Claro, tinha que ser “eu te amo”. Poderia ser um simples “me dá um abraço?” ou no máximo “eu te adoro”, mas obrigado Hack! Sabo se sentia extremamente constrangido. O silêncio estranho que pairava no quarto também não ajudava, mas não se atrevia a quebra-lo. Fazia quase um minuto que nem ele nem a amiga se moviam, mas parecia mais, MUITO mais tempo, haja visto que sentia os braços pesados, mal conseguindo sustenta-los até que Koala finalmente decidira quebrar o constrangimento:

—-O...Obrigada Sabo-kun- ela pegou o coalinha das mãos do amigo- É muito fofo! Adorei!- Ela se abaixou e depositou um leve beijo na bochecha do rapaz em choque, abraçando o bichinho-agora com licença, vou levar os pratos de volta pra cozinha- Encaixou o boneco dentro do próprio chapéu, jogado em cima da cama de cabeça para baixo

Ela parecia tranquila, apesar de ainda corada, pegando calmamente o prato sujo e os talheres e colocando de volta na bandeja, saindo logo em seguida, mas não sem antes se virar e dizer:

—-Toma conta dele, Tá? Não deixa ele fugir!- Sabo tinha a impressão de que ela falava com o coala.

O loiro levou a mão ao rosto, no ponto em que a amiga o beijara, lentamente se virou na direção do bichinho, que continuava encarando o vazio na mesma posição que a nova dona o deixara (ah vá!). Subitamente agarrando-o em um abraço, beijando a cara peluda que encheu sua boca de pelos.

—-EU TE ADORO, CARINHA !-Pausa para tossir e soltar a bola de pelos -DEVIA TER TE DADO PRA ELA A UM TEMPÃO! -Sabo não se importava em ter que encontrar outra companhia para as noites de tempestade, tinha ganhado um beijo no rosto da amiga, coisa que ele era obrigado a esperar um ano inteiro para receber no dia do seu aniversário, e isso era simplesmente DEMAIS!

Em comemoração, o revolucionário jogou os braços para cima, se arrependendo ao sentir a pontada nas costela. Já estava quase se acostumando a senti-la, mas ainda era incômodo. Isso foi um lembrete de que ele estava proibido de se levantar e fazer a dancinha da vitória pelo quarto como um pré-adolescente feliz com seu primeiro encontro, preferindo apenas refletir encarando o teto, seu passatempo favorito nos últimos tempos, perdendo apenas para dormir.

Ele não deveria estar tão animado. Ainda tinha 3 pilhas e meia de papelada para organizar e despachar. Se sentia um funcionário público trabalhando com tanta burocracia (Ele nem pegou nas folhas :v ) mas sabia que, com Koala ajudando, daria conta de tudo isso bem antes de completar 10 dias. Ele realmente devia muito a Koala. Sem a garota, seus dias seriam vazios e tediosos, mesmo aqueles que envolvessem missões. A personalidade espontânea, imprevisível e ligeiramente bipolar da amiga tornava todos os dias mais interessantes e totalmente sem rotina. O fator prestatividade (essa palavra existe?) apenas aumentava a lista de porque-Koala-é-importante-na-minha-vida. Depois disso, ele já nem sabia mais quantos tópicos se seguiam. O trabalho sem Koala era como montar um cachorro quente sem a salsicha (e esse foi um péssimo exemplo mas eu to com fome), ou seja, inimaginável, completamente fora de questão.

Sabo sabia que não era nenhum príncipe encantado. Príncipes encantados não arrotavam na presença de damas ou... Admiravam a paisagem por baixo de saias.

(E NESTE MOMENTO EU ESTOU INTERROMPENDO A HISTÓRIA PARA DIZER QUE ATINGIMOS A MARCA DE 10.000 PALAVRAS!!!!!AAAAEHHHHHHH!!E SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?NADAAAAAAA!!!)

