Belarus's Tips On How To Seduce Your Big Brother escrita por quixoticHeart


Capítulo 4
Dica #4


Notas iniciais do capítulo

Para quem não descobriu, a dica #3 era joga o jogo do Pocky.
No capítulo desta semana, girassóis, vodca, Just Dance e Coca-Cola.



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Era a terceira vez que Rússia checava aquele banheiro. Meu Deus, onde essa menina foi se enfiar?

– Belarus? - ele fechou a porta do banheiro e continuou seguindo pelo corredor, checando cada porta pela qual passava.

Fazia só meia hora desde que ele a havia visto lavando a louça enquanto ele saiu para atender um telefonema do seu chefe. Ela não podia estar longe.

Droga de mansão enorme.

– Belarus! - ele chamou mais uma vez.

Estava chegando na cozinha. Era o último lugar que a vira e mesmo assim, ela não estava lá nas duas vezes que checou.

Ele virou o corredor e encontrou a mesma coisa. Nada.

Virou-se para continuar a busca quando ouviu um entoar de uma melodia calma. Não passava de um murmuro, mas era o suficiente para denunciar a localização de Belarus.

Ela estava no jardim.

Rússia queria bater na própria testa. Mas é claro. Por que foi que não lhe ocorreu checar uma das janelas antes de circular pela casa três vezes? Ela estaria lá embaixo, lutando contra as mechas loiras de cabelo que caiam de seus ombros a sua frente enquanto ela se inclinava para frente e mexia com a terra ao redor dos grandes girassóis.

Rússia se aproximou da soleira da porta e apoiou-se nela, resolvendo por observar um pouco como a irmã se virava com as flores antes de confrontá-la por não ter respondido quando ele chamou.

A bielorrussa continuava cantando as notas sem atribuir uma letra a música enquanto cavava um pouco de terra ao redor de um pequeno girassol.Era estranha a tal melodia, mas Rússia tinha o pressentimento de já ter ouvido antes. Era calma e suave, quase que triste, se não fosse pelo trabalho ativo das mãos de Belarus ele se preocuparia com a música.

A figura da pequena se mesclava em meio ao campo de girassóis voltados para a esquerda, a onde o sol estava se pondo no horizonte. Seus cabelos loiros eram como uma camuflagem, se não fosse pelo vestido azul, ele a teria perdido de vista. Seus braços de mexiam e ele podia ouvir a terra sendo escavada quando a garota terminou um verso da melodia e decidiu entoar uma letra a canção.

Sua voz era limpa e calma quando ela cantou:

I walk in circles, but I’ll never figure out

What I mean to you

Do I belong?

I try to fight this, but I know I’m not that strong.

Rússia prendeu a respiração ao reconhecer aquelas palavras. Como nação, seu cérebro era programado para entender qualquer língua, não seria diferente com o inglês. Ele não precisava de aula alguma para entender o significado daquelas palavras. Mas estava encontrando dificuldade em aceitar o quanto aquelas palavras se relacionam com a sua irmã.

And I feel so helpless here

Watch my eyes are filled with fear

Tell me, do you feel the same?

Hold me in your arms again…

Seu peito murchou um pouco quando ele olhou para o chão, sentindo o peso daquelas palavras. Era como levar um grande chute no estômago. Na verdade, um chute no estômago seria melhor do que encarar aquela verdade em forma de uma doce melodia. Era um contraste muito grande. A verdade da letra e a calma com a qual Belarus cantarolava.

I need your love

I need your time

When everything’s wrong, you make it right

I feel so high

I’ve come alive

I need to be free with you tonight

I need your love

Belarus então voltou a murmurar as notas num ritmo mais devagar.

Era por isso que não estava reconhecendo a música de primeira. Ela estava mais calma e suave, diferente do ritmo eletrônico original.Era um ritmo mais acústico, do tipo que fazia os jovens que ouvissem pararem e pensarem “Oh, então era isso que a música dizia o tempo todo.” Era o ritmo que fazia você pesar cada palavra e o significado desta. Era o ritmo que fazia daquela situação muito real.

Rússia suspirou fundo antes de descruzar os braços e se aproximar de Belarus.

– Bela, - ele a chamou - achei você. O que está fazendo aqui no campo?

Ela virou-se com rapidez, como se pega desprevenida, no mínimo surpresa.

– Ivan, - ela ergueu as sonbrancelhas. Terminou de escavar e deixou a pá de lado um pouco para descansar e afastar os cabelos do rosto. - Eu estava cuidando dos girassóis. O sol já estava se pondo e eu sei que você gosta de regar as flores no final da tarde antes que o sol vá embora.Mas você estava ocupado, então eu achei que poderia fazer o seu trabalho por hoje.

