Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 25
Quase amigos.


Notas iniciais do capítulo

Oi lindaaas! Eu sou péssima para dar nome para os capítulos, vocês poderiam sugerir de agora em diante heim? Ia me ajudar horrores haha Morri com os comentários no capítulo anterior, muito obrigada MESMO! Beijo grande!



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Cheguei em casa completamente arrasada pelo o que eu li e vi. Ethan parecia sempre tão animado e tão nem ai pra vida... Eu nunca iria imaginar que ele teve que passar por situações como essa que eu li e isso era só uma delas. Ele me disse que serviu dos 18 aos 29... Foram 11 anos. O que ele não teve que passar durante 11 anos? Só de pensar nisso eu já me sentia pior do que estava. Sentei no sofá, Baby veio correndo e pulou sentando ao meu lado, comecei a fazer carinho em seu pelo enquanto meus pensamentos voavam a quilômetros de distância.

“Sophie?!” Senti um braço me empurrando e gritei de susto.

“Meu Deus... Você quer me matar do coração?” Luke estava de pé ao meu lado me olhando com diversão.

“Fazem pelo menos 5 minutos que eu estou falando e você não responde.”

“Ouvi você gritando, está tudo bem?” Kenny veio correndo para a sala.

“Está. Só esse idiota tentando me causar um enfarte.”

“Não seja tão dramática...” Luke cruzou os braços.

“Sim e o que você queria tanto falar comigo?” Perguntei impaciente.

“Nada não, só te encher mesmo.” Ele deu de ombros e sentou na poltrona ligando a televisão. Eu fiz uma cara feia e me recostei no sofá.

“Está tudo bem mesmo Sophie?” Kenny disse sentando no braço da poltrona em que Luke estava.

“Honestamente?” Olhei para ele. “Eu não sei...”.

“O que houve?” Luke voltou sua atenção para mim.

“Ethan foi ao prédio hoje e...”.

“Ethan? Ethan meu irmão?” Kenny me interrompeu. “O que ele foi fazer lá?”

“Ele conhecia meu chefe de segurança, que serviu o exercito também e tínhamos combinado de ele ir lá algum dia.” Disse calmamente e respirei fundo olhando para Kenny e Luke. “Por que nunca me contaram sobre o Ethan?”

“Contar o que?” Luke disse confuso.

“Sobre o que aconteceu em Bagdá.” Olhei para ele. “Eu vi fotos que, sinceramente, não vou conseguir tirar da cabeça tão cedo. Eu não imaginava o que ele teve que passar...”.

“Bagdá? O que aconteceu em Bagdá?” Luke olhou para Kenny.

“Eu achei que você soubesse.” Disse confusa.

“Ethan não gosta que falemos sobre isso...” Kenny falou desconfortável. “Eu não contei por que respeito a vontade dele e entendo que não é um assunto fácil de se conversar.”

“Agora eu quero saber o que aconteceu, vocês me deixaram preocupados.” Luke disse nervoso.

“Eles estavam em missão há três anos, eu estava viajando cumprindo um contrato e tirando fotos de vários desfiles, recebi uma ligação dizendo que Ethan tinha sofrido um acidente em combate. Pelo que me contaram, estavam levando ele e a sua equipe para outro abrigo, quando o carro foi bombardeado. Ethan conseguiu sair, mas não conseguiu salvar o resto da equipe, quando viram que ele ainda estava vivo, deram um tiro que perfurou seu pulmão.” Olhei apavorada para Kenny enquanto ele contava o ocorrido, Luke sequer piscava.

“Mas e então? O que aconteceu?” Perguntei.

“Ele ficou em coma por uma semana, mais ou menos... Não lembro bem. Ele começou a se recuperar bem, sempre foi muito forte, mas, desistiu da carreira militar. Depois disso as coisas só pioraram, ele teve estresse pós-traumático, não conseguia dormir, demorou muito até que ele conseguisse sair de casa sozinho. Eu ainda tive que passar três meses longe, por que eu tinha um contrato a cumprir, mesmo eu querendo jogar tudo para o alto, ele não deixou. Quando enfim voltei para casa, me assustei quando o encontrei.” Kenny continuou.

“Por quê?” Luke disse colocando a mão na perna de Kenny.

