Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 50
Capítulo 50 - Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oii!! Tô viva sim, pessoas, tanto que vim aqui para o nosso último capítulo. Confesso que demorei bastante e peço desculpas por isso, mas esse capítulo foi bem complicado para escrever. Espero que aproveitem! Boa leitura! :)



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Vinte e cinco anos depois...

***

— EU NUNCA VOU DEIXAR ISSO ACONTECER, LAURA! – Foi a primeira coisa que Jade ouviu ao abrir a porta de casa.

Encontrou a Alice ali, como era de costume, já que normalmente a filha visitava os pais ao sair da companhia de dança onde trabalhava como professora. Porém aquele estava longe de ser um dia normal.    

A cena era, no mínimo, perturbadora. Cobra gritava, descontrolado no meio da sala. A filha caçula, Laura, chorava muito encostada na parede, enquanto Alice permanecia em silêncio, sentada no sofá. Se havia algo que a Alice já tinha entendido é que só existe uma pessoa a qual o pai ouvia quando estava daquele jeito. E ela havia acabado de chegar.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? – Perguntou Jade, calmamente. Cobra virou-se na direção da esposa, finalmente notando sua presença.

— Mãe, o pai... Ele viu... Ele... – Laura engasgava com seus soluços, com medo de que qualquer frase piorasse tudo.

— Jade, a nossa filha tava aos beijos com um marginal na rua de cima... – Ele sorriu, irônico. – O amor não é lindo?

— Ele não é um marginal! – Laura se exaltou, o medo sendo trocado pela raiva. – Ele pode até ter feito muita besteira já na vida, mas ele se arrependeu... Por mim. – Um sorriso encantado se formou nos lábios da garota ao lembrar do fato.

— Esse tipo de gente não se arrepende, Laura! – Cobra vociferou, recebendo um olhar incrédulo da esposa. Ele tá mesmo falando isso? Cobra nem se tocou da hipocrisia tomando conta do seu discurso e continuou, completamente cego pela raiva. – Você não enxerga que ele só quer te usar?! Esse garoto não presta, Laura!

— Você não sabe de nada! Você sequer conhece ele! Todas as tuas conclusões são baseadas naquilo que as pessoas pensam! – Laura agora havia perdido todo o medo e falava alto com o pai, gesticulando bastante. – E quer saber? Eu não ligo pra aquilo que ele fez no passado! – Ela sorriu, se acalmando. – Eu amo ele demais, pai. Nada do você disser agora vai mudar isso.

— Ah, minha filha... Dezessete anos, tão novinha, tão ingênua. Sabe nada da vida ainda... – Cobra esfregou os olhos com força e passou a mão pelo cabelo grisalho, tentando se controlar. – Eu realmente queria tá errado sobre esse garoto, mas as coisas que ele faz... Laura, elas deixam claro o tipo de gente que ele é! ESSE GAROTO É UM ERRO! – Ele bradou, para logo em seguida se acalmar. - E você tá tão iludida que se deixa levar por todas as promessas que ele faz.

— Eu não tô iludida! – Laura perdeu a paciência novamente. – Caramba, qual é o seu problema?! Ele me faz feliz! Será que dá pra entender que o que a gente tem não é um caso de adolescência?!

— Só pra você!  Eu não queria ser tão direto, mas ele vai te tratar como só mais uma vadia na vida dele. Pra esse marginal, você não passa de só mais uma vadia! – Laura se surpreendeu com as palavras duras vindas do pai e ameaçou voltar a chorar. – Se um dia você aparecer aqui grávida de bandido, não adianta nem implorar pra passar da porta, porque não vai!

Alice e Jade se encararam, apavoradas com o que tinha sido dito. Laura tão logo interpretou tudo aquilo e desabou no chão, soluçando desesperada. Cobra observava tudo aquilo, sem saber o que pensar.

— Ricardo, deu! Entra no quarto agora! — Ordenou Jade, nunca seriedade incomum.

— Mas essa garota preci... – Tentou ele.

— AGORA, RICARDO! – Gritou a ex-bailarina, com muita raiva do marido. – Alice, cuida da sua irmã.

Após receber a confirmação da filha mais velha, Jade puxou o marido pelo braço para o quarto e fechou a porta. Ao entrar no local, Cobra se apoiou na janela, suspirando. Encarou a vista para o mar por alguns instantes, tentando por em ordem alguns pensamentos.