– Ah, - ele sorriu - isso foi muito gentil da sua parte.

Rússia se agachou ao lado da irmã, avaliando seu trabalho. A terra estava úmida e não havia sinal de ervas daninhas em lugar algum.

– Você fez um ótimo trabalho. - ele se virou para a irmã. - Quem foi que te ensinou a cuidar tão bem de girassóis?

Natalya sorriu para o chão, achando graça na pergunta.

– Ora, foi você mesmo, Ivan.

– Ah, então parabéns pra mim! - ele riu com gosto.

Belarus riu também enfiando as mãos com cuidado na terra ao redor de uma planta para retirá-la de seu lugar.

– Você quer uma ajuda aí?

– Não precisa, Ivan, eu posso—

– Deixa eu te ajudar. - ela a ignorou, enfiando as mãos na terra também e a ajudando a retirar a flor de seu lugar.

As mãos de Rússia tocaram a superfície quente das de Belarus por debaixo da terra. Ela prendeu a respiração e então olhou para o irmão.

Rússia sorria com encanto para ela. Ele achou extremamente fofo como ela parecia estar tão embaraçada pela situação e não pode evitar se não sorrir. Principalmente porque depois ela virou a cara com raiva. Ficou mais adorável ainda.

A garota retirou com pressa as mãos da terra. As mãos do russo eram grandes o suficiente para segurar todas as raízes com terra sozinho. Usando-se disso, Belarus apressou-se para pegar o vaso vazio. Ele despejou a terra e a flor lá dentro e cobriu com mais terra. Regou um pouco mais a flor e a avaliou. Era uma bela flor, ainda que pequena.

Rússia ergueu os olhos para Belarus e sorriu, satisfeito com o pouco que havia feito. Ela o estava encarando e desviou os olhos assim que ele percebeu, balançando a cabeça em sinal de aprovação.

– Ficou linda. - ele elogiou - Pra quem você quer dar?

– Bom - ela segurou seu próprio braço - achei que por ser ainda pequena, ficaria bem como decoração na sua mesa da sala.

– Eu já tenho muitos girassóis Bela. Por que você não fica com esse? - a garota levantou a cabeça, alarmada. - Assim se lembra de mim quando estiver em casa.

Belarus sorriu e assentiu com a cabeça. Rússia sorriu de volta para ela e levantou com o vaso em mãos. Ele a ofereceu a mão e ela aceitou de bom grado, limpando as mãos no vestido.

Foi quando Rússia notou o estrago que a terra fez no tecido e nos sapatos de Belarus.

Mesmo se ela deixasse os sapatos na entrada da casa, não poderia entrar na casa suja deste jeito. Neste caso, parecia que não havia outra opção.

– Posso pegar meu girassol? - ela indagou, estendendo a mão.

– Pode. - ele devolveu o vaso para as suas mãos pequenas. - Mas deve segurar ele bem firme. Em cima e em baixo.

– Por quê?

– Segure. - ele repetiu.

Ela pôs uma mão em baixo do vaso e outra em cima, os espaços em seus dedos para a flor.

– Tudo bem, agora o quê?

Antes que Belarus pudesse entender o esboço de sorriso travesso nos lábios de Ivan, ela sentiu seus pés saindo do chão e o corpo sendo impulsionada para cima e para frente.

Tomando cuidado para evitar os chutes de Belarus, Rússia jogou a irmã por cima do ombro.

Belarus gritou em surpresa. Rússia soltou uma gargalhada enquanto segurava as suas pernas. Ela conseguiu equilibrar o vaso numa mão de alguma forma e aproveitou a outra agora livre para esmurrar as costas do irmão. Rússia soltava um “Ai” de vez em quando, mas valia a pena pelo tanto que ele ria das situação.

– Ivan, isso não é engraçado! Me põe no chão!

– Ai! Eu vou por, calma! - ele riu - mas imunda desse jeito você não pisa na minha casa!

– Arrgh! Eu vou te matar! - ela esmurrava de novo.

Ele continuou rindo e empurrou a porta com o pé. Se apressou ao passar pela cozinha para subir as escadas e deixá-la no seu banheiro antes que Belarus deixasse um roxo nas suas costas. Ele estava começando a achar que já devia estar roxo.

Droga.

– Tudo bem! Está entregue! - ele puxou Belarus do seu ombro e a segurou na sua frente, ainda sem deixá-la tocar os pés no chão. Ele exibia um sorriso infantil no rosto, como se estivesse satisfeito com suas brincadeira.