“Ele estava abatido, bem mais magro, não tinha ânimo pra nada... Ethan, mesmo sendo um pouco desagradável nos seus comentários, sempre foi o mais elétrico, nunca ficava parado sem fazer nada, a não ser quando ia dormir e vê-lo daquele jeito... Foi devastador para mim. Isso nos aproximou ainda mais, ele fez terapia durante uns dois anos, o acompanhei durante todas as sessões, mas ele tem problemas para dormir ainda, acho que por isso quis abrir a boate, é uma desculpa para deixá-lo acordado a noite toda.” Ele terminou de falar e a campainha tocou. Luke se levantou para abrir a porta.

“E ai família!” Ethan disse sorridente, mas sua expressão mudou quando viu nossas caras nada animadas. “Alguém morreu?”

“Eu vou me deitar um pouco, vem Baby.” Disse e Baby se levantou vindo atrás de mim.

“Eu fiz alguma coisa que eu não sei?” Ethan franziu a testa.

“Não, de forma alguma.” Sorri sem graça. “Só preciso dormir um pouco, acho que estou de ressaca do vinho ainda.” Continuei andando em direção ao quarto, entrei com Baby e fechei a porta.

Eu não sabia por que essa história do Ethan tinha mexido tanto assim comigo... Eu não o conhecia há muito tempo, nem sei se podíamos ser considerados amigos de fato. Mas, eu me sentia péssima inevitavelmente. Deitei na cama e fiquei olhando para o teto, enquanto Baby quebrava e mordia alguma coisa. Depois de alguns minutos assim, bateram na minha porta, levantei de mau gosto e a abri.

“Oi Ethan.” Ele estava em pé, encostado na parede, de braços cruzados me encarando. “Aconteceu alguma coisa?”

“Eu que pergunto Sophie, aconteceu alguma coisa?”

“Nada ué...” Dei de ombros.

“Nem adianta fingir, você é uma péssima mentirosa.” Ele entrou no meu quarto e Baby veio correndo para ele. Ethan sentou no chão e ficou brincando com ele. “Ken me disse que você sabe sobre Bagdá. Não me surpreende, sabia que você não ia conseguir ficar na sua. Black... Quer dizer, Drew que contou?”

“Eu pesquisei... Sabe, depois que inventaram a internet, ninguém faz nada escondido.” Tentei sorrir e sentei na cama observando ele e Baby.

“É exatamente por isso que eu não saiu contando essa história por ai e muito menos gosto que comentem sobre isso...” Ele me encarou e eu o olhei confusa. “Por que esse olhar de pena me dói nos nervos.” Ele cerrou a mandíbula.

“Eu não estou com pena de você.” Disse ofendida.

“Tem certeza disso?” Ele me olhou indiferente.

“Absoluta. Eu estou surpresa, com toda certeza e chocada.”

“Como assim?” Ele se virou de frente a mim, ainda com Baby no colo.

“Você... Você era o irmão galinha do Kenny. Só isso.”

“Acho que eu ainda sou o irmão galinha do Kenny...” Ele esboçou um sorriso e eu sorri também.

“Não é.” Olhei para ele. “Acho que eu não tinha parado pra pensar no que você passou quando estava servindo. Sabe...” Recostei-me na cama. “Black nunca me conta sobre os tempos dele no exercito, ele diz que não são boas lembranças para serem faladas em voz alta, eu só não tinha ideia do quão ruim poderia ser. Eu vi apenas fotos Ethan e fiquei em pânico... Não imagino como foi pra você viver aquilo.”

“O ruim não foi o ataque em si, eu já havia passado coisa bem pior. Ver os familiares deles no velório e no enterro... Aquilo sim me matou.” Ele respirou fundo. “Aquelas pessoas eram meus amigos. Eles tinham família, filhos... Eu era o único sozinho no mundo, além do meu irmão eu não tinha parentes próximos. Me parece um tanto quanto injusto eles terem morrido e eu não.”

“Ethan, vocês eram uma equipe, tiveram o mesmo treinamento. Não tem nada que você soubesse fazer que eles não soubessem também, foi uma fatalidade.”

“Eu repito isso para mim mesmo todo dia, mas, não ameniza e nem faz com que as memórias que eu tenha desapareçam. Nem sequer me conforta.”

“Sabe...” Apoiei os cotovelos em meus joelhos. “As pessoas sempre tiram ideias precipitadas sobre mim, sempre me julgam antes de me conhecer... Eu sempre critiquei tanto isso e acabei agindo da mesma forma com você.”

“Qual foi seu julgamento sobre mim?” Ele me olhou com diversão. Ótimo, o clima estava ficando leve.

“Canalha, cachorro, sem caráter, tarado sexual, idiota...”.

