Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas! Peço novamente que não se esqueçam de comentar! Boa leitura!



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– Sério Jade? O Cobra? - Joaquina estava perplexa. As duas haviam decidido ficar depois da aula, para que Jade pudesse ensaiar mais um pouco e Joaquina pudesse ver o Renê, mas como a primeira já tinha ensaiado e a segunda não tinha conseguido o que queria, agora só estavam de papo.

– É, sério. Mas relaxa que ele não é todo esse malvado que dizem por aí, pelo contrário, ele é até bem fofo quando quer. - Jade tentava não parecer tão apaixonada quanto realmente estava.

– Ah, não é mesmo, afinal, um garoto que tenta abusar sexualmente da Ruiva é um santo. Aliás, ele já tentou te machucar, ou você esqueceu da cena que ele fez aqui na Ribalta, com direito a um relógio caríssimo quebrado?

– Jo, isso é passado. O Cobra tá mudando.

– Jade, eu juro que não te entendo. Você tem o gato do Lírio na palma da mão, babando e dizendo "amém" para tudo o que você diz, e prefere ficar com o marginalzinho do Cobra? Ah, se eu pudesse escolher... - Joaquina viajava nos seus desejos quando Jade a advertiu:

– O Cobra não é nenhum marginal, tá? E também, eu sei me cuidar. - A bailarina não sabia se tinha certeza do que estava falando, mas falou mesmo assim, afinal não deixaria que alguém falasse mal do seu... seu... enfim, do Cobra na sua frente.

– Tá, tá bem, senhora auto-suficiente e dona do próprio nariz arrebitado, só tô tentando te ajudar. Todo mundo diz que é para você se jogar de cabeça nas suas paixões, mas ninguém diz que você pode quebrar a cara. Tô dizendo por experiência própria. Ah, se alguém tivesse me avisado que era melhor eu não me apaixonar pelo Renê... - A voz da atriz começava a ficar embargada, por isso antes que o choro rolasse, Jade a interrompeu:

– Não ia ter adiantado nada. Você não ia conseguir escolher se desapaixonar pelo nosso querido professor. - Joaquina concordava com a cabeça. - Agora vamos, que eu ainda tenho uma visitinha para fazer, antes de ir para casa. - Jade piscou para a amiga e não precisou falar mais nada.

Quando já estavam na frente da Ribalta, Jade se lembrou de uma coisa que precisava pedir para a amiga:

– Ah, Jo, eu tô precisando de um favorzinho seu...

– Ih, lá vem bomba... - A atriz fez uma cara de preocupada.

– Não é nada demais. Eu só queria saber se tem como você responder que eu tenho saído bastante com você ultimamente, caso a minha mãe perguntar? - Depois de uma resposta afirmativa da Joaquina, ela puxou a amiga para um abraço e falou no seu ouvido: - Sabe, você é meio maluca e tal, mas é uma ótima amiga. Obrigada Joaquina! - E então foi para o QG, deixando a atriz emocionada com as palavras.

Quando chegou na loja, encontrou Cobra com olheiras enormes, barba por fazer e com cara de poucos amigos. Mesmo assim, entrou sem bater, colocou um dos melhores sorrisos no rosto e tentou fazer graça , enquanto envolvia o pescoço de Cobra com os braços:

– Oi Cobrinha, teve uma noite ruim, foi? - Levou as lábios até o pescoço do lutador e depositou ali um pequeno beijo, fazendo com que ele se arrepiasse. - Claro que teve, eu não tava aqui, né? - Tentou beijar a boca do Cobra, mas ele virou o rosto e a afastou de si, dizendo:

– O que você tá fazendo aqui, garota?

– Como o que eu tô fazendo aqui, Cobra? O mesmo que a gente sempre faz quando eu venho aqui. - Pela cara, ela não estava entendendo nada.

– É, mas hoje não vai rolar. - Cobra tentou parecer confiante do que dizia, mas não deu lá muito certo. Por via das dúvidas, ele tentou encerrar de uma vez o assunto: - É melhor você ir embora.

– Ã? Você não tá falando nada com nada hoje. - Claro que a garota já havia entendido o que estava acontecendo ali, mas achou melhor se fazer de desentendida.

– Você ainda não entendeu? - Se dirigiu até a porta e a abriu. - Vaza.

– Por que? O que houve? - Jade, teimosa que só, sentou-se em uma das cadeiras da loja.

– Porque isso aqui tá ficando sério demais Jade, e é melhor que você não se envolva tanto comigo. - Cobra evitava olhar para Jade, por isso ficava olhando para rua.

– Tarde demais. - Cobra olhou para a garota, que sorria. Ela estava entendendo tudo errado. - Aliás, a gente já teve essa conversa antes, sério que precisa ter de novo? - A bailarina se aproximava mais do lutador, e ele viu que precisaria ser mais duro.

– Não, a gente não precisa ter de novo, não. É só você pegar o teu rumo e não aparecer mais por aqui. - Jade se deteu. Ela precisava de uma boa explicação:

– Por que você tá fazendo isso agora? - Sua voz já estava ficando um pouco embargada, mas ela não daria a ele o gosto de vê-la chorando na sua frente.