É obvio que Belarus tinha que dar um tapa na cabeça de Rússia e arrancar aquele sorrisinho satisfeito da cara dele.

– Ouch! - ele a largou no chão.

– Isso é por me carregar feito uma boneca pela casa inteira.

– Bom, eu tive que fazer isso. - ele massegeou o lado da cabeça atingido. - Você tá toda suja, irmãzinha.

– Bom, esse é o único vestido que eu tenho.

– E como é que você espera passar a noite aqui sem pijama, hun? - ele indagou, cruzando os braços.

A garota abriu um sorriso de orelha a orelha.

– Vai me deixar dormir aqui?

– Que tipo de irmão eu seria se deixasse você pegar a estrada a essa hora?

– Mas… Eu não tenho nada pra vestir…

– Vou te arranjar algo. Vai tomar banho, eu deixo em cima da sua cama. Amanhã nós vemos essa coisa do vestido.

Belarus deu um beijo na bochecha do irmão e fechou a porta animadamente.

Rússia sorriu, coçando a nuca. Tinha que lembrar de mandar uma mensagem para Tóris para comprar um vestido para Belarus antes de chegar, para que ela pudesse ir embora. Afinal, amanhã será segunda feira e todo mundo tinha trabalho pra fazer.

Ele retirou o celular do bolso e começou a digitar a mensagem antes que esquecesse. Quando deixou o quarto e fechou a porta, Belarus abriu a porta do banheiro de novo e pulou para fora, evitando sujar os tapetes caros. Teria que limpar o chão depois, mas precisava chegar na sua bolsa. Alcançou a caneta em cima da escrivaninha e levou seu caderno consigo.

Dica #4 - Mostre interesse em algo que ele goste.

Ao mostrá-lo que vocês se interessam pelas mesmas coisas, é possível criar mais intimidade e confiança. É também um ótimo jeito para criar mais conversa com o seu irmão e evitar aquele ar de que você está sendo apenas uma louca perseg

Belarus se interrompeu antes de continuar. Seria melhor se não mencionasse esses detalhes pessoais no Guia.

***

Rússia afastou as garrafas de vodca para o lado. A porta da geladeira estava aberta a mais tempo do que o normal, porque a nação não conseguia achar nada naquele maldito refrigerador que não fosse álcool. Era impossível que tivesse acabado com toda a comida do final de semana. É certo que o que deveria ter restado não seria o suficiente para ele e sua irmã jantarem, mas não havia sobra nenhuma que desse para uma só pessoa a vista.

Droga de ansiedade. Ele sempre ficava ultra nervoso quando recebia a visita de Belarus. Talvez, se não tivesse afogado sua ânsia em comida, ainda tivesse algo para abastecer seus estômagos a noite.

Parecia que a única outra opção era pedir comida. Mas o delivery sempre demorava muito para encontrar o endereço remoto de Ivan. Talvez tivesse alguns pacotes de salgadinhos e amendoins sobrando na despensa.

– Irmão? - ele ouviu a voz de Belarus ressoar no ambiente. Não pode evitar um tremor percorrer-lhe a espinha ao ouvir aquela voz. Antigos hábitos.

Ele levantou a cabeça com pressa, depressa demais.

– Ai! - ele colidiu com o teto da geladeira. Se afastou mais, massageando o topo da cabeça. Estava prestes a fechar a porta da geladeira quando deu de cara com Belarus vestida em sua antiga camiseta da banda russa DDT.

A blusa ficava gigante em seu corpo pequeno, chegando até o meio de suas coxas. Rússia estava tendo problemas para decidir se ela estava usando os shorts que ele a deu ou não. Então, ele percebeu que passou muito mais tempo encarando suas pernas do que deveria.

– Está tudo bem, Ivan? - ela perguntou.

– Sim, tá tudo bem, por que não estaria? - ele se atropelou nas palavras, o próprio tom levemente esganiçado o denunciando.

– Por que você acabou de bater a sua cabeça?

A pancada de repente voltou a doer e ele levou a mão a cabeça. Ele gesticulou para a geladeira como se a culpasse. Percebeu que não sabia direito o que estava fazendo com as mãos então deixou-as descansarem do seu lado. Belarus riu levemente do irmão.

– Desculpa. Foi essa droga de geladeira… Não tem nada aqui dentro a não ser vodca. Acho que nós vamos ter que jantar algumas besteiras que eu tenho guardadas na despensa. Tudo bem pra você?

– Tá brincando? - ela pulou do degrau que dividia a sala e a cozinha. - Eu tecnicamente ainda sou adolescente e besteira é meu tipo de refeição preferida.

