365 Dias escrita por Fleur dHiver


Capítulo 21
O Dia que Sasuke Aboliu os Tomates da sua Vida


Notas iniciais do capítulo

Rufem os tambores que é hoje o meu dia, I'm back bitchs, começando o dia Fleur com esse refresquinho de 365 Dias. ;x
Espero que gostem e se divirtam;*



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Os raios-de-sol invadiam o quarto pelo vão da cortina, iluminando precariamente o aposento silencioso, deixando a vista o curioso montinho de cobertas sobre a cama. Sasuke mantinha-se enrolado e aquecido embaixo de uma manta e dois cobertores jogados por Sakura, tinha começado a transpirar, mas não se livrou de todas as camadas sobre si, enfim a febre estava começando a ceder, o que era um alivio porque não havia nada que odiasse mais do que estar doente.

Em sua última missão no país da Cachoeira acabou enfrentando uma dificuldade inesperada graças a equipe medíocre que o acompanhou. Conseguiu lidar com todos os inimigos que surgiram, porém o último, antes de ser nocauteado, liberou uma estranha fumaça no ar.

A princípio pensou que fosse um artificio para despistar, mas ela se dissipou rápido e não encobriu ninguém. Foi durante o caminho de volta para casa que percebeu que aquilo não tinha sido disfarce e que a fumaça era provavelmente tóxica, pois, estranhamente, seus companheiros começaram a adoece, e não demorou para que ele mesmo começasse a se sentir estranho.

Arrastaram-se até Konoha apenas para descobrir que tinham sido envenenados e o efeito era curioso e preocupante, deixava a imunidade, de quem inalasse a substância, baixa quase nula, suscetível a qualquer doença ou parasita que estivesse no ar.  

Sakura e Tsunade fizeram um exímio trabalho para combater seja o que fosse que causava aquilo. Não entendia bem, mas tinha algo atacando os anticorpos do seu organismo. Além do antídoto precisou tomar diversas vacinas para prevenção de ene doenças, ainda ouviu que teve sorte, pois se estivessem distante ou próximos a algum lugar tendo surto de alguma doença poderia ser fatal. A garota de sua equipe precisou ser internada e o outro ficou em observação por 72 horas.

Seu único problema foi uma gripe que o derrubou não poderia ser curada, seu corpo precisava combate-la sozinho. Não conseguia recordar-se da última vez que ficou doente, talvez na infância e isso era tão frustrante, não podia evitar a sensação de impotência, algo tão idiota o tinha acamado.

Suspirou, afastando algumas mechas da testa molhada. O som de ruídos a porta do quarto atraiu sua atenção, virou a cabeça em direção a entrada do aposento a tempo de ver Sakura surgindo, com dificuldade, trazendo uma bandeja em suas mãos, tentou não vacilar perante aquela visão preocupante.

Ela fechou a porta com pé, ajeitando a postura, assim que notou o olhar de Sasuke sobre si sorriu.

— Oh! Que bom que acordou! Como está se sentindo? — Pôs a bandeja no criado-mudo, acomodando-se ao seu lado da cama.

— Bem.

As mãos delicadas tocaram a testa e pescoço dele, não admitiria em voz alta, mas tinha um profundo desejo de agarra-la sempre que assumia sua postura de médica dedicada.

— A febre cedeu; tem forças para comer sozinho? — Podia ver o sorrisinho ansioso no rosto dela, provavelmente estava desejosa de alimenta-lo, apesar de quase nunca lhe negar seus caprichos, isso já era demais para ego dele.

— Estou — afastou as cobertas, ajeitando-se na cama, Sakura arrumou a bandeja em seu colo —, obrigado.

— Preparei sopa de tomate. — O sorriso dela era de ponta a ponta, enquanto Sasuke esforçava-se para não fazer uma careta. — É nutritivo, de fácil deglutição, além de ser seu prato favorito. — Segurou a vontade de grunhir, primeiro porque seria indelicado; segundo porque não era do seu feitio; terceiro porque magoaria Sakura e isso era o que ele mais desejava evitar.

            O problema não estava no prato, de fato era seu favorito; tomate era sua fruta favorita e tudo que provinha dele Sasuke comia sem reclamar. No entanto Sakura, apesar de insistir e teimar não sabia cozinhar. Algo que ele sempre soube e nunca esquentou a cabeça. Ela não sabia cozinhar, e daí? Poderia cozinhar para os dois, ou comer fora, só comprar alimentos de preparo instantâneo. Sasuke não veria dor de cabeça nisso se ela não insistisse em continuar a prepara as refeições.

