Diário de uma princesa cristã escrita por Viih


Capítulo 28
Saída à vista




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Pov. Eric.

Minhas mãos gelaram de ansiedade e temor. O que faríamos aqui, só nós por um tempo indeterminado. Se eu pensasse bem, não seria ruim está perto de Elise, pelo contrario, mas eu não conseguia pensar bem. Só pensava na possibilidade de estarmos presos ali para sempre. Nenhuma porta se quer, nenhuma janela foi deixada aberta, estava tudo trancado, totalmente fechado. Elise tinha pegado o celular, mas nem o dela e nem o meu pegava linha de telefone naquele lugar. Comecei a bater nas portas e janelas esperando que eles ainda estivessem lá fora, mas foi em vão.

–Eric... Pare. –Disse Elise tranquila e em perfeito estado.

–Eles tem que está ai, tem que está ai.

–Não, eles não estão. –Disse ela tentando me tranquilizar pondo as mãos nos meus ombros e olhando o meu rosto assustado.

–Mas... –Acalmei- me. –O que a gente vai fazer?

–Nada... –Ela afastou- se. –Aqui não pega linha telefônica. Então... só temos que esperar.

–Você não tá ajudando Elise.

Mas mesmo aceitando aquela realidade, ela parecia está tão calma e conformada que não entendi. Mas estava na cara o porquê. Elise sempre foi a pessoa mais calma e equilibrada que eu conhecia. Sempre que o professor passava uma prova para o outro dia valendo toda a nota do bimestre na escola, todos os alunos se desesperavam, eu não me interessava muito nisso. Mas Elise não. Elise se interessava nos estudos, mas não se perturbava quando algo assim acontecia, porque ela buscava algo maior, apenas uma coisa totalmente necessária, sua salvação, sua salvação em Deus. A presença de Deus em sua vida. As outras coisas, ela até se importava, mas não se inquietava com isso. E agora eu entendia, só não conseguia fazer o mesmo ainda como novo convertido.

–Olha Eric... Eles vão notar a nossa ausência, e vão vir nos buscar logo. Tá bom? Eles vem logo.

–Elise. Presta atenção: nós estamos a quilômetros da estrada, tudo isso em volta é oceano, aqui não pega linha telefônica nem internet. Estamos sós. O que vamos fazer?

–Eles vem logo. Vamos confiar em Deus tá? Vamos confiar que vai da tudo certo, pois todas as coisas cooperam para o bem naqueles que amam a Deus. Fica tranquilo Eric. Por favor.

Suspiro.

–Você não sabe o quanto eu quero mi... –Interrompi- me. Eu não podia chama-la de minha Elise. O único lugar onde ela era minha era nos meus sonhos, em minhas incertezas...

–Agora... precisamos sair desta casa. Está me sufocando. –Disse ela quando em me acalmei.

Revistamos todas as saídas da casa, mas não achamos nenhuma. Nenhuma a vista. Já não bastava sermos deixados para trás, tínhamos que ficar presos naquela casa!

–Tudo bem. –Disse Elise acalmando a si mesma. –Vamos ficar bem.

Achamos um canto da casa e nos sentamos, ela em um e eu em outro. E permanecemos lá. Horas e horas se passaram, eu estava convencido que morreria sufocado ali e percebi pelo rosto sem esperança de Elise que ela também tinha essa convicção, e aceitamos facilmente. Aceitamos não lutar contra a fome ou contra o frio, ou contra morrer sem respiração dentro daquela casa que se tornava menor e mais apertada a cada segundo que se passava, parecia que as paredes se aproximavam uma da outra.

Quando percebemos que o sufoco não passava e não nos matava. Quando percebemos que a morte não vinha. Direcionei algumas palavras a Elise, como um passa tempo, uma forma de ficar um pouco mais feliz naquele lugar. Olhar para Elise sempre foi suficiente para mim, mas naquele momento eu queria também ouvir sua voz.

–Seu noivo vem te buscar logo. Acredite. –Murmurei sem forças.

Elise não olhava em meus olhos, seus olhos estavam perdidos olhando o teto e ela também estava fraca.

–Eu sei. Só não entendo porque ele foi sem mim. Não faz sentido.

–Talvez ele achou que você estava em outro carro.

–É. Deve ter sido isso mesmo. Mas ele vem buscar você também.

–Por causa de você.

–Eric... você é tão importante quanto eu para todo mundo.

Mesmo morrendo de forme e desidratada naquele lugar, ela era solidária. Ela queria sofrer sozinha, mas me proteger de toda dor.

–A gente podia fazer como a lagoa azul. Se acostumar vivendo no mar e sobrevivendo com as coisas da natureza. –Fiz piada.

Elise gargalhou.

–Ah Eric. Só você mesmo viu.

Eu não podia deixar Elise sofrer sozinha. Na verdade não queria que ela sofresse de forma alguma.

–To sentindo uma coisa diferente. –Falei mudando a posição.

Ela se alertou um pouco mais.

–O que você tá sentindo? –Perguntou ela querendo rir.

–Quando você falou aquelas coisas, e eu rebati, porque eu não queria deixar você sofrer só, e nem sofrer de maneira nenhuma. Estou sentindo algo diferente agora.

Ela voltou a sua posição, mas percebi pelos seus olhos que ela estava encantada.

–Eu sinto isso quase todo instante. Tem um nome pra isso.

