Esta é a sua história de amor escrita por DFenix


Capítulo 1
Capítulo Único




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Dia 6 do terceiro mês de navegação – Adeus à Thriller Bark – 09:02:55 AM

Desde a ilha fantasma foi fácil perceber que algo em cada um do bando tinha mudado. Principalmente naqueles que tinham sido momentaneamente separados de suas sombras. Ela mesma sentira levemente isso em si, mesmo que nada tão grave tivesse acontecido consigo. Só o fato de observá-los e conviver diariamente. Não precisava ser um gênio para perceber a diferença.

A principal mudança viu, contudo, em uma única pessoa. Uma mudança real e profunda que de inicio não dava para se notar. Não a revitalidade de Brooke que reencontrara a própria sombra depois de anos, mas do espadachim. Aquela mudança tinha sido significativa demais para ela ignorar quando a finalmente percebeu.

E isso era normal vindo de Nico Robin. Não prometera apenas ao bando ou a Luffy ou até a si que deixaria seu passado tenebroso, mas não podia negar a parte dela em que amava o poder de conhecer historias profundas e antigas com certa dose de drama que existe somente naquelas pessoas que vivem de verdade. A Nico Robin arqueóloga sempre estaria dentro de seu peito e a primeira coisa que fez quando tudo acabou naquela ilha fantasma, e todos estavam comemorando a salvos no barco, foi conversar com Brooke.

Uma coisa que contou foi sobre a luta que Zoro ganhara contra o samurai zumbi Ryuuma que possuía a sombra de seu esqueleto. Uma luta qualquer para todos, mas a espada que recebeu no fim foi à primeira agulha a perfurar no corpo do homem de cabelo verde. Um objeto de desejo que o fizera arrepiar de tamanha importância e poder que findou em consumir suas entranhas lentamente em algo bem mais antigo do que sua própria vida.

A espada trouxe danos profundos em seu corpo, que ele só pudera sentir horas depois quando dera sua vida ao Shichibukai Bartholomew Kuma em troca de Luffy voltar à vida. Robin conseguiu ouvir escondida por duas vitimas da Thiller Bark toda a dor que o espadachim suportou em troca de seu capitão. Mesmo que Sanji tivesse pedido para as vitimas que não contassem essa historia, a sua aguçada curiosidade a controlou. Quem imaginaria que Zoro iria conseguir ficar consciente, mesmo que por alguns minutos, depois de toda a dor que ‘O Tirano’ o fez experimentar? A mente dele nunca mais seria a mesma. Concluíra isso e, então, dedicou um pouco mais de sua atenção para o espadachim desde aquele dia.

Demorou um ou dois dias para que ele acordasse e teimasse contra Chopper sobre estar andando por ai cheio de faixas pelo corpo como se fosse mais um zumbi da ilha. O percurso do tempo seguiu de maneira natural como um fluxo qualquer entre cada vida dos integrantes do bando, mas as evidências da mudança de Zoro ficavam cada vez mais claras para ela.

Em uma manhã qualquer estava passando diante da sala de treinamento, o ninho da gávea, lugar em que Zoro passava agora mais tempo do que ficar dormindo, algo que antes ocupava quase todo o tempo dele durante as navegações. Normalmente, ela seguiria seu caminho sem se importar com mínimos detalhes. Olhava apenas os detalhes que eram mostrados aos seus olhos sobre os corredores que vira sempre dia a após dia dentro daquele barco, quando percebera que o chão tremia levemente acima do peso que poderia aguentar.

Isso atraíra sua curiosidade, tanto que a fez parar seus passos e passar a observar o ambiente. Decidiu olhar o que o espadachim estaria fazendo para provocar aquele pequeno tremor continuo. Afinal, ele estava apenas treinando, certo?

Fechando os olhos, perfeitamente encostada na parede, pôs as mãos cruzadas diante de seu busto, fazendo uma posição comum para ela, e pensou exatamente no que queria materializar e aonde. Em um segundo, em vez de uma orelha, agora ela colocava um olho e uma orelha discretamente na parede que protegia Zoro do mundo. Ficara surpresa do quanto o treinamento estava levando-o ao limite desde a aquela ilha.

