POV Katie

A concha soou e o jogo começou. Eu nunca gostei do Caça a Bandeira. Eu havia ficado na defesa, como sempre, junto com minha irmã, Miranda, e mais três filhos de Hermes. O problema nisso: dois deles eram os Stolls!

Virei-me para a floresta e esperei. Estávamos em uma pequena clareira, eu e Miranda no chão e os filhos de Hermes pendurados nas árvores.

Ouvi o som de passos e me virei a tempo de ver um filho de Ares vindo à minha direção. Sem perder tempo, pequei a minha adaga e interceptei a espada dele antes que ela me atingisse. Eu não era uma ótima guerreira, era razoável. Mas aquele filho de Ares era muito forte e muito rápido, e ele me desarmou depois de poucos golpes. Eu achei que ele iria pegar a bandeira e sair correndo, mas não foi isso que ele fez.

Ele avançou pra cima de mim. Eu desviei, mas mesmo assim ele fez um corte no meu braço. Recuei para longe do alcance da espada dele, até que bati as costas em uma árvore e ele pôs a espada na minha garganta. Eu achei que ia morrer.

- Ei, seu brutamontes! – Uma voz gritou do outro lado da clareira – Por que você não a deixa em paz?

Tentei ver quem era o dono da voz e me surpreendi quando vi quem havia gritado. Foi Travis Idiota Stoll. Eu o odiava desde sempre pelas pegadinhas que ele fazia comigo. E ele me odiava pela vez que dei o troco. Mas, se ele me odiava, por que ele estava me ajudando?

O filho de Ares atacou e a espada dele se chocou com a de Travis. Eles começaram uma luta agressiva, e o filho de Ares, que depois descobri se chamar Dylan, atacava sem parar. Ele tinha um brilho selvagem nos olhos, queria matar alguém.

Travis estava em desvantagem, já que Dylan era o dobro do seu tamanho. Mas o Stoll era rápido e se desviava com facilidade dos ataques. Enquanto isso, Miranda, Connor e o outro filho de Hermes lutavam contra outros filhos de Ares. Olhei novamente para a luta de Travis e Dylan, e o filho de Hermes estava perdendo. Levantei-me e, com o braço doendo, peguei minha adaga que estava no chão.

Aí do nada, Travis desarmou Dylan, mas o filho de Ares tinha ainda uma adaga na cintura. Ele a pegou e a enfiou em uma brecha na armadura de Travis, na altura da cintura. Ele gritou, largou a espada e caiu no chão.

Dylan ainda estava com a adaga na mão e, antes que ele pudesse fazer mais alguma coisa com o Stoll, fui por traz dele e usei o punho da minha adaga para bater na sua têmpora. E ele caiu inconsciente no chão.

Corri até Travis, tirei o elmo dele e desamarei as tiras da armadura dele para ver o ferimento. Parecia ser bem fundo.

- Seu idiota! Porque fez isso? - Perguntei com os olhos marejados.

- Porque você vale a pena - Ele sussurrou – Porque eu gosto de você, Kit-Kat!

- Pare de falar, vai ser pior- Falei, tirei a armadura dele e pressionei o ferimento para estancar o sangue.

Olhei ao redor e os filhos de Ares estavam inconscientes assim como o filho de Hermes. Miranda e Connor correram até onde nós estávamos.

- Katie, o que aconteceu? – Connor perguntou parecendo muito preocupado com o irmão gêmeo – Travis, Travis! Fala comigo. Fique de olhos abertos, não ouse fecha-los. Travis!

Quíron chegou, viu Travis, agora inconsciente, no chão. Ele galopou até nós e repetiu pergunta de Connor

- Dylan nos atacou e Travis lutou com ele - disse com lágrimas nos olhos.

- Quíron, Travis vai ficar bem? – Connor perguntou com os olhos marejados.

- Espero que sim – Quíron respondeu, colocou Travis no seu lombo e galopou de volta para o acampamento. Connor o seguiu.

- Katie! O seu braço! – Miranda disse e me puxou até a enfermaria.

Um filho de Apolo, que estava cuidando dos feridos, me deu néctar e enfaixou meu braço. Quando eu estava saindo Connor me chamou:

- Katie, Quíron quer falar com você.

- Como Travis está? – Perguntei

- Quíron disse que ele vai ficar bem – Ele respondeu – Só precisa de repouso.

Fui até a sala do centauro e contei pra ele o que havia acontecido na clareira. Quando eu saí, vi Connor fechando a porta de um quarto com um pequeno sorriso no rosto.

- Hei, Kit-Kat – Ele me chamou – Travis acordou e ele quer falar com você – E ele abriu a porta pra me deixar entrar - Ei, Trav. Olha quem veio te ver.

Quando entrei no quarto vi o filho de Hermes deitado na cama, meio pálido e com os cabelos desarrumados, mas ainda com o seu típico sorrisinho de canto. Connor saiu do quarto e fechou a porta.

- Oi Kit-Kat – Ele me cumprimentou – Tudo bem?

- Travis, você levou uma facada, está deitado em uma cama e pergunta se eu estou bem? – perguntei sem paciência e sentei ao lado dele na cama – Como você tá?

- Melhor agora, na verdade – Ele disse pegando na minha mão – Mas sério Katie, você tá bem?

- Só um arranhão no braço. Nada demais. – Respondi – Por que você fez aquilo?

Ele ficou um tempo em silêncio, brincando com meus dedos, e respondeu:

- Eu te disse na clareira – Ele sussurrou – Porque eu gosto de você, Katie. Porque eu estou apaixonado por você! Estou apaixonado pelo seu sorriso, pelo seu cabelo, mas principalmente pelos seus olhos. Pelos seus lindos olhos verdes. Eu gosto de te ver mexendo com as plantas, o jeito como você fica concentrada. Eu gosto muito de você, Gardner! Isso até parece meio gay, mas é verdade. Eu te amo, Katie Gardner!

Depois daquela declaração eu fiquei sem palavras. Eu achei que ele me odiava, aí ele diz que me ama!

- Travis, eu... eu n-não sei o que dizer – Gaguejei – Mas... eu acho que sinto isso por você também. Eu... eu acho... que também te amo, Travis!

Ele esticou a mão, acariciou meu rosto e me puxou pra perto dele. Nossos lábios de tocaram em um beijo casto, e eu senti como se borboletas estivessem voando no meu estômago. Separamo-nos, olhamos um para os olhos do outro e sorrimos.

- Katie Gardner, você... aceita ser a minha namorada? – Ele perguntou e eu o beijei – Isso é um sim?

- Você é um idiota, Stoll – falei - É claro que sim!

Nós rimos e nos beijamos novamente. E eu tive certeza: eu amava Travis Stoll e suas idiotices!