O Canto da Fénix Negra escrita por Morgana Bauer


Capítulo 1
A Maior Dádiva do Mundo


Notas iniciais do capítulo

Aqui fica o primeiro capítulo da história. Espero que vos desperte a curiosidade e que continuem a acompanhar.



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Capítulo I

A Maior Dádiva do Mundo

A moradia número 4 de Privet Drive era uma casa igual a tantas outras. Estava perfeitamente caiada e o seu pequeno jardim muito bem arranjado. Em frente da sua entrada, três pessoas aguardavam por algo; dois homens e uma mulher encaravam nervosamente a entrada da casa.

Um dos homens passou a mão pelos cabelos negros revoltos deixando-os ainda mais despenteados. O outro pousou-lhe a mão no braço numa tentativa vã de o acalmar. Esse gesto fez o moreno respirar fundo e passar o braço pelos ombros da mulher que ali se encontrava. Ela deu-lhe um pequeno sorriso mas nos seus belos olhos verde-esmeralda podiam ver-se algumas lágrimas.

Quando o relógio de alguma torre ali perto bateu as dez badaladas, uma estrela cadente cruzou os céus. Era o sinal! O sinal pelo qual aquelas três pessoas aguardavam tão ansiosamente.

Juntos dirigiram-se à entrada da porta. Um dos homens, o de cabelo castanho alourado e olhos cor de mel, apontou a sua varinha aos seus companheiros e, dizendo uma série de palavras ininteligíveis, fez com que a aparência destes se alterasse. Tocaram à campainha e esperaram pacientemente que alguém lhes abrisse a porta.

Durante vários dias, em que o homem dos cabelos revoltos e a mulher dos olhos verdes tinham estado internados em St. Mungus, haviam debatido muito acerca de qual a melhor maneira de fazerem o que estavam prestes a fazer. Apesar de a ânsia ser muita, optaram por ir com calma e pensar bem nos seus actos antes de agirem.

A porta a ser aberta tirou-os dos seus devaneios. Do outro lado estava um rapaz de 16 anos, alto e bonito, com cabelos negros revoltos e olhos verde-esmeralda.

O seu olhar passou por cada uma das pessoas paradas à entrada. Ao olhar para o último, exclamou, incrédulo:

-Pro… professor Lupin?! – Dizer que estava espantado era pouco para descrever o estado de espírito de Harry Potter. O que raios estava a fazer Remus Lupin à porta de casa dos seus tios acompanhado por dois estranhos?

-Harry! Eu imagino que estejas surpreendido por me ver, mas acredita que venho cá por um bom motivo.

Harry estava indeciso entre mandá-los entrar ou sair com eles para o jardim. Os seus tios tinham saído cedo nessa tarde e ele não fazia ideia da hora em que eles voltariam. A última coisa que ele queria era problemas com os Dursleys. Voldemort chegava-lhe e bastava.

Acabou por decidir-se a deixá-los entrar, mas não sem antes fazer a costumeira pergunta de identificação ao seu antigo professor. Olhou com curiosidade para os dois desconhecidos e admirou-se com o olhar que recebeu da mulher. Era um olhar curioso, pensou Harry, e estranhamente familiar.

Conduziu-os à sala e indicou-lhes o sofá.

-Eu perguntava-lhes se queriam tomar algo, mas infelizmente os meus tios devem estar a chegar e por isso é melhor nós irmos directos ao assunto.

-Sim, Harry. Claro! Nós entendemos! Antes de mais, Harry, eu vou pedir-te que tentes ao máximo manteres-te calmo enquanto escutas aquilo que tenho para te dizer e que faças um esforço para entender os motivos por detrás das decisões que foram tomadas. Tudo o que foi feito foi para garantir a protecção de todos os envolvidos.

-Desculpe professor, mas não estou a entender nada do que está a dizer. Eu prometo que vou tentar manter-me calmo, mas vai ter de se explicar melhor. E uma vez que estamos numa de explicações poderia também dizer-me quem são estes senhores; acho que não os conheço.

Um sorriso triste formou-se no rosto de Lupin.

-Bem Harry, antes de te poder dizer quem eles são, existem algumas coisas que tens de saber. Primeiro, tudo aquilo que te vou contar são conclusões a que Dumbledore chegou. Embora no início possa parecer confuso, vais ver que vais entender.

Fez uma pausa e olhou para o rosto do jovem à sua frente. Este fez um aceno com a cabeça num incentivo mudo para que ele continuasse.

-Tudo começou com o ataque a Hogwarts no final do passado ano lectivo. Creio que os acontecimentos ainda estejam presentes na tua memória.

Harry aquiesceu. Como poderia esquecer-se de semelhante ataque? Voldemort em carne e osso atacara Hogwarts com um exército de Devoradores da Morte e alguns Dementors. Fora uma batalha muito intensa, mas o lado da luz tinha vencido. Infelizmente, Voldemort havia escapado.

-Se bem te lembras, no final da batalha, quando Voldemort tentou enfeitiçar a Hermione, ele próprio foi atingido por dois feitiços.

-Sim! Eu e o Dumbledore atingimo-lo ao mesmo tempo, no entanto os nossos feitiços não tiveram efeito! Voldemort continuou a lutar e depois escapou!

-Tu estás quase completamente certo Harry! Mas, na verdade, os feitiços que tu e o director lançaram tiveram um efeito. Eles desencadearam uma reacção nunca antes vista, no entanto nós só nos apercebemos dela algum tempo depois.

