Amnesia escrita por beabea


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A fic é two-short, isto é, tem dois capítulos.
O próximo será postado daqui a duas semanas.
Por favor não desistam de ler a fic, toda ela tem uma moral.
Comentem.
Kiss, bea



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"I remember the day you told me you were leaving
I remember the makeup running down your face
And the dreams you left behind you didn't need them
Like every single wish we ever made"

Amnesia, 5sos

“-Eu vou-me embora, Draco . - ouço Hermione a dizer com grande suavidade olhando para mim com aqueles olhos castanhos avelã que me tinha conquistado logo no primeiro dia.

-Vou buscar-te a que horas? - pergunto sabendo que assim que ela saísse daqui iria para a loja onde ela trabalhava naquele Verão.

-Não estás a perceber, Draco. Eu vou me embora da cidade. - informa Hermione baixando os seus olhos para os seus pés descalços que brincavam com areia por baixo dos mesmo.

-E quando voltas? - pergunto aproximando-me da morena e abraçando-a pela cintura sem perceber o porquê da mesma estar a nervosa.

Eu sabia que ela ás vezes saía da cidade, mas isso era temporário, normalmente isso acontecia quando os seus pais planeavam aquelas viagens de familia que a minha a muito que tinha deixado de organizar.

-Eu não vou voltar. - ouço com alguma dificuldade Hermione a deixar escapar, o seu rosto encostado ao meio peito fizera com que a sua voz saísse abafada e eu quase que deixara escapar aquelas palavras dos meus ouvidos.

-Como assim não vais voltar? - questiono largando a cintura de Hermione, mas sem nenhuma menção de afastar totalmente. -O colégio começa em Outubro, claro que vais voltar.

Hermione foi quem se afastou fazendo com que eu rapidamente percebesse que o assunto era sério.

-Eu consegui entrar no Colégio das Artes em Nova York. - declara Hermione sem coragem para me olhar nos olhos.

-Mas isso é ótimo, Mione… Era o teu sonho! - exclamo sem conseguir deixar de me sentir orgulhoso, desde que eu conhecia a Hermione que ela tinha um dom para a pintura que eu sabia que não seria desperdiçado.

-Eu estou indo para lá este ano. - informa Hermione olhando finalmente para mim, era notável que ela segurava as lágrimas que os seus olhos pediam para libertar.

-Eu pensava que aquilo era uma faculdade, que só ias depois de mais um ano. - falo desta vez com um tom de voz mais baixo, já não sentia o sorriso nos meus lábios, já não conseguia nem se quer sentir a felicidade que tinha sentido quando ela me dera a noticia.

-Eles gostaram de mim, na realidade eles amaram-me. Dizem que eu tenho tanto talento que não pode ser desperdiçado, eles enviaram uma carta formal para o meu pai a dizer que adorariam que eu fosse mais cedo para o colégio, eles não se importam que eu ainda não tenho terminado o ensino secundário. - explica Hermione sem desviar o olhar do meu, debaixo daquelas lágrimas que ela ainda segurava eu conseguia ver um brilho especial de felicidade, assim que vi esse brilho eu soube que nada do que eu pudesse dizer iria fazê-la mudar de ideias. Na verdade eu não queria fazê-la mudar de ideias, ela merecia tudo aquilo.

-Quando é que te vais embora? - consigo finalmente perguntar depois de alguns instantes em silencio.

-Hoje à noite. - responde Hermione olhando agora para a areia, eu reparei em pingos a caírem na mesma e rapidamente percebi que ela não conseguiu segurar muito mais as lágrimas.

-Então este é o nosso último momento, não é? - pergunto olhando para Hermione desejando que a mesma levantasse a cabeça olhasse para mim e disse-se as três palavras que eu precisava de ouvir naquele momento, mas isso nunca aconteceu.

-Desculpa. - pede Hermione com a sua voz fraca por culpa do choro que eu conseguia ouvir.

-Sugar… - chamo-a pelo nome que eu sempre chamei depois do dia em que a compararam a um cubo de açúcar.

Voltei aproximar-me da morena a tempo de ouvir os soluços que ela deixava escapar, puxei-a para um abraço de urso que eu dava sempre que Hermione não estava a ter um bom dia. Senti ela agarrar na minha blusa com ambas as mãos e puxar-me para mais perto de si como se eu pudesse escapar por entre os seus dedos a qualquer momento, o que ela não sabia é que quem estava a escapar agora era ela e não eu.

-Eu amo-te e isso nunca vai mudar. - sussurro no ouvido dela enquanto sentia a minha blusa a ficar molhada, eu não me importava.”

Acordei com o som do despertador ao meu lado, sem pensar duas vezes joguei o mesmo contra a parede ignorando que teria que comprar o terceiro despertador só esta semana. Eu queria voltar a dormir nem que fosse mais alguns minutos antes que ter que acordar, levantar-me e fazer com que mais um dia se passasse na minha vida inútil e infernal.

Mas como tudo na minha vida inútil, dormir mais uns minutos significava acordar com as pancadas na porta do meu apartamento pronta a ser derrubada a qualquer momento.

-Já estou acordado. - anuncio abrindo a porta do meu apartamento dando autorização a loira da Astoria Greengrass invadir o mesmo.

-Estás horrível, Malfoy. - declara Astoria estudando o meu aspeto que deveria ser um pouco assustador.

-Também é ótimo ver-te. - afirmo seguindo para a cozinha procurando alguma coisa que ainda fosse comestível.

