Abri os olhos, meio confusa ainda, não lembrava direito como tinha chegado em casa. Sentei em minha cama e estava até me sentindo bem, meu rosto não estava mais doendo tanto, só quando eu encostava. Peguei meu celular e vi que acusava 32 ligações do ‘você sabe quem’. Desesperado... Bufei revirando os olhos e levantei. Tomei um banho, fui para o closet escolher uma roupa e eu queria escolher a roupa, pra literalmente fazer com que Matthew se questionasse e se arrependesse do que ele perdeu. Peguei um vestido cinza que era bem justo, o decote na frente era bem alto, mas as costas eram nuas, eu nunca o usava por que o decote atrás permitia que minha tatuagem aparecesse, mas, como isso já era noticia pública, não tinha por que eu tentar mais esconder algo. Me vesti, coloquei meu salto, super alto, preto, prendi meu cabelo o deixando todo de um lado só, me maquiei levando um pouco mais de tempo do que eu costumava, por precisar dar uma atenção a mais para esconder um pouco da vermelhidão que eu ainda tinha na bochecha e para disfarçar o corte da minha boca, quando terminei, fui para a cozinha. Coloquei a ração de Baby na sua vasilha, troquei sua água e fiz um pouco de café. Estava comendo umas torradas com geleia quando Luke adentrou na cozinha.

“Bom dia! E uau... Você está linda!” Ele beijou meu rosto do lado que não estava machucado.

“Que bom que você reparou...” Sorri tomando um gole de café.

“Vai torturá-lo até quando mesmo?” Ele cerrou os olhos me encarando e eu ri.

“Até ele sofrer o bastante.” Disse confiante. “Eu preciso dar uma passada no escritório agora, mas nos vemos na boate do Ethan.”

“Certo, eu só vou comer, tomar um banho e já vou para lá. Ken e ele já devem estar indo também.” Ele foi até a geladeira e pegou uma jarra de suco de laranja.

“Fique bem bonito para minhas fotos, ouviu?” Levantei e fiquei de frente á ele.

“Vou me esforçar, eu prometo.”

“Eu já vou indo então.” Beijei seu rosto rapidamente. “Não esquece de levar o Baby, não gosto de deixar ele sozinho.” Falei andando em direção a porta, parando apenas para dar um beijo no meu filhotinho que estava crescendo muito rápido e coloquei um casaco preto.

“Sophie, se o Baby fizer bagunça na boate do Ethan, ele vai querer te matar.”.

“Se ele ousar reclamar, eu dou um chute no outro olho dele.” Disse e Luke começou a gargalhar.

Dirigi até o prédio da Trammer’s. Antes de descer do carro, coloquei meus óculos de grau, tirei meu celular da bolsa e comecei a ler as mensagens e os e-mails que tinha, ignorando os de Matthew.

“Até que enfim!” Vi Matthew andando em minha direção, mas não desviei meu olhar do celular. “Eu estou esperando aqui á séculos!” Ele disse impaciente.

“São 8hrs. Não estou atrasada, você que chegou cedo.” Disse secamente.

“A gente precisa conversar.” Ele falou, mas continuei andando e ele vinha me seguindo.

“Sobre?”

“Como assim sobre?” Ele falou incrédulo. “Sobre nós dois!”

“Desculpa, mas não trato de assuntos particulares no trabalho.” Sorri cinicamente.

“Ah eu adoraria ter essa conversa no seu apartamento, mas sabia que eu fui impedido de subir?”

“Agora que você falou... Estou me lembrando vagamente de que eu posso ter proibido a sua entrada no meu condomínio. As vantagens de ser a chefe são maravilhosas!” Falei ironicamente e entrei no elevador.

Haviam mais duas pessoas dentro, o que era bom, pelo menos ia calar a boca de Matthew por esse curto tempo. Chegamos em nosso andar e sai andando da forma mais natural possível.

“Você vai ter que me ouvir...” Ele me puxou pelo braço.

“Matthew, olha só.” Disse impaciente. “Alguém morreu?”

“O quê?” Ele disse confuso.

“Algum empreendimento meu pegou fogo?”

“É claro que não!”

“Eu estou indo a falência?”

“Do que você está falando?” Ele disse sem entender nada.

“Se nada disso aconteceu, então eu não tenho absolutamente nada para tratar com você. Com licença.” Virei-me e andei em direção á minha sala. “Bom dia Emily!” Olhei para ela e sorri fingindo que tudo estava bem. Matthew veio até mim e me puxou pelo braço, dessa vez mais forte e firme.

