Capítulo dezesseis – Passos escuros

 

Hoje eu sou o que restou da dor

Da minha dor

Não posso me esconder

Mas que a verdade seja dita agora

(...)

Que a vida me leve afinal

Não tenho mais medo de errar e aprender

Com meus passos escuros

Com meus passos escuros

(Hevo84)

 

[Pov Jacob]

O dia amanheceu amargo. Minha cabeça doía e se dependesse de mim eu ficaria deitado na cama pelo resto da semana. As lembranças de que tinha terminado com Bella não saia da minha cabeça, corpo e alma. Eu sentia um grande e doloroso buraco em meu peito. Ele me fazia sofrer e me deteriorava aos poucos.

Sai da cama, me arrastando, e notei que uma fina garoa se instalara em La Push. Era inacreditável que até o tempo achava de colaborar para a minha dor.

Rumei para o banheiro e tomei um banho rápido, se hoje eu não tivesse uma maldita reunião com uns fornecedores eu juro que ficaria trancafiado em casa. Mas nem tudo é como a gente quer! A minha vida sempre foi uma caixa de pandora, pronta para desabar sob a minha cabeça. Passei pela cozinha pegando algo para comer e sobre os protestos de Dulce – minha empregada - eu saio porta a fora.

Já estava mais que atrasado e levaria bronca do Paul – meu sócio - que vinha me falando dessa reunião a semana inteira.

 

- Flash Back On -

 

- Hey tudo bem? – perguntei quando Bella vinha na minha direção com uma carinha triste.

- Tudo...

Aquela resposta não me convenceu.

- O que está acontecendo minha paixão?! – a puxei pela cintura e a obriguei a me olhar.

- Nada Jake, só me leva embora? – ela evitou me olhar e vi que seus olhos pousaram no tal do garoto riquinho, o tal de Edward Cullen.

- Qual é o problema dele? – inquiri exasperado.

- Nada Jake! – Bella pareceu entender de quem eu falava e se ajeitou a minha frente levando as mãos ao meu peito... – Por favor, Jake...

- Ele ainda fica dando em cima de você? É isso?! – exigi entre dentes. Ela apenas abaixou os olhos e eu não precisei da sua resposta para que soubesse que aquele “mauricinho” estava dando de engraçadinho para cima da minha namorada.

- Por você eu não vou quebrar a cara dele! – informei de punhos fechados. – Eu não quero você perto dele – confessei. Aquele sentimento de posse não era normal, mas eu gostava tanto de Bella que só em imaginá-la perto de outro me deixava irritado.

- Jake eu... – ela forçava a voz para não gaguejar. –... tenho um trabalho hoje e ele é do meu grupo – se eu não tivesse perto o suficiente dela eu não escutaria.

- O que?! – perguntei consternado. – Trabalho com esse engomadinho? – acabei por apontar para onde ele estava e chamar a sua atenção.

- Sim – Bella baixou a cabeça e fitou os pés. – Ele faz parte do meu grupo, eu não tenho culpa... Foi o professor e...

- Desculpe Bella! – pedi a abraçando. – Desculpe, desculpe... eu só não gosto do jeito que ele te olha. Esse jeito pretensioso dele me irrita! – comentei afagando seus cabelos.

- Jake eu gosto de você, só de você... – disse levando suas mãos a minha face. – Você sabe disso, não sabe?

- Sei minha linda... – depositei um cálido beijo em sua testa.

- Vamos embora? Passei na sua casa e trouxe um casaco para você, esfriou o tempo! – a entreguei o casaco e olhei para o céu que já escurecia. Logo, logo choveria.

- Obrigada Jake! – Bella colocou o casaco e o capacete e nós subimos na moto.

Não demorou mais que dez minutos para que chegássemos a sua casa. Estacionei a moto e desci para acompanhá-la até a porta.

- Quer entrar Jake? – me perguntou com aquele lindo sorriso, que a cada dia me deixava mais apaixonado, nos lábios.

- Tem alguém em casa? – respondi sua pergunta com outra e Bella enrugou a face.

- Não – me respondeu mais sorridente ainda.

- Acho melhor então não...

Irritada, ela cruzou os braços e virou o rosto.

- O que eu fiz agora? – não tinha compreendido porque ela havia ficado daquele jeito.

- Eu te convido para entrar e você não quer! – levou uma das mãos a cintura e começou a bater o pé.

