Koala caminhava em direção à ala masculina carregando a bandeja com café e uma boa variedade de bolinhos, doces e biscoitos de Dressrossa. Sabia que os amigos assaltavam seu pequeno frigobar (imaginem aquele de hotel) e a despensa não se importando se ela estava ou não no quarto. Já havia se acostumado, então sempre mantinha um pouco de comida a mais, geralmente doces como toda mulher que se preze. Tinha trocado de roupa, vestindo shorts e camiseta, mais confortáveis e apropriados para passar o domingo trabalhando com papel.

Normalmente não seria tão gentil com o melhor amigo, levar comida na cama fazia ela se sentir como uma empregada, e isso trazia más lembranças, mas como era culpa dela por ele ter quebrado as costelas, se sentia responsável pelo bem estar do companheiro.

Ela deu três batidas na porta (sem outros acidentes como o do dia anterior), e esperou por uma resposta, que não foi outra senão um ronco alto. Ela sorriu. Já esperava que o amigo voltasse a dormir, era típico dele. Koala abriu a porta com delicadeza, entrando sem fazer barulho. Colocou a bandeja na mesa de cabeceira e recolheu a maior parte dos restos do primeiro café da manhã, jogando no lixo. A mancha de suco nunca sairia do carpete, tinha certeza, o que a irritava. A Mania de limpeza já não era mais tão frenética como era quando criança, mas permanecia.

Se sentou na mesma cadeira onde estivera mais cedo, observando o amigo dormir. Sua expressão era tranquila, mais descontraída que o normal. Estendeu a mão e correu pela cicatriz no rosto do rapaz. Aquela marca, ela era uma das poucas a saber, Tinha sido feita pelo ataque de um Tenryubitto. Para os dois, era apenas mais uma coisa que os ligava: o sofrimento de ser separado de casa, da família, pela mesma classe de... Ela não conseguia chama-los de pessoas ou humanos. Nem mesmo se admitia da mesma espécie que aqueles seres cruéis. Mas, no fundo, o pesar de Sabo sempre seria maior. Koala havia retornado para casa, e sua lembrança visível, escondida . Ele nunca poderia retornar, fora dado como morto em frente a centenas de pessoas e sua cicatriz era muito profunda para ser corrigida. Ela suspirou, retirando a costumeira boina da cabeça e apoiando no encosto da cadeira. Puxou a primeira folha da pilha e sentou-se no chão. Acordaria o amigo mais tarde, quando fosse lhe dar remédio.

Sabo acordou 4 horas depois sentindo um sopro quente próximo a bochecha, se assustando ao abrir os olhos e se deparar com uma Koala dormindo tranquilamente, usando o próprio braço como travesseiro. Ela estava sentada no chão, apoiando o tronco e a cabeça no colchão, cercada por papéis empilhados organizadamente, embalagens de chocolate e meio cupcake. O loiro sorriu. Hack tinha razão, fora um grande sacrifício para ela ficar até mais tarde lhe fazendo companhia.

O revolucionário se sentou, ouvindo o estômago roncar ao sentir o cheiro do café (já frio) na mesa de cabeceira. Ele estendeu a mão pegando um biscoito decorado, comendo-o inteiro de uma vez e logo em seguida engolindo o café por cima. Colocando os pés pra fora da cama, ele se esforçou para ignorar a dor nas costelas ao se levantar. Sabia que era totalmente contra as prescrições médicas se locomover sem ajuda, mas precisava ir ao banheiro, e NUNCA iria acordar Koala e pedir ajuda pra isso! Riu ao imaginar a cena e começou a se mover, resmungando da dor a cada passo. Não era a primeira vez que quebrava costelas, mas nunca tinha quebrado 7 e rachado 4 ao mesmo tempo. Fora uma pancada feia, mas teria sido pior se Koala atingisse o chão diretamente de uma altura como aquela.

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Voltando ao quarto, Sabo sorriu ao ver que Koala havia roubado seu travesseiro e agora dormia abraçada ao monte de penas, sorrindo e murmurando coisas inteligíveis. O loiro se abaixou próximo a amiga, ignorando o médico novamente e pegando-a no colo

Nos braços do parceiro, Koala abriu ligeiramente os olhos, acordando com o movimento:

—-Isso... É um....sonho..... né? -Ela falava baixo e devagar

O loiro apenas sorriu em resposta, o que a garota preferiu tomar como um sim, se encolhendo e se aconchegando mais no peito do rapaz, para surpresa do mesmo. Daquela forma, totalmente indefesa, Koala parecia um filhotinho muito fofo, nascido a tão pouco tempo que ainda nem havia aberto os olhos.

Sabo a segurava com todo o cuidado que conseguia, continuando parado, de pé, no mesmo lugar. Seu objetivo era movê-la do chão para a cama, evitando que a amiga ficasse com torcicolo, mas não conseguia se mexer. Não queria se mover. Sentia o coração bater forte, e esperava que ela não sentisse isso com toda a proximidade. Seu sangue fervia com a adrenalina, e ele nem mesmo sentia a pressão nas costelas. Era um momento... único. Não queria se aproveitar da amiga, mas vê-la se sentir tão confortável em ser segurada por ele proporcionava uma esperança de que talvez... Apenas talvez...

Ele aproximava o próprio rosto do da amiga, lentamente. Seus narizes praticamente se roçavam...

—-GENTE TA TENDO UMA GUERRA DE BOLO LA NO REFEITÓRIO E...-Um Hack com a testa enfaixada, a cara preocupada e coberto de bolo abria a porta com toda a força.

—-ÃHN?!- Sabo levantou a cabeça subitamente, quase torcendo o pescoço, totalmente vermelho, e soltando de uma vez a companheira.

—-KYAH!- Koala gritou, caindo no chão com um baque e batendo a cabeça no pé da cama.

—-Interrompi alguma coisa?-O tritão tinha um sorriso (99% )envergonhado (mais aquele 1% malicia) no rosto.

—-Itaaaaaiiii... -Ela esfregava o lugar que tinha batido- Sabo-kun, porque eu estava no seu colo? E porque a barra da minha camiseta esta queimada? E...AI CARAMBA! -a garota olhava o relógio-DEVIA TER TE ACORDADO A DUAS HORAS PRA TOMAR O REMÉDIO! E VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR DE PÉ NEM ME CARREGANDO! VOLTA PRA CAMA AGORA OU VAI PIORAR O SEU ESTADO!

—-Ãhn...você estava no meu colo porque dormiu no chão e eu ia te por na cama direito. A barra da sua camiseta ta queimada porque...- Sabo parou de falar, soltando fumaça de tanto que o rosto havia esquentado e se virou de costas-- a-barra-da-sua-camiseta-E-o-seu-shorts-estão-queimados-porque-eu perdi-o-controle-da-akuma-no-mi-com-o-susto - Ele falou tudo em um único fôlego, atropelando as palavras

—-MEU SHORTS? ONDE?—Koala se virava para ver o grande buraco feito no traseiro do jeans, deixando a mostra a calcinha azul da menina—SABO SEU HENTAI! O QUE VOCE ESTAVA FAZENDO?- Ela pegou o sobretudo apoiado na beirada da cama e amarrou na cintura, escondendo o buraco nas roupas

—-Então... Acho que já vou indo...- Hack fechava lentamente a porta, de onde nem mesmo havia saído.

—- Eu vou também-Koala parecia brava,confusa e constrangida ao mesmo tempo.-E o SENHOR-Ela se virou para o loiro- VOLTA PRA CAMA AGORA. E TOMA SEU REMÉDIO.-E saiu batendo a porta com força.