“Tudo bem! Uou... Já entendi!” Ele me interrompeu e começamos a rir. “Então mudou seus conceitos sobre mim?”

“Não exatamente. Ainda acho que você é um canalha, cachorro, sem caráter, tarado sexual e idiota.” Sorri. “Mas... Também acho que você é uma pessoa boa, corajoso, que teve que passar por muita coisa e que por mais que se esforce pra parecer o contrário, é um homem de muitas qualidades admiráveis.” Ele me encarou por uns minutos em silêncio, colocou Baby no chão e se levantou.

“Obrigado.” Ele disse sério.

“Não por isso...” Repeti sua fala de poucas horas atrás, ele esboçou um sorriso e saiu para a sala, levantei da cama e fui andando atrás dele.

“É sério, olha isso aqui!” Luke estava sentado no sofá e começou a apertar as suas ‘gorduras’ que só ele via.

“Você não está gordo!” Kenny disse tentando parecer sério, mas era notório que ele estava tentando conter o riso.

“Nem comecem a falar de gordura.” Me joguei na poltrona. “Eu estou comendo igual uma orca e malhar que é bom, nada!”

“Essa época de fim de ano as academias estão sempre fechadas, não tem muito o que se fazer.” Ethan sentou no braço do sofá e cruzou os braços.

“A minha academia não fecha nos feriados.” Disse distraída.

“Você tem uma academia?” Ethan perguntou surpreso.

“Claro que tenho.”

“E não fecha aos feriados? Que tipo de chefe monstra você é? Isso é trabalho escravo!” Ele riu.

“Não é trabalho escravo, por que a ‘chefe monstra’ paga muito bem.” Falei sarcástica.

“A gente podia ir malhar juntos.” Luke falou.

“Tipo um mutirão anti gordura e flacidez?” Kenny falou e eu comecei a rir.

“Eu gostei da ideia. Topo!” Levantei o braço.

“Por mim também fechou.” Ethan disse.

“Então vamos nos trocar!” Luke se levantou, Kenny o seguiu até o quarto.

“Eu tenho shorts e tênis no carro, vou descer para pegar.” Ethan andou até a porta e saiu.

Fui para o meu quarto, abri a janela para ver como estava o clima lá fora. Não estava tão frio como nos outros dias, então vesti um short saia preto, uma regata rosa claro, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e calcei meus tênis. Coloquei a coleira em Baby, por que claro, ele não ia ficar sozinho em casa, provavelmente quando eu chegasse ele já teria colocado fogo em meu apartamento. Voltei para a sala, Kenny e Luke já estavam de camiseta, shorts e tênis somente nos esperando. A campainha tocou, abri a porta com Baby no colo.

“Vai levar o cachorro?” Ethan me olhou com uma sobrancelha levantada.

“Cachorro é você, mais respeito com meu filho.” Me fingi de ofendida e sai sendo seguida pelos rapazes. “Eu dirijo!” Disse enquanto esperávamos o elevador.

A porta se abriu, nós quatro entramos, Ethan ficou na minha frente, de costas pra mim... Me dando a ótima oportunidade de o analisar. Ombros largos, pernas grossas... Ao contrário de Kenny e Luke, ele usava uma camisa ou invés de camiseta, parecia que ele sabia que eu estava olhando seu corpo descaradamente e posso jurar que vi um sorriso se formando em seu rosto. Era óbvio que eu realmente estava gostando de Matthew, mas eu posso admirar belos homens ainda não é?

“Até que é bem legal...” Ethan disse quando entramos na academia fazendo uma rápida inspeção do lugar.

“Até que é bem legal?” O olhei feio.

“Já vi melhores.” Ele disse tentando não rir, mas eu sabia que ele só estava tentando me provocar e ignorei o comentário. Fui andando até a recepção com Baby no colo.

“Senhorita Trammer, boa tarde.” Uma das meninas da recepção disse educadamente.

“Boa tarde. Pode fazer um favor pra mim?”

“Claro, o que quiser.”

“Cuida do meu bebê só por uma horinha enquanto eu malho?” Coloquei Baby no balcão da recepção e logo ele atraiu a atenção de todas as meninas que estavam ali perto.

“Com todo prazer eu cuido dessa coisinha linda!” A recepcionista começou a fazer carinho nele e seu rabinho começou a balançar freneticamente. “Qual nome dele?”

“É Baby. Eu só vou fazer alguns aeróbicos aqui embaixo mesmo, então se ele fizer bagunça, pode vir me chamar está bem?” Disse calmamente.