– Ainda estou fraco. – Ele dizia enquanto suportava uma grande carga de peso sustentada por um ferro em seus pés. – Ainda não é o suficiente. – E seus braços eram flexionados contra o chão como se fosse abrir um buraco ali a qualquer momento.

Em segundos, seus braços fraquejaram e os pesos deslizaram em direção ao chão. Zoro rapidamente conseguiu ficar de pé e pega-los com uma mão, mas aquele acontecimento fora o suficiente para fazê-lo parar e meditar.

– Ainda estou fraco. Ainda não é o suficiente. – Ele repetia.

Robin suspirou quando desfez o olho e a orelha criada e continuou com seus passos no corredor. O que isso significava? Ela adorava decifrar enigmas.

Nos dias seguintes, voltava a passar diante do ninho da gávea. Acabara virando costume tanto quanto a obsessão de Zoro em repetir as mesmas frases de uma maneira que a deixava arrepiada. Suas suspeitas aos poucos iam se confirmando. Presenciava o nascimento de uma nova loucura? Não sabia se isso era ruim ou excitante de se imaginar. Suspirando, voltou seus passos para a biblioteca do Sunny.

Demorou cerca de 5 ou 7 dias para que sua ação fosse descoberta pelo espadachim. No minuto em que ela iria sair dali, Zoro simplesmente abriu a porta com o olhar pairando sobre a morena. Suado e sem camisa, segurando uma toalha sobre a cabeça e ocupando suas outras mãos com suas espadas, a expressão que carregava no rosto tinha um misto de cansaço e rancor disfarçados.

– O que está fazendo aqui? – Perguntou para uma Robin surpresa.

– Esse é o caminho da biblioteca, Kenshin-san. Sempre venho nesse horário para...

– Então mude de horário. – E o espadachim foi embora. Ele sempre soubera que ela o observava.

Suspirou partindo em direção a biblioteca novamente. Também iria escrever isso no diário? Seria necessário? Possivelmente sim, mas continuaria não mostrando as escritas a ninguém por um bom tempo. Afinal, todos sabiam da existência do diário de bordo em que cada um poderia escrever um pouco sobre suas aventuras, mas o que ninguém sabia era que ela arquivava tudo em outro diário bem mais peculiar. Um diário grosso que começara a trabalhar há muito tempo atrás.

Nele continha detalhes mais profundos. Dores de cada integrante, hipóteses do que poderia acontecer, objetos fotografados que valiam a mais singela informação e simbologia do bando chapéu de palha. Estava escrevendo tão pouco nele ultimamente que agora era hora de escrever algo sobre o espadachim. Mas o que escrever?

– Protejam-se! – Ouviu Luffy. - Red Line está bem diante dos nossos olhos!

Riu. Pensaria no que escrever depois. Algo de grande poderia acontecer naquele exato momento.

ARQUIPELOGO SABAODY – A FUGA DO BANDO CHAPÉU DE PALHA – Dia 11 do terceiro mês da navegação – 01:58:02 PM - Trechos perdidos do diário de Bordo

“Quando vimos que Zoro ia em direção a copia de Kuma, Luffy e Sanji começaram a se mexer e eu vi que eles não o alcançariam a tempo para protegê-lo. Transformando-me o mais rápido que consegui, pulei em direção ao pacifista e ataquei com diversos socos mesmo que no fundo soubesse o que iria acontecer... Eu fui arremessado logo então.” - Chopper

“Meu corpo estava tremendo o tempo todo enquanto fugíamos daquela confusão. Tínhamos que correr para frente e se não estivesse tão em pânico na hora teria feito uma piada sobre Zoro finalmente correr em linha reta para o lugar certo.

