Plano Venenoso escrita por Hlibka


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Então, pessoal! Como dito, essa história faz parte do último desafio que o Nyah lançou e tem como foco principal a confusão de sentimentos da Hera Venenosa pela Mulher Gato. Não acompanho muito as histórias em quadrinhos e confesso que tive que dar uma pesquisada para me situar nesse universo, o que foi um enorme desafio pra mim. Gostei muito de escrever sobre elas e até pensei em fazer uma continuação no futuro! E é isso aí, espero que gostem!



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Há tempos não se ouve falar de mim nos arredores de Gotham City. Em nenhum momento ousei cometer algum outro crime após aquele incidente. Era mais um ataque do insano Coringa. Eu e Arlequina ficamos responsáveis por seduzir e matar os policiais, enquanto ele explodia um banco. Tudo para chamar a atenção do idiota que vocês conhecem bem.

A madrugada caía alta, a cidade estaria em pleno silêncio se não fosse a risada do Coringa ecoando em nossos ouvidos. Chegamos ao banco e começamos o show, Arlequina trazia em mãos um bastão e, com seus movimentos precisos, acertava a cabeça dos policiais, que desmaiavam em apenas um golpe. É claro que ela não deixava por aí e terminava o serviço. Enquanto isso, eu andava até o cofre central, precisávamos terminar aquilo em menos de dez minutos, antes que tudo fosse pelos ares.

Um grupo de policiais tentou me atingir no percurso, mas minha toxina letal fez com que eles não conseguissem cumprir o objetivo.

- Adoro destruir esses sacos de carne patéticos que vocês chamam de corpo. - Ri e continuei meu caminho. Consegui a senha do cofre e escutei Arlequina gritando.

- Vamos logo! Isso vai pelos ares daqui a pouco!

Sorri em resposta e abri o cofre, pegando o máximo de sacos de dinheiro que consegui.

Vi Arlequina correndo em direção à saída e logo em seguida, vi Coringa preparando seus explosivos. Seu sorriso sádico parecia ainda maior e sua risada anunciava o que viria a seguir. Corri na mesma direção que minha parceira e, como que em um vulto, algo apareceu na minha frente.

- Olá, ruiva. Estou atrapalhando alguma coisa? - Desfilou de maneira sensual ao redor de mim.

- Você não deveria estar aqui. - Foi tudo que consegui falar, sabia que aquela distância não era segura. A Mulher-Gato é uma exímia lutadora e qualquer movimento brusco poderia ser perigoso.

- Mas estou. - Sorriu. - Roubando bancos? Pensei que você fosse melhor do que isso...

- Selina... - Suspirei. Não era hora de demonstrar minha fraqueza, ela poderia ser a minha eterna paixão, mas ainda sim, era minha inimiga. - Saia daqui antes que eu tenha que te matar de dentro pra fora.

- Sério? Uau, Pam! - Sussurrou próximo ao meu ouvido. - Como você é perigosa! - E deu um soco em meu rosto, acertando em cheio a bochecha. Minhas duas mãos estavam ocupadas e Arlequina já estava longe. Coringa não exitaria em apertar aquele botão e meu tempo estava mais do que corrido.

Tentei correr o mais rápido que pude, não era hora de acertar um combate. Calculando, precisei que faltava menos de dois minutos para que tudo fosse destruído. Ao longe, escutei Coringa gargalhar. Respirei fundo e vi minha inimiga se pendurando nas paredes do banco para conseguir velocidade. Ela queria se vingar de mim, da última vez que nos encontramos, não fui muito receptiva e, em uma tentativa inútil de extinguir meus sentimentos, tentei machuca-la de maneira que ela não voltasse a aparecer em minha vida tão cedo. Doce ilusão.

Deixei um dos sacos de dinheiro cair durante o percurso e com muito sufoco alcancei a porta. Coringa estava de prontidão com sua arma e, quando passei por ele, o mesmo acertou um tiro certeiro em uma das pernas da Mulher-Gato, que caiu ao chão.

- NÃO! - Berrei sem me conter. Coringa me olhou com um sorriso irônico, enquanto apertava o maldito botão.

E tudo foi pelos ares.

Enquanto corríamos, vi as paredes desabando. O tremor do chão entrou em compasso com as lágrimas que teimaram em escorrer do meu rosto. A poeira levantada embaçou minha visão, mas consegui ver a feição irônica de Coringa, que comentou:

- Adorável, adorável! Jamais imaginei que uma tolice assim pudesse ser sua fraqueza! - Ignorei, virando meu rosto para outra direção.

