Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 16
Dia de ação de graças - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde lindaaas! Vocês sabia quem já leram mais de 100 páginas dessa história? Eu fiquei chocada quando percebi! hahaha Eu estou fazendo um vídeo novinho do nosso casal e em breve vou postar pra vocês.
GABIS, MUITO OBRIGADA PELA RECOMENDAÇÃO. VOCÊS VÃO ME MATAR DO CORAÇÃO AINDA!



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Brian estava parado nos olhando e rindo com divertimento da situação. Típico dele, fazer graça de tudo.

“O que vocês estão fazendo aqui?” Ele disse sorrindo abertamente ainda com uma expressão de surpresa. Olhei para Matthew que me olhou de volta e me dei conta de que ainda estava com os braços em seu pescoço e os dele na minha cintura. Soltei-me rapidamente ficando ao seu lado, com uma determinada distância.

“É um mercado Brian. O que as pessoas vêm fazer aqui?” Falei sarcástica cruzando os braços.

“Aparentemente, se agarrar!” Ele falou gargalhando. “Ow Matthew... A Sôsô?! Sério?!” Matthew o olhou com a testa enrugada. “Nada contra irmãzinha, você é uma gata, mas francamente... Você é um porre de chata.”

“Escuta aqui...” Gritei com raiva e Matthew me puxou levemente pelo braço.

“Brian a gente pode explicar. Tudo.” Matt disse calmamente.

“Não precisa irmão, a cena é auto explicativa. Mas, eu imagino a cara que a minha mãe ia fazer vendo vocês dois se engolindo aqui, ou pior... O Richard.” Brian não tirava o sorriso de idiota dele do rosto e eu estava prestes a socá-lo. “A ironia disso tudo irmãzinha, é que você não deixa eu pegar as funcionárias por causa da politica de ‘Não confraternização.’” Ele fez aspas com os dedos. “E olha só você. Tsc, tsc... Que feio Sôsô.”

“Olha, seu demente. Primeiro não me chama de Sôsô. Segundo, eu já disse mil vezes que eu não sou sua irmã, sou sua quase meia-irmã.” Falei impaciente. “E terceiro, se você abrir essa sua boca pro Richard eu mesma vou cortar fora o que você tem no meio das pernas.” Disse entre os dentes e Matthew tentou conter o riso.

“Cara, é sério. Deixa isso só entre nós, pode ser?” Matthew pediu rindo.

“Tá brincando? É claro que eu não vou falar nada, a Sôsô tava precisando mesmo dar uns pegas.” Ele estendeu a mão para Matthew e ele a apertou. Fiquei vermelha constrangida pelo comentário.

“Juro por Deus que eu vou te matar...”. Falei tentando manter minha calma.

“Porém irmãzinha... Nada nessa vida é de graça não é?” Ele cruzou os braços. Lá vem...

“O que você quer?” Revirei os olhos.

“Três meses de férias remuneradas, uma secretária nova e livre acesso pra agarrar ela.” Ele sorriu triunfante e Matthew o olhou se divertindo com tudo isso.

“Um mês de férias e livre acesso pra agarrar a secretária que você já tem.” Eu sei negociar, vamos jogar esse jogo.

“Dois meses, uma funcionária nova e livre acesso as salas de reunião.” Ele retrucou.

“Um mês e meio, uma estagiária de meio período e eu libero uma sala de reunião, uma vez por semana.” Estendi a mão pra ele apertar e ele o fez sorrindo com divertimento.

“É um prazer fazer negócios com você irmãzinha!”

“Irmãzinha é o caralh...”.

“Ok, já entendemos.” Matt me interrompeu. “O seu vocabulário Sophie é uma iguaria rara.” Ele disse com sarcasmo.

“Own...” Sorri inocentemente. “Obrigada pelo elogio.”

“Então heim... Vocês dois...” Brian começou a levantar e abaixar as sobrancelhas.

“Vem cá, por que você ainda está aqui mesmo?” Cerrei os olhos.

“Porque agora eu quero saber como e quando vocês começaram a namorar.” Matthew e eu nos olhamos nervosos.

“Uou... Essa é nova!” Matthew disse visivelmente desconfortável.

“De onde você tirou que a gente tá namorando? Você já está bêbado a essa hora?” Falei.

“Baseado na forma que vocês estavam quase se comendo aqui no meio de um corredor público... Eu deduzi que estão. Não estão?” Ele perguntou confuso.

