Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oi povo!!! Peço que não deixem de comentar... É rapidinho, mas super importante!
Boa leitura! =D



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No dia seguinte, logo pela manhã Cobra já havia sido liberado e voltava para casa com a Karina, dentro de um táxi.

– Karina... Você foi entregar as roupas da Jade, não foi? - Perguntou, como quem não quer nada, o lutador.

– Fui sim. Por quê?

– Você sabe o endereço dela, não sabe?

– Sei sim. Por quê?

– Porque você vai me dar ele. Tô precisando falar com ela.

– Tem certeza? Olha Cobra, não querendo te desanimar, mas ela tava bem magoada com você ontem... Será que é uma boa ideia? - Aconselhou Karina.

– Não sei se é, mas eu vou. Eu preciso pedir desculpas... Eu fui um idiota! Deixei a única coisa que me importava ir embora...

– Obrigada pela parte que me toca... Da próxima vez, te deixo largado na porta do hospital! - Brincou a lutadora.

– Ah Ka... Você entendeu, vai! - Cobra riu. - Eu me importo com você, mas de um jeito difer...

– Tá bem, cara! Relaxa! Não tenta te explicar, porque só piora!

– Ta certo... E o endereço?

– Tá no meu celular, só que ele tá sem bateria. Quando a gente chegar em casa eu te digo. Mas você lembra que ela só chega em casa de noite, né?

– Claro. - Ele sabia toda a rotina da morena. - Eu tenho que passar na Academia hoje.

***

Jade mal conseguiu dormir. Passou a noite inteira pensando no Cobra e na conversa que tiveram. O garoto estava se afundando cada vez mais, Jade sabia disso. E não conseguia fazer nada para evitar.

Saiu da cama, vestiu a primeira coisa que viu pela frente e engoliu o café da manhã.

"Essa é a refeição mais importante do dia, minha filha. Escolha os alimentos certos, que te forneçam energia, porém com baixo índice de gordura." Ela imaginou a mãe dizendo.

Depois de tantos meses, Jade já não se lembrava de algumas coisas sobre a Lucrécia. O cheiro às vezes se confundia, a voz se esquecia conforme os dias passavam e o rosto da mãe às vezes ficava borrado na memória da garota, fazendo com que ela recorresse para as fotos.

Lembrou-se, então, do que sua mãe havia pedido horas antes de morrer. "Se você ainda tiver alguma relação com ele... Corte, minha filha." Com atraso e juros, o pagamento ao pedido chegou. E como chegou.

Saiu do hotel e foi para a Companhia. Quando chegou lá, como de costume, não encontrou ninguém e começou seu alongamento. Não tardou e Dimitre chegou, acompanhado do John e anunciou:

– Pode parar o alongamento, mocinha! Hoje não teremos ensaio!

– Por que? - Perguntou, desapontada, a bailarina.

– Porque hoje nós iremos visitar uma Instituição de Caridade que há muito tempo a nossa Companhia ajuda. Como vocês dois são os nossos destaques no próximo espetáculo, decidimos que era melhor vocês irem. Provavelmente, terá alguma imprensa presente na hora da visita, então, aproveitem e divulguem nossa apresentação!

Jade e John foram para o carro do garoto e pegaram o caminho da Instituição, que pelo visto, o bailarino conhecia bem.

– Você sabe onde fica, John?

– Ah, sim. Já fui lá algumas vezes. - Respondeu ele, com o característico sorriso no rosto.

– E do que se trata, exatamente? - Perguntou Jade, temerosa da resposta.

– Se trata de uma casa de ajuda para crianças carentes e... - Jade fez uma careta. - O que foi?

– Crianças.

– O que tem elas?

– São irritantes. Ficam correndo e gritando e tempo todo, com uma inesgotável energia. Sério, eu não tenho muita paciência...

– Você me parecia uma pessoa tão doce, por que pensa isso?

– Talvez eu não seja tão doce assim... - Ela sorriu. - Você não me conhece, John.