“Certo senhorita, pode deixar.” Ela sorriu e quando voltei para onde tinha deixado os rapazes, só estava Ethan em pé de braços cruzados.

“Cadê eles?” Falei.

“Subiram.”

“Ah... Luke vai obrigar Kenny a treinar alguma luta.” Sorri. “Bom, fique a vontade e cuidado pra não se perder.” Disse e fui andando até os aparelhos que eu sempre costumava fazer e ignorando os olhares dos tarados da academia, como sempre.

Estava mais lotado do que deveria, acho que não fomos só nós que tivemos uma crise de consciência pesada após as comilanças das festas de fim de ano. Fiz alguns minutos de bicicleta para aquecer, malhei um pouco de pernas, um pouco de bumbum... Olhei para o relógio da academia e já tinha passado quase uma hora que estávamos ali. Quando minhas pernas quase não aguentavam mais se mover, fui para a esteira e fiquei alternando a velocidade entre caminhada e corridas.

“Já acabou?” Ethan surgiu do meu lado, todo suado e quase me matando de susto.

“Sim, só fazendo uma caminhada. E você?”

“Quase, só falta um aparelho. Vem cá, quanto você pesa?”

“Não vou te dizer quanto eu peso.” O olhei feio.

“Por que não?”

“Nunca te disseram que é falta de educação perguntar quanto uma mulher pesa?”

“Não.”

“Bom... Mas, é.”

“Deixa de besteira, quanto é?”

“Não vou te dizer quanto eu peso Ethan.” Desliguei a esteira e cruzei os braços o encarando.

“Ah, fala sério. É o que? Uns 56, 57 kg?”

“Sério que você acha que eu peso 56 kg?!” O olhei me fingindo de emocionada e ele começou a rir.

“Para de me zoar!” Ele riu mais abertamente. “A gente é tipo quase amigo agora, você pode me confidenciar essas coisas e eu juro que se alguém me perguntar eu digo que você pesa 56 kg.”.

“Tá bem...” Revirei os olhos. “64 kg.” Sussurrei.

“64?” Ele berrou e eu bati em seu braço.

“Não espalha seu imbecil! E em minha defesa, musculo pesa tá?” Ethan gargalhou alto e se apoiou na esteira.

“Bom, é um pouco mais do que eu esperava, mas vai servir...”.

“Espera ai, servir pra quê?” O olhei confusa.

“Ah é que eu vou malhar perna no Leg 45° e falta um peso de 60 kg pra igualar.”

“Os pesos ficam no segundo andar.”

“Eu sei, me informaram sobre isso, mas graças a você não preciso mais subir.”

“Como assim graças a mim?” Perguntei, Ethan piscou pra mim e se abaixou colocando meu corpo por cima do seu ombro. “Que merda você tá fazendo? Me põe no chão! Agora Ethan!” Gritei.

“Só um minuto.” Ele disse e eu pude ouvir a diversão na sua voz.

“Ethan, eu estou falando sério.” Bati nas suas costas. O que não serviu de nada, eram duras igual pedra. “Eca, você está todo suado.”

“Você também não está cheirando como uma flor do campo sabia?”

“Você é muito filho da...” Antes que eu terminasse de falar, ele me pôs sentada em algum lugar, quando saiu da minha frente eu pude ver que ele realmente tinha me colocado aonde os pesos do aparelho ficam. “Ethan isso é ridículo. Todo mundo está olhando.” Cobri meu rosto com as mãos.

“Não estão não.” Ele disse com desdém e olhou ao redor. “Ah, na verdade estão sim. Mas, relaxa, vai acabar mais rápido do que você imagina.” Ele sentou no aparelho.

“Eu não vou ficar aqui.” Me movimentei para descer, mas desisti quando vi que era alto demais para eu pular. “Me desce, agora Ethan.”

“Com todo prazer, só um minuto.” Ele sentou no aparelho e eu o olhei incrédula. “Vou soltar a trava, mas não se assuste, você não vai cair. Isso é, se ficar paradinha.” Ele piscou e soltou as travas do aparelho, fazendo com que eu subisse e descesse enquanto ele empurrava a barra para frente e para trás.

“Tantos anos estudando... Sabia que eu sou Phd em comércio exterior? E olha onde eu vim parar... É o fim dos tempos mesmo...” Fiquei balançando as pernas, me sentindo uma criança patética fazendo birra.

