A resistência escrita por Sasuke Tricolor


Capítulo 1
Prólogo: a nova missão




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A prisão de La Santé. Enorme no tamanho, na segurança, e também na quantidade de presos. Poucos que entravam lá resistiam até a liberdade para contar a história. O diretor deixava claro: vocês não são crianças. Se quiserem se matar, o problema não é meu. Talvez, foi seu jeito tão tendencioso que tenha forçado a diminuição dos homicídios no interior do presídio. Ou algum outro método subliminar, que ninguém tenha descoberto até hoje. E nem descobrirão.

Naquela manhã, Marc Bresseur recebeu a notícia de que já não era mais o diretor de La Santé. Insistiu para que lhe contassem o motivo, mas a desculpa, notoriamente não aceitável, foi a má gestão realizada por Marc. Dizia-se que na gestão de Gilles Labrecque, seu antecessor, os gastos foram consideravelmente menores, e o presídio jamais ficou superlotado, enquanto agora, já passava de 300% de sua capacidade. Era verdade, mas anteriormente, Gilles não controlava as mortes lá dentro, dessa forma, quase todos os dias um detento era morto. O aumento da criminalidade francesa também contribuiu durante os últimos anos, enquanto recentemente uma guerra civil estava para estourar em toda a França.

Terroristas sitiaram o país há alguns meses, mas agindo na espreita. Nesse período, pouco se tem ouvido falar do presidente francês. Alguns acreditam que ele já esteja morto, outros que ele só está com medo de se expor. Mas o que todos sabem é que algum contato com os terroristas ele teve.

Marc era experiente, havia sido capitão de operações da ITCP durante algum tempo, e sua aposentadoria foi adiada com a proposta para dirigir La Santé. Ficou sem entender o real motivo de sua demissão e logo pegou o caminho de casa, mas parou no bar de seu irmão antes, o Saint-Germain Bar.

– Não entendo Phillip, eu transformei aquilo em um lugar aceitável.

– Você fez o seu trabalho, não tem de se lamentar. Pelo menos agora você se aposentará – Phillip sorriu.

– Me aposentar? Você já olhou ao seu redor? Estamos cercados por terroristas, escondidos, apenas esperando o momento certo para agir.

– Somente deixe que a polícia cuide disso, você já é bem velho para se preocupar com essas coisas.

– Preciso me preocupar com minha família. Enquanto estou aqui, bebendo este whisky maldito, meus filhos e netos estão em suas casas, desprotegidos por causa dessa ameaça sem fim.

– Isso não é culpa sua, Marc – o homem encheu os dois copos sobre a bancada novamente – só beba um pouco e esqueça tudo isso.

– Não posso, Phillip. Na verdade, não devo. Escute, tenho um plano... Já planejava coloca-lo em prática há um tempo, mas estava esperando a hora certa, e vejo que chegou.

– Você não tem plano nenhum... Só vá para casa. Como já dizia nossa falecida mãe: não se meta onde não é chamado.

– Me escute, Phil – virou seu copo na boca, bebendo o whisky de uma só vez – arg...

– Beba devagar, você não tem mais vinte anos.

– Que seja. Veja bem, eu ainda tenho acesso a todas as informações da ITCP sobre criminosos procurados. Isso me dará uma ajuda para a montagem de uma equipe.

– Espera Marc... Deixe-me ver se entendi. Você pretende fazer uma equipe com criminosos?

– Não podemos confiar no governo, Phillip, o presidente provavelmente está sob custódia de algum terrorista em algum lugar desconhecido, dando as ordens para redução policial, exigindo que o exército não intervenha, e muito menos as forças especiais. Não tenho certeza quanto aos demais cidadãos, mas não estou satisfeito com esses bandidos no nosso país.

– O desaparecimento do presidente você sabe tanto quanto eu que é uma estratégia. Se estiverem atrás dele, podem desistir, nem mesmo os ministros e chefes de estado sabem o seu paradeiro. Os terroristas muito menos!

– Por que é tão ingênuo Phillip – colocou a mão no rosto, demonstrando decepção – enfim, não dependo da sua aprovação, só quero que você me escute. O primeiro nome da minha lista é um ex-detento de La Santé. Um holandês que foi condenado por matar sozinho uma gangue inteira que vendia drogas em Lille.

– Você é louco, Marc.

