Fogos de Artifício escrita por MaYuYu


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha terceira fanfic CD, e estou cada vez mais gostando de escrever sobre os dois ♥Era para ter saído no ano novo, mas acabei atrasando, me desculpem. ;3;Boa leitura!



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Aquele dia daria fim a um ano um tanto quanto desagradável, memórias ruins e boas ficariam, é claro, mas não com tamanha clareza. Relacionar-se com pessoas é complicado, é demasiadamente normal dar errado sejam muitas vezes ou apenas uma, para a maioria das pessoas é assim, nem que suas primeiras decepções amorosas tenham sido com um amigo da sua infância ou algo do gênero.

Todo ano novo era igual na vida de C-ta, ir até a casa de A-ya para fazê-lo companhia já era hábito para o garoto, ele observava os belos fogos de artifício sendo lançados no céu juntamente a seu amigo na janela do quarto do mesmo, sempre enquanto comiam doces e outras besteiras. Mas naquele ano em especial, seria diferente: os pais de A-ya saíram com seu filho para uma viagem que duraria até o meio do primeiro mês do ano.

O garoto de cabelos castanhos chateou-se ao saber da notícia mas não podia simplesmente obrigar seu amigo a ficar junto dele por mais aquele ano só para não quebrar o que já era uma tradição na vida dos dois. Então aconteceu, A-ya partiu, e C-ta ficou só.

Desde quando era apenas uma criança, o garoto sempre desejara ir até um templo budista, ou à qualquer festival de ano novo que estivesse tendo em sua cidade, por mais pequeno que fosse. Parecia tão animado, divertido. Imaginava-se apreciando os fogos de artifício de perto enquanto vestia uma yukata e sorria ao lado de muitas pessoas. E assim foi.

O dia das comemorações estava por vir, o garoto pegou sua antiga yukata verde-clara do fundo de seu armário e a vestiu. Por incrível que pareça, o garoto tinha um traje assim que ganhara de presente de familiares, com esperança de que pelo menos em um dos anos, o garoto resolvesse ir com eles em vez de ficar na casa de A-ya sem muito o que fazer. Ainda servia em C-ta, ficava um pouco apertado, mas sua vontade de usar era maior que a incomodação com o tamanho da vestimenta.

Era fim de tarde quando o rapaz saiu de casa em direção ao templo próximo de sua casa, antes mesmo de qualquer um de seus familiares ficarem prontos para irem com ele naquele horário.

Ao chegar lá o garoto encantou-se. Eram tantas tendas oferecendo atrações, comida e compra de presentes. Sem contar com tantas pessoas alegres na multidão.

Bem, era certo de que os pensamentos do garoto não conseguiam ficar organizados, ele não estava totalmente feliz com a situação apesar de tudo. Sim, ele sempre quis ir em um festival, mas não daquele jeito. Ele queria estar andando naquele lugar ao lado de A-ya. Era aquele garoto de olhos vermelhos que fazia todos os momentos da vida de seu amigo valerem a pena.

O garoto continuou andando em meio as pessoas do lugar. Haviam casais, grupos de amigos, famílias... mas apenas ele andando só. Era possível identificar alguns rostos no meio de tantos, jurou mesmo ter encontrado B-ko e algumas amigas andando juntas enquanto comiam algumas das comidas especiais do festival.

Mas C-ta precisava de A-ya. Aquilo nunca seria bom sem ele. Nenhum momento seria. Mesmo sabendo que seus sentimentos não seriam mútuos, ele continuava a animar-se com a companhia daquele menino um pouco estranho e calado. A energia de A-ya era o que fazia C-ta feliz, e não a de dezenas de pessoas andando naquele espaço pequeno.
Por fim cansou-se e apenas deu meia volta, ele não devia estar alí. Aquele festival não era feito pra visitar-se sozinho, era patético fingir alegria, não tinha sequer uma pessoa pra compartilhar aquele momento. Suas esperanças de uma noite de ano novo agradável já estavam zeradas, agora seu plano era apenas sentar em algum lugar fora do templo e ver os fogos sem mais ninguém por perto.

Se afastou do local, mas não andou até muito longe, ele queria ver os fogos com clareza, de perto. Então avistou um local que inicialmente parecia vazio, mas ao ir andando mais até o local que desejava permanecer até o momento que já fosse outro ano, percebeu uma figura sentada naquele espaço, sozinha.

O garoto apenas encheu seus pensamentos de irritação. Só faltava ela para estragar ainda mais seu dia e tirá-lo da paciência, e era exatamente isso que estava prestes a acontecer.

"C-ta?" - ouviu a voz da menina quando acabara de dar um passo para trás.

"Ah, olá." - respondeu ríspido.

"O que faz aqui?" - perguntou ela.

"O templo estava muito cheio, saí de lá e acabei por parar aqui."

"Entendo. Eu venho todo ano para este lugar."

O garoto olhou melhor em direção à ela. D-ne vestia uma yukata azul escura com pequenas estampas de flores prateadas e tinha seus cabelos púrpuros preso dos dois lados, formando espécies de coques também com enfeites detalhados de flores, aquilo combinava com ela, e de certa forma, ela estava linda.

