marco Cesar de Souza, de trinta e cinco anos. O empresário é um dos principais acionistas do grupo de laticínios Rafaelli, com diversas unidades na região de Ribeirão Preto. O carro do empresário foi interceptado no anel de acesso da rodovia Anhanguera por dois outros carros e segundo testemunhas, quatro homens armados renderam o empresário e o levaram, deixando seu carro abandonado. A polícia foi acionada pela família e assessores do empresário, mas ninguém quis falar a respeito e ainda não se sabe o motivo do sequestro. Outras noticias a qualquer momento durante nossa programação.

Regis se levantou e correu até sua mãe que também prestara atenção ao noticiário.

— Mamãe! Preciso ir lá! — Insinuou ele triste.

— Você não precisa ir lá coisa nenhuma! — Negou ela preocupada, pois já conhecia o menino.

— Preciso cumprir minha missão!

— Sua missão é ficar aqui comigo e ser apenas uma criança.

— Aquele homem precisa de mim! — alegou o menino.

— Não precisa nada! A polícia já está sabendo e ela vai cuidar disso!

— Aquele homem será exec... morto.

— Não será nada! Quando sequestradores pegam alguém rico, eles querem dinheiro!

— Depois que receberem o dinheiro não precisarão mais do homem — retrucou Regis.

— Tudo acabará bem praquele homem — afirmou sem muita confiança, Jaqueline.

— Claro! Depois que eu estiver presente! Mamãe, você tem que me levar! É minha missão!

— Você nem sabe onde eles estão! E também não sabe como agir!

— Eu vejo eles em minha mente. Sei onde estão!

— Então avisamos a polícia e ela resolve.

— Não sei explicar! Sei ir!

— Você não irá lá! Está decidido! Mesmo que eu tenha que amarrá-lo.

Regis riu, se aproximou mais de sua mãe e cruzou os punhos dizendo:

— Faça o que tem que ser feito.

A mulher mudou de idéia negando:

— Não vou amarrar você meu filhinho! Eu te amo e só quero o seu bem! Mas esta noite dormirei com você.

— Que bom, mamãe! Sinto falta dessa época!

Realmente, Jaqueline resolveu dormir com o menino e para evitar surpresas, resolveu permanecer abraçado a seu corpo pequeno...

... Quando ela acordou na manhã seguinte, Regis já teria saído há muitas horas. Ele se levantara às quatro e meia da manhã, apanhara dinheiro emprestado da bolsa de sua mãe e às cinco e meia, mesmo que para este embarque, se fizesse necessário a apresentação de carteira de identidade (RG) e ele sem este documento, após, de seu jeito, convencer o motorista, embarcara em ônibus lento, em sentido a Ribeirão Preto.

A viagem de aproximadamente cento e trinta quilômetros demorou quase quatro horas, só chegando à entrada da cidade pouco depois das nove horas da manhã, onde, quando o ônibus entrou no anel de acesso, passando inclusive no local do referido sequestro e descendo sentido centro, por uns quinhentos metros, o menino se levantou e pediu para que o motorista parasse, então desceu e começou a caminhar em sentido a se afastar do aglomerado de casas. Caminhou lentamente por mais de um quilômetro, em torno de doze minutos, parando em frente a uma solitária e grande casa com muros altos, forçou o portão que estava trancado. Soltou a maçaneta, pensou um pouco e voltou a tentar. O portão se abriu facilmente e ele entrou, caminhando devagar; quando colocou a mão na maçaneta da porta de entrada, ela se abriu e um homem bem vestido, moreno, alto, aparentando seus vinte e cinco anos, o surpreendeu. Ou não. Regis era imprevisível.

— Quem é você, menino? — Perguntou-lhe surpreso, o homem. — O que pretende aqui?

— Conversar — afirmou calmamente o menino. — Posso entrar?

Sem esperar resposta ou ser convidado, entrou naquela sala grande, com poucos móveis: apenas dois sofás, uma mesa pequena, uma estante com alguns livros e um televisor antigo de talvez vinte polegadas de tela.

— A mamãe não lhe ensinou a não conversar com estranhos? — Perguntou-lhe o homem, surpreso.

— Eu conheço você — insinuou calmo o menino. — Onde estão os demais?

— Quem demais? — Ficou nervoso o homem.

— Seus três companheiros e o empresário.

— Foi bom você aparecer — disse o homem, com certo nervosismo. — Venha comigo!

Segurou o menino pelo braço e o arrastou para um quarto, onde se deparou com o empresário, apenas de calção, amarrado a uma cama e com muitos hematomas, inclusive no rosto e braços, resultado de algumas torturas sofridas.

— Este meu amigo está mesmo precisando de companhia. Acho que você veio ao local errado.

— Engano seu — retrucou o menino, nervoso pela cena que viu. — Você e seus parceiros têm duas opções... a cadeia ou o inferno!

Bruscamente o homem forçou o menino, jogando-o e amarrando-o fortemente a uma cadeira, bem de frente ao empresário. Então, como ouviu barulhos, vindo, talvez da cozinha, disse:

— Fiquem aqui que eu volto já!

E se retirou.

— O que faz aqui, menino? — Perguntou ainda mais surpreso, Marcos Cesar.

— Não se preocupe — pediu sério o menino. — Às vezes as coisas não são o que parece.

— Quem é você? Por que se atreveu a vir aqui? Esses homens vão matar a gente. Inclusive você.

— Não sou o que vê!

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Notas finais do capítulo

Meu canal do youtube apresenta alguns vídeos, inclusive alguns que, não sendo encontrado dublado ou legendado em L.Portuguesa, resolvi fazer como hobby.