A casa estava em completo silencio, e Poseidon dormia profundamente até que um grito agudo o fez despertar. Ainda confuso com o sonho e a realidade ele esperou mais um momento em silencio aguardando ouvir seu nome novamente.

– Poseidon! - um novo grito surgiu

Com rapidez surpreendente, ele logo identificou a voz de Atena, e mesmo sem ainda se decidir entre o sonho e o real ele deu um pulo da cama e saiu correndo em direção ao quarto dela, tomado pela adrenalina.

Antes que ela pudesse pronunciar outro grito ele abriu a porta do quarto com posição defensiva parecendo disposto a lutar com qualquer um que fosse o intruso.

Com o coração acelerado ele focou os olhos em Atena que se contorcia na cama.

– O que … ? - ele se interrompeu confuso

Com o rosto pálido e com a expressão de dor ela sussurrou.

– Câimbras …

Poseidon demorou alguns segundo até assimilar o pedido de ajuda, e assim que ela gemeu com a cabeça enterrada no travesseiro com dor ele caminhou em passos rápidos até ela puxando lençol, até que este caísse no chão.

Ela gritou quando ele encostou na sua perna esquerda, na região da panturrilha.

– Calma. - ele pediu lhe agarrando a perna com força e começando a massageá-la.

Atena gritou mais uma vez contra o travesseiro, e mesmo com seus protestos Poseidon continuou lhe massageando para ajudar com a circulação. Após alguns minutos agonizantes, a dor começou a diminuir fazendo o músculo ficar mais relaxado e a circulação voltar.

Quando ela gemeu aliviada Poseidon a encarou.

– Passou? - ele perguntou sem deixar de massageá-la

– Sim. Obrigada. - ela sorriu agradecida – Desculpe lhe acordar a esta hora.

– Você deveria se desculpa por quase me fazer ter um enfarte. - ele disse parando de lhe massagear a perna, e ficando de pé – já imaginou eu tendo um enfarte e você aqui deitada com câimbras? - ele disse com certo humor negro.

– Não seria nada legal. - ela admitiu suspirando

– Vamos? - ele lhe convidou

– Vamos aonde? - ela perguntou confusa

– Vamos até a cozinha comer alguma coisa. - ele explicou

– Possy, são cinco e meia da manhã. - ela gemeu em protesto após consultar o relógio – É muito … tarde, ou cedo não sei – ela disse confusa – para comer.

– É muito … tarde, ou cedo não sei – ele a imitou – para acordar alguém gritando enquanto esta quase morrendo de dor.

– Mesmo assim… - ele a interrompeu

– Você comeu alguma coisa com bastante potássio hoje Tena? - ele perguntou serio o bastante para que ela continuasse quieta – Oh, é claro que não, porque você passou o dia todo cuidando do seu jardim e mal comeu.

– Mais… - ela tentou argumentar

– Mais nada, vamos.

Sem mais perda de tempo ele caminhou até a cama e a pegou nos braços.

– Poseidon! - ela reclamou – Me largue agora!

– Fique quieta. - ele disse parecendo bastante divertido com a situação

– Me largue ou… - ele a interrompeu

– Ou o que Atena, minha querida ? - ele a desafiou

–Não me desafie Poseidon Wade Jackson. Não desafie. - ela o repreendeu

– Longe de mim. - ele disse com um pequeno sorriso no rosto

– Me largue Poseidon! - ela pediu novamente

– Tudo bem. - ele disse calmo descendo degrau por degrau

– Serio? - ela perguntou esperançosa.

– Não. - ele disse antes de abrir um grande sorriso

– Argh! - ela bufou – Eu te odeio. - ela disse baixinho, tendo certeza de que ele ouviria.

Se dando por vencida, nada mais podia fazer se não apoiar a cabeça no ombro de Poseidon e deixar-se ser carregada. E assim o fez, afinal ele parecia carregar um bebê caminhando com tamanha facilidade. Foi somente quando descansou a mão em seu ombro de se deu conta de que ele estava sem camisa. Como se tivesse levado um choque, ela afastou a mão rapidamente, se perguntando se devia ou não também lhe afastar a cabeça.

Antes que pudesse fazê-lo ele a sentou na bancada da cozinha, e se afastou até a geladeira. Atena engoliu seco, e encontrou dificuldades para respirar.

Como não havia notado que estava apenas de cueca?!

– São as bananas que são ricas em potássio, certo ? - ele perguntou procurando alguma coisa na geladeira

– Aham. - O que ele havia perguntado mesmo?

Céus como ela nunca havia reparado naquele corpo?! Respirando fundo, ela repetiu aquele que já havia se tornado seu lema;

“Você tem que manter o foco. Isso é só um acordo profissional. Tudo vai acabar logo e ficar bem.”

– Aha! - ele disse vitorioso tirando uma garrafinha d`água da geladeira e apanhando duas bananas na fruteira – Tome, coma isso. - ele disse lhe alcançando os mantimentos.

Do jeito que a sua garganta esta seca a água não cairia nada mal.

– Obrigado, pode subir agora, eu me viro. - ela garantiu tentando enlouquecidamente voltar sua atenção apenas para os alimentos

– Vou esperar você comer. - ele disse se sentando ao lado dela

Ela agradeceu por estar usando seu pijame da flanela bastante recatado.

O silencio caiu sobre eles, e Atena teve certeza que nunca mastigara tão rápido em toda a sua vida. Estava terminado de comer a segunda banana quando Poseidon quebrou o silencio.

– Fui convidado para um jogo de beisebol na quarta. - ele disse coçando a barba mal feita

– Você vai? - ela perguntou com a boca cheia

– Acho que sim. - ele deu de ombros – Estou tentando fazer negocio com dois caras que vão a este jogo.

– Eu preciso ir? - ela perguntou aparentemente incomodada

– Não. - ele riu – É só homens. Nada de esposas. - ele garantiu

– Melhor. - ela tomou um gole de água – Odeio beisebol.

– Somos dois. - ele disse com um sorrisinho

O silencio voltou a pairar sobre eles novamente, mas Atena logo tratou de quebrá-lo quando se pegou pensando se Medusa estaria no tal jogo.

– Já encontrou alguém para ser sua nova secretaria? - ela tentou se mostrar

Interessada.

– Sim. Ela ira começar segunda.

– Qual é o nome dela? - ela perguntou mais interessada

– Anfitrite Wilson.

Ele responde um tanto pensativo, sentia que a conhecia de algum lugar mais não se lembrava.

– Velha ou nova?

– Nova. - ele disse descendo da bancada e ficando de pé em frente a ela

– Loira ou morena ?

– Morena. - ele disse arqueando uma sobrancelha visivelmente confuso.

Medusa, a vadia, também é morena. Atena pensou imediatamente, e antes que pudesse pensar abriu a boca acabou perguntando.

– Ela é bonita?

Um sorriso zombeteiro se estampou no rosto de Poseidon enquanto ele deu dois passos e se inclinou sobre ela colocando uma mão em cada lado do seu quadril na bancada.

– Você esta com ciúmes Atena?

Sua pergunta direta a pegou desprevenida, e a fez se afogar com a própria água.