Bem-vindo ao Inferno. escrita por Júlia Potter


Capítulo 1
Antes de tudo.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Alguns dos personagens que eu elegi para narrar, estão agora fazendo isso. Eles não são os únicos que faram isso ao longo da história :)Boa leitura. Por favor, não deixem de comentar. Mesmo se for para criticar. Obrigada e boa leitura.



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Pov. Percy

Estou quase chegando em casa.

Já passou das nove, não tenho certeza de que horas são agora exatamente. Não vou arriscar tirar meu celular do bolso. No caminho já fui me preparando para a bronca que minha mãe iria me dar quando eu entrasse em casa. Ela nunca ligou muito para esse negócio de horário, mas hoje, por ironia do destino, ela tinha me dado um ultimato. Já perdi o horário há algum tempo.

Eu deveria chegar em casa ás sete da noite.

Haviam três chamadas perdidas da minha mãe no meu celular. Tentei ligar para ela depois, mas como ela não atendeu, ficar insistindo, não pareceu uma boa ideia.

Hoje foi um dia duro. Tive que cobrir o turno do Jason na cafeteria, só pra ele poder aproveitar o resto do final de semana na praia com a namorada, Piper.

Mas eu não ligo muito. Eu já cobri para ele antes e ele já cobriu pra mim.

Mas meu dia não foi péssimo por que tive que trabalhar por dois. Meu chefe quase me dispensou por que eu derrubei e quebrei uma xícara de café na cozinha. Eu até paguei pela droga xícara com meu dinheiro, mesmo assim ele, ameaçou descontar do meu salário e até me demitir, então fui obrigado a trabalhar até mais tarde para recompensar.

Perdi o ônibus por causa disso e tive que pegar o metro. A estação é um pouco longe do meu trabalho, mas por sorte tem uma estação perto de casa.

Tenho sorte por não ter sido assaltado. Eu sinceramente, achei que seria no caminho a estação. Sabe, quando você tem um dia péssimo, dá tudo errado.

Pego a chave do meu bolso e destranco a porta do meu apartamento.

Respiro fundo.

Vamos acabar logo com isso.

–Mãe!- eu grito. -Cheguei.

–Ela não está em casa. –Tyson diz calmamente ao me ver chegar. Meu irmãozinho está sentado no sofá, me olhando sem expressão. –Não precisa gritar.

Nosso apartamento é bem pequeno, mas a comunicação na minha casa geralmente funciona a base de gritos.

Suspiro aliviado e jogo minha mochila em um canto qualquer.

–Você sabe que horas são? –ele pergunta com raiva.

Dou os ombros. O que parece deixá-lo ainda mais bravo.

–Nove e meia? –chuto.

–Percy! São quase onze horas!

Eu tive muita, muita, muita sorte por não ter sido assaltado.

–Me desculpa. –falo sentando ao seu lado. -Tive alguns problemas no trabalho e acabei perdendo o ônibus. Não precisa se preocupar.

–Mas e se tivesse acontecido alguma coisa! Eu estava quase ligando pra…

–Deuses, Ty! Está parecendo à mamãe!- comento, interrompendo-o. –Calma, estou bem.

Ele corou.

–Falando nela, aonde ela foi a essa hora? –pergunto.

–Saiu com o Paul.

Assinto e atravesso a sala até a cozinha.

Fico feliz que depois de tantos anos minha mãe finalmente estar tendo um relacionamento. Não que ela admita isso para os filhos, mas a coisa estava ficando séria e minha mãe parecia uma boba apaixonada.

A relação dos meus pais é um tanto complicada. Meu pai saiu de casa quando eu tinha apenas um ano de idade, minha mãe não gosta de falar sobre isso e nunca me contou o porquê dele ter ido embora.

