É Evans, Potter! escrita por Anchorage


Capítulo 15
Vamos à luta




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James

— Merda! – Joguei o pergaminho para longe e levantei-me irritado. Senti os olhos de Lily me acompanhando.

— O que foi, James? – Lily sussurrou enquanto colocava seus braços ao redor da minha cintura.

— Eu não consigo montar as novas estratégias para o time.

— Talvez você devesse descansar um pouco...

— Eu não posso, Lily. Não posso desapontar o time.

— Você não vai desapontá-los, James. – ela respondeu e acariciou minha bochecha.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Estou sentindo uma certa insegurança em James Fleamont Potter? – ela perguntou debochada e eu revirei os olhos.

— Eu não tenho inseguranças, Evans. – Inclinei-me até ela e a puxei mais pra perto. – Na verdade, eu tenho uma.

—Ah, é? – Ela riu divertida . – E qual seria?

— Eu já falei o quanto eu adoro esses momentos românticos entre vocês dois? – Uma voz ressoou. Sirius tinha um pequeno sorriso debochado no rosto.

— Engraçado que você sempre nos atrapalha. – respondi.

— Como estão as estratégias do time, Pontas? – Mostrei-lhe a língua e ele soltou sua habitual risada rouca, que mais parecia um latido.

— Estão às mil maravilhas! Inclusive coloquei o Mumphrey no seu lugar.

— Se você quer sair da liderança... – Sirius deu de ombros. Sentei-me novamente no chão, em frente a um novo pergaminho.

— Por que não damos uma passadinha para ver como Remus está? – Lily perguntou para Sirius, que levantou de prontidão.

— Boa ideia, ruiva!

— Até mais, James. – Lily deu um beijo no topo de minha cabeça e sorriu. – Você consegue.

Assim que os dois saíram pelo quadro da Mulher Gorda, rabisquei mais alguns esquemas, mas nenhum parecia bom o suficiente para enfrentar o time da Sonserina. A verdade era que eu estava com tantas coisas na cabeça que se tornava impossível me concentrar em apenas uma. Mas o que mais me incomodava era a situação de Lily; Voldemort esperava que ela se juntasse a ele. Ela me proibira de interferir e isso estava me matando. Sem contar que o meu instinto estava me dizendo que ela e Sirius estavam tramando alguma coisa a respeito disso. Decidi, então, fazer algo que há muito não fazia. Fumar.

Juntei minhas coisas e fui até meu dormitório, joguei tudo em cima de minha cama e atravessei o quarto até chegar na parte de Sirius. Abri a primeira gaveta de sua mesinha de cabeceira e lá estava o pacote branco, pronto para ser usado por mim.

Lembrei-me da primeira vez em que experimentei; dei apenas uma tragada e engasguei por cinco minutos. Com o tempo, aprendi a saborear a arte de fumar – de acordo com Sirius, que tinha vício em cigarros, fumar é um dom para poucos, fumar é um estado de espírito, é algo que compõe o seu interior. Eu nunca liguei muito para fumar, se querem saber, mas a grande questão era que fumar me acalmava, me tranquilizava. E eu estava precisando disso.

— Ei, Pontas. Está tudo bem? – Peter se jogou em sua cama.

— Acho que sim. E você?

— É, também.

Ficamos um tempo em silêncio e ele suspirou.

— Alguma vez você já sentiu que sua vida não tem um propósito?

— Nunca parei para pensar muito nisso, mas eu acredito que todos têm um propósito na vida, mesmo que a gente não saiba qual.

— Você provavelmente está certo. – ele falou.

— Quer um? – Ofereci um cigarro a ele. – Provavelmente vai te ajudar a acalmar a mente.

Ele riu e eu joguei a caixa para ele.

— Esse negócio é viciante. – ele comentou após uma longa tragada.

— Só para aqueles que têm mente pequena.

— Faz sentido o Sirius ser viciado, afinal.

Peter me olhou com um sorriso divertido e eu caí na gargalhada.

— Você e a Lily vão estudar amanhã, não é? – perguntei, enquanto descia da janela.

— Sim, por quê? Está precisando que eu encha sua linguiça?

— Como se eu precisasse disso, meu caro Rabicho. Aquela ruiva já está na minha. – pisquei.

— A Madame Pomfrey disse que o Aluado vai ter alta amanhã. Como você acha que as coisas vão ficar?

—Mais esquisitas do que já estão. – respondi receoso.

Sirius entrou no dormitório com um semblante preocupado, mas assim que nos viu, tratou de mudar sua expressão.