Aparentemente em algum devaneio/sonho juvenil ela se viu sendo a kunoichi brilhante – que era; e eximia dona de casa, com o marido (ele, Sakura nunca sonharia com outro) e os filhos prontos para se deliciarem com suas guloseimas maravilhosas. Reunir-se-ia com as amigas para trocar receitas; prepararia para seus filhos, quando ainda bebês, as próprias papinhas, reclamando das industrializadas; a elogiariam por ser uma mulher tão incrível, profissional tão impecável e esposa tão dedica. Saberia cozinhar de tudo e mais um pouco e no final, como os filhos já crescidos, seria uma nona.

Não que ele soubesse o que significava ser uma “nona”, era um termo estrangeiro e ele a ouviu dizer quando seu macarrão caseiro ficou com um gosto metálico e papado, ela suspirou um “Nunca serei uma nona descente”.

É obvio que sabendo preparar alguns pratos, tentou ajudá-la a melhorar, porém todas as vezes em que começavam a cozinhar juntos de alguma maneira, eles terminavam nus deitados no chão; em cima da mesa; da pia; do fogão; em frente a geladeira. Faziam de tudo, menos cozinhar. Anatomia Humana sempre se mostrava uma matéria muito mais interessante que Culinária.  

Levou a colher a sopa, remexendo o caldo grosso com receio. Uma qualidade que nunca poderia deixar de exaltar em Sakura era a persistência, qualquer um em seu lugar já teria desistido, mas ela não. Treinava, insistia e perseverava. Ela tinha melhorado e muito nas refeições rotineiras, mas quando se prestava a fazer algo novo desandava. Suspirou levando uma colher a boca, sufocou a vontade de cuspir tudo de volta, fechou os olhos com força e engoliu.

Na situação dele, não tinha muito o que fazer, a não ser comer.

— Está ardida... — e queimada; e com forte gosto de alho que passou do ponto, mas guardou essas opiniões para si, Sakura ficava muito sensível com relação a sua comida.

— Tome um suco, é que, bem, depois de provar tantas vezes — mexia as mãos nervosamente —, eu não percebi que o gosto ficou forte. Tinha até achado que estava melhor, apesar de ter ficado muito grossa. — Sakura fitou o prato e coçou o queixo. — Já sei! Tem um livro que fala como amenizar os gostos e...

— Não! Tudo bem. A comida tá... — fitou sua sopa que parecia molho de alguma coisa, levando outra colherada a boca — dá para comer...

— Fico tão feliz em ouvir isso. Porque com você assim doentinho eu pensei em preparar só pratos com tomate para te agradar. — O sorriso dela era belo demais para ele estragar, engoliu a terceira colherada na marra, pensando que o agradaria mais se desistisse de tudo isso, mas, enfim, não poderia pedir.

            Já tinha tentado e foi um sério problema para seu casamento, sua mente e sanidade.

— Não precisa cozinhar nada. — deu um de seus mínimos sorrisos, fazendo com que o dela se tornasse luminoso, puxando-a pela manga da blusa. — Fique aqui.   

— Sasuke-kun — o chamado dela foi quase um ronronado, tocou o pescoço de sua esposa com a ponta do nariz —, pare ou não terei forças para descer...

— Não quero que desça.

— Mas eu devo. — E essa frase pareceu dar forças a ela que conseguiu se desvincular das mãos endiabradas, ajeitou a blusa, as bochechas afogueadas. —Você está doente, requer de cuidados em todos os aspectos, não posso vacilar com a sua alimentação.

Com resignação ele se voltou para a sopa, tomando colherada por colherada com um esforço tremendo. Tentava pensar naquela refeição como um treinamento de resistência, estava perserverando se tornando mais forte. No final do prato, sua boca ardia com um gosto forte e amargo. Estremeceu e deu uma leve tossida. Sakura tirou a bandeja de seu colo e ele voltou a deitar na cama, fazendo uma leve careta.

Durante as primeiras colheradas o seu suco acabou e ela desceu para pegar mais, ao todo foram três copos refeição tinha tomado três copos de suco e a ainda assim a queimação não dava trégua. Sua língua continuava incomoda, tomar mais liquido não faria diferença.

