Tamborilou os dedos no joelho, soltou o ar que prendia nos pulmões e analisado o carpete aos seus pés. Se as coisas continuassem daquela forma, iria se atrasar e não podia, de forma alguma, se atrasar.

Fitou o relógio sobre o criado mudo, faltavam dez minutos para o horário marcado. Levantou-se, não dava mais para continuar com aquilo.

— Já chega, Sasuke-kun. — Cruzou os braços em frente ao corpo e observando as costas dele. — Está tudo certo, eu já chequei minha bolsa três vezes e você já deve ter feito isso umas quinhentas vezes. Tudo que eu preciso está ai, ok?

O Uchiha suspirou, segurando a alça da mochila branca. Sakura estendeu os braços para pega-la, mas ele a recolheu. Colando-a em seu corpo. Era sempre assim, todas as vezes que ela ia sair em uma missão que ele e o Naruto não estavam envolvidos acontecia o mesmo ritual.

Sasuke ficava paranoico. Não dormia direito na noite que antecedia a viagem, ficava repassando com ela o que deveria fazer, o tempo de viagem e as rotas de fuga. Ele fazia questão de pesquisar os locais e todos os possíveis caminhos de volta para Konoha caso algo desse errado. Quando a missão era secreta então, ele só faltava subir pelas paredes ou invadir o escritório do Hokage.

Isso era cansativo e exaustivo, no começo achava fofo toda a preocupação, mas as vezes parecia que ele não acreditava nas capacidades dela, já haviam discutidos diversas vezes por causa disso e parecia que iam para mais uma bela discussão.

— Eu preciso da minha bolsa...

— Não gostei muito dessa missão, sabe... Deveria ter mais preparo, quer dizer pode ser uma epidemia...

— Se não chegarmos logo, será uma epidemia. Entregue-me a bolsa! — Tentou ser o mais gentil possível, aproximando-se bem devagar, mas como sempre ele se tornava escorregadia e se esquivava.

— Falarei com Kakashi, ele está louco em mandar uma escolta tão pequena, para o número de médicos selecionados.

— Sabe, nós iryou-nin, temos a incrível capacidade de se defender quando necessário. Isso eu mágico eu sei.

— Não deboche. Estamos falando sobre a sua segurança.

— Não! Estamos falando sobre a sua paranoia. — Sem aviso ela jogou-se as costas dele. — Quero a minha bolsa. — Sasuke, inclinou o corpo para frente, Sakura não era um peso para ele, manteve a bolsa colada ao seu tronco, enquanto seus olhos eram tapados e seu ombro mordido.

— Acho que você não a quer e sim me excitar.

— Sasuke-kun, eu tenho uma missão!

— O que o Kakashi vai fazer se você não for? Fique comigo e teremos mais uma maratona, sem roupa alguma. — Mordiscou a nuca dele, vendo-o amolecer.

— Fale mais, sobre ficar sem roupas. — Largou a bolsa aos seus pés em frente ao sofá e puxou Sakura para o seu colo, abocanhando os lábios rubros dela.

— Podemos fazer uma reprise da lua de mel, foi divertida não foi? — Deslizou os lábios pelo pescoço dele, mordiscando, retirando sua blusa, Sasuke estava deixando-se levar pelo momento e era tudo o que Sakura mais queria, tinha esquecido completamente da bolsa.

Com cuidado ela enrolou a alça em seu pulso e deslizou para o lado, quase deitando sobre o sofá, mas antes que ele viesse para cima de si, a Uchiha girou para fora do móvel, erguendo-se em um salto e usando chakra correu para fora de casa.

Sabia que ele era mais rápido e mais forte que ela, mas não podia deixar que Sasuke atrapalhasse mais uma missão sua. Cruzou a primeira esquina, quando estava prestes a cruzar a segunda, seu pulso foi segurado.

— Sakura!

— Sasuke-kun!

O Uchiha estava irritado, Sakura não deveria ter feito aquilo. Como ela pode? Quase um crime.

— Como pode...

— Eu tenho uma missão e....

— Sair sem se despedir e.... — Soltou uma pequena risada, abafando-a com as mãos, sabia o quanto ele detestava que rissem dele. Passou os braços em torno do pescoço dele, beijando o canto dos lábios de Sasuke.

— Eu nunca canso de me surpreender com você. — Um pequeno selinho foi dado e logo em seguida beijou a testa dele. — Estou indo, Sasuke-kun, mas logo mais eu volto.

Sua cintura foi circundada e um beijo foi depositado no topo da cabeça dela. Sasuke permaneceu por um tempo agarrado a ela, sinceramente não queria que ele se afastasse, mas eventualmente isso aconteceu. Um último beijo foi dado até que ela tomou o caminho em direção aos portões e ele a acompanhou com os olhos até a silhueta delgada sumir.

Dias difíceis estavam prestes a vir, dias sem Sakura.