O REVERSO DA MEDALHA - Fanfic Express escrita por Serena Bin


Capítulo 6
Estamos em Guerra!


Notas iniciais do capítulo

Olá lindezas da tinha Dani :)
Aqui está mais um capítulo. Esse é um daqueles capítulos super necessários porque é um capítulo de transição. A partir daqui as coisas vão ficar mais tensas para o Peeta.
Eu agradeço aos comentários do capítulo anterior que teve uma boa recepção.
Um salve especial para a Heysisters, o Amauri Filho e para a Rain que carinhosamente - ou não - me apelidou de "Dani disfarçada de Snow".
Espero que gostem.
Boa Leitura.
:)



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Berna Sinclair, uma mulher jovem, por volta de seus trinta anos mantém um olhar frio e penetrante enquanto me encara. A sensação de ser mirado por ela é semelhante a do olhar de Snow. Uma áurea mórbida, algo inexplicavelmente medonho.

– Sou Berna Sinclair - ela se apresenta enquanto entra calmamente em meu quarto.

– Você é o que exatamente? - pergunto por impulso.

Berna olha para os guardas e ri baixinho em seguida seus olhos castanhos encontram os meus e ela responde seriamente:

– Sou, digamos uma pessoa de quem você com certeza irá querer se tornar amigo.

O tom é ameaçador. A maneira como Berna transmite a palavra amigo, me deixa em estado de alerta, porque sei bem o que significam as palavras passeio e amigo em seu vocabulário perverso.

– Porque? - respondo categoricamente, mas não ameaçador - Porque eu deveria ser seu amigo?

– Porque posso te ajudar. - ela responde tocando minha mão de leve, ação que faz com que eu me afaste subitamente - Vamos, você ainda não respondeu ao meu convite, não é elegante deixar uma dama esperando.

Eu a olho desconfiado, mas sou coagido a segui-la pelo corredor afora. Estou fraco e debilitado demais para me opor então quando os guardas me arrastam até uma sala grande, eu apenas vou.

A sala é realmente maior do que imaginei. Meus olhos ainda muito inchados não me permitem reconhecer os detalhes, mas posso dizer que se trata de algo semelhante a uma enfermaria.

As dores ainda são muito fortes. Minhas costas queimam e cada nova expiração sinto a fadiga cada vez mais forte. Posso garantir que estou tendo algum tipo de luxação interna.

– O que vão fazer comigo? - pergunto vagamente.

– Você vai assistir a um programa especial - Berna responde me prendendo a uma cadeira.

Em seguida sou deixado sozinho na sala. De repente a enorme tela a minha frente ganha vida e através dela posso ver um casal. Os dois igualmente ruivos. Então noto que os conheço de algum lugar, a mulher pelo menos eu sei quem é.
Lavínia, a avox do centro de treinamento. Imagino que este seja um interrogatório, porque há uma mesa grande e algo próximo a um juiz, mas quando a coisa começa percebo que não é um interrogatório, e sim um julgamento. Já condenando as duas criaturas que sem poder divulgar informação alguma, são miseravelmente torturadas

Até que em determinada hora, cansados de tanto silencio, decidem acabar com a garota. Então amarram suas mãos e pés em uma cadeira e molham seu corpo com água.

Um temor frio me acomete, porque a situação toda se assemelha a uma execução. Em segundos, antes que eu possa considerar a hipótese, uma descarga elétrica altíssima explode o coração da garota que tem partes do corpo em chamas pelo choque. Imediatamente o cheio de carne queimada se instala em minhas narinas. É como se eu pudesse sentir a pele clara dela sendo frita.

Um médico conclui o óbvio. Lavinia está morta.

O mesmo ocorre com o homem, mas ele naturalmente mais forte do que ela, resiste por dias até finalmente sucumbir.

Há tanto terror em minha mente que não consigo mais dormir. O modo como morreram chega a ser mais cruel do que o fuzilamento que acompanhei outrora.

Um medo gélido se apega a mim, porque tudo o que posso imaginar é o que a Capital faria se capturasse Katniss. Me pergunto se foi assim que torturaram Johanna Mason, porque as queimaduras em seus braços e pernas se assemelham às queimaduras de Lavinia.

Mas o que realmente me perturba é o porque Snow fez questão de que eu visse essas mortes. Talvez ele queira aterrorizar-me mostrando a mim do que ele é capaz , ou talvez apenas queira se divertir vendo minha angústia, embora eu ache que o que ele pretende mesmo é me avisar de que aquele será o meu destino se eu falhar.

Dias se passam até que eu receba visitas novamente. E quando finalmente acontece eu me encolho num canto e espero.