“Sabia que eu sei fazer uma bomba caseira com detergente, um palito de fósforo e uma palha de aço?” Ele parou de fazer o movimento continuo e me encarou, eu o olhei pasma e boquiaberta. “Pois é e nem por isso estou me vangloriando.” Ele disse com diversão.

“Ui eu sou o Ethan, eu sei fazer uma bomba com sabão e palha de aço...” Imitei sua voz debochando dele ironicamente.

“É detergente. E pesos não falam Sophie, então fica caladinha está bem?” Ethan disse quase sem fôlego enquanto fazia seu exercício.

“Seu Idiota.” Bufei.

“Nojenta.” Ele retrucou.

Passaram-se alguns minutos em completo silêncio, apoiei meus cotovelos em meu joelho e meu rosto em minhas mãos enquanto eu subia e descia, servindo de peso morto para Ethan. Quando ele finalmente terminou e pôs as travas em seus devidos lugares, respirei aliviada. Ele se levantou, pegou sua garrafa com água do chão e ficou de frente a mim.

“Viu? Não foi assim tão ruim.”

“Ha ha ha, muito engraçado Ethan. Agora me ajuda a descer daqui.” Estiquei os braços para me apoiar nele, mas ele de um passo para trás.

“Só vou pegar mais água.” Ele deu as costas e começou a andar.

“Ethan, volta aqui! Minha bunda já tá doendo!” Disse desesperadamente.

“É só pular.” Ele virou pra mim de novo. Olhei para baixo e depois para ele, se eu pulasse, ia cair igual uma fruta madura no chão, melhor esperar.

“Pega logo a merda dessa sua água...” Revirei os olhos e cruzei os braços, ele riu e voltou a andar.

Fiquei observando as pessoas na academia, já estava mais vazia, olhei para frente e vi um rosto conhecido, cerrei os olhos para ver melhor. Puta merda, era Ricky. Olhei para Ethan que enchia sua garrafa sem pressa alguma e aquilo me deu nos nervos.

“Ethan!” Chamei ele tentando ser discreta para não chamar a atenção de Ricky, mas aparentemente, Ethan sequer tinha me ouvido. “Ethan!” De novo, fui ignorada. “Ethan!” Gritei agora, alto suficiente para ele ouvir e virar em minha direção e alto suficiente para Ricky ouvir e notar minha presença. Merda.

“Sophie?!” Ele disse se aproximando. “Que surpresa te encontrar aqui!” Ricky falou sorrindo e ficou de frente a mim.

“Oi Ricky.” Disse educadamente. “Surpresa você estar aqui, a academia é minha então...”.

“Ah, claro. Eu não lembrava desse fato.” Ele me olhou de cima a baixo e franziu a testa. “O que está fazendo ai em cima?”

“Ér... Bom, você sabe.” Sorri sem graça.

“Ela está trabalhando como meu peso hoje.” Ethan surgiu e andou até o outro lado do aparelho pegando sua toalha e secando o rosto.

“Entendo.” Ele olhou analisando Ethan, que ignorou sua existência e voltou seu olhar para mim. “Eu tentei te ligar várias vezes...” Ele sorriu.

“Foi? Bom, é que eu troquei de celular, o meu antigo quebrou.” Isso não deixava de ser verdade.

“Deixei vários recados com sua secretária, ela te passou eles?”

“Não, você acredita?” Menti descaradamente. “Ela não me disse nada... Olha, está difícil encontrar bons funcionários hoje em dia...”.

“Mas, nada que não podemos resolver não é? Podemos marcar de sair novamente, eu sei que você adorou nosso jantar.” Ai Jesus... Menos Ricky.

“Então... Sabe o que é Ricky, eu meio que estou namorando.”

“Você namorando Sophie?” Ele riu alto. “Sabemos que você não é disso.”

“As pessoas mudam...” Dei de ombros.

“Eu não acredito em você. Quem é esse namorado então?” Ele cruzou os braços.

O nome Matthew Davis estava na ponta da língua para sair, mas eu me toquei que se Ricky abrisse a boca para alguém sobre eu e Matt estarmos juntos, eu estaria completamente ferrada e principalmente se chegasse aos ouvidos de Richard, nós dois perderíamos nossos empregos.

“Com ele.” Apontei para Ethan que me olhou surpreso. “Ricky esse é Ethan, meu namorado.” Sorri tentando parecer o mais normal possível, Ethan se aproximou e continuava me encarando. “Eu sei que eu não era muito a favor desse negócio de namoro, mas...” Olhei para Ethan sorrindo. “Quando a gente encontra a pessoa certa, né amor?” Fiz um olhar de súplica pra ele me ajudar.