Meu pai, Poseidon, já se meteu em muita merda. Uma delas foi uma pequena aventura com uma prostituta. Ela ficou grávida. E disse que não tinha como cuidar do seu filho e o daria para a adoção. Poseidon disse que cuidaria do filho deles quando ele nascesse. Acontece que ele ficou desempregado assim que o menino nasceu. Então meu pai tomou a decisão que o daria para a adoção. Nunca vi minha mãe tão brava sobre qualquer decisão dele, como aquela. Foi ai que ela decidiu que ela seria responsável por Tyson.

Tyson não sabe sobre isso. O magoaria muito. Ele é um menino de apenas 10 anos. Nunca gostei muito da ideia de mentir para ele sobre isso, mas ele é extremamente sensível e quem tem que abrir o jogo é a minha mãe, não eu.

Sinto um aperto toda vez que lembro que estou mentindo para ele.

–A propósito. –fala Tyson me tirando dos meus pensamentos. –Você vai ter que arrumar o quarto sozinho por uma semana.

Eu e Tyson dividíamos um quarto, já que em casa, só existem dois deles.

–Por que eu faria isso?-pergunto incrédulo.

–Por que é a quarta vez que eu minto para mamãe para limpar a sua barra.

–O que quer dizer? –pergunto.

–Disse que você estava em casa no horário combinado. –ele fala com um ar de inocência.

Resmungo baixo.

–Obrigada.

–O papai ligou. –comenta Tyson.

Suspiro.

–E o que ele disse?

–Que vai estar na cidade daqui a duas semanas e que tinha comprado ingressos para ver um jogo dos New York Knicks.

–Legal.

–Você vai? –ele me pergunta.

Dou os ombros.

–Por que o odeia tanto? –pergunta Ty.

–Não o odeio. –admito. -Ei, já jantou?

–Já. –ele respondeu, entendendo que o assunto sobre Poseidon, havia acabado. -Pedi uma pizza. Tem o resto na geladeira, se você quiser.

Como recusar um pizza?

Depois do meu jantar, mando Ty dormir.

Escovo os dentes e coloco um pijama qualquer.

Suspiro quando deito na minha cama e me lembro de que amanhã é o primeiro dia de aula.

Minha mãe pode chegar tarde. Aciono o despertador para as 6:45 da manhã.

Meu último ano.

O ano que eu tenho que me esforçar ainda mais. É um saco ser disléxico. Me sinto como se fosse um idiota, quando não consigo ler alguma coisa. Esse ano, tenho que melhorar as minhas notas.

Quero ser diferente do meu pai. Quero um futuro.

Não sei como, acabo pegando no sono.

***

Pov Jason.

Cheguei tarde da praia.

Piper me deixou na frente do meu prédio. Eu disse a ela que poderia ir a pé até a minha casa, mas a essa hora em Nova York, isso é uma péssima ideia.

Quando entrei não estranhei o fato de Hera e Thalia estarem discutindo.

Discutindo, talvez nesse caso, fosse um eufemismo para a situação. Elas estavam quase se matando.

Nunca nos demos muito bem com nossa madrasta.

Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha quatro anos. Há mais ou menos uns cinco anos, meu pai se casou de novo. Com uma mulher detestável. Meu pai trabalha muito e Hera não tem ao menos um trabalho, o que resulta que ela fica em casa o dia todo.

E também muitas brigas.

A maioria não tão feia quanto esta estava sendo.

Elas estavam no ponto de estarem se agredindo fisicamente. Thalia estava puxando os cabelos de Hera com força enquanto, ela tentava se soltar do aperto de Thalia, socando-a na boca do estomago.

Minha bolsa deslizou dos meus ombros e caiu no chão.

Corri até as duas e segurei Thalia pela cintura, afastando-a de Hera. Fiquei no meio das duas, tentando impedir que elas se atacassem novamente.

–PAREM. –eu grito. –O que está acontecendo aqui?

Elas se encaram. As duas estão ofegantes e seus olhares indicam ódio.

