Por pura coincidência fiquei no mesmo dormitório da Melanie que o Albus comentou. E, só para constar, o sobrenome dela é Samers. Eu perguntei para ela do Caleb e ela disse que não sabia muito, só que ele andava o tempo todo com o Jacob e outro menino de Sonserina que eu não prestei muita atenção. Aí, tentando parecer o mais discreta possível perguntei sobre os venenos e as três pessoas de Lufa-lufa quase mortas. Foi aí que ela comentou que era nascida trouxa e que tinha um pouco de medo que esse ataque se expandisse para além da casa dos lufanos. Acho que depois disso eu dormi.

Eu acordei muito cedo no outro dia e desci. Estava atravessando o corredor vagarosamente para ganhar tempo quando senti meu braço sendo puxado. Já ia pegando minha varinha no bolso da calça quando vi que era Scorpius.

– Merlin! - Disse ofegante. - Se não quiser morrer não faça isso de novo.

– Pode apostar que vão achar alguém de alguma casa envenenado ou com qualquer coisa do tipo. - Franzi a testa.

– Mas o ano nem começou. - Protestei.

– Quem quer que for nosso assassinozinho, quer começar o trabalho logo. - Seu olhar se encontrou com o meu. - Gostei do seu cabelo grande.

– Prefiro seu olho azul. - Foi quando ele percebeu que ainda estava me segurando e me soltou. Eu limpei a garganta e voltei ao assunto. : - Mas... Por que você acha que aconteceu alguma coisa?

– Caleb Müller e Ty não sei das quantas - Eu ri. - Chegaram, tipo, umas duas e meia da manhã no dormitório.

– Ty... Foi esse nome que a Melanie disse. - Murmurei.

– Melanie? - Ele franziu a testa. - A que o Al falou.

– Essa mesma. Ela disse que Caleb, esse Ty e o Jacob... Ela disse que eles andam sempre juntos... Ahn... Você está prestando atenção no que eu estou falando? - De repente eu percebi que ele estava olhando para minha cara e não parecia estar escutando nada do que saia da minha boca.

– Ah, é! Tô. Melanie, hum... disse que Ty, Caleb e um tal de... - Ele teve que parar para pensar um pouco, aí eu o interrompi.

– Isso. Mas eu não acho que Jacob tenha alguma coisa haver com isso... - Comentei. - Ele é... Gente boa.

– Aposto que está falando isso porque acha ele bonito. - Ele ergueu uma sobrancelha e eu senti meu rosto arder.

– Claro que não. - Depois soltei um riso falso.

– Mentirosa. - Ele brincou. Revirei os olhos. - Você está... A fim de um dos suspeitos.

– Eu o conheci ontem. - Tentei parecer convincente.

– Isso te impede de achar ele bonito? - Scorpius semicerrou os olhos.

– Cala a boca. - Tentei andar mas ele me puxou de volta.

– Aí. - Me virei. - Quando ele te chamar pra sair você me avisa.

– Pra quê? - Perguntei, sem olhar para ele.

– Pra eu fazer minha parte e dar uns socos nele. - Soltei meu braço do seu e um sorriso apareceu no meu rosto. Mas foi incontrolado.

****

Eu tomei café da manhã com Melanie. Ela disse que não se lembrava de mim do ano passado. Eu disse que não lembrava dela também, o que ela aceitou como desculpa.

Depois do café Lauren veio conversar comigo e disse que uma colega de dormitório dela foi para a enfermaria ontem a noite.

– Por que ninguém falou sobre isso? - Perguntei confusa.

– Neville e a prof. McGonagall disseram que não era para espalhar mas se alguma morte acontecesse, bom, eles não poderiam mais deixar que os alunos corram esse perigo.

– Fechar a escola? - Arregalei os olhos. Por causa de um adolescente imbecíl eles estavam pensando em fechar meu segundo lar?

– Bom, provavelmente era isso que ela queria dizer, não é? - Ela encolheu os ombros.

– Mas que mer...

– Olha a boca suja. - Ela caçoou.

–... cadoria. - Disse, com raiva.

– E aí? Faz ideia agora? - Ela pressionou.

– Não. Mas a gente tem suspeitos. - Suspirei e ela me olhou, curiosa.

– Quem?

– Ah. A gente está no primeiro dia. Vamos esperar alguma coisa de Albus, o.k? - Ela afirmou. - Aula de que agora?

– Poções. - Lauren revirou os olhos.

– De olho no professor novo. - Avisei.

– Pode deixar. - Ela se levantou e foi embora.

Fiquei sentada no jardim vendo o tempo passar. Tinha Transfiguração em vinte minutos mas decidi ficar em frente ao lago, pensando.

– Atrapalho? - Escutei uma voz às minhas costas. Me virei. Era Jacob.

– Não. - Ele se sentou ao meu lado. - Oi.

– Oi. - Ele consertou a gravata. Silêncio.

– Deixa eu fazer uma pergunta estranha? - Pedi e ele assentiu. - Você é amigo do Caleb há quanto tempo?

– Ah, não é tão estranha assim. - Eu não entendi se era para rir ou continuar séria, mas as feições dele continuaram rígidas. - Mas desde... Desde muito tempo. - Ele tinha hesitado. Mas... Não faz diferença.

– Você acha ele confiável? - Franzi a testa.

– Ahn... Aham. - Agora ele parecia ter achado a pergunta estranha..

– E... O que ele acha sobre... - Ele ergueu uma sobrancelha. Mas eu iria perguntar o que Caleb achava sobre trouxas, o que iria deixar na cara minha desconfiança. - Nada. Hm... Aula. - Me levantei.

– Hm... É. Te encontro lá. - Ele não se virou. Continuou com os olhos no lago. Me virei e saí.

Nas semanas seguintes não aconteceu nada que nos apavorasse. Nada. Nem venenos ou poções do morto-vivo. Eu estava até achando que o nosso homenzinho estava só querendo zoar com os aurores.

Um mês sem nada.

Dois meses. Rollins até disse que nos liberaria caso em cinco meses não acontecesse mais nada, mas disse, quando apareceu na fogueira na sala da prof. Minerva que desconfiava que o tal lá sabia que havia aurores na escola.

A gente estava tranquilo.

Até Melanie me acordar gritando que aconteceu alguma coisa com a Laura.

Demorei raciocinar quem era Laura. Quando me dei por mim, estava correndo de pijamas até a enfermaria.