-Tiveste novamente a beber? Pensei que já tivesses deixado disso. - comenta Astoria seguindo atrás de mim e deixando uma sacola de cartão que em cima da mesa que eu só tinha reparado que ela tinha até ao momento.

-A vida é uma merda.

-E esse é o teu novo motivo para voltares a beber? - questiona Astoria erguendo as suas duas sobrancelhas na minha direção enquanto eu inspecionava os itens daquele saco.

-Não sabia que precisava de motivos. - falo tirando um pedaço de queijo azul que eu sabia que era o favorito da loira.

A porta do meu apartamento a ser aberta chamou atenção de Astoria que ia dizer alguma coisa, antes de eu olhar para quem invadia o meu espaço aquela hora a voz de Zabini se fez presente na cozinha.

-Bom dia alegria.

-Como é que entras-te aqui? - ouço Astoria a perguntar enquanto eu procurava inutilmente algum pedaço de pão sem bolor.

-O Draco deu-me a cópia da chave. - responde descontraidamente Zabini.

Olhei rapidamente para o moreno irritado pela resposta que o mesmo dera, Astoria não era para ficar a saber daquilo. Eu tinha confiado a Zabini a cópia da chave do meu apartamento porque eu sabia que ele não me viria chatear sempre que eu não dava noticias ao contrario do que acontecia com a Astoria que quase arrombara a porta do apartamento naquele dia como se vira à minutos atrás.

Zabini guardara a chave que tinha mostrado a Astoria no momento em que reparara no meu olhar, mas já era tarde demais e a loira agora dava-me atenção .

-Porque é que ele tem uma e eu não tenho? - questiona Astoria olhando-me com aqueles seus olhos azuis que transmitiam com clareza a raiva que sentia no momento.

-Para depois entrares aqui sempre que quiseres e fazeres a minha vida uma merda? -respondo desistindo finalmente de encontrar algum pedaço de pão sã, era incrível como Astoria conseguia tirar-me do sério em poucos momentos.

-Pensava que a tua vida já era uma merda. - comenta Astoria cruzando os braços à frente do peito e erguendo uma das sobrancelhas para mim como sempre fazia quando conseguia virar as minhas palavras contra mim.

-Tu percebes-te. - falo virando a minha atenção de volta para o saco onde ainda tinha alguns itens lá dentro, incluindo um pão pequeno.

Não consegui evitar sorrir ao ver aquele reluzente pão ali dentro, eu não comia pão desde da semana passada quando Astoria me obrigara a comer uma sandes de queijo na lanchonete que nos frequentávamos quase todos os dias. Era incrível a semelhança que Astoria tinha com a minha mãe, o seu cabelo loiro era igual ao de Narcisa Malfoy e a sua obsessão por me ver bem alimentado e pelo menos apresentável também era uma outra semelhança e isso tirava-me do sério!

-Se a Hermione estivesse aqui nada disto acontecia. - comenta descontraidamente Zabini encostado a bancada da minha cozinha a brincar com uma bola que eu tinha por ali.

Olhei para o Zabini tentando perceber se as palavras que ele dissera eram mesmo verdadeiras e não mais um fruto da minha imaginação fértil, mas Zabini mantinha-se calmo e relaxado. A menção do nome dela fez com que o sonho que eu tivera naquela noite alcança-se a minha cabeça com grande velocidade afetando-me de todas as maneiras. Tinha se passado três meses sem eu me lembrar dela, sem nenhuma menção dela ou outra coisa qualquer e agora Zabini com a sua boca grande tinha que estragar o meu recorde ao falar o seu nome.

Sem dizer alguma coisa e sentindo que o meu cérebro ia explodir a qualquer momento, eu caminhei em direção ao meu quarto vendo tudo ao meu redor girar e embatendo algumas vezes nas paredes, talvez isso fosse o efeito do álcool ainda no meu organismo, mas mesmo assim eu não liguei.

-És estúpido ou fazes-te? - sou capaz de ouvir Astoria a perguntar a Zabini depois de ouvir um pequeno estouro seco que podia passar despercebido a muitos, mas não a mim que naquele momento sentia os meus ouvidos quase a sangrarem.

-O que é que eu disse? - pergunta ingenuamente Zabini, eu quase que o conseguia a ver a massajar a zona que Astoria atingiu com a sua mão ou com o objeto que estava na sua posse quando o embate aconteceu.

-Falas-te dela! - exclama Astoria sem arriscar em dizer o nome que eu sabia, parei de frente para a porta fechada do meu quarto encostei a minha testa a mesma com os olhos fechados tentando não me ir abaixo com a última tontura.

Escutei dois pares de passos muito diferentes aproximarem-se do corredor onde eu estava, mas nem isso me fez abrir os olhos.

-De quem? Da Hermione? Eu pensei que ele já se tinha esquecido dela. - ouço a voz de Zabini agora no corredor, eu quase que sorri com aquela resposta do moreno mas as minhas forças pareciam estar no limite sendo que eu senti o meu rosto a expressar aquilo que me parecia ser uma careta de dor.

-Acreditas mesmo que o Draco bebe porque a sua vida é uma merda? - pergunta Astoria no momento em que eu consigo agarrar na maçaneta da porta e roda-la abrindo sem causar nenhum barulho. -A vadia da Granger é que é o real motivo dele beber!

Entrei rapidamente no quarto e fechei a porta ignorando o barulho que eu podia causar, só queria abafar os nomes que eu sabia que a loira ia dizer. Os nomes que ela nunca conseguia segurar quando falávamos do assunto proibido, na verdade da pessoa proibida: Hermione Granger.