–É mesmo. E o que é?

–É amor.

Senti suas palavras me impactarem. Por um lado eu estava chocado, pois estava comprovado que eu amava Elise, e por outro lado muito feliz, porque ela sabia o quanto eu a amava. A situação arrancou um sorriso enorme de mim.

As horas voltaram a se passar com muita vagarosidade, eu olhava para Elise, a encarava e ficava encantado com sua delicadeza de desviar o olhar, de mudar de posição... coisas que eu nunca havia prestado atenção hoje e me fazia me apaixonar ainda mais por ela.

–Chega. –Falei. Olhei para o relógio na parede, já apontava quatro e meia da tarde e não havíamos comido e nem bebido nada. Tinhamos que mudar a nossa situação. Não sabíamos quanto tempo ficaríamos aqui, mas eles viriam nos buscar, e tínhamos que permanecer vivos até isso acontecer. Me pus de pé imediatamente, caminhei até Elise e estendi minha mão para ajuda-la a se levantar.

–O que foi? –Disse Elise. Sua boca estava ressecada, percebi o quanto ela estava fraca e debilitada, sua pele estava muito desidratada. Eu não ia deixar-la morrer de fome sem fazer nada.

–Vamos mudar essa situação Elise.

Ela agarrou a minha mão e se levantou com dificuldade.

–O que vamos fazer Eric?

–Primeiro, vamos achar alguma coisa para beber. Não podemos morrer de sede.

–Eu to com muita sede Eric.

–Eu sei. Venha, vamos à cozinha, eles devem ter deixado algumas garrafas de água cheia no frízer.

Corremos até lá, e eu estava certo. Tinham algumas garrafas cheias de água pela metade. Bebemos um pouco. Primeiro ela, era a prioridade. Depois eu.

–Tá bom. Temos que poupar. –Falei me controlando para não tomar a garrafa inteira.

–O que vamos fazer agora?

–Preciso que faça uma coisa pra mim Elise. Você pode?

–Sim, o que?

–Pegue o seu celular e ande por todos os lugares da casa possíveis atrás de linha telefônica.

–Tudo bem, e você?

–Vou tentar abrir essas portas na força.

–Tá. Eu já vou.

Ela andou alguns passos atrás de mim e parou.

–Eric...

Olhei para trás.

–Obrigada.

Não sabia exatamente porque ela estava me agradecendo, desde que me apaixonei por Elise tudo que eu fazia era por amor, como se não estivesse fazendo nada, por retribuição alguma. Simplesmente porque a amava.

Pov. Elise.

A partir dali eu tinha que cumprir todas as ordens de Eric. Era uma forma de ficar viva e sair daquele lugar. Ele tinha noção do que fazia e dizia e eu aprendera a confiar nele.

Agarrei o celular e corri em buscar de algum lugar da casa que pegasse linha telefônica. Ergui o celular em busca de um único ponto que fosse na tela daquele celular.

Abri uma porta que ficava na sala. Era um quarto vazio e escuro, muito sujo, mas não hesitei em entrar lá. Era um lugar baixo, olhei novamente na tela do celular e mais uma vez não tinha nenhum ponto que seja.

Olhei ao redor do lugar que eu estava, mal reparei que tinha uma escada que levava para algum lugar. Subi de vagar pensando no que encontraria lá em cima. Cheguei a uma salinha pequena e muito escura, parecia que ninguém nunca havia entrado ali há anos. Olhei novamente na tela do celular, mas nenhum ponto aparecia. Perdi as esperanças veria algum ponto ali. Olhei para a minha frente, uma coisa me chamou atenção. Uma cortina enorme e preta estava ali. Percebi também o quão suja estava, toquei nela e imediatamente a abri. Uma luz! Uma luz surgiu ali. Uma esperança de sair daquela casa. Era uma janela de vidro fino enorme que dava para ver o lado de fora.

–ERIC! –Gritei. –ERIC!

Sorri imensamente. Finalmente eu sairia das paredes sufocantes daquela casa e em breve sumiria daquela praia para o meu lar.

–Elise?! –Surgiu Eric eufórico.

Quando ele viu a grande janela de vidro correu sorrindo e me abraçou.

–Você achou por onde podemos sair Elise!

–Sim! –Disse feliz. –Agora... temos que abrir passagem.

–Eu sei.

Procurei em volta alguma faca, alguma coisa que pudesse furar aquele vidro fino e nos faria voltar ao ar livre.

–Aqui! –Falei quando encontrei uma faca velha. Corri e a peguei. Estendi- a para ele e ele se preparou para despedaçar o vidro e assim fez. –Como vamos descer agora?

–Tem uma escada aqui em baixo. –Disse ele quando o vidro estava totalmente despedaçado.

Preparei- me para descer.

–Espere. Eu vou primeiro. –Disse ele. –É mais seguro.

Sim. Eu confiava em Eric, ele jamais faria isso se não fosse completamente seguro para mim, mas eu também me importava com o que aconteceria com ele.

Ele foi e depois eu fui. Andamos ao redor da casa, abrimos- a por fora e assim tivemos acesso total. Mas eu não queria saber da casa tão cedo. Contemplei o vento e a beleza da praia pela milésima vez.

Senti quando Eric veio por trás, me ergueu pela cintura e me girou no ar, o que arrancou um sorriso espontâneo de mim, pois eu ainda estava indescritivelmente feliz por ter saído dali.


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