“Claro que não!” Dei um tapa na sua cabeça. “Se eu fosse namorar qualquer um que eu beijo meu filho...”

“Isso mesmo.” Matthew concordou e depois parou me olhando com uma cara de ofendido. “Ei...” Ele enrugou a testa. “Comentário desnecessário esse seu. E eu não sou qualquer um, mais respeito, por favor.”

“Você entendeu o que eu quis dizer...”.

“É, entendi.” Ele falou seco.

"Enfim. A questão é... Não estamos namorando."

"Eu percebi, isso ficou bem claro." Brian colocou a mão no queixo e o alisou pensativo. "Mas espera, você não tava noivo daquela enjoada da Lindsay?"

"O fã clube da demônia é enorme!" O olhei rindo.

"Estou vendo." Ele passou a mão no cabelo. "A gente terminou." Ele olhou para Brian.

"Até que enfim heim?" Brian levantou as mãos pro céu dramatizando. Matthew o olhou feio. "Quer dizer... Foi mal cara, que pena que acabaram." Tentei conter meu riso.

"Bom, já que você já me chantageou e já está tudo explicado." Olhei para Brian. "Vamos terminar logo de comprar essas coisas e voltar pra casa, por favor?" Implorei para Matt.

"Vocês vão ceiar juntos?" Brian perguntou surpreso.

"Vamos." Olhei para Matthew e nós dois sorrimos. "E você não devia estar em casa brincando de família feliz?"

"Na verdade... Richard e minha mãe estavam brigando, por isso eu decidi dar uma escapada. Só vou voltar pra casa de noite."

"Porque eles estavam brigando?" Perguntei curiosa.

"Não faço ideia. Em um minuto estava tudo bem e no outro eles estavam aos gritos. Eu não curto muito ficar ouvindo briga de casal."

"Vem ceiar com a gente mais tarde." Matthew convidou Brian e eu enruguei a testa.

"Apesar de ser uma proposta muito boa, não vou abusar da bondade da Sôsô." Brian começou a rir. "Eu vou comprar umas bebidas pra me preparar para a noite em família, nos falamos depois." Ele começou a desviar o carrinho de nós e parou ao lado do Matthew. "Cara... Você pegando minha irmã." Ele cobriu os olhos e fez uma cara de nojo. "Eu acho que vou vomitar..."

“Ninguém mandou ter uma quase meia-irmã gostosa.” Dei língua para Brian, Matthew começou a rir.

“Desculpa Brian, com todo respeito, mas é verdade. Ninguém mandou ter irmã gostosa.” Brian fez uma cara de nojo maior ainda e foi embora.

Matthew e eu nos encaramos e começamos a rir da situação, em uma cidade tão grande tínhamos que esbarrar logo com Brian no mercado. Ele voltou a empurrar o carrinho, agora com uma mão e a outra colocou ao redor da minha cintura e eu pus o braço ao redor dele também, fizemos nossas compras assim, abraçados. Matt colocou as sacolas com as compras no porta malas e entramos no carro, indo finalmente de volta pra casa.

“Eu estava pensando...” Ele começou a falar e o olhei de lado desconfiada. “O que você acha que Richard ia fazer se descobrisse da gente?”

“Provavelmente iria usar como desculpa pra me demitir.” Dei de ombros.

“Você acha que ele seria capaz de te demitir?”

“Eu não duvido de nada que venha dele e bom, ele tem a maior parte das ações da empresa então ele tem esse poder.”

“Eu não consigo entender isso...” Matt sorriu amargamente.

“O que?” Mantive meus olhos na avenida.

“Você fala que não sabe como eu consigo conviver com tantas pessoas, mas e você? Como você consegue viver assim sozinha? Eu não entendo como o próprio pai pode ter tanta raiva assim da filha. Você deve ter aprontado alguma muito boa com ele...” Ele olhou para a janela, parei no sinal esperando ele ficar verde e encostei meu queixo no volante pensativa. “Desculpe, eu não devia ter tocado no assunto.” Ele colocou a mão na minha perna a alisando, o olhei e esbocei um sorriso.

“Não tem problema.” Coloquei minha mão em cima da sua. “É só que... Somos assim desde sempre. Sempre vivemos assim, discussões e mais discussões. Eu confesso que tive umas atitudes não muito prudentes na minha adolescência, mas meus problemas com meu pai começaram bem antes disso.” O sinal abriu e eu voltei minha atenção para o trânsito.

“Sabe, algum dia você ainda vai ter me contar o que tanto você aprontou quando era mais nova.” Ele falou com divertimento.

