O Bento escrita por Ro_Matheus


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, foi feita com muito carinho.Feliz Natal e boa leitura a todos.



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– Boruto-kun! Não coma o tamagoiaki da sua irmã!

– Mas, pai, ela não vai conseguir comer todos! E os da mamãe são os melhores! – Diz Boruto com olhares pidões.

– Faço mais para você querido... – Hinata diz fazendo carinho no cabelo do filho sorrindo doce levemente rubra pelo elogio.

– Boruto, aprenda tudo que sua mãe cozinha é o melhor possível, sabia disso desde a infância quando disse para ela q... Hina o que faz levantando?! Fica aqui conosco é natal... – Naruto fala segurando a mão de Hinata com carinho.

Hinata sorriu feliz por todo esse carinho olhando a todos, sua família. A família que sempre sonhou. Sentadinhos de frente a uma mesa de natal farta toda cozinhada por ela Himawari pequena e delicada precisava de duas bocadas para comer um simples tamagoiaki, Naruto tomando seu misô enquanto ela preparava o shabu-shabu e Boruto, não negando ser filho de quem é comendo lamen e tamagoiaki. E pensar que foi para um natal, foi pensando nessa família que aprendeu a cozinhar... Sorriu nostálgica.

– Tudo bem Naruto-kun, amo cozinhar em especial no natal, afinal foi nele que aprendi a cozinhar, foi meu primeiro ato de coragem a... – Percebeu que falava de mais e ficou rubra. – Melhor eu ir preparar os bolinhos...

– Não espera mamãe termina de contar! – Pede Boruto, adorava as historias dos pais, seu pai tinha as mais melhores aventuras e sua mãe as maiores superações sempre.

– Não é algo bobo.. – A face de Hinata ficava cada vez mais vermelha fazendo o marido levantar uma sobrancelha e segurar o riso.

– Por favor mamãe, fiquei curiosa.. – Pediu Himawari falou indo para o colo da mamãe fazendo

Hinata suspira.

– Acho que essa história eu não sei Hinata... Conta para gente como um presente de natal

Hime.. – Pediu Naruto sorrindo carinhoso, sabia que só algo o envolvendo faria sua esposa atingir aqueles tons de vermelho e realmente não tinha idéia de como aprender a cozinhar poderia ter algo relacionado ao natal e a si.

Hinata sentia as mãos tremerem, aquilo era tão íntimo e sentia tanta vergonha, mas era sua família pedindo o melhor era mesmo contar. Mas precisava ocupar-se as mãos para conseguir narrar.

– Certo, certo, eu conto, mas vamos todos a cozinha para eu fazer os tamagoiakis para o meu menino, e... – Levantou segurando na mão da filha. – Afinal nada melhor que uma cozinha para falar sobre como aprendi a cozinhar...

O marido a fitou curioso pegando Boruto e jogando no ombro ouvindo os risinhos infantis do filho e sentindo a filha exclamar feliz. Logo estavam todos na cozinha, os meninos sentados nos banquinhos da bancada central e ela e o esposo trabalhando em conjunto em picar (nocaso dele) e montar delicadamente na frigideira (no caso dela).

Então colocando os hashis de lado esperando as bolinhas darem o ponto para virar Hinata suspirou novamente buscando ar e passou a narrar....

– A história não começa bonita, muito menos alegre, mas a vida é geralmente assim sabe, das

maiores dificuldades que surgem as melhores inspirações, o importante é nunca desistir e sempre tentar ver o melhor ali!

Eu tinha seis anos quando minha mãe faleceu, foi no final do outono, quase entrando no inverno, lembro que no dia seguinte, enquanto tomava meu chá e comia meu gohan trazidos pela primeira vez por Ko e não por minha mãe que eu vi o primeiro floco de neve cair, tocando suavemente a superfície do chá e derretendo aos poucos. Tal qual sentia escorrer minha felicidade. Foram tempos difíceis para mim, Hanabi muito nova não compreendia a situação mas sentia falta de nossa mãe e meu pai andava cada vez mais fechado, me via perdida em uma mansão onde todos me olhavam mas ninguém realmente me via.

Para mim o auge foi o natal. Sabem os Hyuuga não comemoram o natal, mas minha mãe sim, ela comemorava algo pequeno só um jantar feito com todo carinho, servido em pequenos bentos no meu quarto, eu e ela, depois eu ela e Hanabi até que no ultimo ano até papai participou. No entanto, naquele ano não havia bentos, não havia piquenique em cima do futon, não havia mamãe...