— Sentiram minha falta, seus panacas?

— Não. – Peter respondeu seco e Sirius fingiu estar ofendido.

— Rabicho, você já foi melhor.

— É claro que sentimos sua falta e é por isso que fumamos quase todos os seus cigarros, para que parecesse que você estava entre nós. – Entreguei a caixinha branca para ele e sorri.

— Panacas.

— Vamos jantar? – Peter sugeriu.

— Ainda não, faltam 15 minutos para o nosso horário. – Conferi em meu relógio.

—Isso é ridículo! – Sirius esbravejou. – Essa situação toda é ridícula.

— Não aguenta mais ficar longe da Marlene, Sirius? – indaguei com uma voz afetada e ele me encarou sério.

— Elas precisam de um tempo para absorver tudo, cara. – Peter respondeu.

— Eu sei disso, mas já se passou quase uma semana! Até quando nós vamos ter que nos preocupar em evitá-las? – Sirius bufou irritado e pegou um cigarro, acendendo-o logo em seguida.

— A Marlene que deu a ideia, por que você não tenta falar com ela?

—Como se isso fosse ajudar em alguma coisa...

— Eu entendo o lado delas, mas não vou dizer que me sinto confortável com a situação. – falei.

— É uma droga, isso sim. Se elas estão no salão comunal, nós não podemos estar. Nós temos um horário marcado para nossas refeições. – Peter desabafou. – Isso parece um namoro grupal. E o pior de tudo é que eu estou sobrando.

Um silêncio se afundou no dormitório para, em instantes, ser substituído por um monte de gargalhadas.

Após o incidente das meninas com Remus nos jardins de Hogwarts, Marlene havia estabelecido certas “regras de convívio”. Se é que se pode chamar de convívio, considerando que nós não estávamos convivendo em nada. As regras se resumiam basicamente em: não frequentar os mesmos lugares nas mesmas horas. Para a minha sorte, a Lily tinha uma maior flexibilidade em relação a essas regras.

— Nós já podemos ir ou eu vou morrer de inanição? – Peter resmungou.

— Vamos logo. – Eu o empurrei para fora do dormitório.

E, para o nosso completo azar, as meninas estavam chegando no salão comunal. Senti o Peter ficar tenso e Lily me encarou com os olhos arregalados.

— Boa noite, meninos. – Emmeline nos cumprimentou e seguiu para a ala dos dormitórios femininos.

— Acabou a Guerra Fria? – Almofadinhas indagou e eu franzi meu cenho.

— O quê? – perguntei confuso.

— Referência do mundo trouxa. – Almofadinhas me dispensou com a mão e voltou sua atenção para Marlene.

— Eu definitivamente não entendi isso. – Marlene falou.

— Acho que ela já está se sentindo mais tranquila em relação a tudo... – Alice analisou. – Como vocês estão?

— Com fome. – Peter resmungou e Alice soltou uma risadinha.

— Já está no horário de vocês. – Lily consultou seu relógio.

— Ah, agora as madames vão nos permitir comer? – Peter perguntou irritado.

— Desculpem o nosso amigo tampinha, ele está rabugento por causa da fome. – Sirius aproximou-se de Peter e lhe deu cascudo.

— É melhor a gente ir. – eu disse, por fim.

— James? – Lily me chamou. – Quando você voltar, podemos conversar?

— Claro, aconteceu alguma coisa?

— Não, está tudo bem. – Ela pareceu um pouco aflita, mas sorriu. – Eu te espero aqui, então.

—Tem certeza de que não quer falar agora?

— Tenho, James! – Ela riu divertida. – Vá antes que o Rabicho volte aqui e me lance um Avada Kedavra.

— Certo.

Assim que terminamos de jantar, eu, Sirius e Peter deixamos o Salão Principal e caminhamos até o terceiro andar, onde ficava a Ala Hospitalar.

—Abram alas, pois o rei chegou! – Sirius empurrou as pesadas portas e adentrou com as mãos erguidas.

— Por que você é assim? – perguntei enquanto passava ao seu lado.

— Então, como tem sido a vida? – Peter perguntou enquanto colocava alguns doces na mesa que estava ao lado do leito de Remus.

— Espetacular. – Aluado respondeu sarcástico. – Nada como uma boa comida preparada pela Madame Promfrey.

— Eca. – Peter franziu o nariz. – Isso deve ser difícil de lidar.

— Você sabe que nós podemos trazer comida para você a qualquer hora, basta pedir. – Dei de ombros.

— Tanto faz. O que eu como é o que menos me preocupa no momento.