“Claro. Depois de ser amarrada e torturada, quem sabe eu conto.” O clima entre nós tinha voltado a ficar leve. Ele me olhou como se estivesse analisando e sorriu. “O que foi?”

“Nada demais, deixa pra lá.” Ele tirou a mão da minha perna e se endireitou no banco. “Esse carro é muito bom.”

“Eu sei.” Sorri orgulhosa. “É meu bebê!”

“Sabia que carros de cor escura não são muito seguros de se andar a noite? Dificulta a visibilidade do outro condutor.”

“Sabe que eu nunca tinha pensado nisso... Ainda bem que tem mais três na garagem de cores diferentes.” Olhei pra ele e pisquei, ele começou a rir.

“Exibida...” Ele balançou a cabeça.

Chegamos em casa e eu pedi nosso almoço de um restaurante. Comemos e depois começamos a preparar nossa ceia para mais tarde.

“Acho que exageramos na quantidade. Olha o tanto de comida que tem aqui!” Falei rindo.

“É verdade!” Ele riu também. “Mas, o que não comermos, podemos dar aos vizinhos... Algo do tipo.” Assenti com a cabeça.

“Isso é tão estranho...” Falei enquanto cortava as batatas.

“O que é estranho?” Matthew estava lavando as coisas que já tínhamos sujado.

“Nós dois cozinhando juntos. É tão normal que chega a ser estranho.” Ele começou a rir.

“É isso que pessoas normais fazem, não tem nada de estranho.” Ele me abraçou por trás sem encostar as mãos em mim, pois estavam cheia de espuma do detergente.

“Eu gosto de você me abraçando assim.” Coloquei minha cabeça pra trás, a apoiando em seu ombro.

“Eu gosto de você boazinha assim.” Ele começou a beijar meu pescoço me deixando arrepiada.

“Seja bonzinho também e pare de fazer isso, senão nunca vou terminar de cortar essas batatas.” Senti seu sorriso em meu pescoço e ele voltou para a pia.

Terminamos de preparar o jantar e eu estava finalizando a massa de um bolo de chocolate para comermos de sobremesa. Coloquei a massa na forma, abri a porta no forno e me abaixei para colocá-la lá dentro.

“Este sem dúvida é seu melhor ângulo.” Ele disse encostado no balcão e olhando descaradamente para minha bunda. Fechei a porta do forno e me levantei.

“Meu Deus, você é um pervertido!” Comecei a rir e coloquei meus braços ao redor do seu pescoço.

“Eu assumo a culpa!” Ele me beijou rapidamente. “O que quer fazer agora?”

“Eu acho que cansei de tanto ficar nessa cozinha, preciso de um cochilo.”

“É uma ótima idéia. Senão mais tarde vamos estar caindo de sono.” Ele pegou em minhas pernas e me levantou me colocando em seu colo e fomos para o quarto.

Matthew tirou a roupa e ficou descalço, vestindo apenas uma calça de moletom preta e uma camiseta branca, eu coloquei uma camisola rosa e fomos deitar. Eram mais ou menos umas 16hrs da tarde, ficamos assistindo televisão, Matt com a cabeça deitada em minha barriga e os braços em volta da minha cintura e eu alisando seus cabelos, quando dei por mim já estava dormindo.

Estava em um quarto claro, pisquei os olhos algumas vezes pra conseguir recuperar o foco da minha visão, estava em um hospital. Meus braços estavam cheio de curativos e minhas mãos furadas recebendo algum tipo de medicamento. Olhei para o lado, Luke dormia no sofá no fim do quarto. Ele está mais jovem, sem barba, porém com o rosto abatido. Do outro lado, Richard está em pé me olhando com o mesmo olhar de reprovação de sempre. Tento me sentar, mas estou dolorida demais, desisto e permaneço deitada.

“O que aconteceu?” Perguntei para ele que me ignorou. “Pai, onde ela está?” Minha voz soava desesperada agora.

“Ela está morta, como você deveria estar.” Ele falou tranquilamente andando até a janela.

“Não...” Balancei a cabeça, não poderia ser verdade. “Eu te pedi!” Gritei. “Eu implorei pra você escolher ela e não a mim!” Luke saltou do sofá assustado e veio correndo ficar ao meu lado.