- Seus pais não estão em casa, eu não acho certo! – argumentei.

- Jake a gente quase não tem tempo para ficar juntos! – ela diminuiu o espaço que existia entre nós e me abraçou. – Meu pai está sempre nos vigiando... – rolou os olhos. – E a gente nem pode sair da sala! – bufou.

- É normal Bella, seu pai está sendo apenas cauteloso – aleguei rindo da carinha enfezada que ela fazia.

- Meu pai está sendo uma mala, isso sim! – vozeou se afastando novamente. – Eu só queria ficar um pouco com você, só nós dois... – segurou a minha mão e fitou os olhos com intensidade.

- E seu pai Bella? – perguntei preocupado. Aquilo não estava certo! Eu não iria me aproveitar da situação só porque Renée e Charlie estavam fora.

- Esquece meu pai! – pediu me lançando um caloroso sorriso. – Vem... – disse abrindo a porta e me puxando.

Esquece meu pai?! Como se eu conseguisse esquecer o chefe Swan!

Aquela situação me deixou um tanto incomodado. Eu nunca tinha estado na casa de Bella sem um dos pais dela presente. Tudo bem, na maioria das vezes era Renée que estava lá e sempre nos deixava sozinhos na sala de estar. Isso nem contava! Mas eu não queria parecer desrespeitoso para com eles, afinal eu era apaixonado por sua filha, mas um pedido ou quase uma suplica da minha Bella era algo realmente impossível de ser negar. Eu era um tolo apaixonado, isso sim! Não tínhamos nem um mês de namoro e eu já sabia que ela era a mulher da minha vida.

- Você vai almoçar aqui, não vai?! – disse toda entusiasmada seguindo para a cozinha eu só a acompanhei. – Minha mãe fez comida! Você encontrou com ela? – maneei a cabeça em confirmação. – Hum... Ela fez Strogonoff de franco – anunciou Bella lambendo os lábios. – Vamos almoçar Jake?

- Bella eu não posso ficar muito tempo – aleguei apontando para a porta. – Meu pai... Você entende?

- Eu pensei que você fosse almoçar comigo. Acho que minha mãe também pensou porque fez tanta comida – apontou as panelas em cima do fogão.

- Dona Renée sabia que eu ia ficar aqui? – estranhei a colocação dela ao falar da mãe.

- Ah Jake... – Bella enrubesceu. – Eu disse que ia ficar com você! – comentou como se fosse óbvio. – Disse isso ontem porque sabia que eles hoje não iam estar em casa!

- E a sua mãe? – indaguei um tanto desesperado. Eu nunca esperaria isso!

- Minha mãe sabe como é? Ah ela te adora e não acha certo meu pai ficar 24 horas em cima da gente.

Oks! Eu fui obrigado a sentar depois dessa.

- Mas você não vai poder ficar, eu queria tanto que você ficasse...

Ela estava quase choramingando.

- Meu pai não vai gostar nem um pouco! – resmunguei mais para mim.

- Eu ligo para o tio Billy e falo com ele – como se fosse simples ela ligar e pedir para que eu almoçasse com ela! Meu pai ultimamente estava tão estressado que até dizer ‘bom dia’ era um perigo.

- Melhor não... – discordei. – Eu vou para casa, almoço com o velho e volto mais tarde. Combinado assim? – mal terminei de falar e um enorme bico já se formara nos lábios da minha pequena. – Não torne as coisas difíceis Bella – implorei me levantando e a abraçando. – Eu volto!

- Ao menos você me deixe tentar?! – insistiu.

- Tente – quando disse isso ela me soltou e saiu correndo para a sala. – Mas eu duvido que ele me deixe ficar – gritei.

Passando alguns minutos Bella me volta com uma cara de quem tinha acabado de receber uma péssima notícia e eu não tenho dúvidas de que esta tenha sido de que meu pai me queria em casa. Ela puxou uma cadeira para se sentar e eu acabei por puxar uma e sentar ao seu lado. Começou a brincar com as próprias mãos, ainda em silêncio, e aquilo já estava me matando.

- O que ele disse? – cortei o silêncio e ela me encarou.

