Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 48
- Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

Oiie..

Dessa vez não demorei tanto, mas fiz esse Capítulo correndo u.u

Comentem o que estão achando, please. Comentários me animam.

Beijinhos e boa leitura.




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Vi Kane na sala de casa, deitado no sofá. Não conseguia ver seu rosto, estava tampado com seus cabelos, não quis incomodar. Mamãe estava sentada de costas para mim, seus braços apoiados no balcão se mexiam e a cada movimento um barulho de faca batia no granito escuro. Eram movimentos precisos e pausados. Fui em direção a ela, a casa estava tão quieta, o único barulho vinha da televisão, que parecia estar em mínimo volume.

Quando rodeei o balcão para ficar de frente com minha mãe, não consegui ver seus olhos, uma franja tapava eles. Uma franja que ela nunca havia tido.

– Mãe? – A chamei.

Mamãe não me respondeu, continuou cortando a cenoura em pequenas rodelas.

– Mamãe? – Insisti.

Sua franja era tão cheia e negra. Me aproximei dela com passos pequenos e vagarosos, estiquei o braço para puxar sua franja de lado, meu corpo paralisou. Mamãe não tinha olhos, apenas dois buracos escuros no rosto. Ela abriu a boca em um grito e movimentou a faca com mais rapidez, olhei para baixo e a vi cortando os próprios dedos. Gritei para que parasse, mas ela não ouvia.

Corri para a sala, puxei Kane pelo braço. Queria avisá-lo sobre nossa mãe. Queria dizer o que havia visto. Queria ajuda-la, mas Kane não se mexeu. Seus cabelos escorregaram pelos lados e vi que ele não tinha face. Um susto me fez tropeçar e cair no chão da sala.

– Acabou para você. – Mamãe gritou. – Acabou para nós, querida. – Ela atravessou a sala com a faca em sua mão. Apesar de não ter olhos, lagrimas escorriam. – ACABOU.

Meus olhos se abriram e pude ver o ambiente completamente diferente do que havia visto a dois segundos atrás. Minhas mãos estavam amarradas nas costas de uma cadeira, meus pés amarrados nos da cadeira. Mamãe e Kane dormiam do outro lado da sala. Eu havia tido um pesadelo e agradeci por sido apenas um sonho ruim, mas a vida real não estava muito boa.

Minha cabeça estava doendo, uma dor leve, mas incomodava. A porta estava fechada e apenas eu, mamãe e Kane estavam na sala. Me contorci algumas vezes tentando me soltar, mas foi pera de energia. As cordas estavam presas em nós bem feitos.

Respirei fundo por alguns minutos e tentei escapar novamente, sabia que não iria adiantar, mas minha força de vontade era maior.

A porta se abriu bruscamente. Hants entrou primeiro e em seguida dois homens apareceram segurando o Jess pelos braços. Mamãe e Kane acordaram com o barulho.

– Tentando afrouxar as cordas, querida? – Hants perguntou, sua voz me fez estremecer.

Jess parecia cansado, jorrava raiva dos seus olhos. Seu lábio inferior estava com um pequeno corte e seus cabelos bagunçados. Quando o vi, meu coração bateu mais forte. Com ele eu me sentia mais segura.

– Coloquem-no na cadeira. – Ordenou o detetive Hants, puxando uma outra cadeira, deixando-a de frente para mim.

Jess deixou que levassem ele para a cadeira, mas sua expressão não era nada amigável. Ele me encarou, seus olhos de culpa e ódio encontraram-se com os meus. Eu sorri para ele, mas ele não viu. Ele desviou o olhar, estava preocupado demais em observar Hants e seus homens.

O homem mais forte pegou os braços de Jess e os colocou para trás, amarrando forte. Também amarraram os pés dele.

– Resolveria isso com você. – Jess disse, com os olhos focados no detetive Hants. – Sem problema algum.

– Não temos tempo para ouvi-lo latir. – Hants disse frio. – Agora estão frente a frente, uma cena um tanto romântica. – Ele sorriu. – Mas vai melhorar quando nenhum de vocês estiverem respirando.

– Desgraçado. – Jess rosnou. – Me tire daqui e lhe mostrarei a verdadeira dor que um demônio pode sentir.

– Não faça piadas. – Hants se aproximou de Jess. – Deve culpa-la. – Ele apontou o indicador para mim. – Ela é culpada de tudo isso.

– Seu desgraçado. – Jess gritou.

– Sem ela, você viveria o pecado com seus irmãos e Philip estaria vivo. – Hants puxou um canivete do bolso. – Mas preferiu a ela do que a nós, acabou matando meu filho, nos traiu. – As feições em seu rosto mudavam a cada palavra. – Vou lhe machucar muito.

O detetive Hants afundou a ponta do canivete no braço de Jess, fazendo-o ranger os dentes de dor.

– Pare. – Gritei.

Hants puxou o objeto cortante e o segurou na altura de seu rosto. Não conseguia ver minha mãe e meu irmão, Jess tapava minha visão com seu corpo, mas conseguia ouvir os gritos abafados. Seu braço estremeceu quando Hants tirou o canivete e a gota grossa de sangue escorreu pelo seu braço até eu não conseguir mais ver.

