Akai Ito escrita por Samazing, Delvith


Capítulo 6
Derrotas e fraudes


Notas iniciais do capítulo

Yoooo, minna
Desculpas sinceras pela demora, eu e a Samazing estamos ocupadas com a escola



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Ao amanhecer do dia seguinte a festa – Na realidade, do dia que a festa acabou – Levy sentou-se em sua cama sentindo-se exausta. Sua cabeça explodia em milhares de dores concentradas em diferentes regiões, fazendo-a gemer com a sensação, apertando as têmporas. Repreendeu-se por se sentir tão mal mesmo sem ter bebido ou ingerido nada que pudesse ter causado isso. A dor vinha simplesmente por ter ficado exposta a musica alta durante a festa quase toda.

Por um momento, se assustou por perceber Lucy deitada ao seu lado. Precisou de alguns instantes para lembrar que, como todas as camas estavam ocupadas e ela era bem pequena, oferecera dividir a sua cama com a loira. Suspirou ao constatar que ela nem sentira Lucy próxima a ela enquanto dormia, fato que só exaltava o quanto ela era pequena.

Jogou-se para fora da cama e foi ver o sol nascendo, seu ritual matinal. Fez um pequeno alongamento e voltou para sua parte do dormitório para pegar roupas limpas. Percebendo que Lucy tremia, jogou as cobertas em cima da menina cuidadosamente, rindo. Contemplou o rosto da amiga, sereno, por alguns instantes, feliz por tê-la como amiga.

Dirigiu-se ao banheiro para tomar banho. No caminho, encontrou apenas Erza, que treinava com uma espada de bambu no corredor. Mesmo sabendo a resposta, a ruiva perguntou se Levy não queria participar, e a azulada recusou educadamente.

Quando voltou ao quarto, viu as meninas em volta de Lucy com vários baldes cheios d’água. Antes que pudesse impedir, Cana gritou “Agora” e cachoeiras de água correram na direção de Lucy e da cama de Levy, que, suspirando, já sabia para quem sobraria arrumar toda aquela bagunça. Rendendo-se ao inevitável, deixou-se rir com a cara de espanto que Heartfilia fez ao acordar, pulando da cama e gritando.

~estrelinhas~

Depois do que aconteceu naquela manhã, Lucy decidiu que demoraria algum tempo antes de dormir lá novamente. Enquanto a loira reclamava, acompanhada de Levy e Erza enquanto caminhava para o restaurante onde marcaram de almoçar, a loira não conseguia se tranquilizar com os risinhos das amigas. Depois de um tempo, desistiu de falar sobre aquilo, mesmo que ainda estivesse irritada. Não conseguiria tirar de nenhuma das duas mais do que uma gargalhada.

Chegando ao restaurante, tanto ruiva quanto loira se assustaram com a reação súbita de Levy ao esconder atrás de uma pilastra, tremendo da cabeça aos pés. Heartfilia tentou fazê-la explicar o que estava acontecendo, enquanto Erza rondava o ambiente com seu olhar. Em um canto isolado da sala, encontrou quatro figuras compostas por uma garota de cabelos azuis, , e, por fim, um garoto de longos cabelos escuros e piercings no corpo. Seu olhar cortante dirigia-se a elas. Mesmo tendo a sensação de que já havia visto aquelas pessoas em algum lugar, Scarlet não foi capaz de reconhecer nenhuma delas. Ao perceber que o garoto dos piercings ainda sustentava o olhar, a ruiva resolveu retribuir, não se deixando intimidar. Mal percebeu Lucy se aproximando e colocando a mão em seu ombro. Mesmo sem desviar o olhar, ela percebeu a hesitação da amiga, que procurava no ressinto aquilo que a ruiva já via. Quando encontrou o grupo, Lucy arfou assustada e balançou Erza, pedindo que fossem embora.

A ruiva ignorou.