— Nós encontramos ela hoje. – Peter soltou de repente e Remus desviou o olhar para o teto.

— E aí? – ele perguntou, tentando mascarar sua curiosidade.

—Ela pareceu bem. – Sirius respondeu.

— De verdade?

— Você sabe das regras que Marlene impôs, não sabe? – Sirius perguntou e Remus acenou em concordância. – Então, nós não temos muitas informações.

—E parece que a Lily fez algum tipo de voto de silêncio. – completei.

— Você acha que vai ser estranho quando você voltar? – Peter perguntou enquanto roubava um dos sapos de chocolate que ele mesmo havia trazido para Remus.

— Não vai ser estranho. – Aluado respondeu de imediato.

— Se você diz...

— É claro que vai ser estranho! – Remus esbravejou e nós três nos calamos, esperando por mais gritos, mas ele apenas respirou fundo. – Não é todo dia que sua namorada está de madrugada e esbarra em você quando você está transformado.

— Aluado, isso não é motivo...

— Pontas, por favor, me poupe. Eu não preciso de uma lição de moral agora. E se querem saber, eu me contentaria com um grande copo de firewhisky e uma caixa de cigarros.

— Eu ofereceria a minha, mas infelizmente só tem dois cigarros e bom, eu tenho um vício. – Sirius soltou uma risada anasalada.

— Eu estava brincando, Almofadinhas.

— Madame Pomfrey comeria suas tripas se você desse isso a ele. – Apontei para Sirius.

— Quem disse que ela ficaria sabendo? – Sirius piscou e eu revirei os olhos.

Ouvi badaladas e levantei-me depressa.

—Eu preciso ir. Lily está me esperando... – expliquei.

— Ele está na coleira. – Peter sussurrou zombeteiro.

— E eu achei que o Almofadinhas fosse o animal ideal para coleiras. – Remus complementou e os dois riram.

— No dia em que eu estiver sob uma coleira, meus queridos amigos, me levem para a seção dos doentes mentais do St. Mungus! – Sirius declarou e eu não pude deixar de rir.

— Bom te ver, Aluado. Vê se melhora essa cara, porque você está parecendo um fracassado.

— Já sei o que te dar no próximo aniversário, Pontas! – Ele estalou os dedos. – Um espelho, quem sabe assim você enxerga quem é o verdadeiro fracassado.

— Sempre um prazer, Aluado.

Enquanto seguia em direção ao salão comunal, minhas preocupações em relação à Lily voltaram com toda a força. Eu me sentia impotente, um legítimo zero à esquerda. Tinham dias que eu me pegava a observando e a minha vontade era de sair correndo até o escritório de Dumbledore e gritar por ajuda, por proteção, implorar para que ele a ajudasse, para que ele fizesse algo. Mas eu não o fazia, pois no mesmo instante em que esse pensamento me ocorria, Lily me olhava, com um pequeno sorriso gentil estampado no rosto. Eu não tinha ideia de como ela iria reagir caso eu contatasse Dumbledore ou Moody ou qualquer pessoa que pudesse prestar ajuda.

— Hocus Pocus. – falei baixinho e o quadro da Mulher Gorda se abriu.

— Ei! – Lily acenou animada. Ela estava sentada com um grande livro em cima de suas pernas. – Estou montando um álbum de fotos, com memórias desse ano.

— Espero que tenha uma parte dedicada a mim nesse álbum.

Ela revirou os olhos e me puxou para um beijo.

— O que você queria falar?

— Acho que prefiro não falar. – Ela mordeu o lábio inferior e suas bochechas coraram.

— Nós podemos “não falar” depois que você tiver me contado.

Ela suspirou derrotada e fechou o álbum. Endireitou-se na poltrona e segurou minhas mãos, me encarando de maneira séria.

—O que eu tenho para falar não é uma coisa fácil. – ela começou um pouco receosa e eu senti meu coração acelerar.

—Por Merlin, não me diga que você está grávida! – sussurrei brincalhão e ela bufou, soltando minhas mãos. – Ei, foi só para descontrair.

— É impossível falar sério com você.

— Lily... Vamos lá, foi uma brincadeira.

— Eu não vou mais contar nada.

— Olha o drama, Evans.

—Não é drama. Eu queria falar de algo que é realmente sério e você vem com brincadeirinhas inapropriadas. Faça-me o favor.

— Desculpe-me. – Puxei seu queixo, forçando-a a me encarar. – Sou todo ouvidos e prometo que não vou mais fazer comentários.