Foi em questão de segundos que meu corpo parou. Quando meus pés pareceram mais fundos sobre a terra e quando o corpo de Zoro estava no chão banhado a sangue. O QUE ESTAVA ACONTECENDO?” – Usopp

“JÁ BASTAVA A SEGUNDA COPIA DE KUMA, POR QUE O ALMIRANTE TINHA CHEGADO? POR QUE JUSTO KIZAKU?” - ....

“K-Kizaru??” – Nico Robin

“ZORO, CORRA! – Ouvi Chopper gritar entre lágrimas ao seu lado foi um tanto desesperador. Ninguém sabia o que fazer naquele momento e algo dentro de mim sabia muito bem de uma única coisa. Eu não queria que Zoro morresse.” – Nico Robin

“Quando Zoro desapareceu ao toque de Kuma, foi como se todo o mundo desaparecesse diante de meus olhos. Zoro! Z-Zoro?” – Usopp

“Não... De novo não...” – Nami

“Zoro tinha desaparecido!” - ...

Sétimo dia da separação do bando Chapéu de Palha – Ilha Kuraigana – 11:43:33 PM – Perona se desespera!

Perona tivera um azar tremendo desde a primeira vez que se deparou com Kuma em Thiller Bark. Mesmo que ela não o tivesse atacado, ele teria feito a mesma coisa. Ali, apesar de tudo, era exatamente o lugar que queria. Sem servos fofos, mas pensando bem, não tinha ninguém para lhe perturbar. Bom, exceto agora.

Fazia quatro dias que encontrara o espadachim do bando Chapéu de Palha e pensara em deixá-lo morrer na floresta, mas estava tão entediada e solitária que acabou trazendo ele para um dos quartos do castelo.

Cuidara de suas feridas enquanto ele dormia por três dias e quando acordou, Perona ficou louca. Que cara doido! Não conseguia nem ao menos segui-la em linha reta e ainda teimava em lutar contra os babuínos mesmo estando cheio de feridas.

Bom, ela não seria a doida que o iria impedi-lo. Até o shichibukai Mihawk acabava louca da parte dele teimar nisso, mas ninguém o parou e foi esse o inicio de seu problema. Mihawk aceitara treina-lo se ele derrotasse o babuíno que possuía uma habilidade de espada semelhante a si, mas babuínos mesmo que guerreiros, ainda eram animais selvagens. E o que animais selvagens fazem? Selvageria HORO HORO HORO.

Suspirou. Aquela primeira ‘luta’ não durou muito. Não pelo fato do espadachim ser ruim, o que Perona tinha certeza pelo que via, mas sim, por causa das feridas. Ela não podia fazer milagres no corpo dele e nem possuía algum ‘poder’ de cura. Diante dessas lutas, Zoro tinha conseguido novos machucados e eles faziam os velhos se abrirem e empaparem as faixas e curativos de sangue.

Agora, ele se quer conseguia acordar. “Uma cicatriz nas costas é uma vergonha para um espadachim.” Foi o que ele disse pela segunda ou terceira vez como se fosse um mantra que o fortalecia a cada luta e desde então seus olhos não abriram mais.

– Busque ajuda. Se continuar assim, ele morre. – Disse Mihawk.

“Ótimo.” Pensou “Simplesmente ótimo!”.

Um ano e três meses da separação do bando Chapéu de Palha – Ilha Kuraigana – 09:23:54 AM – Em busca da luz do sol – Parte I

Fazia algumas horas que o navio finalmente estava sendo iluminado pela a luz do sol. Tinha conseguido partir da pequena cidade de escravos que existia naquela ponte, algo não mais assim, mas haviam dito para ela que seria necessário um desvio. Um desvio grande que a levaria pela ilha Kuraigana da maneira mais segura e cega diante dos olhos do governo mundial.

Não que fosse algo novo em sua vida essa ultima parte, afinal. Robin tinha noção disso.

– Ninguém vai te encontrar naquela ilha, mas tome cuidado com os animais selvagens. Eles não passam de um bando de aberrações em um lugar que fora feito como campo de guerra de um povo antigo.

– Nada mais justo. – Sorriu.