Naquela madrugada, não perdi tempo recolhendo informações sobre o Batman. Arlequina deveria estar com o Coringa, não a vi depois. Fui para o meu esconderijo e, devastada, apoiei-me no maldito saco de dinheiro que me sobrou e pude chorar.

Ninguém sabe quando esses sentimentos começaram, ninguém entende a maneira como nos olhamos e, principalmente, ninguém sabe o quanto é difícil ter que esconder o amor que você sente por sua maior inimiga.

Voltei meus olhos ao redor de mim. Sequei minhas lágrimas e olhei para meu corpo esverdeado, Hera Venenosa. A invencível Hera Venenosa. Agora, rebaixada à Pamela Isley. Não podia deixar isso acontecer, eu sabia o que queria e sabia que iria fazer qualquer coisa para realizar meu plano. Era o plano mirabolante que não poderia dar errado. Por mim, por ela, por meus sentimentos e, acima de tudo, por minha dignidade entre os vilões, eu teria que resgatar e conquistar a dona do rugido mais sexy de Gotham City, Selina Kyle. Ou, para os menos íntimos, a Mulher Gato.

Corri até as ruínas do banco. Minhas toxinas seriam lançadas em qualquer um que ousasse entrar em meu caminho. Quando vi tudo destruído, minha respiração ficou descompassada e o que Coringa disse voltou a rodear minha mente. Afastei os pensamentos e adentrei, tentando achar ela.

- Selina? - Chamei. Caminhei por mais um trecho, retirando as pedras maiores com meus poderes. Havia muita poeira e cacos de vidro no chão. - Selina Kyle? - Chamei mais alto. Nada. Tentei ser otimista e pensar que ela apenas não estava me escutando por estarmos longes.

- Mulher Gato! - Berrei e, enfim, escutei um miado. Um miado baixinho, fraco e cansado.

Fui em direção ao som e retirei a pedra que estava sob ela. Selina estava estirada no chão, a perna sangrando muito e o rosto completamente machucado. Seus olhos fechados, seu corpo inteiro sujo de poeira e seu disfarce rasgado.

- Me perdoe por isso. - Sussurrei em seu ouvido, mas não sabia se ela havia escutado. Com delicadeza, peguei seu corpo e a segurei comigo. Iria leva-la até meu esconderijo.

Escutei o barulho de sirenes. Eram os policiais. Batman provavelmente estaria por perto. Apertei o passo e me escondi, até que estivesse longe o suficiente para entrar em um atalho por um beco.

- Não acredito! - Uma voz estridente falou. - Então resolveu salvar a gatinha?

Arlequina estava encostada na parede do beco. Sua maquiagem e seus cabelos estavam piores que o normal. Coringa deveria ter feito algo.

- Não é assunto pra agora. Preciso ir.

- Vá, te dou reforços. - Bateu o bastão duas vezes em sua mão. - Depois que eu estraçalhar eles, vou querer saber das coisas. HAHAHA! - E correu para o banco. Era realmente uma doente mental.

Segui meu caminho sem olhar para trás. Torci para que Batman encontrasse Arlequina e que os dois pudessem perder tempo entre si, para que não reparassem em mim. O Cavaleiro das Trevas era mestre em aparecer sem avisar.

Finalmente, consegui. Entrei em meu esconderijo e coloquei Selina na cama. Não era um lugar aconchegante, afinal de contas, eu era uma criminosa. Fui para a cozinha e busquei algumas ervas de cura. Pouca gente sabe, mas durante as pesquisas que desenvolvi para me tornar cada vez mais forte e indestrutível, também encontrei curas para doenças e machucados.

Preparei uma mistura pastosa com um cheiro nada agradável e deixei em um pote. Coloquei água morna dentro de uma bacia e molhei um pano limpo, levando para o quarto. A Mulher Gato permanecia desacordada.

Retirei sua máscara. Ela iria me matar por isso, mas eu já a conhecia e ela sabia. Selina Kyle não me era uma estranha.

Com cuidado, passei o pano por seus traços e limpei o máximo que consegui. O corte na bochecha era profundo e iria requerer atenção. Mordi os lábios quando reparei que teria que tirar o uniforme dela para terminar. Aquilo era tão colado que precisei cortar com uma tesoura.

