A Filha do Presidente escrita por Jess Gomes


Capítulo 4
Casa do Terror


Notas iniciais do capítulo

Carnaval, futebol, não mata, não engorda e nem faz mal (8) "aaaaaaaaah, sua bobinha, então foi por isso que não atualizou sábado, né? Tava curtindo o carnaval e não tava nem ai pra gente!" Pra quem já está pensando assim de mim, quero dizer que não. Sim, eu to aproveitando bastante o carnaval mas esse não é o motivo pra eu não ter atualizado. Parece que os funcionários da minha rede de internet foram curtir a folia também e me deixaram sem internet em pleno final de semana gente, dá pra acreditar? Mas enfim, voltou hoje e eu logo corri pra atualizar. Espero que gostem.



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POR ELA

Era uma tarde de verão. O Sol brilhava forte e seus raios invadiam a antiga casa de madeira, a clareando. Eu corria, minhas pernas curtas se demorando um pouco menos para descer as escadas que rangiam sobre meus pés apressados. Uma folha de desenho sacudia em uma de minhas mãos, enquanto a outra abria a porta sem nenhuma delicadeza. Parei por um segundo na varanda, meus olhos observando toda a redondeza a procura dela. Não demorei muito, afinal lá estava ela, em seu vestido azul florido que se destacava na grama verde. Ela parecia entretida, as mãos servindo de proteção aos olhos enquanto observava o céu. Sorrindo, desci os três degraus que separava a casa do jardim e corri novamente, agitada.

– Mamãe! – Gritei, chegando cada vez mais perto. Ela se virou para mim, assustada. – Mamãe, olha o que eu fiz!

– Ah, que desenho mais lindo, Amellie! – Sorriu, me fazendo dar uma gargalhada de satisfação. – Quem são?

– Eu, você e o papai. – Apontei cada um, me sentando ao seu lado.

– Pelo menos aqui ele está presente. – Ela resmungou baixo, e eu a encarei, séria.

– Você também me abandonou. – Declarei, minha voz de repente se tornando diferente daquela de criança que eu usava há pouco. Surpresa, mamãe desviou os olhos castanhos do desenho para mim.

– Amy, eu...

– Você também me abandonou, mamãe, como pode? – Questionei, minha voz saindo calma, porém magoada. Ela colocou a mão em meu ombro e abriu a boca para falar novamente, mas eu impedi. – Me deixou aqui com ele! Por quê, mamãe? Você sempre me disse que ele não me amava, que ele não me queria. Então me largou aqui sozinha com ele!Isso é errado. – Garanti, agora com raiva. Porém ela me olhava sem expressão, como se não me ouvisse. Colocando a outra mão no ombro que sobrara, ela gritou.

– Acorde, Amy. – Disse, me sacudindo. Eu a encarei confusa. – Acorde, Amy! Amellie, acorde!! – Gritou no meu rosto, e eu abri os olhos assustada, dando de cara com os azuis de Dylan.

– Nossa, cheguei a pensar que você tinha morrido. – Ele me soltou, se afastando da cama. Apoiando-me sobre um braço, olhei para o meu quarto. Então era só um sonho. Mas parecia tão real. – Amellie, está tudo bem? – Parkes perguntou me olhando preocupado e eu assenti, só então reparando que ele tinha entrado no meu quarto, mesmo eu tendo trancado a porta ontem.

– Como você entrou aqui? – Disparei, sentando-me na cama. Ele tirou uma chave do bolso e a ergueu pra mim.

– Seu pai me deu para casos de emergência. Tipo se você tentar se matar tomando trinta comprimidos e tal...

– E qual é a emergência? – Arqueei as sobrancelhas.

– Eu quero te levar a um lugar. Vamos, se vista. – Arrancou o lençol de cima de mim, me fazendo dar um gritinho.

– Vai me levar a algum casamento pra essa pressa toda? – Resmunguei, levantando e caminhando até a porta do banheiro. No entanto, parei na metade do caminho e me virei pra ele, que me olhava com cara de tacho. – Parkes, cai fora.

– Ok. To te esperando lá fora. – Assentiu, atravessando meu quarto até a saída. – Não demore, senão eu venho te buscar. – Gritou antes de fechar a porta e eu revirei os olhos, entrando no banheiro. Tomei um banho rápido, escovei meus dentes e fui pro closet, escolhendo uma calça jeans rasgada, uma blusa leve de tricô marrom, sapatilhas pretas e um chapéu bege. Peguei um Max colar de pedra branca e algumas pulseiras. Passei uma maquiagem básica e peguei minha bolsa preta de franjas que estava encima do sofá.