– Vamos dormir aqui na floresta. Partiremos assim que acordar e você estará sozinha.

– Obrigada por tudo.

Naquela noite, tivera o sonho mais estranho de sua vida. Tivera a impressão de que voltara para Thriller Bark e se encontrava em um quarto assustadoramente fofo e de cores vividas puxadas para o rosa ou o mais próxima disso.

Um grito agudo soou de maneira ensurdecedora em seus ouvidos e como reflexo tentou tapa-los para abafar o barulho, mas foi em vão. Quando abriu seus olhos reparou que sua roupa já não era a que usava e muito menos era a que estava usando na ilha fantasma. Estava vestida de Lolita nas horas roxas e amarelas. Era um vestido com um espartilho roxo que lhe apertava a cintura e sufocava lhe os seios, com alguns laços aparelho na parte central em que seus seios tocavam com as fitas do espartilho. A saia era cheia e redonda com babados ainda em roxo, apenas variando de um tom mais claro até chegar em um escuro quase preto, banhados em um amarelo quase ouro. Também estava usando uma meia arrastão negra e um coturno roxo com cadarços amarelos.

– Estou em um tipo de circo? – Disse ao nada. Certamente deveria estar sonhando.

– Ei! Você não está nada fofa! – Diz uma figura rosa estirando a língua e pairando no ar.

– Nisso eu posso concordar. Onde estou?

– Não percebeu? Você está sonhando. Aquele espadachim metido disse que você era a mais inteligente. – Suspira. – O que dependendo do senso de direção dele, fica difícil saber se ele serve para as outras coisas.

– E por que eu estaria sonhando com você?

– Porque eu quis. Não é óbvio? Horo horo horo. – Suspira. – Não conte isso a ninguém, ok? Mas o maldito do Mihawk me fez procurar ajuda para trazer o burro do espadachim de volta vida. Aquele ingrato não sabe quando parar e agora nem se quer sabe falar!

– O que aconteceu com o Zoro? Ele está aqui na ilha?

– Mas é claro ou achou que eu ia atrás do seu sonho no outro lado do oceano a toa? Não me faça de tola. EU que dou as ordens aqui. Horo horo horo.

De repente, Perona fica enorme na sua frente, para um segundo depois ir em sua direção atravessando seu corpo.

– É hora do show. – Então, Nico Robin abre os olhos e anda em direção ao grande castelo ali perto.

Ilha Kuraigana – 10:45:01 AM – Em busca da luz do sol – Parte II

Quando acordou, estava sentada em uma cadeira e presa dentro de quatro paredes semelhantes à torre em que ficara em Tequila Wolf. Olhou rapidamente para os punhos e viu que estava sem algemas. Suspirou aliviada.

– Ao menos eu consegui trazer alguém.

– Leve-a até o quarto dele então.

– Trabalhar para Moria-sama era bem menos complicado. – Era a voz abafada de Perona seguida de um estalo do trinco da porta. – Ei, estava escutando? Você não é nada kawaii!

– Como cheguei aqui? – Perguntou Robin passando seus olhos de Perona para Mihawk. Por que tantos shichibukai apareciam em sua frente? Eram como plantas?

– Andando. Horo Horo Horo. Eu comi a fruta horo horo no mi e sou a princesa fantasma e você caiu no meu ghost possession Horo Horo Horo.

– Me siga, Nico Robin. – Disse Mihawk quebrando a conversa em um tom gélido e morto.

Subiram algumas escadas até mais um quarto semelhante ao qual ela havia estado minutos atrás. Robin ainda não entendia muitas coisas, mas esqueceu de tudo depois que o shichibukai abriu a porta e ela viu o que estava dentro do cômodo. Seu corpo arrepiara.

– Entre. – Sussurrou Mihawk de uma maneira que a fiz arrepiar.

Hesitante, a morena entrou no quarto e calafrios passaram por todo o seu corpo. Não era bem um quarto de hospital pelo tipo de moveis ou se quer pela cor das paredes e do teto, mas possuía alguns equipamentos perto da cama que fazia um clima mórbido e hospitalar ali prevalecer.

