Darkness. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 1
Only one - Darkness.


Notas iniciais do capítulo

Primeira história no Universo Tolkien, fugindo excentricamente dele, aliás.



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Não havia saída diante da escuridão.

Caiu, solitária, sobre a pedra gelada. Seu corpo forte já sentia a dor profunda do baque, seus dedos não alcançando a espada que jazia a metros dali. Tão distante da consciência, observava o jovem anão fitá-la com desesperança e afeto, na tentativa de pronunciar seu nome. Tauriel ergueu o pequeno talismã com uma das mãos, trêmulas, como se pudesse entregá-lo ao dono, que sorriu fracamente.

– Você prometeu. - grossas lágrimas escorriam de seus olhos verdes.

Kili fechou os olhos, esperando o abate certeiro. Ao contrário, uma flecha branca atravessou impetuosamente a testa do enorme orc, jogando-o no chão enquanto atravessava as barreiras entre as muralhas. Bolg despencou da fortaleza tão rápido como se nunca estivesse ali. No horizonte, teimava em nascer mais uma manhã de inverno.

– Kili... - Tauriel sussurrou, arrastando-se até ele.

– Meu irmão... - o rapaz disse, aconchegando-se ao lado dela. - Eles mataram meu irmão... - sua voz sumiu entre as frestas das sombras da montanha.

– Eu sei. - A elfa não parecia abalada ao dizer saber qual tinha sido o destino de Fili, e também previra o de Thorin. Sua única preocupação era a vida daquela pequena criatura ao seu lado, o sangue quente escorrendo-lhe o rosto.

Perdê-lo seria perder-se de si. Não negaria, a partir do instante que de tão jovem e imaturo tivesse requerido uma adaga para imobilizar as aranhas da floresta, achando que seria gentil o suficiente para fazê-lo, enganara-se de que aqueles olhos escuros e ansiosos seriam de fato o único mistério por trás de um brilho constante, diferente daquele que tão bem conhecia através das estrelas. Mergulharia milhares de vezes em seu sorriso, apenas pelo prazer de ouvir novamente suas histórias. Assumiria como sua a responsabilidade de trazê-lo de volta para mãe, assegurando sua vida quando necessário, abdicando sua própria raça e princípios para salvá-lo. Desde que soubera de sua promessa, havia testado a fé em seu coração.

Uma única gota sorrateira escapou-lhe, enquanto observava os raios matinais criarem desenhos místicos a arranhar o céu. Lá estaria ele, seu irmão e companheiro, recebido com fartura e alegria por seus ancestrais e, sobretudo, amigos. Fili ia querer que vivesse, que fizesse parte da reconstrução de suas terras, afim de que Erebor retornasse, finalmente, a sua era de fortuna.

Haveria tempo para cantar as glórias do irmão, e transformá-las em lendas eternas. O necessário tornava-se efeito: ergueu-se como pode e, inspirando profundamente, estendeu a mão enluvada para Tauriel. Era impossível não notá-la, aceitando o apoio, parecia aliviada e feliz, sem mais delongas, envolveu seus braços na cintura esguia da elfa.

– Você poderia me amar? - suspirou o anão, a frase entoada pela segunda vez, sentindo nos dedos de Tauriel a acariciarem as pontas de seu cabelo, um sentimento intenso de conforto e carinho.

– Eu estou aqui. - respondeu altiva.

– É a terceira vez que encaro a morte de perto, Tauriel, e você parece lutar contra a natureza que insiste em me afastar, a todo tempo... - sua voz era sonhadora e pessimista. Tauriel apertou o abraço.

– Eu estou aqui. - repetiu. - E, se me permitir, sempre estarei. Tempo é o menor obstáculo entre nós dois. - soltou-o por fim, fitando-o insistente, um sorriso tenro brotando-lhe os lábios com doçura.

Kili estendeu sua mão para ela uma última vez naquele dia, e não permitiu que a soltasse.

– Eu cumpri minha promessa.

Ainda que a batalha não estivesse encerrada, a dor em seu coração ardente e pulsante, estar com ela rendeu-lhe as forças requeridas para continuar. Ele sabia o que sentia, e não tinha medo. Entendia suas palavras quanto às dificuldades que teriam em ficar juntos, tantas diferenças e ideologias sumarizariam o início de uma relação incerta de futuro. Não negaria, a partir do instante que de tão jovem e imaturo, apaixonara-se pela criatura mais bela e pura da floresta, enquanto seus olhos escuros fossem capazes de ver o brilho dos verdes dela.

E para ela, não havia saída diante da escuridão dos dele.


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Notas finais do capítulo

Hão de passar mil anos e eu ainda estarei inconformada com o drástico fim dado a esse casal tão incrível (apesar de ter lido "O Hobbit" e compreender a inexistência de Tauriel).

Estou fascinada pelo encanto desses dois e me sinto intensamente feliz por saber que não sou a única! (vide: tumblr). Acontece que essa trama tem me perseguido por dias até eu conseguir concluir alguma coisa do ship, e de fato produzi um final alternativo pior do que o real, porém, inspirada.

Aos admiradores, por favor, escrevam também.



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