– Levante-se - alguém ordena - O presidente Snow quer te ver.

O terror. Novamente eu o sinto correr em minha pele. Imagino que a situação esteja fora de controle e de certa forma estou certo, porque toda a conversa com Snow gira em torno das constantes aparições do Tordo . Sou ameaçado de todas as formas possíveis, mas dessa vez não recebo uma surra como de costume, tampouco sou obrigado a assistir alguma execução ao vivo, porém o olhar de Snow esta terrivelmente estranho hoje. Ele não me repreende pelos atos de Katniss, pelo contrário, diz que fiz o possível mas que não consegui pará-la.

Isso é extremamente preocupante porque agora tenho certeza de que eu vou ser executado a qualquer momento. Se Snow não precisa mais de mim, ele certamente vai me descartar, e eu não dou a mínima para isso, me preocupo com o fato de que agora ele não vai atacar o treze por causa da rebelião, mas sim por causa dela. Por causa de Katniss.

– Senhor Mellark - Snow inicia - Fizemos o que estava ao nosso alcance, mas infelizmente não houveram resultados satisfatórios. Eu usei da diplomacia, mas

Katniss preferiu um confronto armado; e está usando armas potentes para derrubar a Capital. Está usando a própria imagem para isso.

O rosto de Snow se mantém num tom sombrio me causando perplexidade.

– E eu tentei matá-la de várias formas - ele continua - Nas arenas, no distrito oito, no treze...mas não funcionou. Eu não tenho mais nenhuma alternativa a não ser criar uma arma contra ela.

– Criar? - questiono.

– Sim - responde - Criar, ou melhor modificar. Entregar a Katniss Everdeen algo aparentemente inofensivo, mas que ao mínimo toque torna-se a mais letal das armas.

As palavras do presidente não fazem sentido algum para mim. Afinal o que ele quer dizer com modificar algo inofensivo?
Pense Peeta, pense. - digo a mim mesmo na tentativa de achar uma resposta.

Entretanto demora até que eu finalmente mate a charada. É uma alusão às amoras; frutas inofensivas mas que modificadas tornam-se letais. Imagino o que ele pensa que pode modificar até virar um ameaça a Katniss.

Não sou capaz de formular uma resposta concreta. Talvez envenenamento, mas a ideia de Snow mandando uma caixa de algo tóxico para o Tordo parece idiota e obvia demais. Tenho certeza de que Snow é mais inteligente que isso.

– O que pretende? Envenená-la? - pergunto só por precaução, mas não obtenho uma resposta imediata porque Snow está rindo com ares de deboche que contagia os guardas presentes na sala.

– Envenená-la? - ele inicia recuperando-se da risadaria - Bem, de certa forma sim, mas não como voce imagina.

– Como eu deveria imaginar? - replico.
Ele vai mata-la aos poucos. Pelo visto Snow é sim muito óbvio.

– Imagine que o veneno que vai matá-la não arderá nela propriamente. - Snow diz gesticulando com as mãos.

– Como assim? - questiono - O que quer dizer?

Snow volta a rir.

– Está curioso demais Sr. Mellark, mas tudo bem, vou lhe satisfazer essa dúvida, Berna mostre ao garoto. - Snow ordena e imediatamente a mulher aparece e me arranca do escritório.

Percorremos um longo trajeto até chegar-mos a um lugar totalmente branco.

As luzes se acendem e tenho a impressão de estar em uma enfermaria.

Não demora muito até que duas enfermeiras me cerquem e começem a enfiar agulhas em meus braços. Meu primeiro impulso é evitar as picadas, porque temo algo venenoso mas quando sinto o alivio imediato das dores, me tranquilizo porque tenho certeza de que a substancia que me administram é morfina; mas existe um momento em que o alivio dá lugar a ardência.

Eu chamo uma das enfermeiras e digo a ela que está ocorrendo, mas ela não ajuda muito, ao invés disso injeta cada vez mais da coisa gelada que me provoca uma dor tão grande que começo a ficar zonzo, sinto minhas mãos formigarem e uma náusea violenta. Então, fadigado eu chamo por ajuda e quem aparece é Berna, dizendo que está tudo bem, depois disso eu apago.

Eu estou na campina . Sou uma criança novamente. É um dia de sol e eu brinco por entre o mato. Mas de repente ouço uma voz aguda me chamando.

– Peeta! Eu vou matar voce! Vou te jogar dentro do forno se voce errar de novo!

Eu olho para a direção de onde a voz chama e quando a encontro eu vejo rosto enraivecido de minha mãe. Furiosa por eu ter queimado o pão. Eu tento correr mas sou alcançado por ela, e acompanho sua boca virar um enorme forno flamejante que me engole vivo.