– Eu sei o que estou fazendo, o cara é confiável. Fizemos um acordo quando cheguei lá, ele mantinha a paz no presídio, e eu reduziria sua pena em um ano a menos para cada semana sem morte. Ele conseguiu uma redução incrível na pena, até sua liberdade.

– De quantos anos estamos falando?

– Vinte e nove anos a menos de pena.

– Que droga, Marc! E como você fez para reduzir a pena desse marginal sem levantar suspeitas?

– Serviços, além de um bom advogado criminal ao lado dele. Eu só não faço ideia de onde ele está agora. Até me preocuparia se não fosse tão fácil olhar nos arquivos da ITCP sobre ex-presos – disse, se levantando do banco.

– Você sabe que isso é crime, né? Você não é mais da ITCP.

– Não ligo. Preciso ir, irei procurar um amigo que me ajudará nisso. Fique bem, Phillip – disse já de costas, caminhando para a saída.

Marc chegou até a sede da ITCP, em Lyon, horas após sair do bar. Estacionou seu carro na área apropriada e desceu. Parou na recepção, onde a recepcionista o abordou com um sorriso.

– Olá Sr. Bresseur, deseja ver alguém?

– Boa tarde, Bete – conhecia a senhora desde os seus tempos, ela trabalhava lá há décadas – poderia solicitar o agente Archambault, por favor?

– Sim, senhor. Só aguardar, por gentileza.

A senhora fez uma rápida ligação e alguns minutos depois o homem solicitado estava na recepção. Era alto e usava uma calça marrom com uma camisa azul marinho, e os pés calçados por um coturno preto. Tinha cabelos castanhos e penteados ao lado, e uma barba por fazer. Veio sorrindo na direção de Marc, com a mão estendida para cumprimentá-lo.

– Grande Nicholas! Quanto tempo meu amigo – disse Marc, apertando sua mão.

– Olha só pra você, não mudou nada, Marc!

– Você também não, Nick! Você sabe por que estou aqui?

– Não tenho certeza, mas te conhecendo, diria que tem a ver com os terroristas. Acertei?

– Basicamente. Vou precisar da sua ajuda pra algo. Pode localizar um ex-detento pra mim?

– Depende, Marc. Se for um detento comum, não. Só temos registros de criminosos que já foram procurados por nós alguma vez. Ficamos de olho em seus movimentos depois que são soltos. Quem você procura?

– Rory Neggers.

– O quê? O lunático que dizimou les caméléons? O que você iria querer com um tipo desse ?

– Confio em você, Nick, mas não sei se é a hora de te contar isso.

– Me desculpe meu amigo, mas se quer que eu te ajude a localiza-lo, preciso saber por qual motivo quer isso.

Marc sorriu.

– Tudo bem, você venceu. Irei contar todos os detalhes...

– Venha comigo, vamos até a minha sala.

Conversaram durante alguns minutos em uma sala fechada, onde ninguém os escutaria. Nicholas Archambaut era diretor do departamento de investigações da ITCP, mas era jovem e disposto, apesar disso, e era bastante próximo de Marc.

–... Não sei se é a melhor coisa a se fazer, mas eu aceito te ajudar sim. Me dê até amanhã para localizar seu amigo.

– Tudo bem, fico em um hotel até lá.

Marc aguardou até o dia seguinte em um hotel, e já pela manhã telefonou para o agente Archambaut.

Você está com sorte, meu amigo. Seu homem está em Lille, parece que ele gosta de lá, afinal. Te mando o endereço com detalhes por mensagem.

Não tenho como agradecê-lo, Nick. Depois conversamos sobre.

Marc partiu no mesmo momento, e antes do anoitecer já estava em Lille. O endereço que recebeu era próximo da fronteira com a Bélgica, e Marc não estava disposto a cruzar a fronteira. Mas sabia que o encontraria antes.

Chegou ao local e encostou seu carro a frente. Era uma casa de paredes azuis pequena e discreta em meio a mansões e casarões. Desceu do veiculo e caminhou até a porta devagar. Espero que seja aqui mesmo. Bateu devagar à porta. E alguns minutos depois, foi aberta.

– Sr. Brasseur? O que faz aqui? Receio que nosso acordo já tenha se encerrado – disse o homem por trás da porta.

– Aquele? Faz parte do passado. Tenho algo novo para lhe propor – olhou diretamente nos olhos de Rory – será que posso entrar?


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