– Porque eu não quero mais ficar com você. - No instante seguinte ao que ele pronunciou essas palavras, se arrependeu. Você tá estragando com tudo, imbecil!. Por isso, tentou melhorar um pouco a situação: - Eu acho melhor a gente se afastar por um tempo e...

– Tempo? - Ela gritou. - Olha para a minha cara e vê se eu tenho jeito de mulher que "dá um tempo"? - Como não obteve resposta, continuou: - Você é um idiota. E sabe o que é pior? Eu ser mais idiota ainda, por ter gostado de você. - Cobra parecia não ter entendido direito. Gostado? Ele não entendia muito de português, mas aquilo significava que ela já tinha mudado o tempo verbal dos dois, não é? Ele estava surpreso demais para falar qualquer coisa e quando viu a garota já estava saindo pela porta. Ele a segurou pelo braço e falou, em tom de prece:

– Espera aí, vamos conversar melhor, minha dama... - Ela se movia com tamanha força que conseguiu se soltar. Virou-se para Cobra, olhou em seus olhos e falou, mais séria do que nunca:

– Não fala mais isso. O casal "dama e vagabundo" acaba aqui e agora. - Nisso, tentou sair novamente da loja, mas alguém havia aparecido e impedia a passagem. - Sai da frente, Thawik! - Empurrou o rapaz para o lado e saiu, enfim deixando as lágrimas rolarem, arrancando alguns fios de cabelos e deixando para trás um Cobra destruído.

Vendo o estado em que a moça saiu, Thawik perguntou, preocupado, pois conhecia o jeito de Cobra:

– O que você fez?

– Não te interessa! - Cobra estava com raiva. Com raiva dela, sim, por ter reagido daquele jeito ao pedido de tempo, mas com uma raiva maior ainda de si mesmo. Como ele conseguia fazer tudo errado, até quando estava fazendo o certo?

– Você é um trouxa, cara! - Antes que Cobra respondesse, Thawik saiu em disparada na direção de Jade. Cobra tentou segui-lo, mas parou na porta.

– Posso até ser, mas eu fiz o que precisava ser feito. - Nisso, olhou na direção de Jade. Thawik estava quase alcançando a menina. Ele não iria conseguir ouvir a conversa, mas apenas a cena fez o seu ciúme crescer.

– Jade! Espera! - A dançarina pensou não ter escutado direito. - Por favor, me espera! - Jade parou. Aquela voz não era do Cobra.

– Thawik? - Virou-se. - O que você tá fazendo? Se for a mando do Cobra...

– Não é. - Ele a interrompeu. - É que às vezes eu te vejo lá no QG com o Cobra e eu pensei que ele pudesse ter feito alguma coisa com você, então...

– Ele fez sim. Ele terminou com tudo. Sabe o que é mais estranho? Eu é que devia ter feito isso, algum tempo atrás, mas eu preferi acreditar no sentimento dele. E olha só no que deu.

– Posso te pedir uma coisa? - Como obteve apenas o silêncio como resposta, decidiu encarar como um sim. - Dá para você tirar a mão do cabelo? É que dá uma agonia, sabe...

– Ah, claro. Eu nem percebo quando eu faço. - Aproveitou que as duas mãos estavam desocupadas e enxugou algumas lágrimas que ainda caiam. - Mas por que mesmo que a gente tá tendo essa conversa? - Jade, agora mais calma, tentava pôr os pensamentos em ordem. Ela tinha defendido o Cobra na conversa com a Joaquina. Tinha ido até o QG. Ele tinha tratado ela mal. Eles tinham acabado com tudo. E agora ela estava conversando com o Thawik?

– Porque eu queria te dizer que você é uma garota linda, que não precisa ficar se humilhando por migalhas do Cobra. - Ele parecia estar sendo sincero.

– Ah, é... Obrigada! - Jade ficou desconcertada com o elogio. Ela estava com os olhos vermelhos e com a maquiagem borrada, então a última coisa que ela deveria estar era linda. A dançarina tentou mudar o rumo que a conversa tinha tomado: - Bom, eu tenho que ir. Tchau Thawik!

– Espera! Deixa que eu te levo!

– Eu acho que não precisa... - Dava para perceber que ele só estava tentando ser gentil, mas Jade não sabia o que ele poderia querer em troca de toda aquela gentileza.

– Relaxa, eu não vou tentar te agarrar! Pode ficar tranquila! - Ele sorriu. - Eu só não quero te deixar ir para casa sozinha nesse estado. A minha moto tá aqui pertinho. E aí? Topa uma carona?

– Tá. Tá, pode ser. - Tudo o que ela queria era chegar em casa de uma vez e poder desabafar com o seu travesseiro.

Quando viu a sua dama subindo na moto do Thawik, Cobra ficou furioso. Quis sair correndo e derrubar o seu ajudante daquela moto, mas depois desistiu. Ao invés disso, entrou na loja e derrubou os suplementos das prateleiras.