O fogo queima minha pele e sinto a carne descolando de meus ossos. A dor é inimaginável, tão dificil de suportar que eu grito com todas as forças para que me joguem dentro de um tanque d'agua, mas quando olho para meus braços e pernas me assusto, porque não há fogo algum, mas não consigo refletir sobre isso porque a voz de minha mãe com sua boca de forno ainda está gritando em minha cabeça.

– Eu disse que iria te matar! Eu disse.
Terror, medo e angustia persistem dentro de minha mente. É como se as lembranças do dia em que minha mãe ameaçara me jogar dentro de um dos fornos da padaria tivesse se tornado realidade.

Realidade. Engraçado como sinto dificuldade para discerni-la.

Não sei por quanto tempo fico nesse estado até que eu finalmente seja acordado por uma enfermeira que me tira de meu pesadelo aterrorizante.

Demora algum tempo até que eu pare de visualizar minha mãe com boca de forno dentro do quarto, de modo que quando finalmente volto a algo próximo a normalidade, percebo que ainda estou na sala, mas agora, observando com mais clareza noto que não se trata de uma enfermaria, mas sim de um centro cirúrgico.

Eu toco minha perna para me certificar de que ela ainda está lá, então toco minhas costelas e as conto. Mas fora a dor no pescoço nada parece diferente, exceto pelo fato de que não sei como vim parar num quarto de hospital. Não me lembro de exatamente nada.

– Como está se sentindo? - alguém pegunta.

– Com muitas dores - respondo com olhos ainda fechados - O que fizeram em mim?

– Apenas cuidamos de seus ferimentos.

– Estou com náusea - digo engolindo a seco o gosto azedo que se forma no inicio de minha garganta.

– É normal - a pessoa responde - Essa nova medicação tem alguns efeitos colaterais.

– Estou com muito frio também - digo ainda instável.

– Tudo bem, vou arranjar um cobertor para voce. - diz a enfermeira antes de sair do quarto branco e excessivamente frio.

Eu procuro por algum indicio anormal, mas não há nada além de um biombo que serve para me isolar em uma parte da sala, mas quando por uma falha consigo notar uma figura magra e careca na maca ao lado meu coração dispara porque sinto como se algo me estivesse ameaçando. É como se eu sentisse o perigo só de olhar para a pessoa da cama ao lado, mas eu reconheço quem é. O nome que figura em minha cabeça é de Johanna Mason; me sinto confuso porque não sei exatamente como a conheci, nem mesmo sou capaz de dizer como me lembro de seu nome nem porque me sinto ameaçado por ela, porque quando vasculho minhas memórias não há nada ameaçador sobre ela. Nada realmente importante. Johanna Mason é um nome e um rosto em minha memória, mas um nome e um rosto se sentido algum para mim.

Me movo devagar para tentar encara-la. Ela dorme pesarosamente, sua respiração é difícil e embora esteja sendo medicada ainda consigo vislumbrar as manchas roxas em seus braços e pernas. É involuntário quando saio de minha cama e caminho até ela, pé ante pé, calmamente porque não quero que ela desperte. Preciso apenas entender quem de fato ela é.

O rosto pálido, os lábios rachados, os ossos e veias aparentes, a cabeça com uma leve camada de cabelo castanho. Uma cena feia.

Eu a observo petrificado quando seus olhos se abrem como duas lanternas em uma caverna.

– Peeta! - ela solta com exasperação - Peeta, voce ainda está vivo!

Me afasto assim que ouço meu nome. Ela também me conhece afinal, mas a pergunta me rodeia é: de onde nos conhecemos? Ela prossegue com frases eufóricas e um tom como se quisesse me avisar alguma coisa que não sei, mas sua voz está trêmula, provavelmente por causa da medicação, mas ela insiste porém.

– Peeta, você tem que me escutar - diz com a voz baixa quase inaudível, mas ainda sim apressada - Snow está planejando um ataque a Katniss Everdeen, e ele vai usar você!

Johanna Mason respira pesadamente como se o ar lhe fosse escaço, mas ela continua falando.

– Eles vão lhe mostrar coisas, vão lhe dizer coisas, não acredite em nada do que vier deles. Em nada! Está entendendo?!
Eu vou me afastando porque as palavras de Johanna não fazem nenhum sentido para mim. Afinal, quem é Katniss Everdeen? E de que ataque é esse de que ela fala?