“Já chega das suas ironias Sophie, estou farto disso.” Ele cerrou os dentes. “Se eu significo ou signifiquei alguma coisa pra você, você precisa me ouvir. E eu não estou pedindo.” O olhei em choque, por que ele nunca havia falado comigo assim. Pisquei algumas vezes e soltei meu braço dele.

“Eu tenho um compromisso em meia hora. Você tem cinco minutos.” Virei e entrei em minha sala com ele vindo atrás de mim.

Tirei meu casaco e o coloquei em cima do meu sofá, junto com minha bolsa. Andei até minha cadeira e sentei nela. Matthew continuou parado me olhando próximo a porta.

“Você está linda.” Ele disse me encarando.

“Era isso que você tinha pra falar?” Levantei a sobrancelha. Ele respirou fundo, provavelmente tentando se controlar pra não me matar e sentou na cadeira de frente a mim do outro lado da mesa.

“Eu sei que você deve estar me odiando agora e que eu sou a ultima pessoa que você queria ter por perto e vai ser um milagre se não quiser me expulsar da empresa e...”.

“O quê? Claro que não!” Falei surpresa dele ter dito o que falou. “É isso que você pensa de mim? Que vou te despedir por um problema pessoal e que eu te odeio?”

“Não odeia?”

“Deus... É claro que não odeio você.” Apoiei a testa em minha mão. “Acho que eu estou decepcionada. Mas, não com você, comigo mesma. Eu sabia que não deveria me deixar envolver em um relacionamento de novo e mesmo assim eu teimei e insisti nisso...”.

“Você não fez nada, absolutamente nada de errado!” Ele pegou em minha mão receoso. “É minha culpa, só minha e se eu fui homem pra errar eu tenho que ser homem pra assumir e lidar com as consequências.”.

“Eu só não entendo Matthew... Como posso não achar que fiz algo de errado? É claro que fiz ou não fiz e esse foi o problema. Se eu tivesse sido suficiente, você não teria feito... Bem, você sabe.”.

“Quando Lindsay rompeu comigo, não foi difícil eu tentar superar. Eu estava longe de todos e tinha você... Era fácil não pensar no rompimento em si. Mas, quando a vi, não sei Sophie, só não sei explicar...”.

“Eu sei...” Era impossível não lembrar do meu término com Connor. Tinha sido exatamente igual e eu sabia o que Matthew estava sentindo. Quando se passa tanto tempo com alguém é difícil conseguir superar isso totalmente. “Ironicamente eu entendo o que você está sentindo no momento.” Soltei minha mão da sua e recostei na cadeira. “Então... Ela ainda te ama.” Desviei o olhar dele. “Talvez, você precisa descobrir se ainda a ama também.” O olhei. “Mas, não vou ficar no meio disso.”.

“Como assim?”

“Acho que qualquer pessoa que termina um relacionamento, principalmente quando ele dura tanto tempo, merece um tempo sozinho pra pensar e ter certeza do que quer. Mas, francamente, não tenho mais tempo, idade ou paciência pra ficar no meio de algum triangulo amoroso bizarro.”

“O que está querendo dizer?” Ele franziu a testa.

“Estou tentando dizer que vou ser burra o suficiente pra deixar o caminho livre pra ela.” Esbocei um sorriso. “Estou praticamente te entregando de bandeja para o inimigo... Mas, se você quer escolher ela.”. Ele ficou pensativo por um momento e suspirou.

“Eu não estou escolhendo uma ou outra, eu só não sei o que eu sinto no momento.” Ele me olhou. “Sophie, quando pensava em um futuro com alguém, sempre foi com ela.” Ele disse e eu revirei os olhos.

“Resumidamente, era isso que queria falar? Conte algo que eu não saiba...” Falei irônica. Como se eu precisasse que ele divulgue o amor pela maravilhosa Lindsay.

“Eu amo a Lindsay... Mas, acho que estou apaixonado por você.” Fiquei boquiaberta com o que acabara de ouvir. Nos olhamos por um momento em silêncio, por que sinceramente, não sabia o que dizer.

“Como é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?” Eu finalmente consegui falar.

“Quando eu descobrir, juro que te explico.” Ele esboçou um sorriso, se levantou e saiu.

Eu fiquei parada no mesmo lugar, tentando digerir tudo o que eu tinha acabado de ouvir. Ele tinha acabado de confessar que está apaixonado por mim, mas que ainda ama Lindsay... E ainda não são nem 10hrs da manhã. Começamos bem o dia.