Ela esquadrinhou o olhar e fechou os olhos por um momento.

— É sobre V...Voldemort. – ela falou e foi a minha vez de soltar suas mãos.

— O que aconteceu? Ele te ameaçou?

—James...

— Entrou em contato?

—James, me escuta.

— Algum lacaio daquele infeliz fez algo com você?

— JAMES! – ela beliscou minha coxa. – Achei que você não fosse fazer mais nenhum comentário.

— Certo. Prossiga.

— Então, eu estava analisando a situação e...cheguei a uma conclusão.

—Você finalmente vai falar com Dumbledore? – perguntei com um pingo de esperança, que logo se esvaiu, pois ela balançou a cabeça negativamente.

—Eu pretendo me juntar a Voldemort.

— Você o quê?

—Para espionar. Eu seria uma fonte.

— Você não vai ser nada.

— Não é uma escolha sua, James. Pense bem, é uma oportunidade que pode acrescentar muito.

—Realmente, pode acrescentar muito, Evans. – concordei sentindo meu sangue borbulhar. – VOCÊ PERDEU COMPLETAMENTE O JUÍZO? – gritei e ela se encolheu.

— Potter, não ouse levantar seu tom de voz comigo!

— Lily, você não pode estar falando sério. E-eu não sei o que dizer. Não é possível que você esteja considerando...

—Já está decidido.

— ... se juntar ao cara que quer acabar com todas as pessoas que têm a mesma origem que você. É loucura. Você não percebe o paradoxo?

— Eu posso conseguir informações...

—Nós já possuímos informantes e espiões, Lily. – rebati enquanto andava de um lado para o outro. – PROFISSIONAIS.

— Eu só queria que você soubesse. Eu já tomei minha decisão e não há nada que você possa fazer.

—Você não vê o perigo e a gravidade disso?

—Na verdade, eu fiz uma longa análise sobre a situação.

—Ah, é? E você chegou à conclusão de que se juntar a ele é a melhor opção?

—Sim.

— Evans, ele matou seus pais.

— Não pense que eu me esqueci disso, James. – ela disse sem vacilar. – Isso só me motiva ainda mais.

— O que te faz acreditar que ele não vai te matar também?

— É um risco.

— Eu não vou te perder, Evans. Você não entende. Eu não posso te perder.

—Você não vai.

—Eu não posso deixar que você faça isso. – Caminhei em direção ao retrato, mas ela se colocou em minha frente.

—James, por favor, não. – Olhou-me suplicante e eu respirei fundo. – Eu preciso fazer isso. Como você mesmo disse, ele matou meus pais. E ele matou milhares, James. Nós não podemos ficar sentados aqui sem fazer nada. Por enquanto estamos seguros, mas e lá fora? O mundo bruxo está se preparando para uma guerra, nós precisamos nos posicionar, lutar por nossos ideais. Eu preciso fazer isso. É mais do que uma simples vingança pessoal, é uma questão de princípios. Não consigo ficar de braços cruzados enquanto diversas injustiças e atrocidades acontecem. Eu não posso perder mais ninguém, não aguentaria.

Lily finalmente deixou transparecer o quanto ela estava quebrada por dentro. Em seus olhos, pude ver a dor, o sofrimento, a angústia e tudo aquilo me quebrou. Enquanto eu observava aquelas duas esmeraldas pulsantes, eu entendi. Eu entendi que ela se juntaria a Voldemort a qualquer preço.

E, naquele momento, eu só pude beijá-la. Beijá-la de uma maneira que eu nunca havia feito, tentando juntar todos os seus pedaços soltos, tentando transmitir todas as minhas energias positivas, todo o meu amor.

— Eu te amo. – ela sussurrou ao colar nossas testas.

xx

Lily

— Peter, o segredo de Poções é: seguir a receita! – falei animada. – Pode parecer idiota por ser óbvio, mas realmente é isso.

Ele me olhou desconfiado e eu ri.

— Vamos começar com a Poção Wiggenweld! Ela é bem tranquila.

— Certo. Para começar, sangue de salamandra.

— Até a poção atingir uma coloração vermelha.

— Nesse tom?

— Acho que ainda precisa de um pouco mais de sangue de salamandra. O livro dá uma ideia de que cor sua poção tem que ficar, é só você prestar atenção nesses pequenos quadrados coloridos que estão nessa coluna.

— Essa coluna indica os tons? Eu sempre achei que isso fosse parte do livro, sabe? Um enfeite, para deixar a aula um pouco mais divertida.