-…é uma vadia.

Peguei na garrafa de whisky que estava em cima da minha comoda e sem nenhuma cerimonia coloquei o liquido que ainda estava dentro da garrafa na minha boca sentindo logo de seguida a garganta arder enquanto o álcool descia. Eu só queria abafar a voz de Astoria.

-Idiota! - sou capaz de ouvir Astoria a chamar sabendo que ela já estava a ficar sem nomes para chamar a Granger sendo que a fase a seguir seria partir alguns dos meus objetos ou até mesmo móveis eu já estava habituado.

Joguei a garrafa contra o chão com uma raiva incontrolável e caminhei em direção a minha cama pisando com os pés descalços em cima dos vidros partidos ignorando a dor que veio dali. Com a almofada pressionada contra o meu rosto tentando abafar o melhor possível a voz da Astoria eu não sei quando acabei por adormecer, mas eu senti o meu corpo mais leve e as minhas pálpebras mais pesadas.

“Sorri ao ver a fotografia de Hermione que eu acabara de receber.

Tinha se passado quatro meses que ela tinha ido para Nova York, todos os dias nós falávamos ou por mensagens ou por chamada, quase todos os dias ela enviava-me fotografias dela e eu a mesma coisa para tentarmos matar as saudades um do outro coisa que comigo nunca resultava.

-Draco. - chama-me Astoria tirando-me o celular das mãos fazendo com que eu finalmente olhasse para ela.

-O que foi? - pergunto olhando irritado para loira à minha frente, era incrível como durante aqueles quatro meses Astoria Greengrass tinha ficado mais irritante.

-Não me estás a ouvir, novamente. - declara Astoria olhando para mim como se sentisse cansada.

-Agora que já tens a minha atenção já me podes devolver o celular? - questiona estendo a mão na direção da loira esperando pelo contacto frio do celular na minha mão.

-Não.

-Astoria, dá-me o celular! - ordeno já não gostando da atitude da Greengrass.

-Não. - repete Astoria levantando-se da cadeira chamando atenção de alguns alunos a nossa volta.

Fitei Astoria por um tempo indeterminado eu agora também estava levantado, sabia que se arriscasse aproximar-me dela o mais certo era ela correr para fora da cantina com o meu celular na sua posse. Antes mesmo de conseguir pensar em alguma outra opção vi o meu celular deslizar pela mesa na minha direção, rapidamente agarrei-o sem dar hipótese alguma de Astoria conseguir recupera-lo agradecendo ao mesmo tempo a Harry Potter que fora ele que me devolvera o celular.

-Porque é que fizes-te isso? - pergunta Astoria olhando para Harry que ocupou o lugar onde Astoria antes estivera.

-Vocês estavam a chamar atenção dos professores. - responde simplesmente Harry pegando numa fatia de pizza intocada que estava no tabuleiro da loira.

Olhei para o moreno tentando perceber se ele tinha inventado aquela desculpa naquele instante, mas a sua expressão séria mostrava totalmente o contrario por isso arrisquei em olhar para a mesa que normalmente os professores ocupavam aquela hora encontrando a atenção deles em cima de nós.

Engoli em seco e voltei a sentar-me puxando o tabuleiro para mais perto de mim e tentando não mostrar que estava desconfortável com tudo aquilo.

-Mas afinal o que é que aconteceu? - pergunta Harry quando Astoria relutante sentou-se na cadeira ao lado do moreno, eu ainda conseguia vê-la zangada com o mesmo.

-A Hermione foi o que aconteceu. - responde Astoria antes de me dar tempo de eu dizer alguma coisa, nunca percebi o porquê dela ter ficado tão zangada com a ida de Hermione.

-O que é quê tens contra ela? Se eu bem me lembro quando ela estava aqui tu eras quase que a melhor amiga dela. - falo não conseguindo-me segurar, eu já tinha feito aquela pergunta a mim mesmo, a Harry e até mesmo a Zabini que estava sempre fora daquelas situações.

-Tu ainda não percebes-te que ela vai partir-te o coração? Mais cedo ou mais tarde ela vai parar de mandar-te mensagens e ligar-te e tu vais perguntar-te o que é que aconteceu. - explica Astoria olhando para mim, eu via que ela tentava manter o seu tom de voz calmo.

-Isso…

-Então telefona-lhe. - fala Astoria interrompendo aquilo que eu ia dizer.

-O quê?!

-Telefona-lhe e vamos ver o que acontece.

-E o que é que eu digo quando ela atender? - perguntou confuso do porque de eu ter dê-lhe telefonar.

-Inventa uma desculpa qualquer, tenho a certeza que te vais lembrar alguma coisa na hora. - responde Astoria encostando-se no assento e olhando para mim de braços cruzados, eu percebi que ela estava determinada porque ela nem se quer se deu ao trabalho de ameaçar o Harry que estava a comer a segunda fatia que estava no tabuleiro dela.

Digitei o número da morena ainda com a fotografia dela na cabeça e respirei fundo antes de colocar o celular perto da orelha rezando para que ela não atendesse, pois eu não tinha a mínima ideia que desculpa eu podia usar, mas ao mesmo tempo com ansiedade dela atender e ouvir a sua voz.

-Alô? - fala uma voz que rapidamente desmanchou o sorriso que eu tinha mantido até ao momento ao perceber que era uma voz masculina que tinha atendido a chamada. -Alô?

Pigarrei tentando achar a minha voz ao mesmo tempo em que sentia os olhares dos meus dois amigos em cima de mim, percebi que Harry já tinha percebido que alguma coisa não estava bem.