Depois de tentar me recompor, olhei para o relógio e para variar, estava atrasada para a sessão de fotos. Bufei de frustração comigo mesma, peguei minhas coisas e saí da minha sala. Fui dirigindo em direção á boate de Ethan, ficava um pouco longe do prédio e eu me perdi ao longo do caminho como que, pelo menos, umas três vezes. Quando, por fim, consegui chegar a boate, estacionei o carro e quando saí me deparo com um grande espaço, todo em preto com um letreiro enorme na frente que dizia: Cross’s House. Muito sútil Ethan...

Entrei e comecei a avaliar o local. Era muito espaçoso, tinha uma escada enorme, estava tudo extremamente limpo e cheirava bem, para minha surpresa, pensei que cheirasse a cerveja e sexo. Cheguei ao salão próximo ao bar, onde tínhamos combinado de tirar as fotos. Toda a equipe, umas 15 pessoas, estava parada, alguns escorados na parede, alguns sentados nos bancos, Luke estava com os braços cruzados sentado em cima do balcão e Ken em pé de frente á ele, Ethan estava sentado em uma cadeira, com Baby no colo e vi o curativo em seu rosto, que foi causado por culpa minha.

“Cheguei tão atrasada assim que vocês já terminaram?” Disse confusa.

“Nós sequer começamos...” Kenny falou virando em minha direção.

“Como assim não começaram?”

“A modelo furou com a gente. Ligou agora de ultima hora para dizer que não está se sentindo bem e não temos com quem fotografar.” Luke desceu do balcão e veio ficar ao meu lado.

“Gente, é só chamar outra modelo!” Falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Não é tão fácil, as modelos que conhecemos estão viajando, ou com contrato com outras marcas... Estamos tentando resolver tudo isso.” Kenny disse.

“Meu Deus... São só algumas fotos. Não tem nenhuma mulher aqui que queira se disponibilizar para isso?” Falei impaciente.

“É que a única mulher que temos na equipe hoje é a Sra. Reynolds.” Lewis, produtor do marketing disse receosamente. A Sra. Reynolds era uma mulher já de idade, que sempre acompanhava as produções para auxiliar no que fosse necessário.

“Eu preciso de um casal, não só do Luke!” Disse já perdendo a paciência.

“Por que você não posa com o Luke?” Ethan disse enquanto brincava com o Baby distraidamente.

“O quê?” O olhei em choque. “Eu não sou modelo...” Revirei os olhos.

“Na verdade Sophie... Até que não é uma ideia ruim...” Kenny disse me olhando de cima a baixo.

“Eu sou cheio de boas ideias.” Ethan falou.

“De jeito nenhum!” Bati o pé.

“Sophie você é linda, tem um corpo incrível... Por que não?” Luke colocou a mão por cima do meu ombro.

“Eu já disse, não sou modelo, nunca posei para fotos assim, não saberia nem o que fazer!”

“Isso é o de menos, você é morta de linda, não importa a pose que fizer, vai ficar perfeita.” Kenny se aproximou de mim e começou a mexer no meu cabelo. “Vamos só soltar seu cabelo, a sua maquiagem está ótima, vamos só dar uma retocada, te dar uma roupa e você vai ficar perfeita!”

Umas cinco pessoas se aproximaram de mim quando Kenny terminou de falar e começaram a me puxar para o camarim improvisado. Se não pode vencê-los... Mostraram-me algumas opções de calças jeans, optei por uma com uma lavagem escura e a blusa seria uma regata branca, segundo Kenny, isso era para dar ênfase no produto que eu queria vender, no caso as calças jeans.

“Nós temos tamanho 36 e 38...” Sra. Reynolds falou me mostrando as duas opções.

“36? Que mulher veste 36?” Peguei a calça e examinei o tamanho, era minúscula, aquilo nunca ia passar pelo meu quadril.

“A modelo que tinham contratado vestia 36...” Sra. Reynolds começou a rir.

“Ela tinha quantos anos? 10? Meu Deus...” Revirei os olhos. Eu vestia 38, mas a calça era extremamente justa ao corpo. Se não me servir, vou abrir o berreiro aqui...

Depois de algum esforço e de prender a respiração até quase morrer sem ar, eu entrei na calça e quase chorei emocionada por ela ter fechado. Coloquei a blusa, que deixava minha barriga de fora até quase o umbigo e que realçava bem meus seios, mantive os meus sapatos, por que segundo Kenny, me deixavam com uma bunda gostosa. Soltaram meu cabelo o deixando ondulado e com mais volume, o maquiador só deu uns retoques no blush, uma camada extra de mascara para cílios e um batom cor de boca.

