Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira
Passava de meia-noite em Seattle, a chuva batia na janela, Sam e Freddie dormiam calmamente. Sam colocou uma das pernas sobre Freddie que dormia de bruços apenas de cueca. O casal despertou com o toque insistente de um celular.
– Freddie, você esqueceu seu celular ligado, desliga logo isso – pediu Sam, sonolenta, empurrando o marido com a perna que deixou sobre as costas dele.
Freddie se levantou, empurrando a perna dela:
– Que mania chata de colocar sua perna em cima das minhas costas, depois fico todo dolorido.
– Eu não tenho culpa se você está ficando velho e te dói tudo.
– Nós temos a mesma idade e 24 não pode ser considerada a terceira idade.
– Você já fez 24, eu só faço no próximo mês. Atende logo a droga do telefone!
– Não posso, porque é o seu celular que está tocando e não o meu.
– Que droga! Sempre desligo antes de dormir. Você que tem mania de deixar o seu ligado.
– Nunca se sabe quando pode ter uma emergência.
– Por mim pode ter qualquer emergência, mas, por favor, só me avise depois que eu acordar – falou Sam, preparando-se para ignorar a chamada e dando-se conta de que era originada do número de Cat – Mas essa eu preciso atender.
Em Los Angeles, Robbie começou a conversa nervoso:
– Aqui é o Robbie! Sam, a Cat tá na maternidade, nosso bebê vai nascer a qualquer momento. Eu tô muito nervoso. A Cat me pediu para ligar pra você antes de entrar na sala de parto.
– E você não entrou com ela seu fracote? – questionou Sam, indignada.
– Eu não tive coragem. Eu desmaio com essas coisas. A Nona entrou com ela.
– Se é pra desmaiar é melhor nem entrar mesmo, porque só atrapalha! – disse Sam, fitando o marido para que ele entendesse a indireta.
– A Cat vai ficar muito contente se você puder vir para Los Angeles conhecer o nosso bebê, e eu também.
– Eu vou sim, mas antes do final de semana é impossível. Meu sócio tá tendo uma crise existencial e eu não posso largar o restaurante. Diga à Cat que eu estou muito feliz, mando parabéns e nos vemos em breve. E parabéns pro papai também, espero que você fique menos atrapalhado agora que vai ter um filho pra criar. Juízo pros dois.
– Valeu Sam, até mais – despediu-se Robbie, desligando.
– O bebê da Cat tá nascendo? – perguntou Freddie, animado, assim que Sam desligou o celular.
– Não, o bebê da “Dora, a aventureira”. É óbvio que é o bebê da Cat!
– Você fica de péssimo humor quando tem sono.
– Só agora você percebeu isso? – perguntou Sam, apagando o abajur, deitando-se, e caindo no sono rapidamente.
Pela manhã, Sam preparava o café da manhã. Isabelle, Mabel, Nick e Eddie já aguardavam na mesa. Os meninos nas cadeirinhas próprias. Freddie saiu do quarto segurando as costas.
– Tá tudo bem papai? - perguntou Isabelle.
– Não está tudo bem. Minhas costas doem, porque sua mãe ainda não entendeu que eu não sou colchão – reclamou Freddie.
– Você pode dormir no chão se quiser – disse Sam, colocando dois pratos com leite e cereal a frente de Isabelle e de Mabel.
– Isso não é justo!
Quando a discussão iria começar, Nick começou a choramingar:
– Eu queio memê mamã (eu quero comer mamãe)!
– Droga, esqueci o leite pro mingau no fogo! – queixou-se Sam, correndo para o fogão.
Freddie pegou bananas, amassou no prato, e começou a dar para os filhos gêmeos, dizendo:
– Olha o aviãozinho. Cadê o bocão do papai?
Nick abria o bocão e sorria a cada vez que o pai dava uma colherada, já Eddie travava a boca e cuspia algumas vezes na cara do pai.
Sam veio com o mingau pronto e começou a rir:
– Tá lindo com a cara lambuzada amor.
– Não me diga – falou Freddie, limpando-se com a fralda de pano dos filhos.
– Deixa que eu continuo dando a fruta pra eles. Esfria esse mingau pra mim – entregando a tigela ao marido.
– Está bem – concordou Freddie, levantando-se e indo em direção à pia.
– Você não vai trabalhar no final de semana né amor? – perguntou Sam.
– Nesse não, só no próximo – respondeu Freddie, enquanto mergulhava a tigela de mingau dos filhos em “banho maria” na água fria da pia.
– Partiu Los Angeles?
– Pode ser. Mas, temos que voltar no domingo, porque segunda de manhã tenho reunião na Pera Store, bem cedo.
– Eba! Nós vamos viajar! – comemorou Isabelle, cuspindo cereal.
– Não fale de boca cheia, eu já falei que é falta de educação – ralhou Sam com a filha.
– Agora é falta de educação né Sam? – zombou Freddie, lembrando-se dos modos da esposa à mesa na infância e na adolescência.
– Você quer me ajudar a educa-la ou o que? – indagou Sam.
– Não tá mais aqui quem falou – respondeu Freddie, ainda segurando o riso.
– Vai ser divertido, uma viagem em família, como não fazemos há um tempo – disse Sam, mudando de assunto.
– E eu também vou mamãe? – perguntou Mabel.
A menina mal fechou a boca e foi parar no chão com o empurrão que Isabelle havia lhe dado, derrubando-a da cadeira.
– Ela é minha mãe e não sua mãe! – gritou Isabelle.
Mabel começou a chorar e Sam foi em socorro da sobrinha, pegando-a no colo e dizendo à filha:
– Ela pode me chamar de mamãe se ela quiser, porque é minha afilhada além de sobrinha e está morando conosco.