-A Hermione Granger está por aí? - perguntou tentando manter a minha voz calma.

-E quem deseja falar com ela? - pergunta a outra voz também com uma voz desconfiada

-Draco Malfoy. - digo sem pensar em mentir.

-Certo! Eu já ouvi falar muito sobre ti. - fala a voz agora calma como se eu tivesse acabado com qualquer dúvidas que ele tivesse.

-E tu és? - pergunto tentando não parecer nem ciumento nem magoado por Hermione nunca ter-me falado do rapaz que ela conhecera.

-Jared Sandler. - o nome era me totalmente desconhecido.

-Posso falar com a Granger? - pergunto não sabendo o porque de ter a chamado pelo sobrenome que eu só usava quando estava zangado ou irritado.

Harry e Astoria trocaram um olhar entre si para depois voltarem a olhar para mim, Harry ergueu uma sobrancelha na minha direção como se estivesse a questionar-me o porque de eu a ter chamado por aquele nome.

-Ela está a tomar duche, mas posso deixar o recado se quiseres. - fala a voz de Jared arrancando a minha atenção do Harry que estava pronto para dizer alguma coisa.

-Não é nada importante. Eu logo falo com ela. - informo desligando a chamada sem ao menos dar tempo para o tal de Jared dizer alguma coisa.

Pousei o celular em cima da mesa com a tela para baixo e fitei o meu tabulei sem coragem para olhar para a Astoria e ouvir o “eu avisei-te” que sabia que ela diria a qualquer momento.

-Draco…”

Levantei-me num salto da cama quando senti algo molhado no meu corpo e deixar de respirar por ter essa coisa molhada ter invadido tanto a minha boca como o meu nariz. Tossi enquanto via Astoria perto da minha cama a segurar um balde que ainda pingava a água que ela me tinha despejado em cima.

-Estás louca? - pergunto com a minha voz fraca, ainda senti a água a queimar-me a garganta como se fosse ácido.

-Não é hora de dormires. - fala simplesmente Astoria como se essa fosse a razão certa para ela me despejar água em cima.

-Eu podia ter morrido afogado.

-Se não morres com o álcool que ingeres achas mesmo que vais morrer com um pouco de água? - pergunta Astoria pousando o balde no chão que estava um pouco molhado e seguindo em direção ao meu closet que estava numa confusão.

-Porque é que me acordas-te, se eu me lembre o restaurante hoje está fechado logo não há trabalho nem para mim nem para ti. - falo tentando compreender qual poderia ser a outra razão da loira ter me feito levantar da cama daquela maneira.

-Nós vamos a lanchonete. - fala simplesmente Astoria fechando o meu closet e esticando-me uma blusa azul e uns calções xadrez.

-Estás a gozar com a minha cara certo?

-A Sam convidou-nos, mas diz que dúvida que tu venhas por isso tu vais.

-Astoria…

-A quanto tempo é que não vês a Sam?

-Desde ontem. - respondo pegando nas peças de roupas que a loira ainda me esticava.

-Ela é tua namorada ou amiga com benefícios como vocês queiram chamar… - fala depressa demais Astoria quando eu ia começar a reclamar. -O que interessa é que ela é tua amiga e quer estar contigo, comigo, com o Harry e com o idiota do Zabini.

Bufando ao perceber que não tinha mais argumentos para retrucar de volta para Astoria, entrei no banheiro pequeno que estava no meu quarto e vesti-me a contra gosto sabendo que se eu excedesse os dez minutos que eu demorava a vestir-me Astoria entrava no banheiro sem se importar se eu estivesse nu ou não.

-Onde está o Zabini? - pergunto ao dar pela falta do meu amigo.

-Eu expulsei-o do apartamento, ele já tinha feito estragos que chegasse. - responde Astoria puxando-me para fora do apartamento e fechando a porta sem ao menos me dar tempo de apanhar as chaves em cima do móvel do corredor.

-As minhas chaves estão ali dentro. - retrucou olhando incrédulo para Astoria que sorria para mim como se tivesse recebido a melhor noticia do mundo.

-Se eu tivesse a chave era fácil de entrares no apartamento, mas como não tenho não te posso ajudar. - fala Astoria caminhando de seguida em direção ao elevador.

Eu não consegui acreditar que ela me tinha deixado do lado de fora de casa sem as minhas chaves só porque eu não lhe tinha dado a cópia da minha chave para ela. Felizmente eu tinha o Zabini e a Sam, ambos tinham uma copia das chaves.

-És completamente louca.

-Não, a louca é a Samantha… Eu apenas tenho um pouco de impaciência. - informa Astoria com aquele tom de voz que normalmente usava quando queria persuadir alguém, coisa que nunca resultava comigo.

-E agora como vamos para a lanchonete? Tenho a certeza que tu vieste de comboio para aqui. - falo lembrando-me da aversão que Astoria tinha por carros, um medo esquisito mas do qual eu me tinha habituado depois de alguns meses de amizade com ela.

-A pé.

-Eu estou de ressaca, achas mesmo que andar a pé no meio de todo o barulho de Nova York vai me fazer bem? - pergunto ironicamente, Astoria ás vezes fazia lembrar-me a minha irmã mais nova pela forma que ela conseguia tirar-me do sério e fazer com que eu fosse sarcástico.

-É o melhor remédio para curar a bebedeira. - afirma Astoria como se aquela fosse a frase do dia.