– Tudo bem, mas aquelas crianças são fofas. Elas fazem você se sentir especial. Eu cheguei lá, uma vez, me sentindo a pior das pessoas, mas uma criança me falou que eu a tinha feito feliz, pelo simples fato de estar presente ali. - Ele fez uma pausa. - Existem pessoas com histórias realmente tristes lá dentro... Pais alcoólatras e agressivos, mães irresponsáveis e sem carinho... Mesmo assim, eles estão sempre sorrindo quando a gente chega lá. Isso me faz pensar em como os nossos problemas são pequenos.

Jade pensou por alguns instantes. Talvez ela devesse erguer a cabeça e dar a volta por cima, não ficar chorando e lembrando do Cobra em cada momento. Fazer aquela visita parecia ser um bom momento para isso.

Quando chegaram na Instituição, Jade ouviu os gritinhos agudos e histéricos. Suspirou e saiu do carro, avistando várias crianças correndo, brincando e sorrindo. Na verdade, todos sorriam, por isso Jade resolveu sorrir também.

Andaram por alguns instantes e Jade conheceu alguns voluntários do local. Havia imprensa ali, conforme Dimitre tinha previsto, então eles tiraram fotos com algumas criança. Conforme o tempo passou, os dois acabaram se distanciando. Jade começou a se sentir perdida, até que enxergou uma menina isolada num canto, em uma vã tentativa de praticar alguns passos de balé e resolveu ir falar com ela.

– Oi, garotinha! - Falou, com a voz mais doce que pôde. - Como você se chama?

– Alice. E você? - Perguntou a criança,sorrindo, feliz por ter uma companhia.

– Jade. - A bailarina pensou no que John disse sobre histórias tristes e resolveu descobrir o que aquela menininha escondia. - Você gosta daqui?

– Claro! As tias são pessoas ótimas! - Ela sorriu. - Elas dizem que eu sou uma... "Grata surpresa." Não sei o que isso quer dizer, mas acho que é uma coisa boa.

– É sim... - Jade sorriu também. - Onde tá o seu papai?

– Eu nunca tive um papai. Minha mamãe dizia que ele era mau, por isso ele nos largou. - A menina se entristeceu. - Mas tudo bem, eu nem queria conhecer ele mesmo. - Ela deu de ombros, fazendo Jade sorriu dos seus trejeitos.

– E a sua mamãe? Onde ela tá?

– Lá. - A menina apontou para o céu. - Me disseram que ela tinha um tal de... Como é mesmo... Ah! Lembrei! Ela tinha um tal de câncer, aí ela tava sofrendo muito e o Papai do Céu levou ela pra pertinho dele. Dizem que ela tá mais feliz agora, mas eu ainda sinto a falta dela... - A menina baixou a cabeça. - Sinto falta de quando ela me dava colinho... De quando ela cantava pra eu dormir... De quando, nos dias de tempestade, ela me abraçava forte, porque eu tinha medo de raio, e dizia que tudo ia ficar bem, porque ela tava comigo. - Jade sentiu um nó apertar na garganta. - Agora, eu sempre fico com mais medo ainda dos raios...

Instintivamente, Jade abraçou a menina e deixou que algumas lágrimas desceram do seu rosto. Alice, mesmo um pouco confusa, retribuiu. Assim que a Jade se afastou, a menininha notou seu choro.

– Não chora, tia! O seu sorriso é tão bonito... - Alice sorriu. Jade também sorriu e enxugou suas lágrimas.

– Quantos anos você tem, pequena? - Como resposta, a garota ergueu as duas mãos e mostrou sete dedinhos. Com voz de menina sapeca, ela respondeu, sorrindo:

– Sete! Eu já sou quase mocinha!

– É mesmo! E você já sabe o que quer ser quando for mocinha?

– Eu quero danç... - De repente, ela pareceu se lembrar de algo e seus olhinhos brilharam. - Como é mesmo o seu nome?

– Jade...

– Ai que legal! - Disse, dando pulinhos e batendo palmas. - Você é aquela bailarina famosa que ia vir nos visitar, né? - Jade não teve tempo de responder. - Disseram que você dança naqueles teatros antigos e grandões! Um dia, eu quero ser igual a você!

– Você já é melhor do que eu posso vir a ser algum dia, pequena... - Ela sorriu, deixando Alice confusa. - Mas eu tenho certeza que a gente ainda vai dançar junto!