“Aprenda uma coisa Sophie.” Richard se aproximou da minha cama de novo, Luke segurou minha mão com cuidado e encarou Richard com raiva. “A morte, seria simples demais pra você. Seu castigo vai ser viver todos os dias da sua vida com o remorso de saber que ela morreu por sua causa. Quem sabe isso te torne um ser humano menos patético e estúpido.” Ele saiu batendo a porta como se nada tivesse acontecido. Comecei a chorar, desesperadamente e Luke se deitou ao meu lado na cama me abraçando.

“Vai ficar tudo bem, ouviu?” Ele falou tentando me acalmar. “Eu estou aqui e vai ficar tudo bem.”

Levantei de uma vez sentando na cama e reconheci que estava de volta ao meu quarto, na minha casa... Estava de volta a minha vida. Matthew estava no celular sentando na beira na cama e olhou pra trás assustado.

“Está tudo bem?” Ele sussurrou afastando o telefone e colocando a mão em minha perna me olhando preocupado.

“Sim.” Respirei fundo. Foi só um pesadelo Sophie... Apenas isso.

“Temos alguma ideia de quem poderia estar fazendo isso?” Matthew enrugou a testa falando ao celular. “Sim, claro... Eu entendo, mas não acredito que seja coincidência. Foram duas lojas em menos de dois meses, então você consegue entender minha preocupação. Perfeitamente, passe as informações para Black e peça que nos dê um retorno assim que possível, obrigado.” Ele desligou e veio sentar ao meu lado.

“O que houve?” Perguntei preocupada.

“Outra loja foi vandalizada.” Fiz uma cara de que queria mais detalhes sobre o assunto e ele revirou os olhos. “Foi do outro lado da cidade, mas com as mesmas características da outra vez. Black vai cuidar de tudo, não tem com o que se preocupar.”

“É claro que eu tenho com o que me preocupar.” Levantei da cama. “Preciso falar com Black agora.” Peguei meu celular e Matthew se pôs na minha frente pegando o aparelho da minha mão.

“Eu já estou resolvendo tudo, a equipe já está na loja e nesse momento estão fazendo o reconhecimento facial de quem quer que tenha feito isso.”

“Ah e você acha que eu vou ficar deitada na cama esperando alguém me ligar? Nunca!” Andei para o closet.

“Aonde você vai?” Ele me seguiu.

“Trocar de roupa e ir para a empresa.”

“Não vai não! Cadê o discurso de que eu não tiro férias há não sei quantos anos, vamos apenas aproveitar o feriado e blá,blá, blá...?”

“Foi por água abaixo quando vandalizaram outra loja minha. Agora dá licença e me deixa fazer o meu trabalho.”

Tirei minha camisola e coloquei uma blusa de mangas preta, calça escura, saltos vermelhos e comecei a recolher minhas coisas e colocar em minha bolsa. Minha cabeça estava latejando agora. Não se por causa do sonho ou por esse problema na loja. Fui para o banheiro, abaixei a tampa do vaso e sentei afim de tentar recuperar alguma calma, não queria que Matthew me visse assim nervosa e com medo. Depois de um tempo, quando me senti bem o suficiente pra encarar o mundo lá fora, andei até a sala onde Matthew estava sentado, já vestido.

“Aonde você vai?” Levantei uma sobrancelha.

“Fazer o meu trabalho.” Ele disse sério. Não o contestei, abri a porta e descemos para a garagem. Já estava escuro lá fora, acho que perdi a noção do tempo.

“São que horas?”

“Exatamente 19h26min.” Matthew falou após olhar o relógio no pulso.

“Dormimos demais...” Falei com reprovação.

“Você dormiu. Acordei umas 17hrs e fiquei vendo televisão.”

“E por que não me acordou também?”

“Por que você estava dormindo tão calmamente... Mas, acho que me enganei, parece que teve um pesadelo.”

“Tive.” Fechei a cara lembrando do sonho péssimo. Ele segurou minha mão forte e senti meu rosto suavizar. Paramos ao lado do meu carro e entramos, dessa vez ele não questionou o porquê eu iria dirigir e ele não.

Saímos da garagem e comecei a fazer o trajeto para a empresa. O trânsito estava mais tranquilo do que o normal. Eu estava tentando realmente parecer calma, mas acho que estava falhando nesse quesito. Por mais que eu tentasse tirar as expressões de preocupação do meu rosto, eu sabia que não estava conseguindo.

“Eu sei que você está tensa.” Matthew começou a alisar meu braço e eu me senti menos pior em sentir e em saber que ele estava ali. “Mas, não tem com o que se preocupar, de verdade. Vai ficar tudo bem.”