A batalha de olhares se mantinha. Ela não sabia quem eram nem o que queriam, mas tinha a sensação de que aqueles seres poderiam tranquilamente machucar algum de seus amigos, principalmente o homem que sustentava seu olhar. Mesmo que isso não pudesse provar ou explicar alguma coisa, a ruiva estava disposta a ler as intenções dele em seu olhar e descobrir se era realmente perigoso, mas, com um movimento no maxilar demonstrando irritação e desprezo, o homem quebrou a ligação, desviando seus olhos na direção de qualquer outra coisa.

Os músculos de Erza relaxaram e a garota se permitiu abaixar os ombros. Voltou-se para as amigas e as tirou do local. Queria ficar o menor tempo possível perto daquelas pessoas. Principalmente porque, alguns instantes antes do contato ser quebrado, Scarlet reconheceu aquele homem: Gajeel Redfox. Sendo assim, ele e seus três companheiros sinistros pertenciam a Phantom Lord. Lucy, confusa, tentava se desvencilhar do aperto em seu braço, mas Levy ia tranquila, aliviada por estar se afastando.

– Aqueles caras são da Phantom Lord. – Quando finalmente pararam, Scarlet explicou para Lucy a situação e as sensações que teve ao encarar os olhos daquele estranho.

– Gajeel Redfox... – Nem Erza nem Lucy foram capazes de entender o transtorno de Levy quanto aquele nome, já que não tinham conhecimento de que ela havia se encontrado com o personagem por trás de tal nome. Mas, mesmo sem compreender o que acontecia, decidiram deixar Levy em paz e mudar de assunto.

Enquanto discutiam sobre coisas banais, na tentativa de se esquecerem do evento recente, Levy olhou para o braço de Erza e levantou-se, repentinamente.

– Lucy, você ainda não fez sua tatuagem!

– Tatuagem? – Olhando para Scarlet, percebeu que a ruiva também parecia surpresa.

– É tradição. Todos os membros da Fairy Tail fazem uma tatuagem com o símbolo da escola.

– Mas tatuagens doem. – Lucy reclamou, em protesto – Não quero fazer uma.

Rindo maliciosamente com a indignação da loira, Levy e Erza pegaram, cada uma, um braço de Heartfilia e a ergueram da cadeira.

– Relaxe, você vai gostar.

Caminharam juntas até o prédio da escola onde, acidentalmente, descobriram que haveria aula naquela semana. Depois de alguns minutos de revoltas e xingamentos, azulada e ruiva encaminharam Lucy até a sala de artes, onde pegaram um baú com papéis e tintas, e vários símbolos da escola marcados em um material que a loira não reconheceu.

– Aonde você vai querer? Pode ser em qualquer lugar do corpo, mesmo que não fique amostra. – Levy, sorrindo, levantou um pouco sua saia, para revelar a tatuagem na lateral da coxa.

– Aqui. – Ainda relutante, Lucy ergueu seu braço direito, apontando para as costas da sua mão.

Delicadamente, Erza pegou a mão e pressionou um papel em branco nela. Quando o retirou, havia ali marcado o símbolo da Fairy Tail, em um tom rosa bebê.

Assustada, Lucy ergueu sua mão e a encarou por alguns minutos, estupefata.

– Nenhum estudante entende muito bem, mas esse é um truque que o Mestre Makarov criou. Aparentemente, os papéis tem o símbolo marcado, mesmo que não pareça. É um mistério. – Erguendo os ombros, Levy assumiu uma postura de quem já aceitou a derrota, rindo embaraçada.

– Só o que sabemos é que a tatuagem fica durante todo o período que você ficar com a Fairy Tail. Não sai na água e parece uma tatuagem de verdade, mas não dói. Vai entender. Gostou?

– Sim... pensando bem, agora eu me lembro que Natsu possui uma no braço e Gray no peito. Não tinha me tocado disso antes. Como a cor é selecionada?

– Não temos ideia – Responderam, em coro, azulada e ruiva. Lucy suspirou, aceitando a derrota, já que as duas realmente pareciam não ter informações. Ainda encarando as costas da sua mão, maravilhada e transtornada, saíram as três do prédio, rumo ao poderoso sol da tarde que estava alto no céu naquele sábado.