- Seu pai anda estranho – confirmei com a cabeça. – E também está muito, muito irritado – traguei o ar com violência, certamente eu escutaria ao chegar em casa. – Só quando eu quero... – ela saiu da sua cadeira e sentou no meu colo. -... eu consigo! – disse sorridente. – Ele deixou você não só almoçar comigo, como passar o dia também!

- O que você disse a ele? – a encostei na mesa e rocei meu rosto ao dela.

- Segredo de Estado Jake! – respondeu mordendo os lábios. – Vou ter que te matar se contar!

- Ah é... Você não vai contar?! – Bella uniu lindamente as sobrancelhas.

- Não e não! – deu a sua palavra final.

- Ok – segurei com força a sua cintura. - Foi à senhorita Isabella Swan quem pediu! Conhece ela? – comecei a desferir uma série de cosquinhas pelo seu abdômen.

- Jake... Por favor – ela já chorava de tanto rir.

- Você pediu! Disse aí que é segredo de Estado – continuei e Bella se contorcia no meu colo. – Só queria saber o que você fez para amansar a fera que é o meu pai?

- Ah... Jake... Isso é... – gargalhou. – Covardia!

- Diz que eu paro!

- Tudo bem... Ok... – ela estava arfante. – Eu digo! – ela soltou um misto de grito e riso. – Mas você tem que me soltar! – alegou com voz rouca.

- Soltei! – disse erguendo as mãos como se tivesse rendido. – Agora me... Ah Bella! – gritei quando ela saiu correndo para a escada. – Volta aqui!

Levantei rápido da cadeira e fui atrás dela. Bella tinha desaparecido, mas como eu a conhecia ela não iria para outro lugar a não ser...

- Bella eu sei que você está ai – disse entrando em seu quarto. – Pode aparecer... Eu prometo que não vou te fazer cosquinha! – olhei debaixo da cama e nada. – Acho que estamos bem grandinhos para brincar de pique esconde, não acha? – acabei rindo com a minha pergunta. – Ah Bella! – olhei agora o banheiro. – Eu vou te achar e agora vai ser em dobro, eu estou zangado! – disse esquadrinhando o quarto meticulosamente para ver as possibilidades. - Sabe Bella... não tem tanto lugar assim para você se esconder! Você é péssima nessa brincadeira! – meu intuito era irritá-la para ver se ela saia da onde estava. – Eu vou te esperar lá em baixo! – aleguei e bati de propósito a porta do banheiro.

Bella saiu do Closet e não me viu atrás dela. Estava sorridente, se sentindo vitoriosa por não ter sido localizada. Eu apenas me aproximei de mansinho dela e a agarrei pela cintura.

- Eu disse que você não sabe brincar! – sussurrei no seu ouvido.

- Que susto Jake! – pude senti-la tremer.

- Bella você é péssima nessa brincadeira! – nós gargalhamos juntos.

- Eu tentei Jake, eu juro – disse entre risos.

- Mas o que você estava fazendo dentro do Closet? Bella o espaço é minúsculo! – argumentei me afastando dela e parando a frente do pequeno cômodo.

- Exagerado Jake! Não é tão pequeno assim! – ralhou.

- Ah, é sim! – retruquei.

- Que ver que não é?! – sem que eu esperasse Bella me empurrou para dentro do Closet e nos trancou dentro dele.

- Bella você é...

- Louca! Eu sei... – me interrompeu rindo. – Eu disse que queria passar mais tempo com o meu namorado, mas vejo que para isso tenho que trancá-lo no meu Closet!  

- Isso tudo para me trancar no Closet?! – me escorrei na parede e a puxei para mim deixando-a entre as minhas pernas.

- Isso tudo para tê-lo juntinho de mim! – me envolveu com os seus braços e me deu um rápido beijo nos lábios.

- E agora que estamos bem aqui, juntinhos. Como você arquitetou... – envergonhada, ela me evitou olhar. – O que nós vamos fazer?

Bella não me respondeu com palavras, mas sim com gestos. Como um turbilhão ela me tomou a boca já pedindo passagem com a sua língua. Levei minhas mãos aos seus cabelos e afaguei com vontade forçando mais o nosso beijo. Notei que as mãos dela já tracejavam meu abdômen por debaixo da blusa e não contive o gemido em seus lábios. Seus toques subiam cada vez mais até parar nas minhas costas, na qual ela arranhou. Inclinei-me mais sobre Bella e busquei com volúpia o seu pescoço, desferindo leves chupadas.