Os equipamentos estavam ligados aos braços enfaixados de Zoro e outros, que o ajudavam a respirar enquanto dormia, estavam em seu nariz. Olhando para o cabelo verde e seguindo para suas feições mal cuidadas e envelhecidas pelas lutas, milhões de perguntas surgiam em sua cabeça. ‘Está morto?’ Voltou seus olhos para Mihawk.

– Foi tolice dele enfrentar algo de que não era capaz de suportar. As faixas que protegem sua cabeça estão escondendo cortes profundos que danificaram certos nervos. Não vai morrer por enquanto, mas está com seu psicológico seriamente afetado. Está respirando por máquinas enquanto dorme para evitar que abra os ferimentos enquanto dorme com ataques de pânico noturnos.

– Esse espadachim está me dando calafrios! – Perona se revolta mais uma vez. Parece que isso era comum. – Quando ele acorda, simplesmente fica com os olhos abertos olhando fixo para um lugar e sussurrando besteiras. - Alterando sua voz em uma tentativa patética de sair igual ao do kenshin-san, Perona dizia algo que lhe trouxe arrepios do passado: - “Ainda estou fraco. Ainda não é o suficiente, Robin”.

A alma perdida
Ele vive, mas quase não fala.
Ele espera
Diante desse quadro de antigamente.
Lá, ele não é louco.
Ele acredita que é.
Ele vê em todos os lugares.
Ele espera em pé.

Por que seu nome estava no meio? Por segundos isso povoara sua mente. Lembrava-se bem da brutalidade em que ele alguns anos atrás utilizara com ela em só uma frase. “Então mude de horário.” Por que isso agora então?

– Oh! Ele acordou. – Disse Perona tirando-a de seus devaneios e saindo do quarto.

– E-eu preciso voltar à luta. – Zoro tenta se levantar e a morena vai em sua direção, segurando firme e o colocando de volta a cama.

O silêncio prevalece. O olhar ausente quando Zoro levantou a cabeça em sua direção; não a olhava diretamente. Era como se estivesse olhando atrás de si, simplesmente atravessando sua presença como se fosse nada. Como se ela fizesse parte de um sonho.

Esse era mesmo Zoro?

– Está tudo bem, Kenshin-san? – Perguntou.

E não disse mais nada. Zoro apenas se colocou de pé, mesmo sob seus protestos, e caminhou até suas espadas e depois até a porta. “Ainda estou fraco. Ainda não é o suficiente, Robin.” Por reflexo, ela foi em sua direção dizendo que estava ali. Tentando responder aquelas frases que só ela conhecia os significados, mas era como se ela não existisse. Para Zoro, mesmo ela estando ali do seu lado, parecia que estavam em dois mundos diferentes. E então, o corpo cheio de cicatrizes escondidas por faixas despencara mais uma vez ao chão.

– Ainda estou fraco. Provarei que não preciso ser protegido por você, Robin. – Foram suas ultimas palavras naquele dia.

Ele não acordou em mais nenhum momento. E nem no dia seguinte. Para ser exato, Robin ficou naquela ilha por quase um mês ajudando Perona a cuidar dele e vendo-o repetir as mesmas frases e até tentando lutar sem força alguma. A ambição dele era bem maior do que lembrava quando o bando estava junto.

Diante desse quadro de antigamente
Lá, ele não é louco.
Ele acredita que é.
Ele vê em todos os lugares.
Ele espera em pé.

Nada em volta só faz sentido.
E o ar é pesado
O olhar ausente.
Ele está sozinho.
Muitas vezes ele fala com ele.

Em uma manhã em que acordara, foi como instinto olhar o céu pela janela apenas para lembrar que o lugar onde estava agora também não refletia a luz do sol. Estava sentindo muita falta dele ultimamente. Suspirou.