– Então vamos ver o que temos pra comer. - ele fechou a porta da geladeira de vez e a guiou até o armário dos fundos que servia como despensa.

Ao ligar a luz, vários pacotes de salgadinhos e biscoitos, junto com outros salgados industrializados e bolachas de todos os tipos se revelaram nas prateleiras do cômodo. Era mais do que o suficiente para alimentar os dois países, mesmo que um deles fosse o Rússia.

Belarus rapidamente agarrou dois pacotes de batata frita e um pacote de bolacha. Rússia pegou três pacotes de Doritos tamanho família.

Belarus o olhou com suspeita.

– Doritos? Você come essa besteira americana?

– Eu sei… - ele abaixou a cabeça com vergonha. - Mas os pacotes americanos são os único capazes de me abastecer.

– Eu acredito. - ela riu. - Vamos logo, eu vou querer um pouco dessa tortilhas.

Belarus abriu caminho pela cozinha, equilibrando seu jantar nos braços e indo em direção ao sofá. Rússia deixou que ela passasse por ele antes de desligar a luz e fechar a porta.

Uma última parada antes de chegar na sala.

– Sestra, eu sou tenho água, tudo bem?

Como não recebeu uma resposta, Rússia estendeu o pescoço para olhar por cima da porta da geladeira. Belarus estava sentada na frente de sua biblioteca de DVD’s escolhendo um filme.

– Sestra! - ele gritou.

– Oi? - ela gritou de volta.

– Só tem água, tudo bem?

– Você disse que têm vodca.

– Tem vodca, mas é só pra mim.

Belarus se levantou do chão e se aproximou da cozinha, se apoiando na porta da geladeira enquanto avaliava o interior da geladeira.

– Eu gosto de vodca.

– Você gosta? - ela assentiu com a cabeça. - Bom…Não, desculpe, não posso deixar você tomar.Você mesma disse que tecnicamente ainda é adolescente.

– E daí? Adolescentes bebem o tempo todo. E não é como se você fosse ser preso por me deixar beber.

Ela tinha razão. A Rússia não tinha nenhuma lei para menores consumarem bebidas alcóolicas, apenas para comprarem, e precisavam ter dezoito anos. Belarus tinha o corpo de uma jovem de dezoito anos.

– Eu não sei se devo… - ele coçou a nuca.

– Se vai livrar sua consciência, eu tenho muito mais que 18 anos. - ela pôs uma mecha loira atrás da orelha. - Minha independência foi declarada a 24 anos, apesar de eu já existir a muito mais tempo que isso. Vamos irmão, não seja chato.

Rússia suspirou, derrotado.

– Tudo bem, mas só um copo pra você.

Belarus bateu palmas e voltou para a sala saltitando. Rússia a seguiu, com seus pacotes de Doritos equilibrados em um braço e uma garrafa de vodca no outro.

Só esperava não se arrepender disso.

Um filme com drama demais para dois soviéticos sorridentes sob o efeito da bebida depois, Belarus estava tentando acompanhar Rússia na coreografia de Rasputin, de Boney M. Ele normalmente odiava a música, mas gostava dos passos da coreografia que o Just Dance criou para acompanhar a letra. Ele realmente se empolgava com os passos típicos russos, e parecia motivado a dar de dez na bielorrussa. Mas ela também não ia desistir tão fácil.

– Você… Não pode me bater… Eu sou russo! - ele dizia entre ofegos enquanto se agachava e abria os braços.

– Quer apostar… Irmaozão? - ela disse pausadamente quando a série de pulos finalmente acabou.

Ambos tinha conseguido pontuação perfeita nos passos até agora, mas a coreografia seguinte era muito mais fácil para Belarus. O irmão podia acompanhá-la, mas ele não notava os detalhes pequenos na coreografia como dar um pulinho ou bater o pé em vez de dar um passo, o que rendeu a garota mais pontos.

Os passos começaram a ficar cada vez mais ridículos e Belarus decidiu dar alguma vantagem a Ivan, desviando sua atenção para ele. Ele estava hilário mexendo os braços daquele jeito. Ela não pode evitar dar uma gargalhada solta, do tipo que ela nunca daria se estivesse sóbria. Sua risada não desconcentrou Ivan, que aproveitou da distração dela para continuar com animação quando um novo passo típico russo se aproximou.

– Ah droga! Isso não vale! - ela riu, tentando acompanhá-lo.

– Foi você que parou, eu não fiz nada! - ele riu.