- Espero que você tenha disfarces reservas... - Sussurrei e em seguida perdi a fala, um conjunto de lingerie preta de renda completava a visão perfeita. Desviei a atenção para o maldito pano e tentei não tremer muito enquanto passava o tecido em seu corpo.

Reparei em um corte em seu abdômen, provavelmente proveniente dos cacos de vidro. Limpei com cautela e imaginei como deveria doer se ela estivesse em sã consciência.

Depois, peguei a mistura na cozinha e, com as técnicas medicinais, comecei o processo de cura. Havia leves toxinas minhas, mas nada que uma super inimiga não conseguisse conter. Era o elemento especial para que o efeito surtisse mais rápido.

O toque dos meus dedos em seu rosto fez meu corpo se arrepiar. No momento em que passei o remédio em seu corte, ele ficou mais amarelado. Suspirei em alívio, estava dando certo. Fiz a mesma coisa em seu abdômen e em cortes menores que encontrei. Ainda fiz um procedimento semi-cirúrgico retirando a bala que o Coringa havia acertado em sua perna e enfaixei com gaze.

A mistura deu certinho para os ferimentos e, após concluído, a garota parecia um panetone de frutinhas. Sorri com o pensamento, ela me daria um golpe certeiro se escutasse isso. Depois, peguei uma roupa e coloquei em seu corpo. O dia estava quase amanhecendo, mas ela ainda iria dormir por um bom tempo. A cobri e fui tomar um banho, aproveitei para pensar no que tinha acontecido e na reviravolta que isso iria causar. Talvez meu plano não desse certo e, em um futuro próximo, meus inimigos estariam comemorando minha morte. Eu não iria usar minhas toxinas nela, era realmente minha fraqueza.

Coloquei uma roupa e me sentei na cadeira, fazendo um escudo com heras em caso de uma reação inesperada da gatuna. Minhas pálpebras estavam pesadas e não demorei a adormecer.

Acordei com um berro em meus ouvidos.

- PAMELA! - Era ela, acordada, lindamente vestida com as minhas roupas e com uma cara enfurecida. - VOCÊ QUASE ME MATOU E ARRANCOU MINHAS ROUPAS!

Tentei não rir da situação. Estávamos dialogando? Era uma DR de inimigas?

- COMO OUSA TIRAR MINHA MÁSCARA? - Ela estava MUITO brava, mas pelo menos estava salva. Olhei rapidamente para a cicatriz do seu rosto e não pude conter o comentário.

- Seu rosto já está bem melhor.

Ela pareceu ter um choque de realidade. Olhou no espelho ao lado da cama. Reparei que estava mancando um pouco.

- É... - Passou os dedos de leve na cicatriz.

- E é assim que você me agradece? - Sorri debochada, retirando minhas heras. Ela não aparentava muito perigo.

- Vale lembrar que se não fosse por você, eu não teria esse machucado.

- Na verdade, foi tudo culpa do Coringa. A ideia do plano, o tiro, a explosão... - Eu estava com raiva daquele palhaço.

- E por que você fez isso? - Olhou diretamente nos meus olhos.

- Sei lá, sou uma criminosa e dinheiro nunca é demais, além de que eu estava super afim de atazanar o Batman e...

- Não isso. - Cortou minha explicação. - Por que você voltou para me salvar? Até onde sei, somos inimigas.

Fiquei sem reação. Como explicar?

"Ah, porque eu sou apaixonada por você" ou "Ah, porque eu fiquei com dó" não eram boas respostas.

- Porque... - Eu ainda não tinha resposta! - Porque eu resolvi te sequestrar! - UAU! ÓTIMA!

- Sério isso? - Levantou uma das sobrancelhas. - Você resolveu me sequestrar E cuidar de mim?

- É que... bom... não seria justo lutar com você naquelas condições...

- E desde quando você tem senso de justiça, Ruiva?

Droga. Preferia mil vezes apanhar daquele chicote ou receber as garras dela em minha pele do que aquele maldito questionário.

Era a parte final do plano que precisava ser concluída.

Andei até ela, sentei-me ao seu lado e toquei em seu queixo.

- Desde que eu me encontrei perdidamente apaixonada por você.

E roubei o pertence de maior valor na minha história de crimes: o coração da minha amada.


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Notas finais do capítulo

Fim! :]



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