Vai ficar tudo bem... Lembrei de Luke falando isso naquela noite trágica. Quer saber? Não ficou tudo bem. Quando as pessoas falam que vai ficar tudo bem, nunca fica. Fica pior.

“Sophie, cuidado!” Matthew gritou e eu freei, avancei em um cruzamento e ia batendo na lateral de um carro. O motorista irritado começou a me xingar e saiu em alta velocidade. Parei o carro no acostamento e respirei fundo de novo, tentando manter minha cabeça no lugar. Matthew me olhava com preocupação, a testa enrugada, a boca semi-aberta, aparentemente tentando decidir o que falar. Abri a porta e desci do carro. “Pra onde você vai?” Ele desceu também.

“Você dirigi.” Passei por ele e sentei no banco do passageiro.

“Você vai me deixar dirigir? E o seu carro?” Ele falou incrédulo.

“Até os melhores motoristas do mundo sabem quando não estão bem o suficiente pra estar atrás de um volante.” Ele assentiu com a cabeça e tomou o lugar do motorista, assim chegamos vivos a empresa.

Liguei para Black e mandei reunir todo o pessoal da segurança responsável por aquela área da loja. Ao tinham umas dez pessoas, contando comigo e Matthew na sala de reuniões. Black passou as imagens de segurança, não conseguimos reconhecer ninguém, mas o mesmo rapaz que estava nessa segunda ação, estava na primeira.

“Quem pode estar no comando disso?” Matthew perguntou fazendo anotações.

“Sinceramente Sr. Davis, não temos ideia. A Trammer’s é conhecida mundialmente, tenho certeza de que muitos desejam a ruina dela.” Black falou sério.

“Os benefícios do sucesso...” Sorri amarga. “Com ele vêm os inimigos.” Fiz uma cara feia. “Precisamos bolar um plano de ação para não permitir que outros atos assim aconteçam.” Recostei-me na cadeira. “Vamos aumentar a segurança, contrate o dobro da equipe se necessário Black. E não permita que essa história vaze na empresa de forma errada, a última coisa que eu preciso é esses abutres falando mentiras em tabloides.”

“Claro senhorita, vinha pensando ao longo do trajeto até aqui e tenho umas ideias sobre o que fazer para evitar mais incidentes como estes.” Black começou a explicar os pontos de vulnerabilidade, o que ele acha que poderia ser melhorado, o que não era necessário... E todas essas coisas.

“Eu já volto.” Matthew sussurrou pra mim e antes que eu pudesse perguntar para onde ele ia, ele saiu silenciosamente. Não posso perder tempo com isso agora. Voltei minha atenção para Black.

Alguns minutos se passaram, traçamos um plano de ação, decidimos como iriamos agir e basicamente, tinha sido uma reunião bem proveitosa. Um ótimo jeito de passar o feriado... Ah não! O feriado! A ceia... Como eu pude esquecer?! Eu arruinei minha ceia com o Matthew e a de mais dez funcionários os fazendo estar aqui trancados decidindo o que fazer com vândalos.

Nesse momento Matthew entra na sala e atrás dele, dois funcionários do prédio trazendo carrinhos com o que tínhamos preparado para nosso jantar, eu olhei para ele boquiaberta.

“Senhores, eu sei que deveriam estar em suas casas agora, mas vocês não pensaram duas vezes antes de vir pra cá a pedido da Srta. Trammer, então permita-nos pelo menos, a sua companhia em nossa ceia hoje.” Matthew disse e honestamente, foi a atitude mais bonita que eu já vi alguém tendo. Sorri em aprovação e todos os homens na sala nos olhavam com surpresa.

“Por favor, fiquem a vontade. Espero que a comida esteja do gosto de todos.” Levantei e comecei a distribuir pratos e talheres que estavam no carrinho também. “Eu tenho umas garrafas de vinho maravilhosas na minha sala, vou buscá-las.” Falei baixinho para Matthew que assentiu e eu sai. Quando cheguei próximo a minha sala, vi Emily parada em sua mesa. “O que você está fazendo aqui?” Perguntei surpresa.

“Eu soube o que aconteceu na loja senhorita, vim me disponibilizar para ajudar no que for preciso.” Não consegui conter meu sorriso. Como eu não tinha reparado antes que estava rodeada de pessoas tão boas, funcionários tão fiéis a mim e a nossa empresa, que deixavam suas casas no feriado, simplesmente para nos ajudar.