– Bem feito, Cobra! - Ele esbravejou. - Isso é para você largar mão de ser otário! - Quando não tinha mais nada no seu devido lugar, o lutador caiu no seu colchão e, exausto, tentava colocar seus pensamentos em ordem. Não era só culpa sua, afinal. Pensou no quanto aquela história era injusta, já que ele só queria mudar para melhor. Esse preço não estava nas minhas contas. Pensou sobre Jade. Aquela garota sabia como enlouquece-lo. Tinha acabado de terminar tudo com ele e já tinha aceitado carona de outro. Rápida ela, né?

***

O trajeto entre o QG e a casa de Jade foi rápido, principalmente porque a bailarina não estava prestando a mínima atenção no tempo. Ainda tentava assimilar tudo o que havia acontecido. Uma coisa ela não podia negar: tinha sido avisada que aquilo iria acontecer. Avisada por todo mundo, inclusive pelo Cobra. Mas por mais incrível que pareça, ela tinha sido burra o suficiente para se envolver com ele. Lembrou-se de uma conversa que tinham tido a algum tempo, quando ela perguntou ao lutador quem a protegeria dele. A resposta não veio, ao invés disso ele disse: "Eu vou te mostrar o quanto você é importante para mim". Pois é, ninguém a protegeu e agora ela via o tamanho da importância que ela tinha. Mas ela não deixaria por menos. Assim que o Thawik estacionou a moto, Jade agradeceu e perguntou inocentemente:

– Thawik, você também luta, né?

– Luto, luto sim. Junto com o Cobra, por sinal. Por quê?

– Por nada, não. Vem cá, e tem algum campeonato por agora?

– Tem um no próximo fim de semana. Você vai lá, torcer por... ele? - Era impressão da Jade ou tinha uma pitada de ciúme naquela pergunta? Voltando a ser a velha Jade, ela provocou:

– Não, eu vou torcer por você. Tchau Thawik! - Virou-se e entrou no seu prédio, não sem antes mandar um beijo por cima do ombro para o rapaz.

Assim que chegou no seu apartamento, Lucrécia a esperava, sentada na sala, com uma xícara na mão e um interrogatório na ponta da língua:

– Posso saber quem era aquele rapaz que te trouxe até aqui?

– Pode sim. Era o Thawik. - Jade pensou que pelo menos agora ela não teria mais que enganar a sua mãe. Tudo tem um lado bom.

– Quem é Thawik? - Apesar da cara fechada, Jade pode perceber que Lucrécia ficou aliviada quando a resposta não foi Cobra.

– É... Um garoto aí. - Jade não queria citar o nome do Cobra, por isso não deu mais explicações. Na verdade, nem ela sabia quem era mesmo o Thawik. Um lutador, que nas horas vagas servia de enfeite para o QG? "Um garoto qualquer" parecia uma resposta melhor.

– Ah, sim, belas referências... Jade, você sabe do que eu tenho medo, não sabe? - O tal medo era evidente até na voz da professora.

– O Cobra é um passado distante, mãe. Fica tranquila. - Nisso, Lucrécia olhou bem para Jade e percebeu o estado da sua maquiagem.

– O que aconteceu com você, minha filha? - Levantou-se e foi na direção da garota. Jade tentava inventar uma desculpa:

– Isso... é que... é que hoje eu ensaiei muito além do que eu estou acostumada, mãe, então eu suei. É, eu suei muito e fui lavar o rosto, mas aí a maquiagem não saiu toda e eu já estava atrasada para me encontrar com o Thawik, então eu sai assim mesmo. - Ela finalizou. Estava ficando boa nessas coisas de improviso. Mas sua mãe desconfiou:

– E você foi se encontrar com o garoto assim, desse jeito?

– É, mas ele nem se importou. Sabe como é, né mãe, ele já tá bem apaixonado, e dizem que o amor é cego, não é? - Você se supera, Jade. Cansada do longo dia e com medo de se enrolar com as mentiras, Jade se despediu: - Mãe, como eu disse, ensaiei demais hoje e preciso descansar agora. Você tá precisando de alguma coisa? - Fingiu um bocejo.

– Não, minha filha. Vai descansar, meu amor. - Ela fez um carinho no rosto da Jade, sorrindo: - Eu tenho muito orgulho de você, sabia? Ensaiando desse jeito, logo logo vai entrar para alguma companhia importante. Mas para isso, você precisa estar bem disposta. Durma bem! - Depois do beijo na testa que ganhou da mãe, Jade se dirigiu para o seu quarto.

Assim que deitou-se, sua mente vagou para os seus momentos com o Cobra. Haviam passado por muitas brigas, claro, mas para ela, os risos, beijos, confidencias e até armações, por quê não? Superavam tudo. Mas agora, tudo estava acabado. Até as brigas. Mas quem ele pensava que era? Ninguém iria usá-la daquele jeito e depois jogar fora. Arrogante. Prepotente. Machista. Idiota. Imbecil. Canalha. Assim como ele despertava os melhores sentimentos na garota, despertava os piores. Mas ela não terminaria por baixo. Ele que me aguarde.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que a Jade vai aprontar? Aguardem as cenas dos próximos capítulos hahahaha