Um dia agradável e um sol acolhedor como aquele não permitiam que os estudantes nem mesmo imaginassem os momentos nebulosos e frios que estavam marcados para cruzarem seus caminhos. A única coisa que podia entregar tais eventos futuros era a presença da Phantom no terceiro prédio dormitório da Fairy Tail mas, mesmo com as desavenças, não parecia ser grande coisa. Entretanto, Erza não conseguia deixar de pensar que tudo parecia tranquilo demais para ser verdade, ainda sendo capaz de lembrar o olhar cortante como metal de Gajeel.

~estrelinhas~

‘A parte, suspeitas e repreensões a si mesmos por terem suspeitas, a semana escolar dos estudantes transcorreu tranquila, porém veloz. Parecia que o próprio tempo estava ansioso e quebrava suas regras para que a sexta feira chegasse logo e a competição começasse. Mas mesmo com essa sensação de voo das horas, os alunos da escola anfitriã não perderam todas as oportunidades possíveis para se prepararem ainda mais, fosse treinando em locais isolados para que suas táticas não fossem descobertas, fosse montando grupos de estudos. A frieza da escola adversária na festa de boas vindas irritou a todos, que se viram cada vez mais animados para demonstrarem que não era sábio subestimarem a Fairy Tail.

Quando finalmente a sexta feira chegou, todos estavam aliviados e ansiosos. As aulas finalmente acabaram, restando só a iminente competição. O final dessa semana marcava somente o evento de abertura e a primeira prova, da categoria esporte, mas a ansiedade não amenizava por conta disso. Na realidade, os meninos estavam quase se brigando para terem algo para fazer enquanto esperavam a hora, e isso deixava Levy um pouco alarmada. Se eles começassem a briga, nada os pararia. A única que poderia seria Erza, mas era bem capaz de ela resolver participar.

Mas mesmo com todas as guerrinhas e gritos, as horas passaram rapidamente. Quando menos esperava, Lucy, enquanto tentava separar, surpreendentemente, Mirajane e Erza, se percebeu ouvindo a voz do mestre Makarov, convocando a todos até o auditório da escola, aonde aconteceria o discurso de abertura e algumas apresentações, somente para entretenimento.

Assim como na festa, Makarov e ____ fizeram calorosos discursos a todos, promovendo o espirito esportivo. Aclamando pelos “salves” de seus alunos, Makarov gesticulou com os braços e, enfim, fez o gesto da Fairy Tail, criado acidentalmente pelo seu neto, Laxus Dreyar, quando este era pequeno.

As apresentações se seguiram pela noite, todos se divertindo como se fossem amigos, esquecendo momentaneamente as disputas e rixas entre as escolas. Levy recitou um poema, Natsu e Gray fizeram apresentações manejando fogo e gelo – como eles fizeram aquilo, bem, era um mistério para todos – Lucy, só para participar, entrou no palco afim de fazer um número de dança com Erza, mas, em seus giros loucos, a escarlate acabou jogando Heartfilia para fora do palco. Insistindo que estava bem, a loira insistiu que a amiga continuasse, voltando, então, para seu lugar na plateia, entre Natsu e Levy.

Mesmo com todas as mais diversas e loucas apresentações, nada realmente surpreendente havia acontecido. Levy, completamente desinteressada e entediada, acabou pegando um livro para folhear. Vendo o relógio, percebeu que só havia tempo para mais uma apresentação, o que a deixou feliz, ansiosa por voltar para casa e pular na cama.

Entretanto, ela não podia esperar ou calcular o que se seguiu. Toda a audiência prendeu a respiração, assustada, o que causou um silêncio frio e cortante como metal. Interessada pela súbita mudança de ares, a azulada ergueu seu olhar para o palco. Todo o ar de seus pulmões se esvaiu como se ela tivesse tomado um soco no estômago, e agora lutava por oxigênio.

Oh, não.

Um banquinho estava colocado bem no centro do palco, e luzes de refletores que Levy não lembrava que existiam estavam focalizadas ali. Uma guitarra e um microfone presos por suportes e, sentada, a figura assustadora de Gajeel Redfox, em um terno branco, com um chapéu igualmente branco.

Completamente sério e seguro de si, pegou a guitarra, abaixou o microfone e começou a cantoria:

Colorful, colorful

Shooby doo bop...