“Aiiii, vai com calma!” Disse quando ele foi aplicar o batom em minha boca e pegou bem em cima do meu corte, estava bem melhor, mas ainda ardia.

“Desculpa!” Ele sorriu sem graça. “Quem arrancou um pedaço da sua boca?” Ele falou com divertimento.

“Eu caí...” Menti.

“Aham... Já usei muito essa desculpa...” Ele riu maliciosamente. Na impossibilidade de falar que, na verdade, eu tinha levado um tapa de meu pai, preferi que ele acreditasse que eu estava com a boca cortada por ter me agarrado em alguém.

Saí do camarim e quando voltei para o salão, todos os olhares se voltaram para mim boquiabertos.

“Perfeita!” Luke sorriu vindo em minha direção, ele também estava vestindo um jeans e camiseta branca.

“Não estou muito certa sobre isso...” Falei receosa.

“Sophie, é a sua marca de roupas, nada mais justo que você fazer a divulgação.” Kenny começou a falar. “Sem contar que as fotos vão ficar maravilhosas, por que você, por sorte, contratou um dos melhores fotógrafos do ramo.” Ele piscou para mim e se afastou.

Avistei Ethan encostado em uma das colunas, praticamente me despindo com os olhos e o olhei feio, o que o fez começar a rir. Kenny e Lewis estavam instruindo o pessoal e começaram a terminar de fazer os últimos ajustes de luzes e cenários. Ethan começou a andar em minha direção e eu me preparei para ouvir as piadinhas.

“Na boa... Minhas ideias são sempre boas, mas essa de hoje... Foi fenomenal!” Ele falou rindo, ficando de frente a mim.

“Como está seu machucado?” O olhei impaciente e ignorando seu comentário. Ele não respondeu e ficou olhando, sem vergonha alguma, para meus seios. “Ethan!” Gritei e bati em seu braço. “Olha nos meus olhos, não pros meus peitos!” Levantei seu rosto e fiquei segurando na altura do meu.

“Já tinha dito que vou ficar bem, só levei três pontos...”.

“Que bom. E sinto muito, de verdade.” Falei sinceramente.

“Por que está se desculpando? Eu estava bêbado, tropecei e cai.” Ele sorriu e piscou pra mim.

“Entendi...” Assenti e sorri.

“E seu rosto?”

“Bem melhor. Só precisei passar uns 5kg de maquiagem para esconder, mas vou sobreviver.” Dei de ombros.

“Vamos começar pessoal!” Lewis gritou.

Luke veio até mim e me levou para o cenário, iriamos ficar de frente para o bar. Fiquei lá parada vendo todo mundo me encarando e uma leve sensação de pânico tomou conta de mim.

“Olha só...” Comecei a falar. “Eu sei que eu concordei em fazer isso, mas... Não tô curtindo muito todos esses olhares pra mim enquanto eu estou usando essa blusa e com uma calça tão justa que, honestamente, está sufocando até meu útero.” Todos começaram a rir. “Não, não gente é bem sério!” Falei, mas sem sucesso, eles ainda estavam rindo da minha cara. “Então... Deixa eu perguntar... Quem aqui é realmente indispensável ficar?”.

“Eu não vou sair daqui.” Ethan falou do outro lado do salão.

“E por que raios você que ficar?” O olhei.

“Por que a boate é minha!”

“Na verdade, eu tenho um contrato que diz que ela é minha até as 13hrs. Eu paguei por isso.” Cruzei os braços.

“Engraçado, eu tenho uma escritura dizendo que o dono dela, sou eu.” Ele cerrou os olhos e eu bufei.

“Tanto faz Ethan. Fique, vá embora, se mate... Eu não ligo.” Falei e ele sorriu triunfante. “Então tirando o idiota dono do lugar, Kenny, Luke e eu, quem mais precisa ficar?”

“O pessoal da iluminação.” Lewis disse.

“Precisa nada, só pendura uma luz aqui que tá bom.” Falei.

“E se ficar escuro?” Luke me perguntou.

“Gente, photoshop tá ai pra isso. Inclusive Ken, a gente vai conversar depois sobre isso, tem umas melhorias em mim que eu quero que você faça.” Disse e novamente todo mundo começou a rir. Não me levam á sério...

“Você não precisa de melhoria alguma!” Kenny disse rindo.