Mas também sabia que a amiga não esperava por um. Haviam conversado sobre isso uma vez, havia muito tempo:

(~~~~Flashback~~~~~)

“ Sabo vinha caminhando por uma estrada de terra batida, e Koala vinha ao seu lado se equilibrando no meio fio de pedrinhas irregulares na lateral do caminho. Haviam completado a tarefa imposta por Dragon, depor um dos reis corruptos em um pequeno país no início da Grand Line. Não se recordava do nome, mas era um país famoso pelas artes cênicas. Se lembrava disso porque estavam comentando sobre uma das peças da cidade enquanto seguiam rumo ao porto:

—-Viu como aquela princesa era idiota? -Koala deu inicio a discussão- ficou esperando o príncipe até final da história!

—Não é isso que princesas fazem?- Sabo se virou para a aspirante a equilibrista -Esperam?

—-Isso é um estereótipo da sociedade machista.- O loiro esperava que ela soltasse essa frase. Era praticamente um bordão da garota- A princesa de Alabasta, Nefertari Vivi, estava envolvida diretamente nos conflitos do país. Lembra do relatório do Kohza? Mulheres querem lutar também e...

—-Uhun...- O garoto parara de prestar atenção após “estereótipo”. Não tinha vontade nenhuma de ouvir mais um dos discursos feministas da amiga

—-...E eu vou parar de falar já que você não vai prestar atenção e eu sei disso.- Ela abriu os braços procurando mais equilíbrio ao andar. O que era difícil, haja visto que usava salto alto.- Só acho que essa coisa toda de mulheres devem ser protegidas e não tem capacidade nenhuma de se virarem sozinhas não tem nexo algum.

—-Então a senhorita não espera pelo seu príncipe encantado?

—-Pra que esperar se é mais divertido ir atrás dele?- Ela colocou a mão no ombro do amigo, buscando apoio.

—-Bom, então espero que ele te encontre quando estiver perdida- Ele provocou.

—-Bobo!- Ela sorriu- Mas sabe de uma coisa?

—-Eu (sabo! --licencinha, vou me jogar do penhasco ali~)sei de muitas coisas, mas conhecimento nunca é demais. Fala aí.

—-Desde pequena sempre prefiro o dragão- Ela pulou do meio fio, se desequilibrando e indo ao chão, puxando o amigo junto.

—-AI! Doeu!- Ele esfregava a cabeça que tinha batido- Mas porque? Ele é o vilão da história!

—-So acho que nunca mostraram o verdadeiro sentimento do dragão. Ele podia realmente amar a princesinha. Além disso, ele solta fogo! Isso sim é qualidade!—Ela ria, já de pé e estendendo a mão para o amigo.

(~~~~FIM DO FLASHBACK~~~~)

Sabo acabara de pensar na ironia daquelas palavras. Afinal, ele estava longe de ser perfeito(e soltava fogo!). As vezes era considerado o vilão da história( e soltava fogo!). E ainda por cima (SOLTAVA FOGO!)... Estava realmente apaixonado pela garota (EU DISSE PRA FALAR DO FOGO! MULHERES GOSTAM DISSO!). Claro, Dragon dissera para se manter distante de quem amava. Mas isso era uma forma de proteção, e Koala detestava ser protegida. Além disso, Sabo era realmente profissional em ignorar conselhos.

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Koala percorria o caminho até a cozinha grata por ter saído do quarto. Sabia que o amigo não queria confessar que ainda tinha um bichinho de pelúcia, por isso dera de presente o pequeno coala para ela. Mas, não deixava de ser constrangedor ser presenteada com algo escrito “Eu amo você”.

Claro, não seria a primeira vez que alguém se declararia para ela. No colégio que frequentou até os 15 anos, sempre era convidada para encontros ou bailes, mas ela nunca aceitara, achava cedo demais. Quando finalmente se julgara pronta para um relacionamento, Sabo entrou na sua vida. Claro, sentia algo pelo companheiro, algo realmente forte. Só não sabia se era amizade ou...ela relutava em dizer AMOR. Não tinha experiência alguma para julgar por si mesma, e o fato do amigo ser ciumento e super protetor, mandando para o hospital todo e qualquer um que tentasse “tomar o seu lugar”, em suas próprias palavras (como amigo, é claro!), não ajudava em nada.