Todos da Fairy Tail caíram em um desespero vergonhoso, em uma sensação de quebra. Lá na frente, foram capazes de ver uma menina de cabelos azuis, Juvia, gritando, estimulando Gajeel. Todos gritavam, fosse insultos ou gratulações. O auditório caiu da algazarra.

Mas Gajeel não se importava. Na verdade, parecia nem perceber. Levy sentiu-se carregada por uma forte emoção que crescia dentro de si: vergonha alheia.

Shooby doo bop

Shalala...

Quando a música estava no final, a plateia ainda estava tomada por aquela situação repentina e constrangedora. Natsu começou a gritar que nunca ouviu uma música tão ruim e por um segundo ouve silêncio. Silêncio quebrado pelo som de ar cortado e, em seguida, da guitarra chocando-se contra o rosto do Salamander.

~estrelinhas~

Erza acordou na manhã de sábado, suspirando. A noite havia sido um inferno, depois que Gajeel arremessou a guitarra contra Natsu, lutas isoladas começaram por todo o auditório, o que levou horas para ser resolvido.

Erguendo-se da cama, preparou-se para o treino diário. A partir deste momento, os treinamentos eram de maior importância, porque a segunda competição se resumia em lutas com bastões. Primeiro, porém, haveria um jogo de basquete.

Quando se dirigia ao corredor vazio por conta da hora, percebeu uma folha presa em um pequeno quadro, usado para avisos de pouca importância, já que os essenciais eram colocados no corredor principal da entrada da escola. Entretanto, a folha não era informação inútil, pois trazia as competições daquele fim de semana.

Sábado, 14 de maio

Primeira prova: Física. Modalidade: Basquete. Horário: 14:00

Segunda prova: Física. Modalidade: Luta de bastões. Horário: 16:00

Terceira prova: Intelectual. Modalidade: História de Magnólia. Horário: 18:00

Domingo, 15 de maio

Primeira prova: Física. Modalidade: Natação. Horário: 10:00

Segunda prova: Intelectual. Modalidade: Resolução de Cálculos Matemáticos. Horário: 13:00

Terceira prova: Intelectual. Modalidade: Surpresa. Horário: 16:00

Caros alunos, preparem-se com afinco, mas não exijam demais de sua capacidade. Esperamos, como sempre, uma competição justa e limpa. Os horários das outras competições e dias serão afixados posteriormente.

Atenciosamente,

A direção.

Erza suspirou por conta do espaçamento entre as atividades. Isso se dava para que os alunos pudessem participar de quantas quisessem, mas ainda seria entediante esperar tanto tempo entre uma e outra. Porém, teve que considerar que aquele tempo seria útil para preparação e descanso. Ela não pretendia fazer todas as provas, mas as daquele fim de semana, exceto natação, a interessaram.

Treinou por meia hora e depois de um banho foi encontrar-se com Natsu e Gray. Encontrou-os em uma quadra de basquete, treinando para a primeira etapa. Mesmo que já tivesse se exercitado e banhado, Scarlet se juntou a eles, sendo capaz, assim, de constatar que a Phantom teria problemas com aqueles dois.

O exercício se prolongou até meio dia, quando a escarlate obrigou os dois a pararem para se banharem e almoçarem. Mesmo desgostosos, os garotos obedeceram. O grupo todo, adicionando Mirajane, seu irmão Elfman, Cana e alguns outros membros do segundo e terceiro anos se juntaram para um almoço animado e acalorado. A animação do grupo era tanta que o dono do restaurante permitiu uma caneca de cerveja para cada um, dizendo que assumiria toda a responsabilidade pelo ato. Gritaram, riram e comeram, contando os minutos no relógio.

Finalmente, o grande relógio de Magnólia badalou duas vezes, marcando que as 14 horas finalmente chegaram. Nesse momento, todos, fossem da Phantom Lord ou da Fairy Tail, já se encontravam na quadra de esportes, os times divididos e já preparados para começar. Essa primeira competição era somente masculina, portanto, as meninas apoiaram agindo como líderes de torcida. Antes de o jogo começar, Natsu acariciou um gatinho de pelagem azul e o entregou para Lucy, pedindo que cuidasse dele. Quando o questionou sobre que gato era aquele e o que estava fazendo ali, o rosado apenas riu, dizendo:

– Esse é o Happy! – E saiu correndo para o centro da quadra.