Hants limpou a lâmina na minha calça e duas manchas pintaram a coxa do me jeans. Uma gota de lágrima pingou em cima da mancha vermelha, eu estava chorando sem ao menos sentir. Hants guardou o canivete e puxou um telefone do bolso. Resmungando ele levou o aparelho ao ouvido e disse apenas um “Ok”.

– Vamos atrasar isso por mais alguns minutos. – Ele disse. – Talvez tenham sorte. – Ele sorriu, fazendo sinal para os dois homens o seguirem, mas antes de sair, ele parou na porta olhando para mim e Jess. – Aproveitem o tempo para se despedirem. – A porta bateu.

Jess usou toda sua força, mas ele não parecia tão forte como antes. Ele conseguiria arrebentar as cordas, mas não estava dando certo.

– O que fizeram com você? – Ele perguntou respirando forte.

– Está tudo bem. – Falei. – Não me machucaram.

– Certeza? – Ele quis saber, eu assenti com a cabeça. – Sua mãe e seu irmão estão bem? - Ele perguntou tentando ver por trás dele.

– Sim. – Respondi. – Como pegaram você? – Perguntei.

Jess me olhou, sua expressão mudou. Ele limpou a garganta antes de dizer o que ia dizer.

– Eu me entreguei.

– O que? – Gritei. Ele gemeu fazendo cara de dor. - Está ferido? – Perguntei preocupada.

– Isso não importa. – Ele tentou esconder a dor. - Precisamos fazer algo ou as coisas vão ficar feias.

Eu estava tentando pensar em alguma coisa, mas nada saía da minha cabeça. Não tinha ideias, lembrei que Louis estava do lado de fora, mas não seria possível ele ajudar e nem sabia se ele realmente estaria mesmo do lado de fora, até porque eu havia dito a ele para fugir se visse algo estranho. Hanna veio a minha cabeça, precisava contar para Jess sobre ela.

– Hanna está do lado deles. – Disparei.

Jess parou de se remexer na cadeira e me encarou com seus olhos escuros.

– O que? – Ele parecia desacreditado.

– Como acharam a casa dela? Já se perguntou isso?

– Não fale bobagem. – Ele disse sério. – Hanna estava todo o tempo do meu lado, ajudando nós dois.

– Ela não é o que parece. – Fechei os olhos por alguns segundos. – Ela pode ser boa para você, mas não para mim. – Um sentimento estranho de ciúmes brotou em mim, mas não era hora para isso. - Quando roubei o carro dela, a vi falando por telefone. – Falei. – Ela não estava ligando para você, agora tenho certeza.

– Você não pensa direito. – Sua voz era fria.

– O que?

– Ela me disse sobre seu surto. – Ele ergueu as sobrancelhas. – Além de roubar o carro dela, você a fez quebrar o vidro da janela.

– Então ela estava mesmo ligando para você? – Engoli seco.

– Sim. – Seu sorriso torto apareceu, mas ele não estava tão feliz.

– Mas como você explica o fato deles saberem sobre o ninho dela?

– Isso é o que eu quero descobrir. – Ele falou, voltando ao que estava fazendo.

– Viu? – Falei. – Hanna disse a eles.

– Eles podem ter descoberto por conta própria. – Jess me irritava tanto quando defendia Hanna, me imaginei socando-o forte no peito.

– Pare de defende-la. – Suspirei. – Ela me disse que aqui era um lugar seguro e que minha família ficaria bem.

– Sim, e era verdade. – Jess gemeu mais uma vez. – Droga. – Resmungou baixo.

– Você está ferido demais para ter força, não é? – Perguntei. Ele não respondeu de imediato.

– Me entregar não deixou as coisas menos piores. – Ele sorriu. – Apanhei um pouco depois.

Me odiei. Talvez minha morte seria um favor para minha família e para o Jess. Tudo que eu conseguia fazer é machucar as pessoas, coloca-las em risco. Me odiei por não ter força o suficiente para concertar tudo isso.

– Não gosto de vê-la chorar. – Jess disse com uma voz calma e acolhedora. Uma lágrima fez cócegas em minha bochecha, só assim percebi que estava chorando.

– Isso...

– Não. – Jess me interrompeu. – Já disse para não falar bobagem. – Seus olhos encontraram-se com os meus. – Sei o que está pensando e eu odeio saber que você se culpa. Pare com isso, ok? – Suas sobrancelhas se juntaram. – Vamos sair daqui.

– Não sei se temos mais chances. – Suspirei.

– Deve pensar como eu.

– Não consigo ser tão otimista assim.

– Consegue. – Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu de lado. – Eu, por exemplo, não vejo a hora de poder beijar você. – Seus dentes apareceram. – Não quero morrer sem ao menos lhe beijar, isso seria tortura, precisamos sair daqui.

Eu consegui rir, mesmo pela situação terrível que passávamos, Jess me deixava feliz. Ouvi um som de reprovação vindo do outro lado da sala, mamãe estava passando por dificuldade, mas não estava surda.

– Desculpe, senhora. – Jess limpou a garganta. – Posso não morrer hoje, mas acho que ela não me deixará vivo por muito tempo. – Ele sussurrou para mim.

– Amo você. – Disse a ele, tentando segurar minhas risadas.


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