-E qual foi essa consequência? – Harry perguntou um pouco a medo. A experiência dizia-lhe que qualquer assunto relacionado com o Lord das Trevas era um assunto com o qual era necessário ter cuidado. Aprendera isso no seu 5º ano, e o preço por não ter prestado atenção naquela altura, fora a vida do seu padrinho; a pessoa que estivera mais próxima de lhe dar uma família no sentido real da palavra.

-Um pouco por toda a Inglaterra alguns… “milagres” começaram a acontecer. Algumas pessoas surgiram… pessoas que… - Lupin parou. Ele olhava para as outras duas pessoas presentes na sala. Estes estavam abraçados e olhavam para o jovem com um carinho apenas explicado por um motivo.

Harry viu Remus pegar na sua varinha e apontar para os dois, ouviu-o murmurar um feitiço e dirigiu o seu olhar aos dois desconhecidos. No entanto, o aspecto deles estava a mudar: já não eram dois desconhecidos, eram… Harry não podia acreditar naquilo que os seus olhos estavam a ver: Lily e James Potter estavam ali à sua frente. Sentiu que o tempo parava, não queria mover-se e perceber que tudo não passava de um sonho. Um toque de Lupin no seu ombro fê-lo perceber que aquilo era real, que à sua frente estavam mesmo os seus pais.

Nenhuma palavra foi pronunciada enquanto, sob o olhar atento do professor de D.C.A.T., uma família se reencontrava. Harry pulou, literalmente, para os braços das pessoas de quem mais sentira falta nos últimos 15 anos. O abraço prolongou-se. Quando se separaram, eram visíveis algumas lágrimas no rosto de Lily.

-Ma…mãe! – O sentimento que se apoderou de Harry ao dizer aquela pequena palavra era indescritível. Passou a mão pelo rosto dela enquanto lhe limpava as lágrimas e não resistiu ao impulso – Mãe! – Um soluço escapou-se dos seus lábios enquanto tornava a colocar os braços em torno do pescoço daquela mulher, da sua mãe!

-Harry, eu percebo como te sentes, no entanto existem alguns assuntos sobre os quais temos de falar.

O adolescente separou-se por fim da mulher de cabelos ruivos. Sentaram-se no sofá e aguardaram em silêncio até Harry perguntar:

-Como é que…?

-Ninguém sabe! Dumbledore e outros elementos da Ordem estão a investigar, mas ainda não descobriram nada.

A conversa poderia ter-se prolongado durante toda a noite: Harry tinha muitas perguntas e Remus muito para contar, no entanto, um som irritante interrompeu todo o bom ambiente.

-É o alarme!

-Que alarme?

-Os Dursleys estão de regresso! E isso quer dizer que nós temos de ir! – Disse Remus Lupin apontando para si e para o casal ao lado de Harry.

-NÃO! Vocês não podem ir! – Irem-se embora? Partir, deixando-o ali? Porquê? Não, isso não podia ser! Voltara a estar com os seus pais depois de 15 anos a acreditar que nunca os conheceria, não queria deixá-los partir assim.

-Remus, eu sei que já falámos sobre isto, mas ele podia vir connosco. – James tentou soar calmo. Queria conhecer melhor aquele adolescente tão parecido consigo em que se tinha tornado o seu filho.

-Nós já discutimos isso! Dumbledore já vos explicou que enquanto ele estiver aqui ele está protegido pelo feitiço da Lily, no entanto, se ele sair, ficará vulnerável. Todos ficaremos!

-Mas… - A perspectiva de ficar o que restava daquelas férias com os Dursleys tornou-se mais desagradável agora que havia reencontrado os seus pais.

-Ouve, não vais ficar aqui as férias todas! É só um tempo até termos a certeza de que o feitiço te protegerá.

James suspirou. Passou os braços pelos ombros do filho e assentiu quando Lily disse:

-O Remus tem razão! Por mais que eu queira que venhas connosco, prefiro que fiques seguro.

-Em breve voltarão a estar juntos.

James levou as mãos ao pescoço e tirou um fio. O cordão era preto e tinha pendurado uma medalha com um símbolo gravado: um “P” envolto por uma Fénix negra. Colocou-o nas mãos do filho enquanto se despedia, dizendo:

-Este medalhão tem o brasão da nossa família. Se houver alguma emergência, basta que o apertes com força e digas o nosso nome. Nós viremos ter contigo. – O olhar que lançou ao amigo dava a entender que naquele ponto não existiria discussão. – Nós amamos-te, e se isto é o melhor para ti então…

-Eu entendo!

A despedida foi sentida mas não pôde durar muito. Quando os Dursleys chegaram a casa depararam-se com uma cena que os deixou espantados: o sobrinho estava sentado no sofá, tinha os olhos vermelhos como se tivesse estado a chorar mas, no entanto, apresentava um sorrisinho no rosto e na mão apertava qualquer coisa que eles não conseguiam identificar.

Vernon Dursley abanou a cabeça e mandou-o para o quarto. E ele foi. Sem queixas nem protestos, apenas com um sorriso no rosto: o sorriso de quem recebeu a maior dádiva do mundo.


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Notas finais do capítulo

Aqui está =)

Kisses a todos os que leram... comentem... sim?
Morgana Bauer



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