Todos posicionados, um som de apito reverberou e a bola foi lançada para o alto. Gajeel pegou-a e, rindo sarcasticamente, correu para a cesta ignorando a todos, inclusive a seus companheiros de time. E assim ele seguiu e fez três cestas de dois pontos sem a menor dificuldade, fazendo os cabelos da nuca da Natsu se eriçarem com o excesso de confiança dele.

Trocando rápidos olhares com Gray, em um acordo tácito, combinaram a próxima estratégia, em um sinal de grande conhecimento um acerca do outro, ao conseguirem tal proeza apenas com seus olhares.

Quando a Fairy Tail foi lançar a bola depois do ultimo acerto de Gajeel, Fullbuster entrou na frente de todos e, no meio do ar, impediu que Redfox pegasse a bola. Deu um giro em torno de seu próprio corpo, confundindo-o, e lançou a bola para Natsu por debaixo das pernas do oponente, deixando-o cada vez mais irritado. Agora, com a bola em sua posse, Natsu desviou dos jogadores da Phantom, jogando e recebendo a bola de Elfman em sucessões rápidas que impediam qualquer reação.

Quando Gajeel estava próximo de alcança-lo, Natsu ergueu seu corpo em um salto e lançou a bola, marcando a primeira cesta para a Fairy Tail.

Fairy Tail 2 x 6 Phantom Lord.

Tomando pela irritação por ter sido driblado e enganado com facilidade, Gajeel jogou com uma ferocidade que se tornou a ruína do seu time. Mesmo que a raiva fosse uma boa aliada para ampliar as habilidades, ela também deixava as pessoas cegas. E Natsu e Gray souberam aproveitar bem os pontos cegos e fracos que Redfox acabava expondo em seus ataques cheios de fúria.

Quando o apito soou novamente, acabando a primeira parte daquele jogo, a Fairy Tail já havia virado e superado bem os pontos da Phantom. E assim se mantiveram até o apito final.

Ao fim, Gray fez um último lançamento, marcando uma cesta de três pontos.

Fairy Tail 156 x 73 Phantom Lord.

A reação da Phantom surpreendeu a todos. Não vairam, não gritaram, não xingaram, não fizeram nada. Apenas saíram orgulhosamente do local, em meio aos gritos fervorosos da Fairy Tail. Entretanto, mesmo que suas posturas e seus rostos demonstrassem total falta de emoção e interesse, era possível ver seus olhos marcados por um brilho de fúria. Era visível que não deixariam aquela vitória humilhante passar barato.

Entretanto, a determinação que cresceu neles não foi suficiente para derrotar a Fairy Tail. Todas as três competições de sábado foram vencidas pela escola anfitriã. A luta de bastões foi excepcional. Quando um combatente era derrotado, ele era substituído. Porém, ninguém era substituído por outro motivo a não ser a derrota. Depois de alguns combatentes da Fairy Tail se verem perdedores, Erza Scarlet foi chamada para lutar. E não saiu da arena até o último estudante da Phantom daquela modalidade caísse a seus pés. Até mesmo seus companheiros ficaram assustados com a fúria e o divertimento no olhar da escarlate.

De modo similar em termos de vitória, Levy e Lucy venceram tranquilamente a competição intelectual, que era sempre em duplas. Não houve necessidade de ferocidade nesse caso mas, assim como Scarlet, se esforçaram com afinco e conseguiram uma vitória brilhante para a escola.

Todos estavam em êxtase e comemoraram até altas horas. Somente Gray e alguns outros se retiraram cedo, pois eram aqueles que iam participar da natação.

~estrelinhas~

Depois de tomar banho na manhã de domingo, Lucy se viu frente a frente com Gray e Natsu discutindo no seu sofá, enquanto Erza comia bolo de morango. Já era uma situação rotineira que Heartfilia não sabia exatamente quando começara, mas aqueles três sempre apareciam do nada e agiam como se tivessem sido convidados.