Alice sorriu, animada com a possibilidade. Elas se despediram e foi a vez de Jade e isolar em um canto. De longe, viu a menina voltar a ensaiar seus passos de balé. Pensou que aquela menina tinha uma história muito parecida com a sua, porém com sete anos. Claro, tirando o fato de um amor que só faz machucar, mas isso ela ainda poderia ter.

Concluiu, então, que os seus problemas ainda eram pequenos, perto dos daquela menininha.

***

Cobra chegou na Academia no fim da tarde e foi saudado com muitos abraços e tapinhas nas costas. Observou seus amigos treinarem por alguns minutos, até que Mike veio falar com ele.

– Nunca mais pregue um susto desses na gente, ouviu Rick? - Pelo visto, o treinador não tinha abandonado o apelido.

– Eu não pretendo, Mike, pode deixar! - Cobra sorriu.

– Eu espero... Mas Rick, antes que eu me esqueça... Como você sabe, o campeonato é daqui a dez dias, não é? - Cobra afirmou. - E agora nós chegamos em um ponto importante: o exame anti-doping.– O lutador gelou. - Não acho que isso irá ser problema, certo?

– Claro, treinador! - Cobra tentou parecer seguro.

– Ele ficou marcado para depois de amanhã. Entendido?

– Aham...

– Ótimo, depois eu te passo o endereço. Agora, vai pra casa descansar!

– Pode deixar! - Cobra sabia que era mentira.

Desde que saiu de casa, só pensava no que diria para a bailarina quando a encontrasse. Como romantismo não era muito o seu forte, essa tarefa estava lhe exigindo muito. Porém, antes de falar com a menina, precisava falar com outra pessoa.

– Benjamim! - Falou, assim que encontrou o garoto. - O exame é depois de amanhã! O que eu faço?

– Não usa até lá. Vai dar tempo suficiente pra não aparecer no exame. - Cobra não sabia se era verdade, mas resolveu acreditar. Afinal, já estava atrasado para uma certa visita.

***

Quando saíram da Instituição, John se ofereceu para levar a Jade em casa.

– E o Dimitre não vai se importar? - Perguntou Jade, desconfiada.

– O Dimitre já deve estar em casa agora. - Riu o John e a bailarina acabou aceitando.

Chegando na frente do hotel, John fez a pergunta que Jade tanto temia:

– Posso entrar?

Jade refletiu por alguns instantes. Olhou para aquele homem lindo, charmoso, educado, honesto, que tinha sido tão incrível desde que os dois se conhecera e pensou: Por que não?

– Pode. - E sorriu.

Os dois logo chegaram ao quarto e, ao contrário do que aconteceria com o Cobra, sentaram-se nas duas poltronas que o quarto oferecia e começaram a conversar.

– Então, o que achou das crianças? - Começou John.

– São uma graça... Quer dizer, só uma delas. - Jade se fez de difícil, porém estava claro em seu rosto que ela havia amado a visita. - Foi legal conversar com uma das menininhas... O nome dela era Alice. A história dela é complicada, mas ela se manteve sorrindo em 95% da nossa conversa. - Jade percebeu que o bailarino sorria. - Parece você.

– É impossível não sorrir ao seu lado. - John pareceu se lembrar de alguma coisa e parou de sorrir. - E como anda o seu namoro?

– Na verdade, não anda. - O garoto pareceu não entender. - Nós terminamos.

– Ah, eu fico triste por você. - Ele parecia sincero. Ia dizer mais alguma coisa, porém Jade mudou de assunto.

– Veja que péssima anfitriã eu sou... Você quer beber alguma coisa?

– Uma água, se tiver...

Ouviram alguém batendo na porta do quarto.

– Quem será, uma hora dessas? - Resmungou Jade. - Pode abrir pra mim enquanto eu vejo as águas no frigobar?

– Claro!

John levantou-se, tirou seu casaco e ouviu baterem novamente. E ele abriu a porta.

– John?! - Surpreendeu-se Cobra.

– Ricardo... - Concluiu John.

– Cobra?! - Assustou-se Jade.


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Notas finais do capítulo

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