Semanas após a chegada da Alice no apartamento dos dois em Las Vegas, Cobra e Karina receberam a notícia que uma nova filial da Academia estava sendo aberta no Rio de Janeiro, devido ao surgimento cada vez maior de talentos do Muay Thai no Brasil. Sendo assim, a família pode voltar para a Cidade Maravilhosa. Enquanto Cobra treinava e disputava campeonatos, tornando-se o campeão que sempre sonhou, Jade concluiu a faculdade de Enfermagem e passou em um concurso público, podendo trabalhar em um dos melhores hospitais da cidade.

Um ano após a conclusão da faculdade, Jade engravidou pela primeira vez. Caio, hoje com 19 anos, cresceu muito apegado na mãe e talvez por isso tenha resolvido seguir seus passos dentro da área da saúde, porém o coração do moço bateu mais forte pela Fisioterapia. Puxou ao pai no quesitos relacionamentos, gostava de viver o momento e sempre preferiu muitas a uma só. “Ainda não chegou aquela que vai te prender, meu filho”, ele sempre ouvia do pai. Diferente da irmã caçula, Laura. Dois anos mais nova que o irmão, Laura sempre preferiu relacionamentos seguros do que paixões arrebatadoras. Até que um certo garoto apareceu.

— Cobra, olha pra mim... – Pediu Jade, mais calma. O marido a obedeceu lentamente, como se seu corpo estivesse pesado demais para qualquer movimento. Quando os seus olhares se encontraram, Cobra sentiu o peito apertar mais ainda. – Eu acabei de sair de um plantão de 12 horas, não estou disposta a ouvir hipocrisia. Você tava se escutando?

— Você quer o que? Que eu deixe ela se iludir a vontade, pra quebrar a cara e sofrer? – Os olhos do ex-lutador encheram-se de lágrimas. Doía demais pensar na sua princesa chorando por um babaca qualquer. – Jade, aquele garoto é todo errado... Isso não tem como dar certo.

Jade encaminhou-se para a cama, exausta. Um dos pacientes da UTI onde trabalhava havia ido a óbito naquela noite, tornando o plantão mais pesado que o de costume. Sentou-se, tirou a sandália calmamente e chamou o marido para sentar ao seu lado. Longas já haviam sido as conversas naquela cama.

A vida dos dois nem sempre foi um mar de rosas. Passaram por crises, como todo casal. Em uma delas chegaram ao extremo de pensar em separação. Mas não adiantaria, eles bem sabiam. Criar três filhos no mundo de atualmente também não foi nada fácil. Justamente por terem origens tão distintas, Jade e Cobra tinham opiniões bem diferentes sobre como educar uma criança e precisaram de muito diálogo para acertar os ponteiros e guiar suas crianças como achavam ser certo. Não seria diferente daquela vez.

— O que você sabe sobre esse garoto, Cobra? – Perguntou Jade, procurando entender a situação antes de falar qualquer coisa. 

— Ele é um marginal, Jade. – Afirmou ele, confiante.

— Baseado no que você diz isso?

— Ele quer ser lutador e foi na Academia ver se conseguia treinar lá. – Cobra começou  a história, tentando não esquecer de nada. – Pensando bem, foi em um dia que a Luna estava lá, talvez tudo tenham começado na minha frente. Filho da mãe! – Ao começar a encaixar os fatos, o ex-lutador ficava com mais raiva do garoto.

— Cobra, não perde o foco... Tava indo tão bem. – Alertou Jade, suspirando.

— Então, ele foi na Academia. Guilherme o nome dele. O garoto luta bem de verdade, deixamos ele seguir treinando lá. – Jade ouvia a tudo atentamente. – Mas ele começou a chegar atrasado aos treinos, sempre todo arrebentado. Pouco tempo depois, apareceu com celular novo e com uma moto. Não foi difícil ligar os pontos. – Cobra passou a mão nos cabelos um pouco grisalhos, preocupado. – Por mais que ele negue, é certo que estava envolvido com lutas clandestinas.

— E aí...? – Perguntou Jade, curiosa.

— E aí a gente conversou com ele, pediu pra ele parar. O Guilherme nem ligou, disse que sabia o que tava fazendo, que a vida era dele e ninguém tinha nada a ver. A gente insistiu, mas quando vimos que não ia ter jeito, tivemos que expulsar o garoto. - Ele suspirou, sentido. – É por isso que eu digo tudo o que eu disse, Jade. Ele já teve a oportunidade de mudar de vida e não quis. Por a nossa filha ele mudaria?

— Ai Cobra... – Jade sorriu, pensativa. – Isso tudo não te lembra nada?

— Como assim? – O marido não entendeu.

— Parecia que você tava me contando a sua história, vagabundo... – Cobra mirou a esposa com os olhos brilhando, extremamente surpreso.