Uma breve discussão se seguiu, Lucy agredindo os dois por ficarem invadindo sua privacidade daquele jeito. Mesmo que Erza também o fizesse, não era tão frequente e ela não tinha coragem de reclamar com Scarlet. Mas de qualquer modo, na mente estranha da garota ruiva, ela sempre percebia que agiu erradamente e ficava com o senso de honra ferido, pedindo desculpas dramáticas a Lucy.

Juntos, dirigiram-se ao local onde seria a prova de natação. Na realidade, não era uma natação comum. A prova também consistia em mergulhos e pegar objetos na água, o que obrigava a todos o uso de aparelhos apropriados, com cilindros de oxigênio e tudo mais que fosse necessário. A ideia inicial era que a prova fosse feita no mar, mas seria complicado deslocar tantos alunos em barcos, portanto, um gigantesco tanque, como aqueles aquários de tubarões, foi construído para a prova. Havia divisões de raias na superfície para a competição comum de nado e havia, no fundo, plantas e outras coisas para simularem o fundo do mar.

Gray se sentia um pouco ridículo com uma prova dessas. Preferia que fosse somente nado. A situação o incomodava tanto que, se não fosse o fato de que todos contavam com ele, Fullbuster não realizaria a prova.

Quando estava quase na hora da competição, salva vidas ajudaram os estudantes a aprenderem a colocar corretamente seus equipamentos, apesar de ainda não ser a hora de coloca-los. Primeiro, haveria o nado e depois o mergulho.

Fullbuster ficou ao lado da garota de cabelos azuis da Phantom Lord, Juvia Loxar. A garota era estranha de um modo que Gray não conseguia definir, mas parecia ter grande afinidade com a água. Portanto, o garoto decidiu toma-la como uma rival competente, seguro de que não seria prudente subestimá-la.

Um apito soou e todos se jogaram na água. O garoto tinha total consciência de tudo ao seu redor, e ao mesmo tempo não focava em nada em particular. Esforçava-se apenas para ser mais rápido e respirar o menos possível, para que fosse capaz de vencer. Essa primeira etapa se encerraria quando três alunos completassem dez chegadas no estilo “crawl”.

Mesmo com esforço e dificuldade, Juvia estava sempre próxima a ele. Algumas vezes, ele conseguia ultrapassá-la, mas rapidamente ela tomava a frente. Ele estava certo em considera-la alguém com afeto pela água. Apesar da concentração e de não olhar atentamente, foi capaz de perceber que a água ondulava como que com prazer ao redor da garota, e as duas se moviam como se fossem uma só criatura. Eles eram rivais, mas o garoto não pode deixar de ficar impressionado com a cena.

Ao fim, Juvia ficou em primeiro lugar por apenas alguns segundos, o que causou certa confusão na hora de anunciar o vencedor. Sem comemorar ou parecer se importar com a vitória, Juvia se dirigiu a um dos altos trampolins, pegou um equipamento reservado para os Phantom e seguiu adiante.

Quando alcançou seu próprio trampolim, Gray percebeu que a prova seguinte seria realizada somente por eles dois. O objetivo sempre fora que somente dois dos três vencedores fossem para a etapa seguinte. O garoto não pode deixar de sentir repulsa da falta de senso. Se os três fossem da mesma escola, os organizadores se encontrariam em um impasse.

Resolveu ignorar tais preocupações e concentrar-se na prova. Fora difícil tentar se igualar a azulada na anterior e a tentativa ainda fora infrutífera. Desta vez, ele precisava vencer.

Juntando o máximo de concentração, pulou, ao som do apito, para um mergulho naquele fundo tanque. Mesmo sabendo que perderia alguns segundos, deu duas cambalhotas no ar, pensando que talvez conseguisse pontos extras.

Sentiu a água gelada contra seu corpo, mas isso não o fez se retrair. Na realidade, era da preferencia dele que a água estivesse fria, pois sentia-se bem com a temperatura. Além disso, talvez a garota sentisse alguma dificuldade em superar tal dificuldade.