“Enfim, que tal vocês irem tomar um café, um suco... Comer alguma coisa.” Disse olhando para a equipe, eles se entreolharam e se mantiveram em silêncio. “Tudo por minha conta!” Falei e eles começaram a gritar animados e foram um por indo embora. “Que chefe maravilhosa heim?” Falei rindo.

“Então, agora que você expulsou tudo mundo, podemos começar?” Luke disse tentando conter um riso e se fazer de bravo.

“Agora podemos!” Sorri triunfante.

Kenny terminou de fazer alguns ajustes em sua câmera, Ethan sentou um pouco atrás dele, com Baby no colo, parece que Baby gostava mesmo dele... Dois cachorros se entendem afinal. Luke me deu algumas instruções, como: Ficar tranquila, apenas se divertir com a situação e não se preocupar por que afinal era ele ali comigo e não algum estranho. Depois dessa breve conversa, até consegui ficar mais calma com tudo isso... Se era pra fazer, então eu ia me divertir fazendo isso.

“Vamos começar devagar e vamos ousando nas poses conforme você estiver mais confortável Sophie.” Kenny falou.

“Por mim, tudo bem.” Sorri.

“Então vamos fazer uma com seu braço ao redor da cintura dela e um grande sorriso...”. Kenny nos instruiu e assim fizemos.

Luke pôs a mão ao redor da minha cintura, tiramos fotos com ele beijando meu rosto, fazendo careta, sérios... E sabe que até que não era horrível.

“Eu tive uma ideia Lu.” Falei ficando de frente á ele. “Você podia encostar no balcão do bar, eu fico de frente pra você e você faz tipo uma de que quer me pegar sabe?” Falei rindo e Luke começou a rir também.

“Eu sou bom ator, posso fingir que quero te pegar.” Ele disse e eu o bati.

“Gostei Sophie, legal que está querendo ousar... Vai ficar lindo, vocês dois têm muita química. Sorte sua que eu não sou ciumento!” Kenny falou.

Começamos a rir e fomos para próximo do balcão. Luke se encostou nele, como eu falei, ficou uma perna esticada e a outra dobrada, apoiando no balcão. Eu fiquei de frente á ele, coloquei uma mão sobre seu peito e a outra em seu ombro.

“Assim tá legal?” Perguntei para Kenny.

“Está ótimo. Amor, coloca sua mão no bolso detrás da calça dela.” Luke fez como Kenny pediu. “Isso, agora Sophie, você olha pra câmera com uma cara de puta e amor, olha como se quisesse levar ela pra cama.” Luke e eu nos olhamos e começamos a gargalhar.

“As suas instruções são as melhores de todos os tempos amor.” Luke falou secando a lágrima que caiu de tanto ele rir.

“Gente, como que faz cara de puta?” Falei ainda rindo.

“É sua cara normal, não tem que se esforçar...” Luke disse com divertimento e eu o belisquei.

Depois de muita brincadeira, acabamos por fim fazendo, não só essa, mas várias poses diferentes. Passamos, pelos menos, 1hr tirando essas fotos, quando Kenny achou que já tínhamos o material necessário, era a vez de fazermos fotos individuais. Pedi para fazer primeiro, para aproveitar que já estava no clima de fotografias. Kenny pediu para eu ficar de costas e olhar por cima do ombro.

“Seu traseiro está mais do perfeito Sophie!” Ele falou enquanto tirava as fotos. “Põe a mão no cabelo e olha para mim mordendo o lábio.” O obedeci, mordendo com cuidado para não machuca-lo mais. “Isso, agora vai passando a língua de devagar no seu lábio superior, bem sexy...” Assim o fiz.

“Já está bom né?” Ethan se levantou e ficou ao lado de Kenny, que o olhou sem entender nada, depois sorriu abertamente.

“Sim, está ótimo Sophie, já temos material suficiente seu. Agora você amor!” Luke andou até mim e eu sai da frente da câmera, ficando atrás de Kenny.

Luke fazia isso parecer muito fácil, ele demonstrava se sentir muito á vontade fotografando e as fotos dele iam ficar perfeitas, com certeza.

“Me sai bem?” Perguntei animada para Ethan.

“É... Deve dar pro gasto...” Ele me olhou com desdém.

“Dar pro gasto é? Eu se fosse você, iria limpar a boca, por que sua baba tá descendo até agora.” Falei e sai andando para onde Baby estava, Abaixei-me e comecei a fazer carinho nele, pelo menos uma coisa boa eu tinha ganhado com Matthew. “Nossa Baby, você está fedendo rapazinho...” Falei cheirando seu pelo. “Mamãe vai te levar para tomar banho mais tarde.” Voltei a fazer carinho nele e ele retribuía me lambendo toda.