— Está sentindo alguma coisa? — Fitou-a com atenção, a expressão dele deveria demonstrar algo porque ela parecia preocupada. Meneou a cabeça em resposta. — Quer que eu faça algo?

— Não. Estou bem.

Não houve insistência por parte dela, sozinho no quarto outra vez acabou dormindo. Acordou horas mais tardes com duas mãozinhas delicadas apertando seu braço, levantou-se para o banho com Sakura em seu encalço, ainda desejando que pudesse fazer com ele o que faria com uma criança. Mas não seria assim, não deu banho, mas tomou ao ser puxada para dentro da banheira quando insistia em querer esfregar as costas dele.

Foi obrigado a sair da água com seus dedos enrugaram, sobre fortes reprimendas de Sakura alegando que não faria bem a saúde dele aquela estripulia. Sasuke não ligava, não dava a mínima, ameaçou agarra-la e leva-la para a cama, mas ela conseguiu escapar como um felino, saindo do quarto para buscar o jantar.

Minutos depois Sakura voltava com uma bandeja nova em mãos, não era sopa, era tomates recheados, na primeira dentada o soco foi certeiro.

— De onde estão vindo essas receitas?

— Do livro que eu encontrei nos nossos presentes de casamento. — Sasuke desejou com todo o seu fervor que a pessoa que ousou presenteá-los com tal livro estivesse sofrendo agora, sofrendo muito. Mil anos de dor para ela.

Tinha algo cru no recheio, mas não disse nada, comeu os três tomates que ela levou e para mostrar que estava melhor, recolheu a bandeja e procurou o resto dos tomates recheados e dos tomates comuns na geladeira, jogando todos fora. Quase um crime, ou melhor, era um crime, ele se sentiu um criminoso largando o saco na lixeira, mas era para um bem maior, Sakura não poderia continuar a estragar o gosto de sua fruta favorita. Que ela o fizesse comer qualquer coisa queimada, meio cru, apimentada, menos tomate.

Acordou no dia seguinte sentindo o cheiro de algo queimando, jogou as cobertas para o lado, saindo do quarto às pressas, o odor se tornando mais forte a cada passo. A casa parecia empesteada, ao chegar no corredor viu a fumaça saindo da cozinha, a janela de correr escancarada e Sakura abanando para fora.

— O que aconteceu aqui? — Ela saltou largando o pano de prato que usava e se virou, no fogão tinha um frigideira e algo parecido com carvão sob uma travessa.

— Eu deixei o óleo ficar quente demais. — Deu um sorriso sem graça, correndo para travessa e jogando fora o que tinha sido sua primeira tentativa. — Mas não se preocupe, seus tomates empanados vão ficar uma delícia.  

Tomates? Ao som da palavra Sasuke ficou alerta, procurando na bagunça da cozinha as novas vítimas da sua esposa, encontrou-os sobre a bancada, próximos a pia, junto com uma porção de outras frutas e legumes que ela parecia ter comprado. Vermelhos, redondos e suculentos, nem sabiam que estavam prestes a ser chacinados.

— Sakura, eu tenho uma coisa para lhe dizer. — As palavras tinham um gosto amargo em sua boca a impressão que tinha era que haviam arranhado toda a sua garganta, mas isso era besteira.

— O que foi, Sasuke-kun?

— Bem, eu... — fitou os olhos verde cheio de expectativas e em seguida as próximas vítimas de sua esposa — eu enjoei de tomates.

A boca de Sakura formou um perfeito ‘O’ ela observou a cozinha a sua volta, o livro largado na mesa e todos os utensílios sobre a pia, parecia estar em dúvida sobre o que fazer agora.

— Já me sinto bem melhor, podemos comer fora. — Como se tivesse sido tragada de volta a realidade, ela piscou algumas vezes antes de sorrir.

— Claro! E já que você não quer mais tomates assim que a gente chegar eu vou me dedicar uns pratos super diferentes que eu quero praticar.

O Uchiha suspirou e apenas concordou com a cabeça.

— Certeza que tudo vai ser uma delícia.  

 

Página: Fleur D'Hiver


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Notas finais do capítulo

E ai? Sofrendo junto com o Sasuke? Rindo do sofrimento dele?
Agradeço por comentarem, favoritarem e acompanharem minha história.