Não consegui evitar revirar os olhos ao perceber atitude da loira, ela estava a imitar Sam que tinha a mania de usar aquela frase sempre que estava de ressaca. Era incrível como uma frase que tinha piada com Sam podia tirar a paciência alguém com Astoria.

-É melhor começar andarmos se não só chegamos lá por volta do meio dia. - falo ao perceber que ainda tínhamos que andar cinco quarteirões para chegarmos a nossa lanchonete favorita.

-Draco… - chama Astoria depois de um tempo andarmos em silencio, era notável pelo o seu tom de voz que ela queria perguntar-me alguma coisa.

-Sim?

-O que é que realmente sentes pela Samantha? - pergunta finalmente olhando para mim com a sua expressão séria. -E por favor não me mintas.

-Porque é que queres saber? - questiono confuso, não era normal Astoria perguntar sobre o meu relacionamento com a Sam.

Pronto nós eramos aquilo que podíamos chamar de amigos com benefícios, amigos coloridos. Harry dizia que nós tratávamo-nos como namorados, mas como ambos tínhamos medo de um relacionamento sério não conseguíamos arriscar em pedir em namoro um ao outro sendo que mantínhamos aquela farsa de amizade colorida. Eram as palavras de Harry, eu sempre dizia que ele só dizia disparates e que eu e a Samantha eramos apenas grandes amigos para não dizer os melhores mas eu lá no fundo sabia que estava a mentir a mim mesmo.

-Apenas responde a pergunta. - pede Astoria, eu sabia que algo se passava por trás daquelas palavras e ficava confuso sem saber o que era.

-Eu amo-a… - revelo sem saber que sentimento é que a Astoria queria que eu revelasse. -Como amiga.

-Eu pedi-te para não me mentires. - afirma Astoria parando agora de andar obrigando com que eu fizesse o mesmo sem perceber qual palavra é que tinha soado a mentira.

-Eu não te estou a mentir, eu amo-a como amiga. - repito como se Astoria não tivesse ouvido.

-Estás a mentir a ti mesmo e isso é quase a mesma coisa de me mentires. Ainda não esqueces-te a Hermione e a relação que tiveste com ela que não és capaz de ver o que tens a tua frente. - declara Astoria usando a voz que ela normalmente usava quando falava com os empregados do restaurante quando os mesmos estavam a fazer alguma coisa errada, parecia que estava a falar com crianças de cinco e seis anos.

-Pudemos continuar? - pergunto controlando-me para não parar um táxi e fazer o resto do caminho que faltava para lanchonete no mesmo deixando para trás Astoria.

Desde do dia que o tal Jared me tinha atendido a chamada que eu fizera para Hermione que Astoria prometera nunca mais dizer o nome da morena que me tinha partido o coração, jurara nunca mais falar sobre ela e até aquele momento ela tinha cumprido a sua promessa.

-Draco…

-Há sete anos atrás tu prometes nunca mais tocar nesse nome, prometes-te apoiar-me em todas as minhas loucuras e nunca usares ela como desculpa. Acabas-te de quebrar a tua promessa. - anuncio sem conseguir segurar aquilo dentro de mim, muitas das verdades duras que eu pensava de Astoria eu guardava para mim mas daquela vez ela magoara-me da única maneira que eu nunca pensei que ela fosse capaz de fazer.

-Draco…

-Pudemos continuar? - pergunto novamente interrompendo uma segunda vez aquilo que Astoria ia dizer.

Sem ser capaz de me olhar na cara, Astoria seguiu a minha frente sem olhar para trás uma única vez para conferir se eu continuava ali. A privacidade que a loira me deu levou-me a lembrar-me do dia em que eu conheci Samantha Collins.

“-Podias pelo menos ter feito a barba. - afirma Astoria tocando no meu queixo onde uma barba rala crescia.

-Acabas-te de dizer que isto não era um encontro. Para que é que eu preciso de preocupar com o meu aspeto se isto não é nenhum encontro? - pergunto olhando torto para Astoria, não conseguia perceber o porque da loira estar subidamente preocupada com a minha vida sexual.

Se a sua preocupação era a última vez que eu fizera sexo ela não precisa de se preocupar mais, a noite de ontem tinha sido a última vez que eu tinha feito sexo, fora com uma ucraniana ou talvez com uma russa? Ainda não sabia muito bem, a noite de ontem ainda me era um pouco distorcida.

-Apresentação. É com isso que estou preocupada, eu não quero que ninguém pense que és um sem abrigo que foi pedir esmola na lanchonete. - responde Astoria arranjando a minha blusa que eu sabia que para os olhos da loira estava um pouco amarrotada.

-Astoria eu estou bem. - falo afastando-a de mim e ajeitando a minha blusa a maneira que eu queria sob o olhar torto de Astoria.

-Despacha-te, eles já devem estar lá. - informa Astoria pegando-me na mão e puxando-me para o meio da multidão de pessoas que esperava que o sinal ficasse verde para puderem passar com segurança a estrada.

Entramos na lanchonete que tinha o letreiro ligado apenas nas letra “K”, “I” e “G” lendo-se apenas Kig quando o nome da lanchonete era King.

Harry sentava-se na mesa no canto mais afastado, estava acompanhado pela tal Samantha Collins que a Astoria queria me apresentar. Eu travei na entrada da lanchonete ao perceber o cabelo cacheado moreno que a tal Samantha tinha, os cachos perfeitos até a meio das costas tinham sido decorados por mim à sete anos atrás. O top preto que ela usava fazia maior contraste com a sua pele que nem era muito branca nem muito bronzeada.