— Acredite ou não, Peter, essa coluna é para ajudar! – eu respondi risonha. – O importante para a preparação de uma poção é ter firmeza e precisão.

— Precisão. – Peter anotou em seu caderno, sua caligrafia era grande e desleixada.

— Não se esqueça de mexer no sentido horário, isso é muito importante também.

— Eu provavelmente deveria anotar isso. – ele disse antes de puxar seu pergaminho.

— Provavelmente.

— Então, como estão as coisas com James? – ele perguntou.

— Estão ótimas. – respondi com um sorriso bobo.

— Ele chegou um pouco agitado ontem no dormitório...

— É, nós tivemos uma pequena discussão. – Dei de ombros.

Peter me observou por alguns segundos, deixando de lado sua poção.

— Peter, você não pode parar de mexer!

— Certo, certo. – Ele voltou sua atenção para o caldeirão, mas manteve sua testa franzida.

— Há algo que está te incomodando?

— N-não. Por que você diz isso? – ele perguntou aflito.

— James comentou que você parece um pouco distante. Você pode conversar comigo, se quiser.

— Oh, obrigado, Lily, mas eu não acho que você conseguiria entender.

— Bom, estou à disposição.

— Sabe o que é? Essa situação do mundo bruxo, a iminência de uma guerra. Isso não te preocupa? Você, principalmente você, deveria estar preocupada. – ele disse em um só fôlego. – Desculpe, isso saiu errado, eu não queria te ofender. É só que...

— É claro que eu me preocupo, ainda mais pelo fato de eu ser nascida trouxa. Mas eu não vou deixar que o preconceito e o desprezo vençam. Eu vou lutar, Peter. Lutar por aquilo que eu acredito, lutar pelo que eu acho certo, lutar pelas pessoas que não podem se proteger.

— É muito bonito isso... – ele disse atordoado. Os olhos de Peter se tornaram opacos de repente, vazios. Ele manteve sua concentração no caldeirão e ficou em silêncio.

Peter e eu preparamos poções durante os dois períodos nos quais que ele estava livre. A nossa conversa havia se tornado um pouco sombria e aquele rotineiro sentimento de impotência e de vazio voltou a me atingir. Eu não conseguiria ficar de braços cruzados, esperando a guerra acabar, justamente por eu ser nascida trouxa. Eu gostaria que James entendesse isso, que ele entendesse que, por mais perigoso que fosse se envolver nesse conflito, era o certo a se fazer.

xx

— Você sabe o que tem que fazer, não sabe? – Sirius perguntou mais uma vez.

— Sim, eu já memorizei esse pergaminho de tanto lê-lo. – respondi sem transmitir qualquer tipo de emoção. Eu vestia uma longa capa preta – exatamente como a que eu havia sonhado há um tempo –que se misturava com as sombras da noite, me garantindo discrição.

— Nervosa? – Balancei a cabeça negativamente e ele soltou uma risada rouca. – Eu admito que você tem coragem, Evans.

— Eu estou na Grifinória, não estou? – Soltei uma risadinha e ele revirou os olhos.

— Você deve ser uma das únicas pessoas que faz piadinhas antes de se encontrar com o Lorde das Trevas. – ele disse com um sorriso de canto, enquanto puxava um cigarro.

— Ou eu faço piadas ou eu começo a chorar. – admiti, deixando transparecer meu desespero. Sirius se aproximou de mim e apertou meus ombros.

— Você é forte, Lily. Vai dar tudo certo. E, na pior das hipóteses, eu vou estar por perto.

— Eu já disse que não me sinto confortável com isso. E se te virem?

— Por favor, Evans.

— Não seja tão convencido, Black. Essa não é uma peça que você vai pregar em algum aluno.

— Você faz a sua parte e eu faço a minha. James já vai me azarar quando souber que eu ajudei você com esse plano suicida, se ele souber que eu te deixei sozinha num covil de cobras, ele me mata.

— Não é um plano suicida. – resmunguei.

— Eles estão vindo. – Sirius apertou minha mão e se escondeu sob a capa de James.

Esfreguei minhas mãos e respirei fundo.

— Evans. – Duas figuras encapuzadas me cumprimentaram e eu engoli em seco. Coloquei o capuz e os segui para dentro da Floresta Proibida.

xx


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Notas finais do capítulo

Queridos,
Está aí mais um capítulo!
Agora está começando a ter uma pegada mais sombria na fic (ou não, pode ser coisa da minha cabeça). Torço muito para que eu consiga passar todas as minhas ideias para os próximos capítulos!
Bjs,
Mi.



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