Sua intenção era descer direto para o escritório ou para sala em que Mihawk provavelmente poderia estar. Ele tinha algo para falar a ela e não soava como algo bom. Robin não precisou descer, contudo.

Ele estava bem a sua frente assim que abriu a porta do quarto em que ficara. Ele disse o que já havia dito para o espadachim. Mihawk não iria mais treinar Zoro e muito menos ia permitir que ele ficasse mais um dia em seu castelo se ele não melhorasse logo.

Preocupada e conhecendo seu parceiro de bando, algo em seu peito doeu sobre aquela sentença. Sabia que se Zoro voltasse ao normal, saber disso iria enlouquecê-lo mais uma vez e não queria isso. Soava doloroso demais para ela e não sabia bem o porquê. Tentou convencê-lo de várias formas, mas a conversa foi interrompida mais uma vez por uma louca de cabelo rosa.

O espadachim tinha sumido.

Eu ficaria rico e
Vou oferecer todo o meu ouro,
Se você não se importa que eu espere na porta.
Se você não me conhece, eu te ofereço meu último suspiro.

Ela não soube bem o que aconteceu em seguida. “Espere um minuto.” Foi o que dissera antes de correr. Olhou em todos os lugares do castelo e saiu nos jardins que o arrodeava perto do rio. Quase que tombou com o chão quando viu a figura que procurava.

Já era de noite, mas o céu estava iluminado pelas estrelas e pela própria lua cheia. O que dificilmente acontecia ao mesmo tempo, mas mesmo assim Robin admirava quando acontecia. Olhou para o espadachim a sua frente, ele tinha tirado as faixas, ataduras e estava apenas de calça e descalço sob a terra suja das ruínas.

Zoro estava virado de costas para ela, mas ficavam ainda evidentes todas as novas marcas em seu corpo. Eram tantas que algumas eram como se fossem às linhas dos traços de cada musculo que ganhara ao longo do tempo. Algumas eram velhas e ela se lembrava de ter observado algumas no ninho da gávea. Ficou hipnotizada por um momento até que fosse possível lembrar o porquê estava ali.

– Zoro. – Ele segurava algo na mão, mas não dava para ver. – Está me ouvindo? – Ele confirmou que sim. – Pode me olhar, por favor?

Quando ele se virou, seu coração ficou acelerado e seus olhos se arregalaram. Não era uma imagem que a morena achava que podia ver algum dia e muito menos ali ou se quer vindo dele, mas seus olhos não se enganavam tão fácil e não estava sobre nenhum efeito de drogas.

O homem de cabelo verde estava com um olhar vazio, mas chorava feito um bebê. Em uma de suas mãos carregava uma rosa vermelha que tinha arrancado minutos atrás. “A Kuina teria vergonha de mim.” Disse com a voz embargada enquanto caminhava em sua direção. “Por favor, não tenha vergonha de mim, Robin.” E ele parou alguns centímetros de si olhando pela primeira vez em seus olhos desde o dia que tinha chegado naquele castelo.

Por alguns minutos, Robin não soube o que fazer. Deveria falar algo? Se afastar? Não fazia a mínima ideia. Ela esperou que acontecesse, que Zoro desmaiasse ou morresse. Mas não sabia o que ela poderia dizer com um olhar que a atravessava. Era desse tipo de olhar que ela se perdia e que inspirava seus estudos de arqueóloga sobre as vidas das pessoas que viveram de verdade.

O espadachim colocou a rosa em sua mão e ela quase levou um susto quando sentiu o toque de sua pele gelada e o viu se aproximar. Por um momento, pensava que ele iria desmaiar bem ali em seus braços, mas Zoro se aproximara de sua boca a cada segundo. “Kenshin-san?” Perguntou e nada.

Quando ele tocou seus lábios com os dele, não foi bem um beijo normal. Zoro fora mais uma vez ao chão no minuto seguinte. Robin demorou alguns minutos para perceber isso. Seu coração estava acelerado demais para ela ter alguma reação lógica. Levou uma de suas mãos a boca e ficou se perguntando o que era aquilo tudo.

