Memórias De Um Vingador escrita por Maramaldo


Capítulo 1
Memórias De Um Vingador


Notas iniciais do capítulo

"Guerras se lutam com armas mas são vencidas com homens." - Capitão América: O Primeiro Vingador



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[PARTE 1 – A VOLTA DE STEVE]

Meus olhos se abrem lentamente após ouvir um barulho estrondosamente alto. Com a visão turva, olho para a janela do meu quarto e vejo uma luz brilhante vim do lado de fora. O que está acontecendo?

Levanto-me rapidamente, um pouco tonto, e caminho em direção a janela. Assustado, abro a cortina e olho para o lado de fora. Não estava acreditando no que meus olhos estavam vendo. Como isso tudo aconteceu em apenas uma noite?

Lá fora, as ruas estavam em chamas, pessoas estavam sendo assassinadas, prédios desabavam em cima da multidão que corria para se salvar. Um helicóptero sobrevoou próximo ao prédio onde eu estava, e o símbolo em sua lateral fez com que eu sobressaltasse. Fechei a cortina da janela e fiquei atrás da parede do quarto. Como aquilo era possível?

Olho para o meu quarto e o vejo todo bagunçado. Móveis no chão, vidros quebrados, paredes rachadas... Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Como a Hydra dominou a cidade em apenas uma noite?

Olho para o meu corpo e vejo que estou usando meu uniforme. De repente, ouço a maçaneta da porta se mover e a porta se abre. Primeiramente me assusto, mas, de algum modo, meu coração continua acelerado quando a vejo atravessando a porta.

“Steve?”, pergunta ela, tão assustada quanto eu.

“Natasha”, digo, caminhando em sua direção e me preparando para abraçá-la.

Mas, antes de ter essa oportunidade, ela aponta duas armas em minha direção e fala:

“Não chegue perto!”

“Natasha, sou eu, Steve”, paro de caminhar e observo seu rosto sujo.

“Onde você estava esse tempo todo?” pergunta ela.

“Como assim ‘onde eu estava’?”

“Você sumiu por três meses, Steve. Onde você estava?”

“Três meses?”. Olho para o quarto arruinado novamente. “Natasha, eu não sumi. Ontem à noite nós dois fomos jantar, voltei para o meu quarto e dormi. E hoje, quando acordo...”

“Jantar? Isso foi há três meses atrás”, disse ela. “Você simplesmente desapareceu depois daquela noite”. Ela abaixou a arma, mas eu continuei parado onde estava.

“O que está acontecendo?”, pergunto, após ouvir uma explosão depois de alguns segundos em silêncio.

“A Hydra... Ela está quase dominando toda a América, e em breve dominará o mundo”, respondeu ela, caminhando em direção a janela. “Está vendo aquelas pessoas assassinando outras pessoas?”, perguntou, após abrir uma pequena fresta da cortina, para que eu olhasse o mundo lá fora. Assenti. “Acontece que eles não são pessoas”, fechou a cortina. “A Hydra criou milhares de robôs, e a cada segundo que passa ela cria muito mais. Estique seu braço”, disse ela, pegando algo em sua cintura.

Estiquei meu braço e senti sua pequena faca penetrar-me a pele.

“Você sangra”, disse ela. “Parabéns, você não é um deles.”

Tirando os olhos do meu braço ensanguentado, ela olhou para o meu rosto e ficou me encarando por alguns segundos. Seus olhos verdes brilhavam e sua respiração estava ofegante. E, em fração de segundos, sem aviso prévio, ela me abraçou.

“Senti sua falta”, disse ela.

“Estou atrapalhando algo?” Ouvi uma voz grave dizer. “Capitão, é você?”

“Nick”, disse, após ver quem era.

Natasha se afastou rapidamente e Nick me cumprimentou.

“Por onde você andou esse tempo todo?”, perguntou ele.

“Eu não me lembro”, respondi. “Tudo o que me lembro, segundo Natasha, aconteceu há três meses atrás. Não recordo-me de nada do que aconteceu nesses últimos meses.”

“Fico feliz que você tenha voltado, Capitão, mas precisamos sair daqui”, disse Nick. “Natasha, você já encontrou o que veio procurar?”

“Isso não tem mais importância”, ela me olhou. “Vamos sair daqui.”

