De noite, os patrulheiros estavam na mesa da cozinha, jantando, exceto Mário e Daniel, que ficaram em seus quartos pensando em mil maneiras de resgatar Maria Joaquina e Rabito.

–O Mário e o Daniel não vêm?- perguntou Lúcio.

–Acho que não. Do jeito que eles estavam quando voltamos da última batalha, é bem capaz de não saírem de lá.- disse Mister B.

–Mais tarde eu vou levar um prato para o Mário, ele não pode ficar sem comer.- falou Marcelina.

–E também não pode ficar triste. Lembra do que aconteceu com o Cirilo alguns anos atrás quando a Maria Joaquina desapareceu?- disse Jaime.

–É mesmo, quase nos prejudicou. Temos que dar um jeito nisso.- concordou Davi.

–E temos que dar um jeito de pôr o Daniel pra cima de novo. Sem ele, não poderemos bolar um plano pra resgatar a Maria Joaquina.- falou Cirilo deixando Luiza enciumada, porque ela já sabia que Cirilo gostava de Maria Joaquina antes.

–Pode deixar que eu dou um jeito nisso. Conheço bem o Daniel.- disse Paulo.

No final do jantar, Lúcio foi direto para cama já que Chimoltrufia e Dona Aglimaldolina optaram por lavarem a louça do jantar e que ele precisava descansar. Claro que no começo ele relutou, mas depois acabou aceitando. No entanto, os patrulheiros estavam tão atordoados pelo que aconteceu na última batalha que estavam sem sono. Com isso, cada preferiu se distrair de um jeito até o sono chegar: Paulo ficou treinando uns golpes de luta no jardim atrás da casa para usá-los na próxima batalha e Alícia ficou andando de skate também no jardim. Carmen, Bibi, Laura, Alejandra e Chiquinha ficaram na sala assistindo televisão. Jaime ainda tentou dormir, mas preferiu comer mais um pouco da sobremesa. Cirilo ficou no quarto com Luiza, já que ele, mesmo estando sem sono, não queria deixá-la sozinha correndo o risco de ser capturada por Alma Negra também, por isso, decidiu ficar lendo um livro até o sono chegar. Chapolin e Super Sam convidaram os Mister's para jogarem um pouco de dominó. Os Mister's aceitaram e ficaram lá jogando enquanto o Trio Ternura decidiu descansar, pois eles haviam gastado muita energia durante a batalha.

Depois de um tempo, Alícia e Paulo pararam pra descansar, sentaram-se debaixo de uma árvore de lado pro outro e sem falar nada até que ela resolveu quebrar o silêncio:

–O que será que podemos fazer depois que derrotarmos o Alma Negra de uma vez?

–Descansar. Tirar umas férias, que é o que estamos precisando.- respondeu ele.

–Tomara que seja logo. Essas coisas mexem com a cabeça da gente.

–Mexem. Mexem muito.

Ficaram um tempo ali, sentados, até que decidiram entrar e descansar mais.

Já dentro da mansão, como prometido, Marcelina levou uma marmita do jantar para Mário no quarto. Chegando lá, o mesmo estava quase dormindo, os olhos vermelhos, rosto inchado. Havia chorado muito, mas mesmo assim, ela se aproximou, sentou-se na beira da cama e o chamou:

–Mário, Mário.- ela sussurrou.

–Hm, o que foi?- ele perguntou, sonolento.

–Toma, você precisa comer algo.

–Obrigado, mas não estou com fome.

–Mas precisa comer.

–Eu não sei se consigo...

–Consegue sim, eu te ajudo. Senta.

Sem escolha, Marcelina teve que se sentar na frente dele e dar-lhe comida na boca como se ele fosse uma criança inofensiva e assustada que ela havia retirado da rua. Mário comeu, mas ainda continuava triste. Nada parecia diferente com Daniel. Paulo, que era seu companheiro de quarto, tentou dar para ele um lanche com um misto-quente e um copo de suco.

–Aqui Daniel, achei que estivesse com fome.- ele disse, se aproximando da cama.

–Obrigado, mas estou é sem apetite.- respondeu ele.

–Mesmo assim eu acho que você deveria comer.

–Eu não quero nada, está bem?- ele perguntou um pouco mais rude, estava ficando impaciente com a insistência de Paulo.

–Tá bom. Vou deixar aqui. Se sentir fome taí. Boa noite.

Paulo deixou a bandeja com o lanche na mesinha de cabeceira e foi ao banheiro escovar os dentes. Quando voltou, teve uma ideia:

–Daniel, eu sei que você está sofrendo pela ausência da Maria Joaquina, então por quê não tenta falar com ela por telepatia?- sugeriu.

–Eu já tentei, mas estou muito debilitado pra fazer isso. Quem sabe amanhã, quando eu estiver mais calmo, eu consiga.- respondeu Daniel.

–Tá bom então. Boa noite.

E assim, todos foram lentamente se preparando para dormir até que a casa ficou completamente silenciosa. Enquanto isso, Alma Negra percebe que Rabito está latindo sem parar e não aguenta mais ouvir.

–Alguém vai lá. Esse cão infernal provavelmente deve estar com fome!- reclamou ele.

–Por quê o senhor não deixa ele ir embora chefinho? É melhor do que suportar os latidos dele.- disse Dedinho.

–Não, porque se libertamos ele, teremos que libertar a Maria Joaquina também. Temos que nos sacrificar. Agora vá.

E assim Dedinho foi. Mesmo a contragosto e com vontade de libertar Rabito, ele foi até a porta e abriu apenas o suficiente pra que um prato pudesse passar. Nele, estava uma deliciosa carne com uma asinha de frango suculenta, já que o frango havia sido comprado por Alma Negra para o jantar. Rabito logo partiu pra cima do prato e começou a comer. Enquanto voltava ao quarto, Lobinho percebeu que Maria Joaquina provavelmente também estaria com fome, então foi até a cozinha, pegou pão, carne, queijo e começou a fazer um hambúrguer para ela, quem sabe ela ficava mais forte? Assim que ficou pronto, pegou também um pouco de suco e serviu em um prato, depois, levou-o até o local onde Maria Joaquina e Rabito estavam. Quando viu o hambúrguer à sua frente, Maria Joaquina pegou e começou a devorá-lo com vontade, mesmo não gostando muito de comer aquelas coisas porque faziam mal pro corpo.

Mas toda esse sofrimento e essa tortura acabariam logo, já que no dia seguinte, Alma Negra planejava a batalha final contra os Patrulheiros.