Um calor descomunal se apoderou do meu corpo. Eu queria Bella, a desejava intensamente. E parecia que o fato de ser proibido só me excitava mais.

Mudei de posição a imprensando na parede e de uma vez só tirei meu casaco. Ela fez o mesmo com o dela. Não deixaria espaço para dúvidas e antes que a minha sanidade viesse me cobrar algum ato de respeito eu deixei que meu coração falasse mais alto. Meus olhos encontraram os dela e foi aí que me vi perdido naquele mar de chocolate. Tracejei com as pontas dos dedos aquele rosto perfeito e Bella fechou os olhos lambendo os lábios.

- Jake... – pude sentir sua respiração descompassada. – Eu quero você, só não sei se...

Emudeci sua fala com outro beijo voraz. Nossas línguas pareciam travar uma batalha em nossas bocas. Uma batalha doce e prazerosa. Não me preocupei com o fato do ar já nos faltar, eu a queria e Bella pareceu entender meu desejo quando me puxou para ao chão acarpetado e ficou por cima de mim.

- Eu estou com medo! – segredou ao desgrudar a boca da minha.

- Eu também! – confessei encostando minha cabeça a dela, ajeitando-a em meu colo. Nossas respirações oscilavam e Bella tremia em meus braços.

- Mas eu sei que é o certo a se fazer... Jake pode ser cedo para falar isso, mas você é homem da minha vida! – sorrimos com cumplicidade e eu a abracei forte.

- Te amo Bella! – disse baixinho em seu ouvido.

- Eu também Jake, eu te amo...

Entrelacei minhas mãos nos seus cabelos sedosos e fui passando de leve a ponta do nariz pelo seu maxilar até chegar à altura do seu peito. Encostei meu ouvido ali para sentir os seus batimentos cardíacos acelerados e com delicadeza fui retirando a blusa de frio que Bella usava.

- Se você não se sentir bem a gente pára! – comentei sem desgrudar meus olhos dos dela.

- Eu não quero parar Jake!

Desprendi o fecho do seu sutiã revelando seus lindos, pequenos e rosados seios. Bella suspirou fundo e eu a tomei em outro beijo. Deitei-a no carpete e voltei minha atenção para o seu pescoço lambendo-o com fogosidade. Ela se contorcia abaixo de mim e eu a provoquei mais abarcando com a boca um dos seus seios que pareciam moldados para mim. Comecei a massagear o outro, enquanto apertava sua cintura.

Meu corpo já tremia em anseio. Eu não tinha pensado em nada assim para a nossa primeira vez. Nada tão repentino... Mas a gente não manda no tempo e no desejo.

Encaixei-a entre as minhas pernas e procedi à retirada da sua calça jeans. Fui descendo aos poucos, tirando seus tênis, meias... Até deixá-la só de calcinha. Enquanto me livrava da minha blusa, Bella se afastou e se ajoelhou a minha frente levando, imediatamente, suas mãos a minha calça.

Ela mordia os lábios com demasiada força que aquilo soava como provocação da parte dela. Encarava-me... Não desviava se quer os olhos dos meus ao retirar a minha calça, me deixando só de Box. Aproximou-se e fez pressão com seus lábios em meu queixo, pescoço e cada vez mais ela ia descendo... Revirei meus olhos aqueles leves toques tão delicados que me deixavam feito um furação.

Levantei a pegando de um átimo e sai com ela do, apertado, Closet e a deitei na cama. Contornei, com as mãos, aquele corpo e capturei um beijo selvagem da minha pequena.

Percebi, tarde de mais, as mãos de Bella em uma das minhas nádegas... Ela apalpou com fervor e eu não contive o urro de excitação.

Eu já me preparava para tirar a única peça que me impedia de prová-la quando a campainha me soa estridente. Sufoquei a reclamação me atendo agora ao umbigo perfeito que eu lambia, mas parece que quando uma coisa começa de forma errada não há acerto que a cure. A droga da campainha tocou novamente e novamente...

- Deixa tocar Jake! – ordenou entre gemidos já desarrumando toda da cama.

Como não tinha pretensão nenhuma em atender quem é que fosse; eu só prossegui com as carícias na região do seu umbigo, abocanhando logo em seguida a fronte do seu lingerie e o descendo o mais devagar possível para poder apreciar tudo aquilo que seria só meu.