[PARTE 2 – MEMÓRIAS]

Depois de sairmos do meu quarto, descemos até o esgoto (que era uma das formas mais seguras de andar pela cidade), e, após Nick ter digitado alguma senha no painel de controle que ficava dentro de um dos canos, a parede ao meu lado começou a se mover, revelando uma sala secreta.

“Vamos”, disse ele.

Natasha e eu entramos na sala, nos sentamos e esperamos Nick começar a me explicar o que estava acontecendo – como havia prometido logo após saímos do meu quarto.

Após sentar-se, ele ligou a tevê que estava em nossa frente, que começou a transmitir imagens de pessoas sendo assassinadas.

“O que você está vendo não são pessoas”, começou Nick. “São robôs criados pela Hydra para dominar o mundo. Eles têm aparência de humanos, pois assim, no começo de tudo, eles poderiam passar despercebidos por nós.”

“Mas eles são robôs, não deve ser tão difícil diferenciá-los”, disse.

“Aí é que você se engana, Capitão. Esses robôs, além de tomar a aparência de qualquer pessoa, eles tem a capacidade de roubar memórias e sentimentos. Mas os sentimentos deles são vazios, servem apenas para enganar. Foi dessa forma que eles se infiltraram em todos os lugares...”, ele apertou um botão no controle. “Principalmente na S.H.I.E.L.D.” Um vídeo da S.H.I.E.L.D. sendo completamente destruída começou a ser transmitido.

“Estamos num verdadeiro apocalipse”, disse Natasha.

“Logo quando tudo começou, resolvemos procura-lo, mas você havia desaparecido. Não tivemos nenhuma notícia sua nos últimos três meses. Procuramos você por todas as partes. Você realmente não lembra onde estava?”

Balancei a cabeça negativamente.

“E vocês tem algum plano para acabar com isso?”, perguntei.

“Na verdade temos”, começou Natasha. “Ao destruirmos uma dessas criaturas, mandamos examiná-la e descobrimos que a energia dela é gerada de algum lugar do Centro da cidade. Mas tem apenas um problema: descobrimos que a energia gerada para essas criaturas contém um código, um código que nem eu consegui decodificar. A decodificação de algo tão complexo só pode estar contida em um pen drive, mas não sabemos...”

Algumas imagens começaram a surgir em minha mente...

“Em breve, a Hydra se erguerá das cinzas em rumo a vitória.”, ouvi alguém dizer. “Veja o que temos aqui... O Capitão América. Coloquem ele no tubo do esquecimento.”

“Falta alguns minutos para destruirmos a S.H.I.E.L.D.”, tudo o que eu conseguia ver, através daquela máscara de ar e o tudo d’água no qual estava, era o vulto de algumas pessoas.

“Em apenas dois meses conseguimos dominar toda a América do Norte. Hail Hydra!”

“...tece que ele pode estar em qualquer lugar”, concluiu Natasha.

“Eu me lembro”, disse.

“O quê?”, perguntou Natasha.

“Agora eu me lembro de tudo. Fui capturado pela Hydra naquela mesma noite que saímos para jantar. Eles me levaram para a base deles no Centro da cidade e me mantiveram em um tudo cheio d’água. Todos os dias eles me aplicavam uma vacina, para que eu esquece de tudo, assim não reagiria ao que estava acontecendo. Dois dias atrás eles pediram que uma civil, uma escrava, aplicasse a vacina em mim, mas ao me reconhecer ela ajudou a me libertar. Logo em seguida fui lembrando de algumas coisas, e foi quando eu voltei para o meu quarto.”

“Mas como capturaram você?”, perguntou Natasha.

“Eles me doparam, no restaurante em que fomos jantar, com aquele doce. Você disse que não gostava de doces, então eu também comi o seu, você lembra?”

Ela assentiu.

“E tem mais uma coisa...” peguei o objeto em meu bolso. “Acho que é esse o pen drive que vocês procuram.”

[PARTE 3 – CONFRONTO]

“Chegamos!”, disse.

Agora eu conseguia lembrar de tudo o que havia acontecido nos últimos três meses em que estive ausente. Segui, junto com Nick e Natasha, o caminho pelo qual eu havia escapado, e agora aqui estávamos, no Centro da cidade... No cérebro da Hydra.

