Os outros nunca pensam nela como uma mãe, afinal nenhuma criança jamais cresceu em seu ventre, pela maior parte do tempo ela também não pensava em si mesma como uma mãe, apenas uma inventora, alguém que por curiosidade intelectual um dia criou os primeiros homens e mulheres a andarem pela terra. Prometeu os esculpiu com barro e ela soprou vida dentro deles. Um experimento bem interessante ela concluiu no fim daquele dia, embora ela já fosse inteligente, ela ainda não era sabia o suficiente para saber como aquilo mudaria tudo.

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Quando ela chegou no Olimpo ainda havia sangue em suas roupas e em suas mãos, ela tentou fazer com que eles desaparecessem pouco após ter notado a presença deles, mas as manchas não saíram.

Ela temia que Hestia não fosse abrir os portões do Olimpo para ela, mas eles se abriram e lá sua tia a esperava. Hestia não estava sorrindo mas não havia nenhum ódio ou medo nos olhos dela.

“Eu peço santuário” Atena disse.

“Você o tem, mas esse pedido é desnecessário, esse lugar ainda é o seu lar”

Atena hesitou.

“Você sabe o que eu fiz, certo ?”

“Sim eu sei, Hermes me contou até mesmo antes dele contar a Hera”

“Você me odeia ?”

“Não”

“Mas você o amava”

“Sim. Ele era família, mas você também é”

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Haviam doze deuses que viviam no Olimpo, mas sempre havia outros por lá, visitantes de diferentes importâncias, deuses menores, servos e amantes. Mas mesmo assim Hestia que esquentou a água com suas mãos, pegou um pano macio e começou a delicadamente limpar as manchas de sangue de Atena como se ela fosse uma criança ferida. Ela gostava disso, de cuidar de outros, Hestia era uma daquelas pessoas nas quais gentileza não vinha apenas nos momentos grandiosos que podiam vir a lhe dar reconhecimento, mas sim em tudo que ela fazia. Essa era uma característica bem rara de se encontrar em deus, provavelmente porque tendia a não ser recompensada, em alguns casos como ela sabia muito bem podia até ser punida, você faz algo generoso e misericordioso e é condenado a passar o resto da sua vida acorrentado a uma pedra.

Uma característica muito perigosa e rara, talvez por isso uma que ela apreciava tanto quando encontrava.

“Você teria dado uma boa mãe” Atena disse.

“Obrigada”

Atena ficou em silencio novamente.

“Tem algo na sua mente ?”

“Sim”

“Então fale”

“Você fez um voto de nunca se casar”

“Sim eu fiz, assim como você”

“Eu sei, mas eu não sei o porque. Artemis e eu o fizemos pelo nosso desejo de perseguir aventuras e interesses que não pertenciam a vida de uma esposa, nós seriamos infelizes e faríamos o mesmo com os outros a nossa volta, mas você daria uma boa esposa eu acredito”

“Minha razões realmente foram diferentes, isso foi bem antes do seu tempo, pouco após seu pai se tornar Rei, Apollon e Poseidon me queriam como uma esposa, e estavam dispostos a começar uma guerra em disputa por isso. Meu voto impediu que isto acontecesse”

“Isso foi um sacrifício bem nobre”

“Não foi um sacrifício, talvez amor romântico e filhos trouxessem algo a mais para a minha vida, mas eu nunca senti que era uma necessidade ter essas coisas para ser completa. Eu gosto da minha vida e de quem eu sou, e estou satisfeita com todas as escolhas que eu fiz que me levaram a esse ponto. Eu não acho que existam muitas pessoas no mundo que possam dizer o mesmo”

“E eu tenho certeza que esse é o caso”