–Jason, saia da frente. –pede Thalia grosseiramente.

–Não! O que está acontecendo aqui? –repito a pergunta.

–Escuta aqui, vadiazinha. – fala Hera. Dessa vez tenho que segurar minha irmã para que ela não ataque a esposa do meu pai, de novo. –Eu não ligo se você quiser transar com qualquer um que aparecer pela frente, mas na minha cama é que não vai ser e se você ousar quebrar qualquer coisa minha de novo, juro que te mato.

Thalia grunhe como um animal e eu a aperto com força.

–Jason. –ela pede com desprezo. - Leve a sua irmã daqui, por favor.

Uma parte de me mim queria soltar Thalia e ajudá-la, mas sua parte racional, infelizmente, falou mais alto.

Eu a levo, enquanto ela se debate, protestando. Tranco a porta quando entro no quarto que eu e a minha irmã gêmea dividimos.

Se você olhasse para nos dois, nunca ia achar que éramos nem mesmo parentes. Não só por não sermos nada parecidos fisicamente, a não ser pela cor dos olhos. Mas também porque nós nos comportamos de maneira completamente diferente.

Tem um hematoma em seu rosto.

–Que merda ela quis dizer com aquilo? –pergunto com raiva, enquanto a encaro.

–Não é da sua conta. –Ela rebate.

–Thalia, você não pode simplesmente…

–Eu sei. –ela suspira. –Apenas me deixe em paz.

Thalia se vira, mas eu agarro seu braço e a forço olhar para mim.

–Não espera que eu dê as costas e finja que nada aconteceu.

–Deveria fazer isso. Seria bem mais fácil para nos dois.

–Você está cheirando álcool. –a acuso. Ela parece estar meio ausente enquanto falo com ela.

–Você também bebe de vez em quando! –ela protesta.

–Eu sei. Mas não bebo além do limite, trago alguma desconhecida, transo com ela e depois bato na minha madrasta.

Ela nem se dá o trabalho de sentir arrependimento ou culpa.

–Já acabou? –ela pergunta impaciente.

–Eu sei que a odeia. Acredite, eu também a odeio. Mas nosso pai não. Temos que aprender a conviver com ela…

–Isso explica por que você nunca dorme em casa. –ela diz. Arregalo meus olhos. –Aliais, estou surpresa por ter vindo para casa hoje.

Sinto minhas bochechas queimando. Odeio quando ela está certa. Eu não lido muito bem com a situação de odiar essa mulher e ter que viver sob o mesmo teto que ela. Eu geralmente, não durmo em casa. Durmo na casa da minha namorada ou de alguns dos meus amigos.

Solto o braço da minha irmã e a vejo se afastar vitoriosa. Thalia vai até o banheiro do nosso quarto trocar de roupa e sai de lá vestindo um pijama, logo ela se coloca de baixo das cobertas.

Não ligando se estou de pijama ou não, sigo seu exemplo e me deito na minha cama.

–Pelo menos eu nunca bati nela. –argumento.

–Não me diga que essa ideia nunca passou pela sua cabeça?

Suspiro. Já passou pela minha cabeça. Muitas vezes.

Sinto vergonha disso.

–Boa noite. –eu digo simplesmente, apagando a luz.

Ela não me responde de volta.

Esse vai ser um ano logo, deduzo.

***

Pov. Annabeth

Era quase oito horas.

–Luke, amanhã eu tenho aula. –protesto no telefone com meu namorado. –Minha mãe nunca vai me deixar sair.

–Ah, Annie!- ele bufa. - Saia escondida, ela nem vai perceber.

–Não! –protesto novamente. E baixo meu tom de voz. –Essas coisas nunca, nunca dão certo.

–Ás vezes dão. –ele insiste. -Eu posso parar ai na frente da sua casa, você tranca a porta do seu quarto, sai de casa e volta antes de amanhecer. Por favor…

–Já disse que hoje não!