– Graças a Deus! Pensei que você tinha dormido de novo no chuveiro. – Dylan reclamou assim que eu abri a porta e eu franzi o cenho.

– Exagerado. – Apontei e ele deu de ombros, me puxando pela mão.

– Vem, vamos logo.

– Mas eu nem tomei café da manhã. – Choraminguei.

– Eu te compro algo no caminho. – Respondeu rapidamente, enquanto me levava pra fora da mansão. Entramos no carro dele – um corolla preto – e Parkes acelerou. Ainda sem entender o que estava acontecendo, liguei o rádio e fiquei cantarolando junto com as músicas. Dylan parou rapidamente na Starbucks e voltou pro carro trazendo um cappuccino e waffles, que eu comi com muito gosto. Andamos mais algum tempo para fora da cidade, ele em silêncio e eu atacando meu café da manhã. Quando o corolla finalmente parou, eu não podia acreditar no que eu via.

– Não acredito que você quase me arrastou de casa pra me levar num parque de diversões! – Exclamei, encarando a grande placa que anunciava “Six Flags!” em letras garrafais. Me ignorando, Dylan saiu do carro e eu o segui, bufando. – Fala sério, Parkes.

– Se não está feliz pegue o carro e volte pra casa, Amellie. – Ele mostrou a chave pra mim, irritado. Eu fiquei parada. – Foi o que eu pensei.

Ele continuou andando até a entrada do parque, e eu fui atrás, ainda quieta. Eu ainda o seguia enquanto observava os brinquedos, até que ele parou.

– Eu quis vir mais cedo por causa dos paparazzi. – Explicou e eu assenti, culpada.

– Me desculpe, Dylan. – Respondi, colocando as mãos no bolso de trás da calça. Eu não estava acostumada a pedir desculpas, e isso realmente era uma coisa desconfortável para mim.

– Tudo bem. – Sorriu fraco e eu fiz o mesmo. – Qual brinquedo você quer ir primeiro?

– A montanha russa! – Gritei como uma criança feliz e Parkes riu de mim, já indo comprar a ficha. A questão é que eu sou louca em parques de diversão. No início eu posso até ser uma pessoa normal, mas depois do primeiro brinquedo eu meio que encarno uma menininha imperativa de oito anos e quero ir em todos. E foi exatamente isso que aconteceu. Depois da montanha russa, convenci Dylan a ir na montanha russa, no gigantesco tobogã, no carrinho de bate-bate, no chapéu mexicano entre outros. Estávamos finalmente descansando perto de uma barraca de esfirras quando algo me chamou atenção. Um pouco mais atrás do resto dos outros brinquedos, uma grande e antiga casa se destacava. Uma grande placa com palavras em efeito sangue diziam “Terror mansion! Sobreviva se puder”. Sem conter minha animação, cutuquei Dylan que atacava sua esfirra coberta de chocolate.

– Eu quero ir lá. – Apontei pra casa e Dylan seguiu meu dedo, arregalando os olhos ao avistar o que eu mostrava.

– Por que a gente não vai no “Acerte o pato”? Parece mais legal. – Desconversou e eu rolei os olhos, cruzando os braços. Sabia ser bem insistente quando queria.

– Tá com medinho, Parkes? – Impliquei e ele fechou a cara na hora. Touché.

– Vou te mostrar quem tá com medo aqui. – Resmungou, indo comprar as fichas e eu gargalhei. Feliz da vida, o acompanhei enquanto andávamos até a casa. Os degraus que levavam a varanda eram de madeiras podres e rangeram sobre nossos pés. Não havia mais ninguém na fila e ficamos esperando apenas a última família sair. Quando a mesma abriu a porta, um homem e uma menina rindo de um garoto de mais ou menos dez anos que lacrimejava, o fiscal nos olhou.

– Nada de gravidez, epilepsia, problemas do coração, fobias ou coisas do tipo? – Questionou e nós negamos com a cabeça. Em seguida, ele nos entregou duas lanternas e sorriu de lado. – Bons sustos e torçam para saírem vivos!

Dylan revirou os olhos e eu apenas gargalhei. Ao ver que meu segurança não tomaria a atitude, coloquei a mão na maçaneta e a girei, abrindo a porta que rangeu. Nós dois entramos e encaramos a escuridão a nossa frente.