Só que eu percebi tarde de mais que estava muito bom para ser verdade. Parecia que todos estavam contra e que tinha armado para estragar o nosso mágico momento.

Então os acontecimentos que se seguiram como: o telefone, residencial de Bella, tocar e a campanhinha ressonar (mais uma vez) foram mais do que suficientes para me fazer parar.

Bella me olhou desolada e eu só a acompanhei. Eu estava pior... Se é que entendem?! Sai da cama catando minhas roupas e as vestindo, como se fosse um fugitivo da Lei. Rumei para o corredor e tomei as escadas para atender a porta.

- Já vai! – disse ao impaciente que tocava a campainha. – O que você está fazendo aqui? – perguntei cruzando os braços.

- Sou do grupo de História da Bella – o mauricinho disse como se fosse simples atrapalhar o momento a sós com a minha namorada.

- Jake... Amor... Quem é? – Bella vinha descendo as escadas arrumando os cabelos. – Ah você?! – disse com desagrado fitando o Cullen. – Entre Edward, pode se acomodar na sala! – pediu educadamente e eu dei passagem para que ele entrasse. – Jake... Jake...

Fiquei estagnado olhando para onde o Cullen estava à porta até que senti as mãos de Bella em meus peitos.

- Tudo bem? – perguntou sorrindo. Seus olhos encontraram os meus e eu já não mais sabia o porque de estar chateado.

- Tudo sim, amor! – a respondi e a abracei forte.

- Desculpa Jake eu não queria...

- Shiu... – levei o dedo indicador aos seus lábios impedido-a de falar. – Teremos tempo para isso minha linda! Não estou chateado... Não com isso – olhei por cima dos ombros dela e vi o Cullen se ajeitando na mesa da sala da estar.

- É só um trabalho. Realmente não tinha notado que passamos tanto tempo... Você sabe... – abaixou a cabeça com vergonha.

- Quando estou com você o tempo parece não fazer mais sentido – alisei sua face com carinho. – Te amo Bella! – ela me abraçou mais forte, fazendo com que a porta na qual estávamos encostados batesse na parede e fizesse um barulho insuportável. Não teve como segurar a gargalhada que saia das nossas bocas. Afastei-a fechando a porta e rumamos para cozinha.

- Fome?! – ela fez uma careta e passou a mão no estômago.

- Morrendo! – disse. – Só que antes você não está se esquecendo de nada? – perguntei girando a cabeça em direção a sala.

- Ah sim, vou falar com ele! - Bella saiu me deixando sozinho e eu me levantei para por a nossa comida, enquanto ela não voltava.

A tarde se passou tranqüila, eu acabei por ficar na casa de Bella e conheci o seu grupo de trabalho de história que infelizmente compreendia Edward Cullen. A pior parte foi ter que ser simpático com ele, que não parava de lançar cantadas baratas para cima da minha Bella que não titubeava em respondê-lo a altura.

Assim que todos foram embora, Bella se acomodou no sofá ao meu lado e posou sua cabeça em meus ombros.

- Isso tudo foi um tédio para você, não foi? – indagou com se tivesse se desculpando por tê-la assistido fazer um trabalho para a escola à tarde inteira.

- Não! – aleguei franzindo a testa. – Você fica linda fazendo trabalho! Bella estar ao seu lado não importa como, é o que me faz feliz! – me acertei no sofá para que ficássemos frente a frente.

- Jake você é perfeito!

- Não sou... – discordei e ela fez beicinho. – Estou longe de ser a perfeição e...

- Boa noite crianças! – a voz de Renée se fez presente e a gente se separou rapidamente. O pai de Bella não ia ficar muito satisfeito em ver o quanto eu estava perto da sua filha.

- Boa noite mãe! – Bella levantou do sofá para ir abraçá-la.

- Como é que passaram à tarde? – ela olhou de Bella a mim.

- Bem senhora Renée! – a respondi rindo.

- Como você está meu querido Jake? – ela se aproximou me abraçando, mas sem largar Bella dos seus braços.

- Estou ótimo e a senhora?

- Renée o que vamos comer? – Charlie, que acabará de entrar na casa, perguntou-a antes que ela me respondesse.

- O que vocês acham de Pizza, crianças? – notei os olhares de desaprovação de Charlie para mim e abaixei a cabeça.