-Draco… - chama-me Astoria arrancando-me dos meus pensamentos e da minha observação cuidadosa.

-Hermione. - falo simplesmente sem conseguir desviar os olhos da mulher de costas para mim, eu era capaz de reconhecer aqueles cachos em qualquer lugar.

-Vocês chegaram. - anuncia Harry levantando-se da sua cadeira ao perceber a nossa presença impedindo assim que Astoria pudesse dizer-me alguma coisa.

A Hermione levanta-se quase como se fosse em camara lenta virou-se na minha direção revelando os olhos azuis que não faziam parte dela, não consegui evitar expressar a confusão que sentia no momento. Os olhos castanhos avelã estavam a faltar ali assim como a sua boca rosada que nunca era pintada com um batom vermelho vivo como acontecia agora.

-Draco esta é a Samantha Collins. - apresenta Astoria com um olhar preocupado na minha direção.

Hermione, quer dizer Samantha, aproximou-se de mim e sorriu-me revelando os seus dentes num branco perfeitos.

-Já ouvi falar muito de ti. - fala Samantha com os olhos ainda presos em mim.”

-Chegamos. - anuncia Astoria arrancando-me dos meus pensamentos no melhor momento.

A lanchonete Kig continuava a mesma, o letreiro não fora mudado desde do dois anos que se passaram assim como o tema dos anos 80 que já era uma característica da lanchonete.

-Conseguiste tira-lo do apartamento! - comenta Samantha assim que nos aproximamos da mesa que ela ocupava sozinha.

-Eu tenho os meus dotes. - fala simplesmente Astoria ocupando a cadeira encostada a parede que dava a visão livre da entrada da lanchonete.

-Também é bom te ver. - falo atraindo atenção de Samantha que levantou-se do seu lugar e aproximou-se de mim com aquele sorriso que ela me dera na primeira vez que me conhecera.

-É ótimo ver-te. - sussurra Samantha beijando-me de seguida sem se preocupar por estarmos num local público, eu também não me preocupava.

O sabor a cereja continuava presente no beijo como em todas as outras vezes que nos beijávamos, era quase como se ela come-se uma pastilha de cereja antes mesmo de nos beijarmos mas eu não me estava a queixar. Aliás eu amava aquele sabor, tinha se tornado o meu fruto favorito depois do primeiro beijo que trocamos.

-Whisky logo de manhã? - questiona Sam olhando para mim assim que nos afastamos, vi ela passar a língua pelo lábio inferior como se estivesse a saborear aquele sabor e isso fez-me sorrir.

-O melhor remedio da vida. - declaro antes de sentar-me numa das cadeira sentindo logo de seguida o peso do corpo de Sam em cima do meu.

Era incrível como Samantha não se importava de chamar atenção em qualquer lugar que ela estava, se ela desejava fazer alguma coisa ela apenas fazia sem ao menos pensar nas consequências, ela dizia que era o impulso que ela tinha e que não havia nada a fazer para mudar isso e foi nesse mesmo dia que eu comecei a pensar da mesma forma que Sam.

-Como correu a noite de ontem, docinho? - questiona Sam arrancando-me dos pensamentos depois de sentir os seus lábios na minha bochecha como ela sempre fazia quando eu estava distraído.

Não consegui evitar torcer numa careta ao ouvir o nome que Sam teimava em chamar-me. A minha mãe tinha a mania de chamar-me aquele nome sempre que me via e numa dessas vezes eu estava acompanhado com Sam que achou engraçado o nome, quando eu lhe disse que odiava foi o meu pior erro pois a partir desse dia Sam nunca mais se esqueceu daquele nome.

-A melhor noite, Sugar. - respondo sorrindo para Sam que retribuiu ao meu sorriso antes de eu inclinar-me e beijar os seus lábios avermelhados.

Notei num revirar de olhos por parte de Astoria que odiava quando eu e Sam nos beijávamos em público, pensaram que o problema era o nome que eu chamei a Sam?

A primeira vez que a chamei de Sugar foi depois de termos feito sexo ou amor, como vocês quiserem chamar, pela primeira vez. Acho que estava a ter uma alucinação, nessa época eu tinha muitas alucinações. Eu lembro-me desse dia porque nessa tarde Astoria invadiu o meu apartamento a perguntar se eu amava a Sam, se eu tinha me declarado a ela, fiquei confuso por isso ela explicou-me tudo aquilo que a Sam lhe tinha contado, eu lembro-me de Astoria dizer que se eu ia namorar a sua quase nova melhor amiga eu teria que avisa-la para ela se preparar e esse foi o motivo principal das minhas risadas.

Nessa mesma noite chamei a Sam para irmos jantar fora e tentei explicar o melhor possível donde vinha o nome Sugar, falando também sobre o meu relacionamento com a Hermione, essa foi a oportunidade para Sam falar sobre o seu noivado, quase casamento, com o Thomas que a traíra na véspera do casamento. A partir desse dia a nossa relação tornou-se mais séria, de pessoas conhecidas passamos para amigos e mais tarde para amigos coloridos o que eramos atualmente e desde desse dia que eu a chamava de Sugar sem ter nenhuma lembrança de algum momento que eu chamara de Sugar a Hermione. Eu acho que começava a deixar a morena quebra corações para trás e eu sentia-me bem com isso.

-Desejam alguma coisa? - pergunta o empregado aproximando-se da nossa mesa e interrompendo assim a conversa que Astoria tinha com Sam que se mantinha no meu colo.

