A Invasão escrita por Isadora Nardes


Capítulo 10
Não importa, 3 de maio de 2015.




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157 dias desde que começou.

Eu tenho um plano.

É um plano idiota.

Mas eu sou idiota, e eu faço coisas idiotas.

Então, vou fazê-lo.

Eu vou atrás dela. Eu sei, eu sei: não sei onde ela está, não sei quem pegou ela, não sei pra que direção ela foi, não sei nem onde estou. E, além de tudo, estou fraco. Muito fraco.

Pra última parte a solução é bem simples. Eu comecei a comer, é claro. Eu estou de estômago vazio há tanto tempo que ele protestou fervorosamente quando eu enfiei uma ou duas colheradas de arroz barato na minha boca.

Mas eu me obriguei a engolir, é claro.

Por quê? Porque eu sou um idiota!

Certo, eu ainda lembro um pouco da pirâmide alimentar. Eu acho. Sorvete vem em primeiro lugar? Não. Acho que é por último. Mas sorvete é tão bom... Não, nem tem sorvete aqui. A única coisa que preciso me preocupar é com a data de validade das coisas que ficaram entocadas aqui nessas últimas semanas.

Bom... Como não tem pão, vamos direto as massas e sementes. Tem feijão, tem arroz. Eu n]ao sei por quanto tempo eu tenho que “me preparar” para ir atrás dela. Uma semana? Não, ela pode já estar morta. Se não estiver agora mesmo, é claro. Bom, uns três dias devem bastar.

Você deve estar se perguntando por que eu vou atrás dela. Primeiramente: eu sou idiota. Segundamente: primeiramente. Terceiramente: segundamente.

Bom, ainda tem um quarto motivo. Eu estou solitário, e não vou aguentar a solidão por muito mais tempo. Não novamente. Vou acabar caindo no buraco negro de inexistência moral que eu estava antes dela chegar. Pra você ter uma ideia, eu estou com vontade conversar com Jeffrey. Eu sei que ele é um cretino e tal, mas eu sou um idiota, lembra? Eu faço coisas idiotas.

E essa definitivamente é uma delas.

Fora que, mesmo que ela seja mais velha que eu, ela é uma criança, praticamente. Pelo menos eu acho que é. Quer dizer, eu sei que não é, mas ela é, sim, ao mesmo tempo. Isso provavelmente não faz sentido nenhum.

O que eu vou fazer quando chegar lá fora? Primeiro, vou correr. Vou correr pra algum lugar onde não haja naves (se houver um lugar assim, é claro). Depois, vou tentar descobrir onde estou. Se tiverem lugares planos e com vegetação rasteira, é o Centro-Oeste. Se houverem muitos prédios e algum tipo de fedor, é o Sudeste. Se for frio e tiver uma árvore em cada esquina, é o Sul. Se for quente e abafado, é o Nordeste (eu ficaria muito agradecido se fosse).

Mas o que eu faria se eu saísse e desse de cara com um guarda? Bom, eu ia correr. Correr loucamente. Vocês sabem, violência não é a minha. Eu sou como o Doutor: “Me de um corredor para correr e eu correrei por este corredor como se não houvesse amanhã”.

Isso se eu conseguir sair daqui, é claro. Veja o meu plano: Jeffrey entra, eu o empurro e pulo pra fora. Daí eu vou correr.

É tão estranho. Todo esse tempo em que passei em todas essas naves... Eu nunca pensei em fugir. Nunca pensei em resistir. Por que pensaria? Não tinha nada a perder. Nada. Nada pelo qual lutar. E, agora, eu estou planejando sair, mas não é por mim. É por ela. Eu estou planejando fugir por causa de outra pessoa. Isso é real? Bem, não tenho certeza. Mas é um plano, de qualquer forma.

E se eu estiver no meio de algum lugar e vir a Melissa? Eu corro até ela. E se ela estiver morta? Eu corro até ela do mesmo jeito. Não é como se eu acreditasse nessa porra de vida após a morte, nem como se eu acreditasse numa alma imortal nem nada supersticioso desse tipo. Mas eu acredito em Deus. Quer dizer, eu voltei a acreditar no momento em que percebi que ela não era coisa da minha cabeça.

E eu acho que Ele colocou-a aqui por algum motivo.

E, embora eu não saiba o porquê de estar aqui ou o porquê Dele deixar-nos sós, eu ainda tenho uma faísca de fé.

E, como eu disse antes, uma faísca é o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Isso é empolgante, não é? O que vocês acham que acontecerá?
~ Estou tendo ideias borbulhantes na minha cabeça. Não vou deixá-las escaparem. Porém, quero sempre a sugestão de vocês. Já tenho dois, três personagens novos prontos para serem usados -- no sentido mais literal da palavra. Vai aparecer um emo, vai aparecer um gay e uma lésbica. HUUUUUUUUUUUUUUUUUUM. Para os homofóbicos: tudo estava muito hétero, uma viagaemzinha é sempre bom.
Entenderam a parte do "sou como o Doutor"? Não? Sinto muito. Isso é importante. Bom, não é, não, na verdade, mas de certa forma é. Quer dizer, é muito importante. Bom, não é importante de maneira alguma.
Um beijo para meu pedacinho de obsessão :v



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