Ra Ra Rasputin

Lover of the russian queen

There was a cat that really was gone

Ra Ra Rasputin

Russia's greatest love machine

It was a shame how he carried on

Muitos passos depois, uma sequência de pulos e agachamentos impossíveis de acompanhar fizeram Belarus tropeçar e cair de costas no chão com um sonoro BUMP. Rússia parou imediatamente o que estava fazendo e correu para o lado da irmã.

– Natalya, você tá bem? - havia um tom preocupado em sua voz.

Belarus não pode evitar se não sorrir e puxá-lo pela gola para cair no chão. Por pouco ele não a esmagou sob seu peso, rolando para o lado no último segundo.

– Você ficou louca? - ele arfou, recuperando-se do susto.

Natalya riu em resposta, fazendo com que um sorriso idiota brotasse nos seus lábios também.

Eles ficaram lá, deitados no chão da sala com o brilho da teve sobre eles e a música ainda tocando ao fundo.

– Sabe, eu não suporto essa música. - Rússia anunciou, estendendo o braço até o controle e pausando o jogo e a música consigo.

– Mas irmão, Prússia fez ela com tanto amor e carinho pra você! - ela exclamou com falsa simpatia.

Ambos caíram na gargalhada. Rússia descansou o braço estendido no chão e Belarus aproveitou e usou-o como travesseiro, descansando as mão sobre o peito do irmão e enfiando o nariz em suas roupas.

– Bela… O que está fazendo?

– Estou cheirando você. - ela respondeu como se não fosse grande coisa.

– Ah, ok. E eu cheiro a o quê?

Ela inspirou no tecido, avaliando os aromas.

–Vodca e… - ela inspirou profundamente - … Girassóis.

– Ah é? Pois você também tá cheirando a bebida, sua pouquinha! - ele exclamou, a cutucando em todos os cantos para causar-lhe cócegas e fazendo sons de porco com o nariz.

Belarus tentava se proteger das mãos do irmão como podia, sentindo o ar lhe fazer falta enquanto gargalhava. Até que em meio as gargalhadas ela soluçou.

– Será possível que você tenha bebido tanto que até soluçou? - ele parou de fazer cócegas.

– Quem mandou me deixar beber da garrafa?

Rússia riu e se levantou do chão com algum esforço, estendendo a mão para a irmã.

– Vamos, levanta. Você precisa comer algo doce logo pra baixar o nível de álcool na cabeça.

Belarus cruzou os braços sobre o peito.

– Só se você me carregar.

Rússia ergueu uma sobrancelha.

– Quer que eu te leve feito uma boneca pendurada de novo?

– Não! - ela fez bico - Quero que me leve no colo.

– De jeito nenhum. Eu tô bêbado e você também. Ou eu tropeço no caminho, ou você vai acabar vomitando em cima de mim.

– Bom, de quem é a culpa por eu estar bêbada? Minha é que não é, eu não sou o adulto responsável por aqui.

Rússia franziu o cenho com um sorriso.

– Você é perversa, sabia? - ele estendeu a mão para ela mais uma vez.

– Bom, eu só estou te compensando por todo o tempo que passamos separados. - ela aceitou a mão. - A vontade de te importunar é mais forte que eu, juro.

Belarus levantou com um pulo do chão, e imediatamente se arrependeu, quando notou que todo o chão sob os seus pés estava tremendo. Ela levou a mão a testa com a tonteira súbita e caiu novamente. Se não fosse por Ivan, ela teria caído dura no chão. Mas ele a desviou a tempo para que ela caísse sobre a superfície fofa do sofá.

Ela deitou no sofá e Rússia decidiu sentar ao seu lado no chão, de forma que seu olhar ficasse á altura do dela.

– Ficou tonta, né? - ele riu.

– É como se alguém tivesse esquecido o mundo no vibracall, ugh. - ela reclamou com o braço sobre os olhos. Rússia riu de novo, balançando a cabeça. - Isso é tudo sua culpa.

– Meu Deus, o que foi que eu fiz pra merecer isso? - ele olhou para o teto.

– Pra merecer eu te enchendo o saco? Ah, muita coisa.

– Natalya, não vamos voltar naquele assunto. - ele pediu, apoiando-se no sofá para levantar de novo.

– Nem pensar, senta aí - ela o agarrou pela roupa e o forçou a sentar no chão de novo, tirando o braço dos olhos e o fitando com suas sinceras orbes azuis. - Hora da historinha.

– Que história que você quer me contar?

– Vai me dizer que você não quer ouvir o por que que eu sempre fiquei atrás de você todos esses anos?

– Essa a gente já resolveu. - ele revirou os olhos. - Você queria a minha companhia.