Quando alcançou o fundo do tanque, sua visão periférica captou a menina de cabelos azuis nadando com habilidade entre as algas, procurando as tais pedras semelhantes a perolas que eles tinham por objetivo pegar. Um brilho esverdeado chamou sua atenção e ele seguiu na direção, encontrando sua primeira esmeralda. Encontrou facilmente mais cinco daquelas esferas quando sentiu a água se revirar de modo estranho atrás dele.

Virando-se, percebeu que o equipamento de Juvia tinha dado algum problema. Ela não estava recebendo oxigênio e sim água, mas ela não conseguia remover a máscara que lhe cobria a boca e o nariz. Provavelmente ela estava acostumada a prender a respiração para puxar a menor quantidade de ar do cilindro de oxigênio, e por isso demorou tanto para perceber o defeito.

Sabendo que a garota sufocaria em questão de segundos, Gray nadou apressadamente em sua direção e removeu, com grande esforço, a máscara. Nesse momento, ela desmaiou, e ele sabia que não conseguiria subir com ela rápido o suficiente para lhe dar ar. Por isso, respirou fundo e retirou o próprio equipamento e, aproximando seu rosto do dela, tocou seus lábios. Uma vez retirada a máscara dentro d’água, esta não podia ser posta novamente. Portando, ele precisava lhe dar seu próprio ar.

Ao mesmo tempo que passava seu ar para ela, jogou todo o peso para longe e tomou impulso no fundo do tanque para subir. Nadou o mais rápido que podia, na tentativa de conseguir realmente salvar a garota. Ficar muito tempo sem ar era complicado por diversas razões. Gray tinha plena consciência de que, em uma situação diferente, Juvia teria tido total capacidade de se cuidar sem ajuda. Porém, quando percebeu o problema, já era tarde demais. Ela havia ficado sem respirar por um tempo muito longo e no fim acabou inalando água.

Chegando a superfície, Fullbuster lançou o corpo dela por sobre a borda e se impulsionou para cima. Começou os primeiros socorros, com a respiração boca a boca e massagem cardíaca. Depois de assustadores instantes, cuspindo água e tossindo, Loxar abriu seus olhos e respirou fundo, como se fosse sua ultima oportunidade de sugar o ar.

Dirigindo seu olhar a ele, a antiga falta de emoção e interesse foi substituída por um brilho. Incapaz de agradecer, ela apenas sorriu para ele, dizendo:

–Gray...sama.

Ele não pode negar a surpresa por ela saber seu nome. Imaginava que aquilo não tinha importância nenhuma para os estudantes da Phantom, saber os nomes de seus adversários. Mas o que mais o espantou foi o uso do “sama”. Não conseguindo compreender, apenas se esforçou para retribuir o sorriso, demonstrando que estava tudo bem.

Enquanto o salva-vidas – que foram mais do que inúteis – levavam a azulada para longe dali, Gray percebeu que soltou todas as esferas para fazer o resgate. Já sabia que isso aconteceria, mas agora era fato: ou a competição seria cancelada ou ele perdera.

Como se ouvissem seus pensamentos, um dos juízes da prova pegou um microfone e anunciou que Juvia vencera a primeira etapa da disputa mas, por sua integridade ao salvar a menina, Gray venceu a segunda etapa. Explicou que, originalmente, haveria só um vencedor mas, devido a atitude do rapaz, os dois foram considerados campeões daquela prova. Ao som dessas palavras, toda a Fairy Tail explodiu em vivas, e logo o garoto se viu cercado por seus amigos, comemorando uma vitória que ele sabia que não era merecida. Mas ainda sim, uma vitória.

Depois que a euforia diminuiu e os ouvidos de todos foram poupados de toda a barulheira e gritaria, Erza, Gray, Lucy e Natsu foram juntos almoçar e ajudar quem participaria da próxima etapa. Levy iria encontra-los somente mais tarde e, por conta disso, foi sozinha ao prédio dormitório.