-Café com alguns pingos de limão e um donuts com recheio de framboesa. - responde Sam antes mesmo de algum de nós dizer alguma coisa.

Olhei confuso para Sam tentando perceber desde quando é que ela comia doces, eu lembrava-me na primeira vez que nós fomos ao cinema a Sam recusou comer as pipocas do pacote gigante que eu comprara para dividir com ela já que a Astoria dividia com o Harry e o Zabini dividia com a Bells, a namorada que ele tinha naquela época.

-Desde quando é que comes doces? - expresso a minha pergunta em voz alta vendo Astoria a prender o riso como se a resposta fosse alguma piada privada entre as duas, eu odiava quando isso acontecia.

-Desde do dia em que comecei a sair contigo. - responde simplesmente Sam dando-me um selinho como se aquilo conseguisse fazer-me com que eu me esquecesse daquilo.

Fitei Samantha como se fosse a primeira vez que a estivesse a ver, os seus olhos azuis a sorrir para mim acompanhados pelo sorriso que eu achava a marca registadora de Sam que estava sempre a sorrir.

Vi o seu sorriso a extinguir-se aos poucos ao perceber que o meu também tinha desaparecido, percebi que os seus olhos estavam um pouco confusos reparei nos seus lábios entreabertos como se estivesse pronta para perguntar alguma coisa, mas a voz de Astoria impediu que isso acontecesse.

-Harry Potter atrasado novamente.

-Desculpem-me. - pede o Harry avançando apressado para a única cadeira vaga, sorri maliciosamente ao reparar nas bochechas avermelhadas do meu amigo que eu sabia que só ficava assim quando ele estava com a Gina. -Encontrei-me com uma velha amiga e perdi a conta das horas.

-E quem foi a sortuda de receber os teus lindos olhos verdes? - pergunta Sam num tom de voz malicioso fazendo com que eu percebesse que ela também tinha chegado a mesma conclusão que eu.

-Hermione Granger. - revela Harry surpreendendo-me a mim e a Astoria, Harry mantinha o seu olhar em cima de mim como se estivesse a medir as minhas reações mas para o meu espanto eu não senti o choque que eu sentia sempre que tocavam nesse nome.

-Não é a tua namorada? - questiona Sam chamando a minha atenção fazendo-me desviar os olhos de Harry.

-Ex-namorada. - respondo sem pensar duas vezes, não percebia o porquê de Sam ter feito tal pergunta sendo ela melhor do que ninguém a saber que fora Hermione abandonar-me e não eu.

-Fico feliz em saber que sou a única mulher na tua vida. - sussurra Sam no meu ouvido antes de morder sem nenhuma delicadeza o lóbulo da mesma causando-me os arrepios que eu tinha sempre que ela fazia aquilo.

-E como é que ela está? - pergunta Astoria acabando assim com qualquer hipótese que eu teria de beijar a Sam.

Olhei para a loira tentando perceber se ela só tinha perguntado aquilo para impedir qualquer demonstração de amor em público da minha parte e da Samantha ou se ela estava realmente curiosa em saber, mas Astoria não estava a olhar para mim sendo-me impossivel perceber o que se passava naquela cabeça naquele momento.

-Bem. Ela perguntou por ti Draco, ela diz que tentou falar contigo, mas o número estava sempre bloqueado. - fala Harry olhando para mim confuso, recebi um olhar torto de Astoria que me fez engolir em seco pois sabia que quando ela me apanhasse sozinho iria receber um sermão daqueles que a minha mãe ás vezes dava quando eu estava muito tempo sem falar com ela.

-Eu mudei de número. - comento encolhendo os ombros como se aquilo não fosse a minha culpa, eu sabia que a Hermione não estava ali para ouvir a minha desculpa mas mesmo assim soube-me bem dizer em voz alta.

-Não mudas-te nada. - retruca Astoria sem dar tempo do Harry dizer aquilo que queria dizer.

Olhei irritado para Astoria que olhou para mim com um sorriso vitorioso nos lábios, eu odiava quando ela contrariava aquilo que eu dizia normalmente ela fazia sempre isso quando eu estava a mentir e aquela era uma daquelas situações.

Vi de soslaio Samantha, que já estava sentada na cadeira ao meu lado a olhar para o seu relógio de pulso tentando quebrar aquele momento tenso.

-Merda! - xinga Sam levantando-se da cadeira. -Estou atrasada. Tenho que ir!

-Ainda são só 10 horas. - declaro olhando para o meu relógio, normalmente Samantha entrava ás 11 horas.

-E o empregado ainda nem se quer trouxe o teu pedido. - fala desta vez Astoria olhando para Sam que aquela altura já estava levantada.

-O ator daquele filme novo… - fala Sam estalando de seguida os dedos, uma mania que ela tinha quando não sabia as coisas e esperava que alguém lhe disse-se a resposta.

-A Casa da Noite?

-Esse mesmo. - afirma Sam sorrindo na direção de Harry, olhei com as sobrancelhas franzidas tentando perceber como ele sabia aquilo mas o moreno apenas encolheu-me os ombros. -Ele concedeu-me uma entrevista.

-Tiras uma fotografia com ele? - pede Astoria quase que implorando, era incrível como a loira tinha uma enorme queda por famosos.

-Eu até peço para autografa-la e tudo.

-Obrigada Sam. - agradeceu Astoria depois de quase saltar da cadeira e de quase dar aqueles gritos de alegria finos que só as mulheres conseguem dar.

-É verdade, eu estou a contar com vocês hoje a noite na minha casa. - lembra Sam enquanto pegava na sua mala.