Para que as crianças não se acostumassem a chamar as pessoas de “vagabundo”, há tempos o casal não se chamava pelos apelidos. Havia sido complicado para perder o costume no início, mas após se policiarem bastante, acabaram com a mania e nunca mais relembraram os tempos de “dama e vagabundo”.

Sem palavras, Cobra apenas baixou a cabeça, sorrindo saudoso.

— Vagabundo, você era todo torto, lembra? Você participava de lutas clandestinas, era todo cheio de razão e quase ninguém ia com a sua cara. Tô mentindo? – Cobra negou com a cabeça. – Vagabundo, a minha mãe moveu céus e terras pra que eu não me aproximasse de você, o Ed tentou me alertar de todas as formas. Quanto mais eles faziam isso, mais vontade eu tinha de ir correndo pro QG. Até porque eu gosto é do estrago, confesso! – Ela riu amenizando o clima. Ah, aquela risada... Cobra jamais se cansaria de admirar. – Mas sabe, com o passar do tempo, a gente foi amadurecendo tanto junto que tudo mudou. Deixou de ser troca de favores pra virar troca de alianças. Não tô tentando transformar a nossa história num exemplo, ela tá longe disso e a gente sabe bem. Só tô tentando te mostrar que se o que a nossa filha sentir por esse rapaz for de verdade, nada do que a gente disser ou fazer vai ser suficiente.

— Você tá sugerindo que a gente entregue a nossa filha assim, de mão beijada pra esse cara? – Indagou Cobra, incrédulo ainda.

— Não seja tão dramático, vagabundo. – Ela sorriu, calma. – A gente precisa confiar na educação que a Laura tem. Precisamos deixar claro que confiamos nela e estamos aqui pra todos os efeitos. Óbvio que não vamos deixar ela solta pra fazer o que bem entender, longe disso. Vai ter regras, vai ter limites, mas vai ter confiança.

— Como você consegue estar tão calma com tudo isso? -  Cobra perguntou, admirado.

— Se tem uma coisa que eu entendi nessa vida, vagabundo, é que o amor faz coisas inimagináveis. – Ela disse. – Só ele é capaz de mudar as pessoas.

Cobra olhou para a esposa, admirando-a. Jamais admitiria em voz alta, mas no fundo se considerava o homem mais sortudo do planeta.

— Incrível como as pessoas mudam e algumas coisas continuam do mesmo jeito, minha dama... – Sussurrou ele, chegando mais perto da morena e segurando seu rosto entre as mãos, como se fosse a joia mais preciosa.

— O que por exemplo, vagabundo?

— Você aí... Toda linda... – Continuou ele, se aproximando ainda mais e mordiscando a orelha da esposa. – Me chamando de vagabundo... Tá vindo tanta lembrança aqui na minha cabeça... – Prosseguiu ele, descendo até o pescoço dela e depositando ali sutis beijos. – Eu acho que a gente podia aproveitar que estamos nesse clima de nostalgia e relembrar outras coisas, hein? O que você acha?

Com muita luta, Jade conseguiu seguir a sua razão e desvencilhou-se das mãos do marido, que aquela altura já passeavam por todo seu corpo.

— Não se anima não, Ricardo. – Ela disse, olhando-se no espelho e arrumando o cabelo. – Você ainda deve desculpas pra Laura.

— Sério isso, Jade? – Ele não estava acreditando mesmo. – Você sabe que meu orgulho é muito grande.

— E as ofensas que você fez a ela foram muito pesadas, Cobra. É sua obrigação agora. – Ela falava sério.

Com muito custo, Cobra se levantou e lentamente os dois se encaminharam ao quarto da filha caçula. Chegando lá, viram pela fresta da porta a Laura deitada na cama, apoiando a cabeça no colo da irmã e recebendo dela um cafuné. O rosto vermelho indicava que o choro ainda havia durado muito, mas agora ela parecia mais calma. Jade e Cobra ali ficaram, sem que ninguém percebesse a presença dos dois. Okay, escutar atrás da porta não é nada legal, porém os dois são pais e fazem suas regras.

— Tudo seria tão mais fácil se eu não gostasse tanto do mais difícil, não é Alice? – Laura comentou, com o olhar perdido no teto.

— Ah, isso é, maninha... – Comentou a professora de dança, sem saber o que dizer. Alice nunca fora boa com palavras.

— Com você e o Davi foi mais fácil? – Perguntou Laura, levantando-se num pulo e sentando-se na cama, ficando de frente para a irmã. – Eu não consigo te imaginar na minha situação. Na verdade, é surpreendente saber que você tá noiva!