Triste, de noite naquele dia, corri até o cemitério e chorei dentre a lápide da minha mãe acendendo um incenso por ela orando por meus antepassados por um natal feliz.

Foi quase uma hora depois que Ko me achou...

“O que faz aqui Hinata-sama” Ele dizia e eu não pude responder só deixei minhas lágrimas caírem.

“Sei que dói senhorita Hinata, mas precisa ver as coisas com outros olhos...” Ele tentou me explicar mas era nova de mais para entender o que ele quis dizer por isso somente pegou em minha mãozinha e levou-me por Kohona até uma janela de um apartamento, nele um garotinho loirinho estava. Ele era lindinho como você Boruto, pequeno moreno com lindos tracinhos na bochecha e intensos olhinhos azuis tristes fitando um copo vazio de lamen instantâneo e batendo com o dedinho nele. “Esse senhorita Hinata é Naruto, ele não possui nem pai nem mãe, e nunca viveu um natal, seria bom se ele nem soubesse que existe, mas todos a sua volta comemoram e ele fica ali só, para ele natal é triste e solitário todos os anos... Mas você senhorita Hinata, pelo menos terá as doces lembranças desses natais com sua mãe... Agradeça o que teve pois à aqueles que nem esse presente tiveram..”

Eu já o admirava de longe naquela época pois estava sempre rindo, e ao saber que ele não tinha ninguém e passava as noites assim, sozinho esquecido do mundo e mesmo depois disso sorria no outro dia de manhã meu coração encantou-se e encheu-se de admiração...

– Hinata... – Naruto diz com os olhos brilhantes, e ali ela soube que talvez ele começava a entender, contudo, antes que ele pudesse interromper perguntando colocou um dedinho sobre seus lábios ficando rubra novamente.

– Deixe terminar de contar aos meninos, sim? – Sorriu constrangida e ele deu um leve selinho em seu dedo concordando.

– Cl-claro – Agora ele sorria ansioso para confirmas suas suspeitas. Virou os bolinhos tirando os já prontos da forma.

– Aonde eu parei? – perguntou coçando a nuca enquanto punha molho em cima deles.

– Que sue coraçãozinho ficou cheio de admiração.. – Disse Hinawari com os olhos brilhantes de expectativa e boca cheia, era mais uma das histórias de seus pais e achava o mais perfeito dos romances aquelas histórias, melhor que todos os contos de princesas.

– Naquele instante eu decidi que ele não mais passaria por aquilo sozinho e que merecia sim um carinho especial. Levei alguns dias para decidir o que queria fazer para evitar que aquele menino sofresse a solidão no natal.

Perguntei a Ko se poderia passar o natal com ele ou chamá-lo para passar comigo mas Ko me disse que não era bom nem seguro aproximar-me dele.

Também era nova de mais para comprar algo para ele, tão pouco gostaria disso, eu queria que fosse tão especial como era o natal que minha mãe fazia. E foi deles que tirei a idéia, eu faria um bento de natal para o doce menino. Eu mesma o faria!

– Oh! Você aprendeu a cozinhar para cozinhar para o papai?! – Boruto me interrompeu formando um circulo perfeito com a boca surpreso, Hinata riu suave feliz pela reação.

– Sim.. Mas querem ouvir ou não querem?- Perguntou colocando as mãos na cintura fingindo-se de brava e arrancando sorrisos dos três. – Parem de me interromper mocinhos!

No começo foi difícil, as senhoras que cuidavam da cozinha não aceitavam de forma alguma que uma “princesa” como eu sujasse minhas mãos com algo mundano como cozinhar, mas como achavam também uma atitude muito fofa da minha parte querer tanto aprender a cozinhar acabaram me ajudando, eu é claro, não cortava nada com uma faca nem podia mexer sozinha no fogão. Lembro que minhas primeiras panelas de arroz queimaram e eu quase chorei co o sacrilégio de jogar arroz fora.

Foram muitas outras com gosto duvidoso mas por fim cerca de dois meses depois fazia um arroz descente, segundo a avó que cuidava da cozinha foi bem rápido para uma criança. – Riu nostálgica mostrando o dedo para os três onde uma pequena e fina cicatriz ia de um ponto ao outro do dedo indicador. – Essa foi a primeira vez que cortei tomate sozinha, vejam, não terminou muito bem, mas menti ao meu pai que estava treinando e ele acabou por aceitar.