-Sugar… - tento faze-la mudar de ideias.

-Tu prometes-te, Draco. Aliás vocês todos prometeram, até mesmo a Gina. - fala Sam olhando para Harry quando disse o nome da namorada do moreno.

Eu não conseguia perceber qual era a importância de estarmos todos juntos naquela noite, eu não conseguia perceber qual era a urgência daquele jantar. Eu conhecia Sam o bastante para saber o quanto ela odiava organizar aquele tipo de jantares onde recebia todos os seus amigos na sua casa, ela odiava isso mais que tudo mas isso parecia que não seria nenhum obstáculo hoje para o jantar que ela organizava.

-Eu levo-o. - assegura Astoria olhando para mim com aquele olhar que não havia volta a dar, eu ia aquele jantar custasse o que custasse.

-Obrigada, Astoria. - agradece Sam antes de olhar novamente o relógio. -Agora preciso mesmo de ir antes que seja despedida.

-Espera eu vou contigo. Preciso de ir ao mercado. - esclareço rapidamente ao ver o olhar confuso de Sam.

-Partilhamos um táxi assim. - afirma Sam entrelaçando a sua mão na minha.

-Outra vez sem carro? - pergunta Harry com um sorriso trocista nos lábios.

Desde que nós conhecíamos a Samantha que o carro dela passava mais tempo na oficina do que nas suas mãos, houve até uma vez que ela conseguiu estragar dos carros num espaço de um mês. O número da oficina já estava na marcação rápida do seu celular e tudo.

-Acho que desta vez dei mesmo cabo dele. - declara Sam fazendo com que eu soltasse uma gargalhada, ela dizia sempre aquilo mas ele voltava sempre para as suas mãos.

-Tens que começar a ser ali como a Astoria e dedicar-te ao comboio. - falo divertido ao lembrar-me da mania que Astoria tinha para não andar em nada que fosse carro.

Numa atitude totalmente infantil, Astoria colocou a língua de fora como se fosse novamente uma criança de cinco anos.

-Isso é uma atitude muito feia, Menina Grreengrrass. - falo imitando o nosso professor de filosofia que tinha a mania de carregar nos “rs”, durante os três anos que fiquei com ele aquilo não perdeu nunca a piada.

Desviei-me a tempo do pão jogado pela Astoria que felizmente acertou no chão.

-É melhor irem agora antes que a próxima coisa que vôo seja uma faca. - aconselha Harry levando de seguida uma cotovelada na barriga por parte da Astoria que me fez rir.

-Não quero atrasos, ouviste Harry Potter? - informa Sam fuzilando Harry que sorriu minimamente ao mesmo tempo que coçava a nuca como se tivesse comichão naquela zona.

-Adeus Grreengrrass, Potterr. - despeço-me soltando logo de seguida uma gargalha ao mesmo tempo em que sentia a ser puxado para fora da lanchonete por Sam que tentando esconder não consegui evitar sorrir.

Mantínhamos as mãos entrelaçadas uma na outra, o calor que sentia vindo da mão dela acabava por aquecer a minha outrora fria. Depois de um tempo andarmos em silencio sem nenhum destino em mente sabendo ao mesmo tempo que mais cedo ou mais tarde teríamos que apanhar um táxi para a entrevista da Sam, a mesma aproximou-se mais do meu corpo fazendo com que eu rodeasse o mesmo com um braço aproximando-me mais dela.

-Vais mesmo ao mercado? - pergunta Sam levantando a cabeça para conseguir olhar-me nos olhos.

-Preciso de ir, a minha dispensa está completamente vazia se não fosse a Astoria hoje de manhã não tinha comido nada. - respondo beijando de seguia a ponta do nariz de Sam que estava avermelhada por culpa do frio que fazia naquele dia.

-Podes levar um bolo de chocolate? - pergunta Sam pestanejando várias vezes como normalmente fazia quando queria convencer a Astoria a ir ver um filme de terror.

-Tens a certeza que queres um bolo de chocolate? Não será muito doce para ti? -pergunto ainda não me sentindo convencido com aquela desculpa esfarrapada que Sam usara para esclarecer a minha dúvida dela começar a comer doces.

-Eu quero mesmo o bolo de chocolate. - insiste Sam apertando a minha mão na sua.

-Tudo bem, se desejas assim tanto ficar gorda eu faço-te esse favor. - afirmo numa brincadeira tosca recebendo uma cotovelada na barriga por parte de Sam que só me fez gargalhada mais.

-Draco? - fala uma voz feminina, mas que me era muito familiar atrás de nós.

Sem saber quem me poderia estar a chamar aquela altura, virei-me para trás sendo acompanhado por Sam que não se tinha separado de mim.

A mulher que nos olhava mantinha o seu cabelo castanho preso num rabo de cavalo, mas eu rapidamente reconheci os cachos com que eu gostava de brincar sempre que estávamos deitados nos sofá da casa da minha mãe. Por baixo de toda aquela maquilhagem escura estavam os olhos castanhos avelã que eu admirei em tantos momentos da minha vida, os seus lábios agora avermelhados tornaram-se desconhecidos para mim depois de todos aqueles anos separados, mas eu quase que tinha a certeza que o sabor continuava o mesmo.

-Hermione. - sussurro sabendo que tinha sido ouvido tanto por ela como por Sam que tinha se separado de mim agora.

-Olá Draco.


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Notas finais do capítulo

Que acharam?
Proximo capitulo ser postado daqui a duas semanas.
Por favor comentem.
Kiss, bea



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