– Kenshin-san!

Pegue minha mão.
Prometa-me que vai ficar bem.
Me segure.
Eu ficaria rico e
Vou oferecer todo o meu ouro,
Se você não se importa que eu espere na porta.
Se você não me conhece, eu te ofereço meu último suspiro.

– Viu? Ele delira. Quanta tolice em querer que eu o treinasse. – Mihawk falou ao seu lado. – Vocês formam um belo par. Loucos. – E saiu.

Depois de um tempo, conseguiu trazer ele de volta para o castelo graças à ajuda de Perona. Robin ainda estava um pouco perturbada e precisava colocar os pensamentos em ordem. A mulher de cabelo rosa até estranhou que ela estava falando mais do que três palavras a cada frase e desejava a cada minuto que pudesse voltar para Moria-sama.

Saindo do castelo novamente, foi em direção as ruínas que ficavam ali perto. Nada mais que algo histórico a ajudava pensar e no fim de tudo, era um lugar bonito e reconfortante. Suspirou tocando as paredes cobertas de musgos. Lembrava-lhe um pouco a ilha do céu que contara para Soran. O que ela faria agora em sua situação? Ela estava sendo uma criança muito madura em Tequila Wolf e até mesmo do que Robin quando destruíram Ohara bem na sua frente. Esperava que ela estivesse bem. Ao menos um pouco.

– Não é um tédio ficar preso sobre as paredes do castelo? – Perguntou a sombra que a observava.

– Um pouco. – O homem de olhos amarelos a olhava diretamente. – Como você chegou aqui?

– Vim do castelo...

– Não. Aqui na ilha. Kuma também lhe trouxe? Pensei que queria separar o bando em lugares diferentes.

– Eu vim de Tequila Wolf. – Suspirou. – Servi de escrava em uma construção da ponte até que os revolucionários nos salvassem.

– Não acha que é um lugar distante demais para você estar aqui?

– É sim. – Riu. – O destino me trouxe aqui? Quem sabe. Preciso voltar logo de qualquer forma.

– Zoro acordou?

– Eu não sei. Mas temo que só vai acordar se você decidir treiná-lo novamente.

– Não acha tolice tudo isso? Olhe o estado dele.

– Não é diferente de nenhum guerreiro da história que queria atingir seus objetivos de verdade. Ambição, honra e tantas outras coisas.

– Uma audácia ele pensar que eu continuaria com ele assim.

– Você nunca fracassou no inicio?

– Fracassei.

– E por acaso ele é diferente? Menos especial do que você era?

Mihawk suspirou e se pôs a andar em direção ao castelo. Robin ainda pensava no beijo. Talvez já tivesse respostas para suas próprias perguntas que colocara no diário.

A alma perdida.
Ele vive, mas quase não fala.
Ele espera
Diante desse quadro de antigamente.
Lá, ele não é louco.
Ele acredita que é.
“Eu era muito estupido.”.

Demorou mais alguns dias para que o espadachim de cabelos verdes acordasse de vez. Às vezes durante a noite ele acordava e dizia coisas sem sentido. Robin dormia em uma cama perto da sua desde a noite da rosa, que ainda estava viva em um vaso cheio de água. Depois, as frases ficaram fazendo mais sentido e parecia que ele finalmente estava com seu psicológico melhorando, afinal, o corpo não estava mais tão machucado como de inicio.

Logo os dias foram passando um pouco mais e quando Zoro acordou e olhou em seus olhos, algo dentro do seu peito quebrou ao ouvir suas palavras. Estava magoada? Por quê? “O que está fazendo aqui, Robin? Como chegou a esta ilha?”.

Nada em volta só faz sentido.
E o ar é pesado.
O olhar ausente.
Ele está sozinho, muitas vezes ele fala com ele.
Existem, não são cuidados.

“Eu nunca pensei que fosse querer ficar mais forte por alguém.” Disse meio como um devaneio e se desculpou. “Vim por aqui, era a maneira mais segura por causa do governo mundial. Tenho que ir embora em breve.”