Por fim terminamos as fotos de vez, Kenny imprimiu algumas para nós e nossa... Tinham ficado muito lindas. Kenny era um excelente profissional, ficou sexy na medida certa, mas ainda com um ar de inocência... Extremamente de bom gosto e eu tinha ficado muito feliz e orgulhosa de mim.

Voltamos para casa, todos os quatro e Baby, para almoçar. Eu ia aproveitar e levar Baby ao pet shop, ele precisava urgente de um banho. Chegamos, eu troquei de roupa, tirando o jeans esmaga-útero, o trocando por um jeans que me permitia respirar a vontade e uma blusa com o ombro caído. Depois de terminar de comer, levantei e coloquei a coleira em Baby e peguei uma sacola onde tinha os produtos de limpeza dele.

“Vai sair com ele?” Luke perguntou.

“Vou levar ao pet shop, ele está fedendo.” Baby latiu e eu o olhei feio. “Não lata pra sua mãe, é pecado.”

“Por que você mesma não dá banho nele?” Ethan olhou para mim.

“Pra quê eu vou dar banho, se eu posso pagar alguém para fazer isso?” Cruzei os braços.

“Pra quê você vai pagar alguém, se você mesma pode fazer?” Ele cruzou os braços, me imitando.

“Eu vou me molhar toda e ainda vou para o escritório hoje...”.

“Você não vai se molhar, só ele vai. Né rapaz?” Ele chamou Baby, que saiu correndo em sua direção. Traidor...

“Ah eu não sei vocês, mas eu vou dormir, por que acordei cedo demais.” Luke pôs seu prato na pia.

“Eu também preciso das minhas horas de sono...” Kenny seguiu Luke e eles foram de mãos dadas até o quarto.

“E você seu porquinho, vamos tomar um banho!” Ethan pegou Baby no colo e os dois começaram a brincar. Sentei no braço do sofá observando os dois e sorrindo.

“Você se dá muito bem com ele... Já teve algum animal de estimação?”

“Tive.” Ele me olhou e colocou Baby no chão. “Max, ele era um pastor alemão... Morreu em combate.”

“Que pena. Acho que Baby ia gostar de um amigo de quatro patas...” Esbocei um sorriso, ele sorriu também. “Bom, pode ir dando banho nele.”

“Achei que nós iriamos dar banho nele.”

“Você que se manifestou, você dá banho. Só vou ficar sentada assistindo.” Dei as costas e fui andando para a varanda ignorando o riso de Ethan.

Baby estava cheio de shampoo no pelo, Ethan intercalava entre limpar e brincar. Em poucos minutos ele estava praticamente todo molhado e eu me esquivava sempre que Baby se sacodia pra tentar se secar.

“Tá ouvindo isso?” Ethan cerrou os olhos e eu tentei ouvir o que ele estava ouvindo.

“Ih, é meu celular.” Levantei e abri a porta da varanda.

“Não abre a porta!” Ethan gritou, mas já era tarde. Baby entrou correndo no apartamento, derrapou no chão e saiu molhando tudo.

“Baby, volta aqui agora!” Sai correndo e Ethan veio correndo atrás de mim.

“Cuidado, o chão está molhado você vai acabar caind...” Antes dele terminar de falar eu escorreguei e senti sua mão ao redor de mim, tentando me segurar, mas o tombo foi inevitável.

Caí de costas e teria batido a cabeça no chão, se não fosse pela mão de Ethan a segurando. Ele caiu também, ficando por cima de mim.

“Está vendo por que eu deveria ter levado ao pet shop!” Disse tentando não rir, mas foi inevitável. Começamos a rir de toda a situação, quando por fim paramos e nos olhamos. “Tá doendo muito ainda?” Passei o dedo levemente em cima do seu curativo e ele fez que não com a cabeça.

“E aqui, tá doendo ainda?” Ele alisou meu rosto suavemente. Respondi que não também, silenciosamente. “Que bom...”. Ele falou ainda com a mão em meu rosto.

“É...” Disse e a campainha tocou. “Eu preciso abrir a porta.” Falei. Ethan se levantou e me ajudou a ficar de pé.

Andei até a porta e quando abri, fiquei pasma com o que vi.

“Surpresa!” Ela gritou animada.

“Megan?!”