Passando a bandeja para uma só mão, parou no meio do corredor e levou a mão aos lábios. Já havia beijado o amigo no rosto antes, claro. Fazia isso todos os anos, no dia de seu aniversário, o que ela considerava a maneira adequada de desejar parabéns, ao contrário dele, que costumava joga-la por cima do ombro e sair correndo, pulando da amurada do navio direto em mar aberto (ele por acaso sabia o significado de saia?). Mas essa era a primeira vez que sentia como se fazer isso fosse... Como se fosse certo. Realmente certo. Era como se fosse natural, instintivo.

Pretendia ficar com bichinho. Isso era certeza. Era fofo e a lembrava de sua terra natal, repleta deles. Aprendera com a mãe, ainda bebê, a amar os bichinhos que originaram seu nome. Seria uma boa lembrança de casa. Além disso, deveria ter o cheiro do amigo, sempre tão reconfortante. Era um perfume doce, que lembrava smores* de chocolate e marshmelows (como se escreve essa droga? ),sem biscoito(era como ela mais gostava), e trazia uma sensação de... Aconchego. Felicidade. E carinho. Abraçar o rapaz, que era quente e macio, era como estar de volta ao navio dos piratas do sol, a época mais feliz da vida de Koala.

Entrando sem ser notada, ela depositou os pratos no porta-louças, saindo do mesmo jeito que entrou. Na volta, já não tão perdida em pensamentos como na ida, observou o horizonte na direção que o navio seguia. Não precisava ser a navegadora para saber que as nuvens pretas e densas alertavam que iria chover mais tarde, e feio.

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—-Sabe, ele vai precisar de um nome. -Sabo começou a falar assim que a amiga retornou. Estava sentado, encarando o bichinho, com a mão no queixo na pose que indicava o ato de pensar.

—-Não pretende chama-lo de Niku, não é mesmo? -Ela se sentia aliviada do clima entre os dois não estar estranho

—-Hunn...não. Prefiro Takoyaki (a propósito, esse bolinho é muito baum *u* )

—-Ah, se for pra escolher prefiro algodão doce -Ela entrava na brincadeira- Não! Melhor! Açúcar!

—-Vai atrair formigas se por esse nome nele! -O loiro dava risada.

—-Não tô nem aí! Ele é meu agora, lembra?- Ela pegou o bichinho no colo, fazendo cócegas na barriga bordada e cheia de algodão- Além disso, ele gostou desse nome, não gostou bebê?

—-Nossa, Koala, “pelo visto eu faço falta. Meia hora sozinha e já começou a falar com um bichinho de pelúcia”—Sabo tentava manter a face séria.

—-Aonde foi que eu já ouvi isso?- Koala se sentava na costumeira cadeira dando um sorriso irônico.

—-Não sei... Acho que pela vida fora sabe?- O rosto sério desmoronou, se transformando em uma grande gargalhada dos dois.

—-Nos dois somos muito idiotas.

—-Correção, você é muito idiota-Koala rebateu- Eu só estou infectada pelo seu vírus baka.

—-Estou magoado—Ele fez bico.

—-Hehe, vamos, ainda temos muito trabalho pela gente- Ela puxou a pilha de folhas- Só se foi metade do bloco? O dia não rendeu muito...

—-Ahn...ainda quer mexer com isso? É tão chato...- Koala revirou os olhos

—-Para de agir como uma criança que não quer fazer dever de casa-O mais velho bufou- Tem que aprender a ter respon....

—-“...sabilidade e cumprir com meus deveres como um homem”- Ele completou— Certo, vamos logo com isso.- Ele pegou um maço de folhas.

A fácil aceitação do amigo em relação ao trabalho burocrático surpreendeu Koala. Ela esperava continuar discutindo com ele por pelo mais 15 minutos, mas não iria reclamar. Era a primeira vez que ele PARECIA concentrado no trabalho teórico de revolucionário