— Ah, não foi um mar de rosas não, mas eu nunca fiquei desse jeito. Até porque olha a minha cara de quem vai chorar por homem... – Alice fez uma cara de tédio e arrancou gargalhadas da irmã.

— Só você mesmo pra me fazer rir! – Confessou a mais nova.

— Mas o pior que foi só pra te fazer rir mesmo, porque eu já chorei sim. – Alice confessou, ficando vermelha e baixando a cabeça. – Chega uma hora que a insegurança bate, a carência aperta, a saudade sufoca. Soma isso com o carnaval de hormônios da adolescência e acaba caindo uma ou duas lágrimas.

— Um rio inteiro, no meu caso. – Laura riu novamente. – Sério, mana, não aguento mais chor...

A caçula foi interrompida pelo seu celular vibrando.

— Mensagem dele... Eu não tenho coragem de ler. – Foi o que Laura disse antes de atirar o celular no colo da irmã. – Vê aí...

Alice pegou o celular e desbloqueou. Conforme ia lendo a mensagem, seu rosto ia ficando ainda mais surpreso.

— Ai eu não aguento! – Laura confessou, para logo em seguida pedir: - Lê o que diz aí.

Se eu fosse preso e perdesse tudo hoje, diga-me honestamente, você ainda me amaria do mesmo jeito? Se eu te mostrasse meus defeitos, se eu não conseguisse ser forte, você ainda me amaria do mesmo jeito? Agora mesmo, se eu fosse condenado a prisão perpétua, você ainda ficaria do meu lado ou você me diria adeus? Pode me dizer agora mesmo? Se não pudesse te comprar as coisas elegantes da vida, gatinha, ficaria tudo bem? Venha, mostre-me que sim. Agora diga-me, você iria atrás de mim de verdade? Querida, diga-me, você morreria por mim? Você passaria sua vida inteira comigo? Você sempre estará lá para me abraçar? Diga-me, você choraria por mim de verdade? Querida, não minta para mim. Se eu não tivesse nada, quero saber se você ficará aqui... Está ficando tarde e tudo que quero é alguém verdadeiro que não precise de muito. Preciso saber que posso confiar que você estará aqui quando o dinheiro estiver curto. Se eu não tivesse mais nada para dar além de amor, isso seria o suficiente? Me diga se sabe. Diga-me, você iria me querer? Diga-me, você iria me ligar se você soubesse que estaria apostando tudo? Pois preciso de uma garota que sempre esteja ao meu lado. Diga-me, você precisa de mim? Diga-me, você me ama ou só está tentando brincar comigo? Pois preciso de uma garota que me guarde a vida toda. Se eu te mostrasse meus defeitos, se não pudesse ser forte, diga-me honestamente, você ainda me amaria do mesmo jeito? – Alice ergueu os olhos para a irmã, que tinha lágrimas no rosto novamente. – Aqui ele diz que tava lendo essa tradução e queria que você conhecesse ela também.

Laura ia dizer algo, porém uma nova mensagem chegou no seu celular.

Gatinha, o que tá acontecendo? Seu pai encrencou, né? Olha, eu sei que eu não sou nada perfeito e minha ficha não ajuda muito. Não tenho grana, não tenho casa, não tenho carro, não tenho nem família, mas de todas as coisas que eu podia querer, eu só quero de verdade te ver de novo. Poder me explicar, poder entender. Cara, se seu pai soubesse o quanto eu tô disposto a mudar, ele não ia tá tão preocupado. Será que ele me ouve?  Na boa, sei que não tenho maturidade pra passar tanta confiança, mas só preciso de uma chance pra provar que posso ser melhor por você. – Alice pausou a leitura das inúmeras mensagens que chegavam, uma atrás da outra, pra observar as reações da irmã. Cada palavra do garoto provocava uma nova lágrima no rosto da menina. – Agora ele tá pedindo pra você parar de só visualizar e dizer alguma coisa.

— O que eu posso dizer? – Perguntou ela, suspirando. Estava exausta. – É impossível continuar. Acabou.

— Eu não teria tanta certeza, minha filha... – Disse Jade, entrando no quarto de mãos dadas com o marido e surpreendendo as filhas. – O pai de vocês tem algumas coisas pra dizer, não é Ricardo?

— Laura, minha princesa... Me desculpa, de verdade. – Ele sentou-se ao lado da caçula e a envolveu com um braço, aconchegando a menina no seu peito. – Eu disse coisas terríveis mais cedo tô arrependido. Eu e a mãe de vocês conversamos bastante e pode ser que esse garoto mude.

— Tá falando sério, pai? – O rosto da Laura se iluminou de tal alegria que arrancou um sorriso de todos ali.