– Você poderia ter machucado ela. A Mabel é pequena! – brigou Freddie.
– Se gostam mais dela do que de mim eu não ligo! Podem ir com ela nessa viagem e me deixar aqui! – disse Isabelle, irritada, deixando a mesa depois de atirar a tigela de cereal no chão.
– Vá para o seu quarto e não saia de lá, está de castigo! – gritou Sam.
Isabelle bateu a porta do quarto.
– A minha vontade é de ir lá agora e dar uma surra nessa menina – falou Sam.
– Só se quiser matá-la com a sua força – disse Freddie.
– Sabe que eu não seria capaz, por mais que ela me tire do sério.
A campainha tocou, era Charlotte. Ela estranhou ao ver a neta chorando:
– O que houve Bel?
A menina não respondeu, apenas abraçando-se ao pescoço de Sam, ainda no colo.
– A Belinha é uma criança um pouco difícil. As duas brigam de vez em quando, mas já coloquei minha filha de castigo.
– Espero que Mabel não esteja atrapalhando sua rotina familiar.
– De jeito nenhum, ela já faz parte da família. Por falar nisso. Nós vamos para Los Angeles no final de semana. A senhora se importa se eu levar a Bel?
– Se ela quiser ir, sem problemas.
– Você quer ir Mabel? – perguntou Sam à sobrinha.
– Não quero mais – respondeu a menina com os olhos azuis marejados – Eu vou com a minha vovó – estendendo os braços para Charlotte, que prontamente a pegou no colo, levando-a para casa, onde a pequena sempre passava as manhãs.
Naquela noite, a família Puckett Benson teve uma visita inesperada. Estavam terminando de jantar.
– Vá para o seu quarto Isabelle – mandou Sam, quando viu que a filha levantava-se da mesa.
– Mas eu já passei a manhã toda lá.
– E vai passar a noite também.
– Mas lá nem tem televisão e internet.
– Ótimo, assim você terá tempo suficiente para pensar no que fez, no modo como você tem se comportado mal ultimamente.
A campainha tocou e Isabelle correu para abrir, a fim de se livrar do castigo imposto pela mãe.
– Oi tia Mel! – cumprimentou a menina.
Melanie sorriu para a sobrinha.
Mabel ouviu as palavras da prima e saiu correndo da mesa:
– Mamãe! – pulando no colo dela.
– Oh minha pequenininha, quanta saudade! Você cresceu e está ainda mais linda!
Sam e Freddie aproximaram-se. Ela disse:
– Lembrou que tinha filha Mel?
– Boa noite pra você também Sam – ironizou Melanie.
– Quer entrar Melanie? – perguntou Freddie, educadamente.
– Sim, claro.
Melanie entrou, sentou-se no sofá e colocou a filha no colo.
– Você não vai mais embora mamãe? – indagou Mabel.
– A mamãe só veio fazer uma visita, porque estava com muita saudade de você, minha bonequinha – beijando a face da pequena – Mas, tenho compromissos em Havard.
– Por favor, não vai embora – pediu Mabel, em tom implorativo.
– Eu não posso. Estou fazendo isso pelo meu futuro e pelo seu. Quando eu for uma grande profissional poderei te dar tudo do bom e do melhor minha filha.
– Isso faz todo o sentido pra ela, considerando que só tem 3 anos e que tudo o que precisa é da mãe dela – disse Sam de forma irônica.
– Você está me julgando Sam? Saiba que está sendo muito difícil pra mim ficar longe da minha filha!
– Se fosse tão difícil, você não ficaria. A Mabel sofre demais com a sua ausência. Sabia que ela até me chamou de mamãe hoje cedo?
– Eu sou sua mãe Mabel! Nunca se esqueça disso, entendeu? – perguntou Melanie à filha, contrariada.
Mabel fez sinal afirmativo com a cabeça, assustada ao ver o nervosismo no tom de voz da mãe.
– Ela nunca vai se esquecer disso, certamente. Já você... – insinuou Sam.
– Olha aqui Sam, essa sua conversa está me irritando. Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?
– Eu sou a irresponsável da família que hoje cria a sua filha, já que a certinha da família surtou e foi embora, deixando uma criança para trás e um marido à beira de um surto emocional.
Melanie ficou chocada ao ouvir as últimas palavras da irmã. Colocou a filha no sofá, pegou a bolsa e se levantou, dizendo:
– Pra mim chega – enquanto caminhava para a porta.
– Mamãe! – chamou Mabel, começando a chorar.
– Quando der eu volto para te ver princesa – prometeu Melanie, batendo a porta atrás de si.
Mabel continuou chorando e Sam se aproximou da sobrinha:
– Não chora querida. Sua mãe volta quando você menos esperar. Ela não vai deixar de te visitar.
– Eu não queria que ela me visitasse. Eu queria que ela cuidasse de mim como você cuida da Belinha.
Isabelle sentiu uma dorzinha no peito ao ouvir as palavras da prima e se aproximou, dizendo:
– Eu empresto a minha mãe pra você, se você quiser.
– E não vai me bater? – perguntou Mabel.
– Só se você provocar.
– Belinha! – falaram Sam e Freddie, repreendendo a filha.
– Tá bom, desculpa. Prometo que não vou mais ser má com você.
Sam fez sinal com a cabeça para que Isabelle se aproximasse mais da prima. A menina obedeceu e deu um abraço em Mabel.
– Que coisa mais linda! – elogiou Freddie.
– Assim que a mamãe gosta! – disse Sam, sorrindo.
Dias depois...
Sam, Freddie, Isabelle, Mabel, Eddie e Nick embarcavam no avião rumo a Los Angeles.
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