“No momento, eu preciso de sua ajuda para levar umas garrafas de vinho para a sala de reunião. Estamos fazendo uma grande ceia lá embaixo e por acaso, você é minha convidada de honra.” Emily sorriu abertamente e fomos pegar o vinho.

Os momentos de tensão foram substituídos por uma conversa leve e descontraída. Os homens da segurança contavam umas histórias muito engraçadas das situações que já tinham passado, até Black não conseguiu conter o riso. Eu olhei ao redor e vi todas aquelas pessoas, que eu convivia há anos e percebi que eles estavam felizes ali onde estavam. Senti-me cheia de um sentimento bom. Agradecimento, orgulho...

“Um dólar por seus pensamentos.” Matthew falou pra mim e tomou um gole do seu vinho.

“Só estou feliz. Apenas isso.” Pisquei pra ele e fiquei de pé. “Senhores, eu gostaria primeiro de agradecer á todos que estão aqui e dizer que eu sou uma grande admiradora da minha equipe. Gostaria de agradecer também, por me proporcionarem compartilhar essa ceia com todos vocês, eu nunca havia tido uma ceia tão grande com tantas pessoas e acho que nunca tinha entendido o significado do dia de ação de graças, mas agora eu vejo que é ser grata a tudo o que eu tenho. Saúde.” Levantei minha taça e todos brindamos.

“Você está bem mais relaxada.” Matthew disse do banco do motorista enquanto eu dirigia de volta pra casa.

“Eu me sinto mais relaxada!” Sorri sem tirar os olhos da avenida.

“O que um bom jantar não faz não é?” Ele falou com divertimento.

“Não foi só o jantar... Acho que eu passo muito tempo me remoendo pelas coisas que eu perdi. Eu percebi que talvez seja hora de agradecer pelas coisas que eu conquistei.”

“É um belo pensamento.”

“E pode me dizer quando você colocou nosso jantar no carro por que eu não vi isso acontecendo?” Comecei a rir.

“Você demora mais pra se vestir do que pensa.” Ele riu também.

Chegamos em casa, finalmente. Tirei meus sapatos e fomos andando para o quarto. Matthew estava se trocando, o abracei forte e quando o soltei o beijei.

“Obrigada por hoje!” Ele fez uma cara de surpresa e sorriu me beijando levemente.

“O prazer é todo meu.”

O puxei pra mais perto e fomos nos beijando até chegar na cama, onde ele me deitou e ficou por cima de mim. Eu gemi só de sentir suas mãos por cima da minha pele, mordi seu lábio e ele gemeu também. Ouvi uma música tocando e tentei ignorar, mas era impossível.

“Acho que é o seu celular.” Falei ofegante.

“Depois eu vejo quem é.” Ele começou a beijar meu pescoço e foi descendo até a minha barriga, agarrei seu cabelo.

“Pode ser o Black.” Suspirei. Ele parou de me provocar com a língua e subiu seu corpo ficando cara-a-cara comigo.

“Você quer que eu pare de transar com você pra atender o seu chefe de segurança?” Ele falou tentando conter o riso.

“Se ele tiver alguma informação sobre quem vandalizou a loja, quero sim.” Ele saiu de cima de mim resmungando e tirou o celular do bolso da calça. Ele gemeu em reprovação quando viu quem estava ligando.

“Oi mãe... Sim, estou bem. Não mãe, não sou um filho ingrato, sou um homem que tem sua própria vida. Você não vai morrer só por que eu não passei um feriado em casa.” Ele deitou cobrindo o rosto com um braço, eu enrolei minha perna ao redor do seu corpo e ele começou a alisá-la. “Ela tem 15 anos mãe, meninas de 15 anos falam o tempo todo que vão fugir de casa, isso é drama dela e exagero da sua parte. Eu sei, eu estou com saudades de Megan também, de todos, mas não fico ligando em plena madrugada pra divagar sobre isso. Então diz pra ela que se ela não sossegar, o carro que eu ia dar pra ela de presente de aniversário já era. Mãe, sinceramente, pra mim tanto faz... Eu estou ocupado trabalhando agora, de manhã eu ligo. Ok, tchau.” Ele jogou o celular e ficou de frente a mim, alisando meu cabelo.

“Problemas em casa?”

“Os dramas de sempre.” Ele deu de ombros. “Onde estávamos?” Ele sorriu maliciosamente e eu mordi meus lábios.

Nos beijamos de novo e eu esqueci de tudo. Pesadelos, problemas no trabalho... Éramos apenas nós dois, no nosso pequeno e perfeito mundinho.


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