“Foi amor à primeira vista.” Ele pôs o braço ao redor da minha cintura e olhou para Ricky, que agora estava com um olhar desapontado.

“Ah... Bom... Fico feliz por você então. No fundo, nós não iriamos dar certo sabe. Eu não sou homem de uma mulher só.” Ricky disse tentando parecer triunfante. É claro que ele não ia sair por baixo numa situação dessas.

“Eu sei Ricky e afinal, eu não fui mulher suficiente pra você.” Disse irônica e dramatizando.

“Eu sinto em dizer isso, mas não Sophie, você não foi.” Ele me olhou sério e eu assenti tentando parecer desapontada. “Bom, nos vemos por ai.” Ele deu as costas e saiu.

“Dá pra acreditar no nível de cara de pau desse cara?” Falei incrédula. Senti a mão de Ethan descendo pelas minhas costas. “Se você abaixar mais meio centímetro que seja, eu vou arrancar seu braço fora.” Falei e ele gargalhou indo ficar de frente a mim.

“É com esse tipo que você costumava sair?” Ethan cruzou os braços. “Agora entendo por que acha que aquela cara com quem você sai é um príncipe encantado.” Ele debochou, o olhei feio e estiquei os braços pra ele me ajudar a descer. “Você é muito pequena.”

“Não Ethan, você que é enorme. Agora tenha a decência de parar de agir como um perfeito idiota e me tire daqui.”

“Espera ai, o que aconteceu com aquela história de que eu sou a pessoa certa, aquelas declarações e tal?” O fuzilei com os olhos. “Está bem, está bem. Você é pequena, mas assusta.” Ele pôs as mãos em minha cintura me levantando e me pôs, finalmente, no chão.

“Vamos procurar Ken e Luke.” Dei um passo e senti minhas pernas e meu bumbum protestando de dor.

Depois de encontrar os rapazes, peguei Baby na recepção e fomos para casa. Quando chegamos eu fui para meu quarto tomar banho e coloquei um pijama, Kenny fez nosso jantar e comemos juntos na sala. Depois voltei para meu quarto e fiquei deitada assistindo televisão, meu celular começou a tocar e meu coração pulou quando vi que era Matthew. Passamos nada menos que quase 3hrs no telefone, ele me contou mais detalhado como tinha sido o jantar em casa, que Megan estava bem e que estavam aproveitando bastante o tempo com a família, eu enviei fotos de Baby comigo e tudo, em tese, estava perfeito, exceto pelo fato de ter achado ele um pouco estranho. Ele ficava bem calado do nada ou parecia distraído... Mas, cheguei a conclusão de que poderia só estar com sono ou pior, ainda chateado comigo.

“Está tudo bem?”

“Claro Sophie, por quê?”

“Ah... Nada, besteira minha. Eu fui ao escritório hoje.”

“Em pleno 25 de dezembro...” Ouvi seu sorriso.

“Não me julgue, eu realmente precisava resolver algumas coisas.”

“Está bem, mas prometa que não vai amanhã. Tire um dia pra você pelo menos, nem que seja para ficar descansando em casa.”

“Prometo!” Sorri. “Mas, agora eu vou dormir, estou morrendo de sono.”

“Certo. Estamos nisso há horas... Isso é normal?” Ele falou com diversão.

“Acho que não, mas eu gosto de não sermos normais. Nos falamos amanhã?”

“Com toda certeza que sim. Boa noite linda, sonhe comigo.”

“Eu irei.” Ai Deus, quão melosa eu estou agora? “Pode desligar...”

“Você desliga.”

“Não, você.”

“Mas, eu não quero desligar.” Ele riu.

“Eu também não quero!” Ri também. “Mas, eu estou com sono.”

“Tive uma ideia...”.

“Que ideia?”

“Liga a câmera do seu celular e coloca ele em cima do travesseiro, virado para você. Assim, nós vamos dormir juntos.” Ele disse e eu fiz.

Ligamos a vídeo chamada e colocamos os celulares ao nosso lado nas camas, nos travesseiros. Ele estava com a barba um pouco maior, sem camisa e com o mesmo sorriso perfeito de sempre, com os mesmos olhos azuis maravilhosos.

“Oi...” Disse sorrindo e bocejei.

“Você é linda com sono. E sem sono. E de todo jeito.” Ele falou enquanto deitava também e se cobrindo com a coberta.

“Você é muito babão Sr. Davis.”

“Só por você Srta. Trammer.”


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