Ele voltou a se apoiar no sofá para subir, mas Belarus o parou com uma mão no seu ombro.

– Você só ouviu a parte que interessava naquela hora. Tem mais. Agora senta essa bunda no chão.

Rússia cedeu com um risinho. Belarus virou-se para ele, se apoiando no cotovelo.

– Pra mim sempre foi uma questão de “ah, ele é meu irmão e ele é forte, eu vou me dar bem se ficar ao lado dele.”. - ela começou. - Mas ai teve um dia em que você me levou ao festival no Dia de São Valentim. Era um dia especial pra passar com aqueles que você ama então sim, eu achei que você me levar foi uma grande coisa. - ela afirmou no seu tom embriagado.

– E foi. - Rússia comentou. - Eu queria te mostrar que você era importante pra mim. Assim talvez você parasse de me encher o saco sobre casamento.

– Aha! Aí que está. - ela apontou para ele. - Eu tava super-duper feliz e saltitante naquele dia, mas ai você recebeu um telefonema do seu chefe e teve que ir embora mais cedo. Ai você saiu todo estressadinho, sem nem me dar tchau. - seu tom começou a se tornar repetitivo, como se quisesse passar logo por aqueles detalhes chatos até chegar na moral da história. - Ai eu fui atrás de você. E eu exigi que você me desse tchau propriamente falando. Aí você me deu um beijo nos lábios e foi embora. E eu decidi que eu tinha gostado daquilo. - ela começou a brincar com o cachecol de Rússia. - Então eu te segui até a sua casa. E aí eu descobri que seu chefe tinha te tirado do festival por que tinha um jantar beneficente que você tinha que ir. Então você me levou junto. E você foi me apresentando pra um bando de gente velha e rica de Moscou. E muitos deles não me conheciam e pensaram que a gente era um casal. E você ficava negando o tempo todo mas eu achei bem engraçado e até considerei por um momento que a gente se casasse mesmo. Então resumindo, foi aí que eu decidi que eu iria me casar com você.

Rússia escutava tudo com atenção apesar de seu estado confuso e debilitado pela bebida. Sua mente trabalhava para processar aquelas palavras e o sentido delas. O tom de Belarus era leve, como se contasse uma história para dormir. Mas ele sabia que se pesasse as palavras dela ia se dar conta de algo. Só não sabia o que era.

– Agora não me leve a mal, eu tô adorando que você não tá mais surtando quando eu me aproximo e que a gente possa ter esse lance de irmãos, mas sinceramente, eu ainda não descartei a ideia. - ela continuou, enrolando o cachecol na mão até chegar na base do pescoço de Ivan. Então, ela segurou o queixo de Ivan e o virou para que ele a olhasse. - Então, irmaozão, você nem pense em passar o Dia de São Valentim com outra mulher esse ano. Por que se você passar, eu vou atrás de você. - sua voz começava a adotar um tom mais atravessado e lento. - E eu vou por meu vestido branco, e vou cortar alguns girassóis do seu jardim, e eu vou te encontrar e te—-

Rússia a segurou para que não batesse a cabeça quando caiu do sofá.

O corpo de Natalya cabia do pequeno espaço entre Rússia e a poltrona ao seu lado. Ela ficou parada por alguns instantes e Ivan começou a se preocupar, achando que ela havia desmaiado. A sacudiu e virou seu rosto para poder vê-la. Ela não estava desmaiada, mas exibia um sorriso bobo no rosto.

– Tá bom. - Rússia se levantou, puxando Belarus para que ela sentasse de novo no sofá. - Você já bebeu demais. Vamos, eu te levo até a cozinha.

– No colo? - Natalya sorriu abertamente com a possibilidade.

– Pode ser nas costas?

– Serve! - Ela sorriu, subindo com cuidado no sofá.

Quase tropeçou, mas apoiou-se na mão do irmão e então subiu nas costas do mesmo, sendo carregada estilo cavalinho até a cozinha.

Ivan a deixou com cuidado no chão, onde ela rejeitou a cadeira e sentou na mesa sem pedir licença.

– O que vai me dar?

– Algo açucarado e forte pra te fazer voltar ao normal. - ele entrou na despensa. - Eu acho que tenho uma coca-cola em algum lugar por aqui.

Belarus revirou os olhos dramaticamente.

– Por que você tem essas coisas em casa?

– Para casos de extrema necessidade. - ele respondeu de dentro da despensa.

– Eu tô bem, Ivan. - prometeu - Não é como se eu tivesse entrando em coma alcoólico.

