Filhos do Medo escrita por Pégasus


Capítulo 6
Capitulo 6




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Annie acordou e se dirigiu a cozinha onde encontrou Lucy com as mãos na banca encarando a pia.

— Bom dia, luz do sol. - Disse Annie.

Silencio.

— Eu vi tudo ontem, Annie.

— Tudo...?

— Você e seus amigos, lá fora queimando algo, na madrugada. - Dizia ela, alto e claro, sem mudar de posição.

— O quê?

— Pare de mentir pra mim! - Gritou Lucy. - Eu sei o que eu vi!

Annie ficou em silêncio por uns instantes. Depois falou com tom de acusação:

— Sabe mesmo? Por que ontem você me pareceu não saber nem quantos copos de vinho bebeu.

Lucy ficou sem palavras.

— Eu imagino que sua cabeça deva estar fervilhando agora. Talvez quando estiver mais sóbria eu dê ouvidos a suas alucinações.

Lucy sentiu o rosto corar, Annie tinha razão, sua cabeça doía e mal conseguia se lembrar em detalhes do que aconteceu na noite passada.

— É verdade... -Lucy começou a chorar.

Annie a abraçou.

— Shh... Não precisa chorar, isso é normal, acontece com todo mundo, ok?

— Eu não devia ter bebido, eu sou só uma empregada! - dizia chorando nos ombros de Annie.

— Você sabe que não é só uma empregada. - Disse Annie segurando a nos ombros e a olhando nos olhos. - Você é muito importante pra mim, apesar de termos convivido pouco tempo, eu gostei do seu sorriso desde a primeira vez que o vi, e prometi que faria de tudo para poder vê-lo cada dia mais, não importasse o quê.

Lucy nunca pensaria que a tão inatingível e onipotente Annie a veria daquele jeito, ou sequer a consolaria depois de tê-la acusado daquelas coisas absurdas.

— Quer um remédio? - Perguntou Annie.

— Quero.

— Pode ir pro quarto, eu cuidarei de você hoje.

Pareceu conveniente para Lucy concordar com Annie sem fazer rodeios, se sentia fatigada e sem forças para argumentar. Foi para seu quarto e se deitou na cama, não demorou muito para Annie aparecer com um comprimido e um copo d'água, o entregou para Lucy que bebeu de uma vez junto com o comprimido. Annie sentou em uma beirada da cama.

— Obrigado. - disse Lucy parecendo com vergonha.

— Por favor... Depois de tudo o que eu te disse acho que não precisa agradecer.

— Então ... você gosta de mim?

— Acho que sim.

Lucy se levantou e sentou perto de Annie, tocou-lhe o rosto e a beijou. Annie não parecia surpresa.

— Eu te idolatrei desde o momento que te vi. - Disse Lucy.

— Isso, que estamos prestes a fazer, não é contra sua religião?

— Minha religião só ensina sobre amor.

Então Annie avançou em Lucy despindo-a. E ficaram juntas ate a hora de Annie trabalhar.

A cabeça de Lucy realmente estava melhorando graças ao remédio, então levantou-se da cama vestiu uma roupa qualquer e deu uma volta pelo jardim, viu o velho de sempre limpando o labirinto, e pensou em puxar papo.

— Olá!

— Oi, criança. - Disse ele se agachando para pegar algo do chão - cada dia eu acho uma coisa mais estranha que a outra por aqui. - falou observando um relógio masculino.

— Você achou algo queimado?

— Bom...metade desse relógio me parece queimado.

Não pode ser. Lucy pegou o relógio incrédula. Não foi uma alucinação. Suas mãos tremiam e seus batimentos ficaram mais rápidos, sua pele empalideceu, e tudo começou a ficar escuro.

— Você esta bem Srta.? - perguntou o velho, mas Lucy caiu antes que ele pudesse terminar a frase. - Você deve estar perto da verdade, já que não parece estar bem.


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