Hans chegara em seu quarto imundo. Passara o dia inteiro pensando na rainha. Depois de tanto tempo planejando sua volta e seu triunfo, de repente ele não tinha mais vontade de triunfar como planejara. Ele não queria mais matar Elsa, não queria usurpar a coroa. Ele precisava protege-la, tê-la em seus braços, beijá-la... Um calor invadia seu corpo cada vez que pensava nela, que pensava que esteve prestes a tocar seus lábios.

Elsa... nos seus sonhos ela apareceu, um cristal de gelo sobre a neve. Ao redor da moça, o castelo das montanhas, que um dia ela criara, voltava a ser reerguido. Hans entrava pelo portão, até o segundo andar onde Elsa o esperava na varanda. Linda, resplandecente, estendia suas mãos para ele.

– Fique aqui comigo, Hans. Fique comigo para sempre, só nós dois.

Ele se aproximava dela e estava prestes a beijá-la quando... Hans voltava ao exílio, sendo espancado por alguns guardas e outros exilados enquanto tentava trabalhar na terra. Elsa aparecia e ele pedia misericórdia, mas ela chorava e virava as costas para ele.

– Como você pode me trair assim? Como?

Ele tentava se explicar, mas continuava a levar socos e pontapés. Seus agressores desapareciam e quando ele se levantava e ia em direção a Elsa, ela caia em seus braços, morta, com sua espada cravada no coração.

Ele acordou com a respiração acelerada e o coração batendo forte e descompassado. Passando a mão no rosto, Hans levanta assustado, ascende uma vela e vai até o espelho. Ele está apaixonado por Elsa. Olhando seu reflexo, ele mal se reconhece. Além da barba e o cabelo comprido, ele não quer mais vingança, seu coração não odeia mais. Amor, um sentimento dolorido e ao mesmo tempo prazeroso que faz com que ele se esqueça de tudo que não ELA. Mas Elsa não conhece o verdadeiro Hans, para ela, ele é Victor, o reflexo do espelho. Hans bate com força na parede. E se ela descobrir... e se ela souber que ele é o traidor?

Elsa passou a noite toda com fragmentos de sonho sem sentido ou lembrança. Ainda não amanhecera, mas ela sabia que não demoraria muito, já que a geada da noite começava a diminuir. Victor aparecia em sua mente, perto, quente, segurando sua cintura de forma protetora enquanto os floquinhos caiam ao fundo. Será ela realmente se apaixonara pelo rapaz? Victor... ele era gentil, humilde e não tinha medo dela, a admirava, apesar de tudo o que ela fizera. E seus olhos, tão expressivos...

Elsa balançou a mão direita, formando uma miniatura de Hans. Passou a arrumar cada detalhe de sua escultura, mas caiu no sono.

– Elsa!!! Bom dia!

– Hum? Quem? Anna?!? O que você faz aqui? Que horas são? – Elsa levantou rapidamente, alarmada.

– Eu vim pegar um vestido seu emprestado! Senti tanta falta daquele verde escuro durante a viagem! – Anna entrou no quarto e abriu o imenso guarda-roupas da irmã, se enfiando lá dentro.

– E Kristoff?

– Ele acorda todo dia às cinco da manhã e eu acabo acordando com ele. Agora devem ser umas... seis horas?

– Você veio de pijamas até aqui?

– Claro, mas todos ainda estão dormindo.

– E você tinha que me acordar por um vestido? – Elsa jogou seu travesseiro em Anna, que caiu no chão rindo.

A escultura de Hans caiu no chão e rolou até Anna.

– Isso é uma escultura daquele rapaz – disse Anna pegando o objeto de gelo. Elsa, alarmada, derreteu a escultura, e Anna voltou a rir, se levantando e abraçando Elsa.

– Você está apaixonada!!! Elsa!!!

– Anna!

– Está, não está? Eu sei que sim. Estou tão feliz por você. É Victor o nome dele, não é?

– Sim, mas não sei... eu sou a rainha e eu matei a mãe dele. Eu não mereço estar apaixonada. O que posso oferecer a ele?

– Elsa, você é incrível, doce, inteligente... e que história é essa de matar a mãe dele?

– Durante meu inverno a mãe dele adoeceu e, bom, você sabe.

– A culpa não foi sua. E vamos lá, você merece ser feliz e ele parece muito gentil também. Minha irmãzinha, depois de tanto tempo apaixonada!

– Ei, não faça disso uma coisa assim tão grande!

Anna sorriu e apertou as bochechas da irmã, que a empurrou.

A ruiva voltou ao guarda-roupa, bagunçando todos os sapatos de Elsa, e vestindo o tão falado vestido verde.

– Por que você tem sempre que bagunçar minhas coisas?

– Porque sou sua irmã.

Elsa torceu o nariz.

– Trança meu cabelo?

Elsa começou a trançar o cabelo de Anna em duas lindas tranças altas que prendeu em coques com fitas verdes e brancas.

– O que acha?

– Perfeito!

Elsa arrumou seus sapatos novamente e colocou um vestido azul.

– Minha vez de fazer tranças em você.

Anna fez a trança lateral preferida de Elsa.

– Eu sei que você pode fazer sozinha, mas estou com saudade de fazer tranças em você. E eu quero que fique bonita quando se encontrar com Victor – Anna piscou e Elsa lhe atirou uma bola de neve.

– Ah! É guerra?

Anna pegou o travesseiro que ainda está no chão e jogou em Elsa. Saiu correndo e abriu a porta do quarto, tropeçando no tapete e rindo.

– Elsa está apaixonada!

Elsa foi atrás dela, mas parou no batente da porta.

– Anna!

Rindo, Elsa voltou para seu quarto e fechou a porta. Não percebeu que Hans estava no quarto ao lado e havia ouvido que a loira está apaixonada. Ele sorriu, com o coração batendo forte. Ela o amava também.