"Você se veste assim para vir aqui e ficar sozinha desse jeito?" - perguntou C-ta indiferente.

"Não é da sua conta. E eu estive no festival antes também." - respondeu ela, mas surpreendentemente sem parecer irritada.

"Saiu de lá pelo mesmo motivo?"

"Não."

"Por que então?"

"Nada."

"Certo, vou indo então." - falou o garoto já sem paciência andando para a direção contrária de onde ela estava sentada.

"Espera." - C-ta teve a impressão de ter ouvido uma voz um pouco falhada.

Ao virar-se, o moreno conseguiu prestar atenção no rosto de D-ne, que agora estava olhando diretamente para ele com seus penetrantes olhos azuis cobertos por lágrimas.
"Você está bem?" - falou enquanto dava passos novamente aproximando-se da menina.

"Eu não estou. Acabei de levar um fora em plena virada de ano." - dito isso D-ne abaixou sua cabeça e apoiou-a em seus joelhos, ficando encolhida.

"B-ko...?" - falou mudando o tom de sua voz para o mais calmo que conseguia.

Sim, aquela situação parecia muito estranha para o garoto, mas era fora de seus princípios deixar alguém chorando e não fazer nada para ajudar, mesmo sendo ela. E bem... era como se ele entendesse aquela situação.

"Sim. Era óbvio que eu gostava dela. Eu ainda gosto. Ela é linda, atraente, popular, ela se dá bem com todos... é basicamente o contrário de mim, o ideal em que eu queria chegar. Eu realmente a amo muito, mas ela não sente o mesmo. Ela só sorriu pra mim sem graça e disse que também me ama muito como amiga. Sem a B-ko eu não sei o que vou fazer. Eu preciso dela." - falou D-ne sem olhar mais alguma vez sequer em direção à C-ta.

"Mas não é como se você tivesse a perdido. Vocês vão continuar sendo amigas, e além de tudo, nada te impede de continuar a amando."

"Mas você não entende, isso dói. Eu não posso ser como ela, e não posso nem mesmo ficar ao seu lado para sempre."

"Claro que eu entendo. Até parece que você não sabe do que eu passo com A-ya." - falou abaixando o volume de sua voz igualmente, quase sussurrando.

"Sim. É verdade. Mas você consegue ser forte o suficiente para não chorar."

"Forte? Eu sou a pessoa mais fraca e contaminada por ciúmes que existe. Eu não posso ver B-ko e A-ya juntos que já sinto uma dor muito forte me consumindo. E além de tudo, acabei fugindo daquele festival depois de não conseguir parar de pensar nele."

"Somos iguais então. Mesmo já sabendo o que os dois querem, continuamos a ter esperanças. Que situação patética..." - a menina deu uma pequena risada mesmo enquanto chorava, e após isso, olhou em direção ao garoto que havia sentado ao seu lado - "C-ta, você também está..."

"É. Eu também choro de vez em quando, e ver você assim fez com que acontecesse."

"É porque somos espelhos."

"Sim, deve ser por isso."

"Eu realmente acredito que sejamos, sabe?" - a garota parou de se encolher e deitou no gramado - "É muito estranho que temos quase os mesmos problemas, agimos de forma parecida também. Não só quando se trata de B-ko e A-ya, mas também como agimos um com outro. Você deixou claro naquele dia que me odiava, mas eu nunca te odiei, então acho que você também não me odeia completamente. Se somos reflexos, meu pensamento está correto."

"Isso não faz o menor sentido e nem tem como ser possível." - respondeu ele deitando-se igualmente - "Mas neste momento eu não te odeio também."

"É bom ouvir isso. E nossas lágrimas já pararam agora." - falou ela tocando com cuidado a bochecha do garoto ao seu lado, que não esperando esse gesto, assustou-se virando-se para ela.

E foi neste momento que o primeiro de muitos fogos de artifício cruzou o céu, explodindo e tornando-se em diversas luzes coloridas diferentes.

D-ne via os fogos refletidos nos profundos olhos verdes de C-ta juntamente com sua própria imagem, e ele via as luzes também refletidas nos lindos olhos azuis de D-ne com sua própria imagem ao fundo igualmente.

Isso gerou um momento um pouco constrangedor e silencioso, mas aquilo também sugeriu a sensação interna de paz para cada um deles. Eram realmente espelhos. Um conseguia entender o outro com tamanha perfeição como se estivessem falando com si mesmos, não eram preciso palavras para gerar-se o entendimento, aquela troca de olhares era o bastante para isso.

A partir daquele dia, o coração dos dois ainda podia doer, mas quando isso acontecia, em vez de se isolarem, apenas seguiam para casa lado a lado e sentavam-se naquele mesmo lugar em que passaram o ano novo, e prometeram passar os outros também.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, apesar de não ter tido nada "demais" acho que uma situação como essa que iria evoluir a relação dos dois. Bem, fiz com muito carinho, espero que tenha agrado vocês pelo menos um pouco ♥Até!