Me senti mal por mentir e por isso meu primeiro bento montado eu dei para ele, era um bento simples com um pouco de salada lavada, onigeri e salsichas em formato de polvo, ele me olhou duvidoso e eu disse que estava aprendendo a cozinhar por um ninja deve sempre estar bem nutrido. Ele não elogiou, mas comeu em silêncio o bento o que no caso de Hyuuga Hiashi é o mesmo que um elogio fervoroso feito com empolgação! – Hinata riu acompanhada do marido e filhos, afinal aquilo era uma verdade incontestável. Estavam agora todos sentados na sala Hinawari no seu colo e Boruto de sentado no chão sentado de frente a eles– Foi caminhando com Ko perto já do natal que notei uma coisa, todas as lojas possuíam presentes e decorações, pessoas tinham o costume e ainda tem de trocarem presentes no natal, portanto o bento não seria suficiente, o certo era mesmo eu dar um presente. Mas o que presentear a alguém que você não conhece? Minha mãe sempre dizia que presentes devem vir do coração e portanto era só uma questão de segui-lo. Deitei na minhacama frustrada pensando nisso e no que poderia dar a Naruto vindo do meu coração... Até que bati meus olhos em um sapinho fofo verde e pequeno que possuía, foi um dos ursinhos dados por minha mãe, era muito especial, seria um bom presente, seria perfeito se fosse algo que fosse útil a Naruto, e vi o tamanho da boca do sapo, se coloca-se um feixe ali virava uma boa bolsinha de dinheiro. Foi o que eu fiz, furei meus dedos incontáveis vezes mas consegui prender bem prendido o feixe na boca do sapo. – Hinata sorriu e Naruto tirou do bolso seu já bem gasto sapinho o olhando com cuidado seu marido olhava concentrado com os olhos vidrados e expressão séria.

– Foi no dia de natal que preparei o bento fiz ele bem grande para duas pessoas e embalei o sapinho em uma bela embalagem, mas ficar tanto tempo entre o calor do fogão e o gelado do dia me ficar bem gripada e Ko me proibiu de sair, eu não conseguiria entregar o presente que preparei por um ano. – Sua face voltou a avermelhar. – Mas não podia desistir agora depois de tudo e por isso de madrugada, na virada do dia vinte e quatro para o dia vinte e cinco fugi pela primeira vez de casa saindo escondida a noite e levei o bento até a parte do apartamento, estava tão nervosa, que senti que ia desmaiar, e perdi a coragem ao ouvi-lo resmungar quem seria aquela hora justo naquele dia então simplesmente coloquei o bento no chão com o embrulho do sapo sobre ele e corri.

– Poxa mamãe! – Disse Boruto bocejando. – Devia ter voltado lá e falado que foi você.

– Mas ela voltou, todos os anos, eu quando pequeno pensava ser um milagre de natal sabe, e depois com o tempo pensei que era só mais uma das obrigações do governo para comigo, afinal vinha da mesma forma que vinha o dinheiro todo mês.... – Naruto comentou sorrindo para o filho. – Acho que está mais que na hora de você dormir.. venha.

– Papai não estou com sono! – Boruto diz mesmo seus olhos mal conseguindo manter abertos, seu pai o pegou no colo. – Hey! Sou grande posso andar.

– Eu sei, mas deixe seu velho levar você hoje.

– Tudo bem, farei esse favor para você.. – Dizendo isso encostou a cabecinha no pescoço do pai e dormiu antes mesmo de atingir o primeiro degrau.

– Hinata olhou para baixo e via sua filha ressoar em seus colo, a levou com facilidade até a cama a colocando para dormir.

Quando entrou no quarto encontrou Naruto sentado no pé da cama segurando seu sapo de dinheiro e uma toca velha de sapo nas mãos as olhando com devoção.

– Naruto... – Disse parando a sua frente e colocando uma das mãos delicadamente em seu ombro.

– Sabe que eu estava certo quando criança? – Dizia sem levantar a cabeça mas colocando os dois objetos ao lado na cama.

– Sobre o que? – Perguntou perdida.

– Sobre o milagre de natal, ele realmente aconteceu aquele ano. – Naruto disse passando os braços por sua cintura e ainda de cabeça baixa encostando a cabeça em seu ventre, afagou seus cabelos enquanto respondia.

– Oh! Mas era só eu, fazendo o que sempre fiz.. Te admirando a distância.

– Não, o bento não foi o que me referia. – O loiro ergueu o rosto e Hinata pode ver os rastros de lágrimas ali. – Foi você, você foi meu presente, você foi meu milagre de natal que sua mãe me deu...

Hinata deixou uma lágrima cair e o beijou pensando que o oposto que na realidade aconteceu.

Talvez, só salves fosse mesmo um milagre de natal e um último presente de duas mães para seus filhos...


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Notas finais do capítulo

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