– Eu sei, - ele voltou da despensa, carregando uma garrafa de coca em uma mão e um filtro de café na outra. - mas prefiro não correr riscos.

– Awn, quanta responsabilidade! - ela balançou os pés ao ar.

Ivan sorriu e a entregou a garrafa, então deu as costas para preparar o seu próprio café. Seria suficiente para ele que já estava acostumado com o álcool.

Deixou a água fervendo e se apoiou de costas para a pia, olhando Natalya. Ela tinha cruzado as pernas, uma parte do shorts de pijama aparecendo por debaixo da blusa gigantesca.

– Me desculpe por não ter nenhuma camisola pra você aqui. - ele gesticulou para a blusa. - Mas acho que essa blusa velha pode dar pro gasto por hoje, né?

– Não tem problema. Na verdade, eu prefiro a sua camiseta. - ela puxou a gola para cima. - Têm o seu cheiro nela. Parece que você está me abraçando.

Ivan sorriu torto.

– Parece que você gosta mesmo do meu cheiro.

– Têm várias outras coisas que eu gosto em você irmão.

Rússia de repente se sentiu intimidado pelos olhos azuis de Belarus, e abaixou a cabeça, fitando o chão. Ele sabia disso. Ela deixava isso claro toda vez que o pedia em casamento. Estranho essa admiração especial que ela tinha pelo irmão. Parecia que ele nunca teve olhos para nenhum outro home, só para ele. O que fez uma nova pergunta surgir na cabeça de Ivan.

– Bela. - ele a chamou.

– Hun? - ela o olhou enquanto dava um gole da garrafa de Coca-Cola.

– Você já teve um encontro antes?

– Como? - ela o fitou, confusa.

– Bela, você é uma jovem linda e interessante. Eu não me surpreenderia se tivesse uma fila de rapazes querendo sair com você.

Ele a achava linda?

A mente de Belarus travou nesta informação antes de poder processar o resto da sentença.

Ah… Sim. Havia uma fila de rapazes.

– Ahm… É, sim, tem alguns.

– E porque nunca ficou com ninguém?

Belarus parou de beber.

– Eu… Acho que eles não gostaram de mim.

Russia ergueu uma sobrancelha.

– Eu duvido disso.

– Por que acha isso?

– Que homem em sã consciência iria dizer não pra você, Natalya?

Belarus fitou os seus pés.

– Você vive dizendo.

Rússia suspirou. Um longo momento de silêncio se estendeu entre os dois. Estava começando a ficar desconfortável. Rússia não queria ter aquela conversa sobre casamento com ela de novo. Mas não sabia como quebrar o silêncio.

Bem agora que eles estavam indo tão bem.

– Irmão. - a voz de Belarus o chamou

– Sim? - ele ergueu a cabeça.

Belarus estava encarando os próprios pés. Ela parecia mergulhada em pensamentos, medindo as suas palavras. Seus pés mostravam uma inquietação. Ela então ergueu a cabeça e o fitou com uma expressão abalada.

– Eu sou mesmo assim tão difícil de amar?

– Não. - Rússia se aproximou em passos rápido da irmã, segurando a sua mão e a beijando para confortá-la. - Não Natalya. Por que diz isso?

– Por que nenhum homem parece ser capaz de me amar. - ela o olhava com sinceridade. - Nem você, nem os com que sai. Todos me rejeitam.

Belarus abaixou a cabeça de novo, deixando o cabelo sobrar seu rosto.

– Por que ninguém consegue me amar, Ivan? - seu tom era triste.

Ivan segurou o queixo da irmã e o levantou até que ela não pudesse escapar de seu contato visual. Seus olhos estavam marejados e sua expressão deixava claro como ele estava lutando contra as lágrimas.

– Eu te amo, Natalya. - ele prometeu.

Natalya virou o rosto, puxando o queixo para fora dos dedos de Ivan.

– Não do jeito que eu quero. - ela evitou olhar em seus olhos. - E parece que ninguém pode me amar do jeito que eu quero. Eles acham que eu sou louca.

– Quem foi o idiota que disse isso pra você? - Ivan a contornou, entrando em seu campo de visão novamente. Seu rosto parecia dizer que estava pronto para esfolar a cara do idiota que disse qualquer coisa ruim sobre sua irmã.

– Todos eles. Dizem que sou muito intimidadora e psicótica.

– Ora, eu tenho certeza que eles só ficaram assustados pela sua personalidade forte. - ele fitou a sala, pensando em quem poderia ser os canalhas que falaram um coisa dessa. - Bando de covardes, isso sim. - ele voltou a atenção para Belarus, acariciando sua bochecha. - Os homens não esperam que você seja segura e auto-suficiente como você é.