— Tô falando sério! – Cobra riu, mas em seguida fez uma cara de mau. – Só pra deixar claro: se ele vacilar, dou um jab e acabo com aquela carinha de malandro dele em um instante.

— Ai pai!! Eu te amo tanto! – Declarou Laura, voando no pescoço do Cobra para um abraço apertado.

— Ei, ei, ei! Pode parando de melação que eu cheguei aqui antes e amo a mais tempo! – Brincou Alice, chegando pelo outro lado e abraçando o pai também.

— Ah, se for por isso, minhas filhas, não tem nem competição! – Jade comentou. – Amo esse cabeça-dura há quase trinta anos! Cadê meus aplausos?!

O clima estava tão bom que só perceberam que Caio havia chegado da faculdade quando ele chegou fingindo mágoa na porta do quarto:

— Não me esperaram pro momento família feliz por quê?! – Em seguida, abriu um sorriso e foi abraçar a mãe. – Ah! Alice, pode abrir um sorriso porque eu trouxe seu macho comigo!

— Me respeita que eu sou mais velha, garoto! – Disse Alice, com falsa irritação, dando um peteleco na cabeça do irmão, mas realmente feliz em saber que o noivo estava ali.

Logo Davi apareceu na porta e foi recebido com um selinho da noiva, sob os olhares ciumentos do Cobra.

— Encontrei seu irmão quando tava vindo te buscar, resolvi dar uma colher de chá e poupar o garoto do ônibus hoje. – Davi comentou, tímido, mas não perdeu a oportunidade de provocar o cunhado: - Tô sabendo que ele destruiu a moto que ganhou...

Os minutos seguiram alegres e Laura pode mandar discretamente uma mensagem para Guilherme, dizendo que precisava falar com ele pessoalmente. Alice e Davi acabaram ficando mais que o planejado e a família pode ser família por boas horas.

Enquanto esperavam a pizza que haviam encomendado, Laura, Caio, Alice e Davi foram para a sala conversar um pouco e Jade e Cobra foram para a cozinha pôr a mesa.

Inconscientemente, Cobra sorria.

— Que foi? – Perguntou Jade, rindo da cara do marido.

 - O que? – Retrucou Cobra, sem entender.

 - Fica aí, sorrindo que nem bobo... – Jade riu novamente.

— É, talvez eu esteja ficando cada vez mais bobo com o tempo. – Ele disse, em seguida virando-se para a esposa.

Nunca deixaria de ficar nervoso ao encontrar aqueles olhos fixos nos seus. Aproximou-se da morena e a envolveu com um abraço, trazendo-a para junto de si. Fecharam os olhos, deixando inebriarem-se pelo efeito da presença do outro ali, tão perto.

— Muito obrigado. – Disse Cobra, ainda abraçado e de olhos fechados. – Por tudo.

— Acho que as vezes você esquece o bem que me faz. – Replicou Jade, afastando-se um pouco e encarando o ex-lutador.

As rugas estavam chegando, verdade. Porém, pareciam perfeitos um para o outro. Perfeitos em suas imperfeições. Afinal, não haviam sido sempre assim?

Amavam-se, sabiam que amavam-se. Sentiam que amavam-se. Há tempos já poupavam o relacionamento de declarações recheadas de palavras elegantes. Sabiam que estariam ali, um ao lado do outro, porque precisavam disso. Viriam falhas, brigas, desentendimentos, choros, claro que viriam. Porém também viriam os consertos, as reconciliações, os bons momentos, as risadas, claro que viriam.

E eles estariam ali, juntos, vivendo cada dia da sua eternidade.

Você é a força que me mantém caminhando. Você é a esperança que me mantém confiante. Você é a vida para a minha alma. Você é meu propósito. Você é tudo. Você acalma as tempestades e você me dá repouso. Você me segura em suas mãos e você não vai me deixar cair. Você roubou meu coração e me deixou sem fôlego. Você vai me receber? Vai me atrair mais agora? Pois você é tudo que quero. Você é tudo que preciso. Você é tudo, tudo.”

Everything, Lifehouse.

FIM


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, deixo aqui meu enorme agradecimento a todos vocês que acompanharam, favoritaram e recomendaram a fic, inclusive vocês, meus fantasminhas! Saiba que cada visualização de vocês foi o que nos trouxe ao capítulo 50. Dá uma últimas passadinha aqui nos comentários, deixa um "salve!" para podermos conversar um pouco mais e exponham suas opiniões sobre a fic num todo, seria bem construtivo. Muito obrigada mesmo! Beijinhos!!



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