– Acho que é agora que nós ligamos a lanternas, certo? – Comentei e Parkes bateu a mão na testa, como se só agora se lembrasse. Acendemos e logo longas faixas de luz clarearam partes do que parecia ser uma sala. Uma música lenta e horripilante tocava de fundo e a porta atrás de nós fechou com força, me fazendo dar um pulo.

– Quem está com medinho agora? – Dylan zombou e eu bufei.

– Idiota. – Resmunguei dando alguns passos a frente e clareando as coisas ao meu redor. É, nós definitivamente estávamos em uma sala. Grandes panos encardidos tapavam os objetos presentes no lugar. Dylan focou sua lanterna nas paredes e logos porta retratos começaram a aparecer. Todos mostravam uma família grande e feliz – um homem, uma mulher e duas meninas que pareciam ser gêmeas -, mas, conforme ele passava a lanterna, as imagens mudavam e mostravam os pais mais velhos e apenas uma das gêmeas. Todos tinham expressões tristes e cansadas.

– O que será que aconteceu com a outra? – Perguntei e Parkes deu de ombros. Continuei caminhando pela sala, ao redor dos sofás até que minha luz focou algo e eu parei. – Dylan. – Chamei baixinho, ainda encarando os dois furos no pano branco. Olhos imensamente azuis me observavam sem piscar, e o pano levantava e subia de acordo com a respiração da pessoa. Dylan se aproximou dos dois furos lentamente. Por um instante, nada aconteceu, mas quando ele se inclinou para tocar o pano, o mesmo levantou dando um grito, me fazendo gritar junto. Parkes pulou para trás, assustado, mas segundos depois gargalhava.

– Ok, essa deu medo. – Comentou e eu ri baixo, pegando em seu ombro. Abandonamos a sala e seguimos pela escada rodeada de teias de aranha. A mesma era em espiral e também rangia sobre nossos pés. No andar de cima, demos de cara com dois corredores longos, que formavam um “V”.

– Para que lado nós vamos? – Encarei-o e Dylan deu um sorrisinho, se afastando de mim. Merda.

– Que tal irmos cada um para um lado? – Retrucou e eu arregalei os olhos.

– Não! – Eu exclamei, assustada com a ideia. Parkes riu.

– Você não queria liberdade?

– Isso não tem nada a ver com liberdade. – Franzi o cenho e ele deu de ombros.

– Tudo bem, miss sem graça. – Ele resmungou indo pro corredor da direita. Não sei porque, mas de repente eu já pisava duro em direção ao corredor da esquerda.

– Quem chegar na escada primeiro vence! – Gritei pra ele, que sorriu.

– Desde quando é uma aposta?

– Desde agora. – Sorri de volta e não esperei sua resposta, adentrando o corredor.

Quando eu digo que ele era longo, ele era realmente longo. Parecia mais um labirinto, pois dava muitas curvas e eu não conseguia enxergar muito a minha frente, por causa da lanterna. A porcaria da música de terror continuava tocando, e eu sempre tinha a sensação de que havia alguém atrás de mim. Eu já estava começando a desistir dessa história de aposta quando algo no fim de um dos corredores me fez gelar. De novo. A alguns metros de mim, uma menininha idêntica a uma das gêmeas estava parada. Ela usava uma camisola que um dia fora branca até o chão e estava coberta de sangue, e em uma das mãos segurava um ursinho sem os olhos, enquanto na outra segurava uma faca. Grande. Eu não sabia se ela era a gêmea que tinha morrido ou tinha matado, mas, mesmo sabendo que era mentirinha, qualquer uma das opções me assustava. Tentando manter a calma, eu comecei a dar lentos passos para atrás. Ela continuaria lá, não é?

– Ok, Amy, apenas se vire e vá embora. – Sussurrei pra mim mesma, já virando nos tornozelos quando algo me arrepiou todos os pelos do corpo. A merda da gêmea estava se mexendo. Rápido. Vindo na minha direção. E eu não conseguia ir embora! Esquecendo completamente que aquilo era só uma brincadeira, eu peguei fôlego e gritei. – Ai meu Deus! Socorro!

A menininha já quase me alcançava quando Dylan apareceu no outro lado do corredor, a arma em punho. Arregalei os olhos e gritei para impedi-lo. Mas foi em vão. Um milésimo depois o som de tiro ecoou pelo corredor e a garota caiu dura a minha frente.


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Notas finais do capítulo

O que foi essa cena, hein gente? Será que o Dylan realmente matou a menininha? Hmmm, próximo capitulo, gente, próximo capitulo. Bom, espero que tenham gostado, COMENTEM, e um ótimo carnaval pra todos vocês! Beijinhos.



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