“Me dê o pen drive”, disse Natasha. “Tem seis guardas em todo perímetro”, ela observou o local. “Acho que você e Nick podem dar conta deles enquanto eu tento desativar esses robôs.”

Entreguei o pen drive a ela e entramos na base. Logo alguns guardas começaram a atirar em nós, então atirei meu escudo na direção de um deles, no qual, ao cair, acabou atirando em seu companheiro. Faltam quatro. Senti uma bata rasgar-me a pele, então peguei meu escudo e o joguei na direção do guarda que havia atirado em mim, mas, com precisão, acabei acertando dois deles de uma só vez. Faltam dois. Esperei meu escudo retornar e depois corri na direção de um deles, chutando-o no estomago e jogando o escudo no outro guarda ao mesmo tempo. Falta um. Quando meu escudo retornou, o guarda que eu havia chutado já se levantava, então atirei meu escudo em sua direção, atingindo sua cabeça.

“Foi fácil”, falei, colocando o escudo novamente em minha costa.

“Steve!”, ouvi Natasha gritar.

Virei-me em sua direção e vi Nick jogando-a para longe, com um braço robótico. Aquele não era Nick, era um dos robôs da Hydra. Corri rapidamente em sua direção, para salvá-la.

“Você não vai consegui nos deter, Capitão”, disse Nick.

“Onde está Nick?”, perguntei.

“O verdadeiro Nick está morto”, respondeu. “E em breve você também estará, assim como ela”, ele apontou o braço robótico em minha direção e começou a atirar.

Comecei a correr enquanto as balas passavam a poucos centímetros de mim. Quando parou de atirar, peguei meu escudo e o esperei, enquanto caminhava lentamente em minha direção.

“Sabe, Capitão, estávamos louco para testar quem era o mais forte” começou ele. “Se era você ou se éramos nós. Mas acho que já sabemos a resposta.” Agora ele começou a correr em minha direção e, ao se aproximar, me deu um soco com seu braço humano que me lançou à alguns metros de distância, até eu bater de costas na parede.

Me levantei e olhei rapidamente para Natasha, e vi que ela já não mais estava onde Nick a havia jogado. Ela aproveitou sua distração para continuar decodificando o código que acabaria com a energia que alimentava essas criaturas. Ele era muito forte, isso eu tinha que admitir, então a única coisa que eu posso fazer é ganhar tempo, para que ela o desative.

“Você realmente não sabe a hora de parar, Capitão”, disse Nick. “Sabe, estou com as memórias de Nick. Acho que você já sabe que você é o vingador favorito dele... Mas é uma pena que ele esteja morto.

Nessa hora, peguei meu escudo e o lancei em sua direção, atingindo seu rosto. Ele deu apenas alguns passos para trás, andou rapidamente em minha direção, me pegou pelo pescoço e me ergueu no ar.

Podia sentir o ar parar de entrar em meus pulmões, podia sentir meu rosto avermelhar. Revirei meus olhos enquanto tentava respirar de alguma forma. E, quando meu corpo já estava fraco, caí no chão e respirei profundamente.

Nick (ou o robô que havia tomado sua aparência) estava caído ao meu lado, imóvel. Olhei para Natasha e ela vinha em minha direção.

“Nós conseguimos”, disse ela.

[...]

Algumas horas depois de sairmos da base da Hydra, Natasha e eu subimos em um dos prédios para ver a cidade de cima. As pessoas haviam parado de gritar e a cidade estava em silêncio. A cidade inteira, que estava banhada pela última luz do sol, estava em completa paz.

“O que você fazia no meu quarto, hoje mais cedo quando me encontrou?”, perguntei a Natasha.

“Vamos deixar isso pra lá”, disse ela, começando a caminhar.

Peguei seu braço, impedindo-a de andar.

“Me diz.”

Seus olhos, agora mais claros no pôr do sol, me encaravam. Então ela desviou o olhar e me encarou novamente.

“Você sumiu. Te procurei durante esses três últimos meses, mas eu não consegui te encontrar. Hoje mais cedo, quando fui ao seu quarto, estava com o objetivo de encontrar algo seu, para que eu pudesse levar comigo”. Ela abaixou o rosto novamente.

Peguei seu queixo com o dedo indicador, levantei seu rosto e, antes que a situação mudasse de alguma forma, a beijei, enquanto os últimos raios de sol sumiam no horizonte.


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