Ele suspira longamente.

–Vai ter que me compensar, depois dessa.

Eu rio.

–Como eu te recompensaria, Luke? –falo inocentemente. Sinto Luke sorrir do outro lado da linha.

–Você vai ver. –ele fala com um tom malicioso.

–Pervertido. Eu já disse que quero esperar…

–Você que começou provocando. –ele falou rindo. -Relaxa, Annie. Eu não vou fazer nada que você não quiser. Achei que soubesse disso.

Ficamos em silencio alguns instantes.

–Ei, faz três anos e nos ainda… você sabe. –ele declara. –Parece que você não confia em mim.

–Não é isso. –suspiro. –Luke, eu não estou pronta para…

–Eu entendo. –ele fala. –Ei, você me disse que ia me mandar uma foto…

–Nunca disse isso. Luke, eu não sou esse tipo de garota! Não me sinto confortável com esse tipo de situação. –falo assustada, corando, como um pimentão. Luke tinha proposto que eu tirasse uma foto… sem nada.

–Annie…

–Eu não quero te dar falsas esperanças. Mas eu não vou fazer isso, Luke.

–Tudo bem. –ele suspira. -Tenho que ir. –ele fala apressado. - Eu te busco amanhã na escola, combinado?

–Claro. -digo um pouco desconfiada. - Combinado.

Então desligo, um pouco frustrada.

Olho pro telefone, pensando em ligar para Piper ou Hazel. Mas, ai me lembro que Piper está com seu namorado na praia e Hazel está na casa da avó. Desisto ainda mais frustrada.

Quem sabe se eu ligasse para Percy…

Ele é meu melhor amigo, mas chego à conclusão que seria muito constrangedor conversar sobre problemas de relacionamento com ele.

Você e Luke estão bem. –Digo para mim mesma.

Minha mãe aparece no vão da porta.

–Está tudo bem, querida?- pergunta minha mãe, Athena.

–Está tudo ótimo. –minto.

Ela arqueia uma sobrancelha.

–Isso é sobre Luke? - não fico surpresa com a pergunta. Pra ela, sempre que alguma coisa acontecia comigo, a culpa era de Luke.

Minha mãe nunca gostou muito do fato que eu namorava com um garoto mais velho. Desde que comecei a namorar Luke, há quase três anos, ela já ficava desconfiada, me dizendo para pensar bem no que estava fazendo. Na cabeça dela, Luke só começou uma coisa comigo para me levar pra cama. Não é nada disso. Tanto é que nunca fizemos nada desse tipo. Nos últimos meses, ele sugeriu sexo. Mas eu não vou dormir com ele para ser usada como objeto, só para que ele esqueça seus problemas.

Agora, não é o momento.

E eu nunca me sujeitaria a mandar a foto que ele quer.

Meu namorado se formou no colégio há dois anos e trabalha em uma gráfica. Ele não teve interesse em fazer faculdade, mesmo eu insistindo muito. Luke apenas fez um curso técnico, que de acordo com ele, era suficiente. Depois que seus pais se divorciaram e sua mãe foi internada, ele nunca mais o mesmo.

–Mais ou menos. É a primeira conversa que temos nessa semana e ele finalmente me chamou para sair.

–Isso é ótimo!

–Ele me chamou para sair com ele hoje e ir a alguma boate. –digo.

–O que? –ela fica chocada com essa possibilidade. –Annabeth você sabe que…

–Não se preocupe, eu disse para ele que não ia poder. –a interrompo.

Ela vem até mim e me abraça. Ficamos um tempo assim.

Em total silêncio.

–O que quer comer hoje? –ela pergunta gentilmente. -Estou a fim de cozinhar.

–Estou morrendo de vontade de comer um risoto. –falo. –O que acha?

–Ótima ideia. Quer me ajudar?

Sorrio.

–Claro.


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Notas finais do capítulo

Comentem :)



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