Johanna nota minha confusão e me detém. Ela consegue pronunciar mais coisas, mas há um momento em que sua voz se exalta ganhando a atenção dos guardas de plantão; imediatamente somos afastados um do outro, mas ela ainda está gritando palavras direcionadas a mim. Coisas sobre não confiar em ninguém, sobre não acreditar em tudo o que me disserem; sem entender nada eu apenas observo quando a garota é trancada em outra sala enquanto Berna me ampara direcionando-me para um cômodo além do centro cirúrgico.

Ainda posso ouvir os gritos de Johanna Mason. São gritos de isteria mas acima de tudo são gritos direcionados a mim.
Berna está ao meu lado no novo cÔmodo. Trata-se de uma sala de espera.

– Que garota louca. - ela começa transparecendo um riso - Fique longe dela Peeta.

– Eu a conheço. - respondo mirando para a porta.
Berna me trás de volta ao sofá e continua:

– Quem não conhece Johanna Mason, a desvairada da Capital? - Berna ri acompanhada de três guardas.

– Não. - interrompo - Eu realmente a conheço, mas só não me recordo de onde...

– Da TV. - Berna responde ríspida - Da televisão, de festas, da arena...afinal voces são vencedores não são?

– Vencedores? - há dúvida em mim, porque me lembro de participar de duas edições dos Jogos Vorazes, mas não me lembro de ter sido coroado vencedor em nenhuma.

– Sim. - Berna mantém um tom serio ao responder - Johanna venceu à 71ª edição e voce a 74ª. Ambos participaram do massacre quaternário...

– Massacre quaternário? Não era para só um ter sobrevivido, então como podem haver dois tributos de uma mesma edição ainda com vida?
Minha pergunta vem em tom desconfiado e confuso, porque realmente não tenho certeza de como é possível haver uma vitória compartilhada.

– Essa não seria a primeira vez que algo assim acontece Peeta. - Berna responde.

– Porque diz isso? - pergunto.

– É uma longa história querido. - Berna diz pegando em minha mão - O fato é que Johanna Mason é uma louca, não dê créditos ao que ela diz, ela não passa de uma revolucionária frustrada que foi traída pelo seu próprio bando.

– Ela mencionou algo sobre não acreditar em tudo o que me dizem, isso é explicável?

– É como eu disse - Berna levanta a voz - Ela é louca.

– Me senti ameaçado com a presença dela. - digo pensativo

– Isso é entendível - Berna responde - Afinal, ela é uma deles, uma do lado oculto da guerra, alguém que se empenhou em ajudar a te matar no massacre quaternário.

– Me matar? - questiono.

– Sim. Johanna agiu o tempo todo sob comando de alguém maior, alguém cuja face está impregnada nessa guerra. - Berna mantém a voz firme enquanto diz

– Alguém cujo intuito era te executar na primeira oportunidade.

Não encontro o menor sentido nas insinuações de Berna. Tudo é tão estranhamente confuso e novo ao mesmo tempo, porque me lembro perfeitamente de chegar a Capital, de conversar com o presidente, porém não me lembro da situação da qual Berna se refere tampouco de alguma revolução.

– Voce disse revolucionaria frustrada? - pergunto caminhando em direção a porta - Pode me contar mais sobre isso?

– Voce saberá tudo em breve meu querido. - Berna diz caminhando em minha direção - Estamos preparando um dossiê com todas as informações importantes para o seu conhecimento, por que sim, estamos em uma guerra...

– Contra o 13 ? - minha pergunta pega Berna de surpresa, porque seu olhar vai de calmo a atônito em segundos - É contra o distrito 13 que você está lutando?

– Todos nós Peeta. - ela corrige - Todos os cidadãos de bem estão de prontidão para combater uma guerra que está prestes a estourar, e sim o treze é um dos nossos inimigos.

– Um dos inimigos? Existem mais distritos envolvidos?

– É como eu disse, todos nós estamos em combate, mas o treze é o menor dos problemas. - Berna muda sua expressão, agora há fúria em seus olhos - Nossa luta é contra uma pessoa que sozinha foi capaz de destruir um distrito inteiro e que se não for contida, aniquilará toda Panem.

Vasculho minha mente em busca de memórias da guerra a qual Berna se refere, bem como da pessoa tão destrutiva que incita a rebelião, porém falho porque não há nada, nada com a qual eu possa fazer uma conexão que faça sentido, então eu pergunto.

– Se o treze é o menor dos problemas, quem é o maior?

Quando Berna finalmente me entrega a resposta sou surpreendido. Porque o nome da destruição é o mesmo citado por Johanna Mason minutos atras.
Katniss Everdeen.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. Se curtiu deixe um comentario. Olha as vantagens: É de graça, não cai o dedinho e ainda motiva a autora. :)
bjoos



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