– Mas você não é covarde, Ivan. Você me conhece, sabe como eu sou. - ela pensou um pouco. - Você gosta de mim como eu sou?

Rússia franziu o cenho.

– O que está dizendo? É claro que gosto!

– Então porquê você não fica comigo? - ela segurou suas mãos.

Rússia se desvencilhou do aperto de Belarus, colocando uma certa distância entre eles.

– Por que nós não podemos ficar juntos. - ele apoiou as mão sobre a pia, de costas para a irmã. - Você já deveria ter entendido isso.

– O que eu entendo é que você ache que seja estranho e por isso não me dê uma chance. - Belarus respondeu.

– Natalya nós não vamos falar sobre isso de novo. - ele repetiu, sério. - Eu não vou me casar com você e ponto final.

Belarus pulou da mesa e se aproximou cautelosamente do irmão.

– E por que não?

Rússia se virou para encará-la.

– Por que nós somos irmãos! - seu tom levemente alterado. - Isso seria errado!

– Pois pra mim não parece errado! - ela gritou de volta. - Ser sua irmã nunca atrapalhou meus sentimentos por você antes, por que então têm que te incomodar tanto?

Rússia estreitou os olhos.

– Por que. É. Errado. - ele cerrou os dentes.

Belarus deu mais um passo para a frente, ficando com o rosto a centímetros de distância do irmão. Seus olhos oscilavam entre os de Ivan, e por um instante, ela parecia mais confusa do que enraivecida.

– Então por que eu sinto que não é?

Rússia fechou os olhos, escapando do olhar de Natalya por um instante. Não podia raciocinar direito com aquele grandes orbes azuis o encarando com tanta necessidade.

Suspiro.

Ele voltou a encará-la, segurando seu rosto com as mãos fortes.

– Você só está confusa, Natalya. - ele pôs uma mecha rebelde de seu cabelo loiro atrás de sua orelha. - Eu recomendo fortemente que você tente sair com outros rapazes e escolher o seu homem ideal.

– Eu escolho você.

Rússia massageou os olhos.

– Bela, nós já podemos para com isso, com essa história de casamento. Eu não vou mais te deixar sozinha por que eu sou o seu irmão e esse é o meu trabalho. Mas você realmente deveria arranjar mais alguém, talvez o Lituânia, eu sei que ele gosta de você. Vocês dois já foram casados por uma tempo e—

– SERÁ QUE VOCE NAO ENTENDE? – Belarus esbravejou.

Rússia congelou, sentiu o coração bater acelerado. Os ataque de nervos de Natalya sempre o deixavam alarmado. Mas dessa, vez, olhando para seus olhos, eles não apresentavam aquele brilho de loucura. Pareciam mais mergulhados em tristeza e frustação.

Belarus fechou os olhos com forca e Rússia sabia que ela estava escondendo as lágrimas.

Mas que droga.

Ela respirou fundo, ganhando forca. Então, começou devagar:

– Eu não escolhi o Litva, fui forcada a casar com ele. E mesmo se tentasse me casar com outro alguém, eu nunca poderia amar meu marido como eu amo você, irmão. Eu escolhi você a muito tempo atrás, e não tem mais volta. Eu poderia estar numa multidão de pessoas, e mesmo assim, seria você quem meus olhos iriam procurar. Você tem os braços que eu quero ficar, você tem os olhos nos quais eu quero me perder... E me machuca muito saber que você não me escolhe de volta, mas não importa quantos maridos você queira me empurrar, eu ainda vou escolher você. Eu te amo, Ivan.


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Notas finais do capítulo

Eu seeeei, terminei num cliffhanger. Eu odeio fazer isso, mas o capítulo tava muito grande e eu não sabia aonde parar. Eu tenho o resto meio que já escrito, então exite alguma possibilidade de que saia mais cedo semana que vem. Eu disse alguma. Não confirmo nada pq eu também não ponho fé nenhuma em mim mesma.
Apelação da semana: Esta aberta a Temporada de Discussão Sobre O Que Caralhos Está Acontecendo Com Esses Dois Soviéticos. Eu tenho minhas próprias teorias e já dei várias dicas nos ultimos dois capítulos. Agora, chegou a vez de vocês comentarem o que vocês acham que acontece entre esse dois, como funciona a relação deles, o que um acha do outro de verdade, e como será que essa treta vai acabar.
Amigavelmente lembrando que de aqui em diante, ITS GOING DOWN FOR REEAAALL.

Beijos pra você, KitCats. Até semana que vem