A prova terminara antes do previsto, portanto, o grupo ainda tinha muito tempo restante. O meio dia ainda não havia chegado e não havia nada para fazer. Por isso, Lucy separou-se do grupo e foi para casa, onde poderia aproveitar um tempo extra de estudos. Quando finalmente chegou lá, encontrou sua casa completamente revirada. Alarmada, pegou o chicote que sempre carregava consigo e começou a andar o mais silenciosamente possível, em busca de um invasor ou qualquer coisa que pudesse ter causado aquilo. Mas fosse quem ou o que fosse, já havia partido.

Finalmente se tranquilizou e começou a organizar suas coisas. Havia se passado somente alguns minutos quando mãos delicadas, porém fortes, tamparam-lhe a boca e ela se sentiu arrastada para um pequeno closet no seu quarto. Foi jogada ali dentro e a porta trancada, mesmo com o esforço da loira de usar seu peso para impedir, empurrando. Aguçando sua audição, ouviu o tilintar das chaves sendo devolvidas 'a seu lugar no pequeno prego que Heartifilia martelou na parede, bem próximo a porta do closet. Aparentemente, quem a fizera prisioneira em sua própria casa não se acreditava que ela conseguisse sair tão cedo, já que, além de colocar as chaves em um lugar tão óbvio, simplesmente saiu poucos minutos depois, quando a loira decidiu parar de protestar. Certificando-se que a porta da frente da casa estava trancada, a pessoa jogou a chave por baixo e foi embora, sorrateira pela rua do rio que passava pela cidade.

Atenta, Lucy começou a revirar seu pequeno armário, em busca de algo que pudesse ajuda-la a pegar o pequeno pedaço de metal que permitiria sua fuga dali. Poderia tentar gritar, mas não havia chance de alguém ouvir e se isso acontecesse, já seria tarde demais para competir pela Fairy Tail.

Encontrou um velho pedaço de cartolina e o cortou, de modo que formasse um grande “L”. Cuidadosamente, empurrou o objeto por baixo por baixo da porta, tentando calcular onde estaria o prego. Quando alcançou uma posição que acreditava ser suficiente, largou a cartolina e afastou-se os poucos passos que o cubículo permitia.

E chocou-se contra a parede com toda a força que pôde.

Durante vários minutos que lhe pareceram horas, reuniu suas forças e lançou seu corpo contra a parede, sem resultados. Seu braço doía por conta das pancadas e ela arfava em uma mistura de claustrofobia e esforço. Finalmente, ouviu um tilintar e um pequeno baque. Comemorando, começou a arrastar a cartolina. Entretanto. chave bateu na porta e ali ficou, grande demais para passar.

Então, Lucy puxou cuidadosamente a cartolina, fazendo o objeto de metal cair no chão. Torceu o grampo de cabelo que utilizava, triste por destruir uma peça tão bonita, mas sabia que era necessário. Olhando pela fresta, fez o grampo envolver o elo preso ‘a chave e a puxou novamente. Sem o pedaço de papel grosso por baixo, a chave passou sem muita dificuldade e a loira foi capaz de sair dali.

Afobada, precisou de um tempo para achar a chave da porta da frente, que havia sido jogada com certa força. Encontrando-a, saiu de casa na maior velocidade possível. Se ela havia sido atacada, era bem possível que algo tivesse acontecido a algum de seus amigos. Balançava a cabeça, tentando afastar tais pensamentos, afirmando a si mesma que eles eram capazes de se protegerem.

Exatamente quando estava pensando em como eles poderiam se livrar facilmente de uma situação assim, percebeu uma agitação na rua e a seguiu. Sem perceber, acabou por encontrar-se no campo no centro dos prédios dormitórios.

Natsu, Gray, Erza e muitos outros estudantes estavam postados em um semicírculo em volta da única árvore que havia no local. Empurrando para conseguir avançar, Lucy finalmente conseguiu se postar ao lado de Natsu. O gosto metálico e amargo foi sentido quando o sangue inundou a boca de Lucy, que mordia forte o lábio inferior.

Ali, presa 'a gigantesca árvore, estava Levy, com a marca da Phantom Lord pintada no chão aos seus pés.


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Notas finais do capítulo

*Escrever isso doeu a alma



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