Dizer aquilo de certa forma foi doloroso. Cada vez mais seus pensamentos estavam se organizando, mas agora eles não pareciam tão agradáveis para si. Robin tinha esquecido completamente que deveria ter ido embora há muito tempo e estava ali um pouco mais de um mês por causa do kenshin-san. Por quê?

– Vou arrumar minhas coisas. – Disse mais como uma sentença.

– Ok.

Robin fechou a porta e foi para seu quarto chorando. Perona que estava ali à espera, não falou nada. “Que espadachim mais imbecil! Tadinha daquela mulher nada fofa! Moça, você consegue na próxima vez que se encontrarem! Boa sorte!”, Pensou comovida com a cena.

– O que está fazendo a minha porta?

– Espadachim burro! – Disse estirando a língua e atravessando a parede.

Ilha Kuraigana – 05:05:01 AM – Adeus à ruínas!

Por que estava chorando? Por que não conseguia pensar em alguma resposta? Robin estava desesperada. Ali sentada na cama ao lado de suas coisas já arrumadas, estava atordoada. Por que chorou? Fazia um bom tempo que percebera em si que possuía certos sentimentos pelo kenshin-san, mas não sabia que eram tão fortes assim.

– Preciso voltar para o Arquipélago Sabaody. – Disse enxugando suas lágrimas. Pegou alguns documentos que os revolucionários tinham lhe dado antes de ter sido ‘raptada’. Eles obviamente já tinham ido embora faz um bom tempo.

Levantou-se e já colocando sua bolsa nas costas, respirou fundo e se pôs a ir embora. No fim, era bom ter terminado assim o que nem se quer tinha começado direito para a morena.

Pegue minha mão.
Prometa-me que vai ficar bem.
Segure-me.
Ao lado de você que eu ainda sonho.
Sim, sim, eu quero ficar.

Dois anos da separação do bando Chapéu de Palha – Arquipélago Sabaody – 01:23:00 PM – Voltem, Chapéus de Palha!

Nico Robin foi à oitava a chegar e o espadachim o primeiro graças a Perona que o trouxe. O que era, no mínimo, um milagre. Chopper conseguiu trazer todos ao Sunny depois da confusão que repercutiu no arquipélago e Zoro apenas chegou de maneira silenciosa sem muitos alardes como os outros. A marinha tinha chegado de qualquer forma e estava trazendo consigo mais uma confusão para o bando.

Foi graças a mais um shichibukai, Boa Hancok, que eles puderam mais uma vez escapar e agora eles estavam calmos embaixo do mor para a ilha dos tritões. Bom, a maioria deles. Rever Zoro foi algo que deixou Robin nervosa e ela foi direto para o seu quarto.

– Me desculpe. – Uma voz sussurrou bem atrás de si em seu ouvido.

– Não sabe bater a porta, kenshin-san?

– Me desculpe. – Disse se aproximando cada vez mais perto. O coração de Robin acelerou mais uma vez.

– Fez algo de errado que eu não saiba? Luffy que é nosso capitão. – Gaguejou.

– Eu me lembro de tudo. – Zoro falava, enquanto tirava o cabelo de seu pescoço para sentir seu cheiro.

– Do que você está falando, kenshin-san? – Disse Robin virando e se assustando ao perceber como estavam tão perto.

– Eu me lembro da rosa. Você lembra? – E claro que ela lembrava. Lembrava até mesmo as palavras que ele tinha dito. “Por favor, não tenha vergonha de mim, Robin.” Por que ela teria vergonha dele?

– O-onde você quer chegar? – Tentou se afastar, mas para seu azar, já estava encostada na mesa.

Zoro tocou seu rosto com um sorriso que ela raramente via nele, se aproximando cada vez mais dos seus lábios e disse algo que ela com certeza não iria escrever no diário do bando:

– Quero continuar de onde eu desmaiei.


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Notas finais do capítulo

- Gostaram? Comentem e qualquer crítica é sempre bem vinda! :D