- Eu tenho que ir... – disse só para que elas ouvissem.

- Não, você fica querido. Seu pai não vai se importar. Vou ligar para ele! – nos avisou soltando e indo até o telefone.

- Vocês dois passaram a tarde inteira sozinhos? – a voz de Charlie não oscilava, porém estava ríspida.

- Querido, o Jake fez companhia para a nossa Bella – interveio Renée. – Ela estava fazendo trabalho com alguns colegas da escola e como Jake foi buscá-la...

- Como de costume! – reclamou Charlie levando uma das mãos ao queixo.

- Como de costume! – Renée o repreendeu. – Ele é sempre tão gentil com a nossa filha. Eles passaram a tarde juntos, Bella fez o trabalho e bom... Nada de mais meu bem.

- Espero que nada seja a palavra certa e que nada tenha acontecido, além de trabalho! – ele me lançou um olhar que me fez estremecer.

- Vem Jake! – disse Bella apertando a minha mão com força.

- Aonde vocês vão? – inquiriu Charlie.

- Podem ir crianças... Eu cuido dele! – alegou Renée nos dispensando com a mão.

- Eles não são mais crianças Renée! – ainda pude ouvir a fúria de Charlie antes de sair da sala.

- Ele é um ótimo garoto e ama a nossa filha! – agora ela havia se exaltado.

- Não liga Jake... Papai é extremamente ciumento! – comunicou Bella me fazendo sentar nos degraus da varanda.

- Eu estou vendo o quanto! – ela somente riu da cara de repulsa que eu fiz e me beijou.

 

# Um mês depois #

 

- Jake chegou uma carta para você – disse meu pai no seu tom natural, rude, quando adentrei a cozinha.

- E é sobre o que? – inquiri pegando as correspondências e encontrando logo a minha. Não era uma carta e sim um envelope de uma Escola Preparatória no Texas.

Abri o envelope rapidamente e lá estava o meu nome:

 

 

Senhor Jacob Daniel Black,

A Escola Goudy Old Style gostaria de parabenizá-lo pelo magnífico projeto e oferecer-lhe uma bolsa integral no período de três semestres.

Somos uma escola profissionalizante na área de engenharia mecânica, reconhecida em todo o país, seu projeto foi um dos melhores a serem revisados por nossa bancada, e por tal mérito decidimos por unanimidade que o senhor possui as qualidades necessárias para ingressar em nossa instituição, pois acreditamos e investimos nos melhores.

Aguardamos sua resposta em no máximo cinco dias após o recebimento desta. Junto com suas cartas de recomendações e os devidos documentos listados em anexo.

Leonard O’Conell

Reitor

 

 

 

- Como assim? – inquiri fitando o meu pai que ria agora para mim e voltando a ler a carta. – Projeto? Escola no Texas?

- Eu mandei o projeto do carro que você fez, aquele que...

- Eu sei pai! O que eu sonho em construir para mim! Mas escola? Eu nunca pensei nisso! – argumentei.

- Mas é bom pensar, pois já paguei a cota de 20% da sua morada lá! – a sua intenção era informar, mas acabou soando como ameaça. – Seria bom você rever seus conceitos Jake!

- Pai eu não pedi nada! – reclamei. Como que eu ficaria tanto tempo longe de Bella?

- Agradeça pelo menos! – deu de ombros saindo porta afora.

 

- Flash Back Off -

 

- Jake... Hey Jake! – Paul balançou meus ombros chamando a minha atenção. - Os fornecedores chegaram! – avisou.

- Eu já estou indo – disse terminando ao menos de sorver meu café.

- Você está bem cara? Nem parece que dormiu, está com olheira... – odiava esse jeito observador dele.

- Estou – menti pegando as pastas e descendo as escadas para a sala de reuniões.

- É a Bella, não é? – só em tocar no nome dela meu coração disparou.

- Você se martiriza muito por ela, tem que partir para outra Jake! – já estava cansado de ouvir esse conselho do Paul. Mas, quando o coração é tolo e vadio como o meu... não há cura!

Pareço estar cego...

Sem chão...

E acorrentado na minha própria torrente de vida que a cada dia me corroí.

- Por favor, Paul de novo não! – implorei.

- Tudo bem Jake, mas se você precisar – se ofereceu.

- Obrigado – finalizei a nossa conversa ocupando meu lugar a mesa.