Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi geentee!! Feliz Ano Novo atrasado!!
Primeiramente, venho dar as boas-vindas aos novos leitores! Fico muito contente que estejam gostando (ou ao menos dando uma chance) para a fic. Em segundo lugar, venho fazer uma pequena observação: a história pode parecer meio paradinha, mas é porque gosto de amplificar os pensamentos da personagem para os leitores se identificarem na história. Mas prometo que em breve coisas quentes irão rolar! Hahahahha
Do mais, aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/575472/chapter/8

O período da faculdade está chegando ao fim e ela traz consigo a maravilhosa semana de provas. Eu estou igual à bruxa Winnie de Abracadabra, ou melhor, a bruxa Winnie está melhor do que eu. Eu não sabia que as minhas sobrancelhas poderiam ser tão grossas, e o pelo das minhas pernas tão longo. O cabelo nem se fala: as mechas loiras já se tornaram ombre hair. Isso tudo porque tenho centenas de páginas para ler e decorar, e faço listas de leis que ficam espalhadas pela casa toda: ao lado da cama, no espelho do banheiro, na porta da geladeira e em cima do sofá. Este desespero todo gira em torno da única lei inviolável que sei de cor e salteado: não posso reprovar nenhuma matéria. Nenhuma mesmo, durante os cinco anos de faculdade. Dependo totalmente da minha bolsa de estudos, e caso eu fique abaixo da média já posso dizer bye-bye Santa Maria de Mattias, e bye-bye Marco Vittorelli.

Enquanto relato um caso de estudo com meu corpo malcuidado, os meus planos para conquistar meu príncipe libertino se encontram estagnados. Inicialmente tive um grande avanço, porém agora a única ocorrência importante é a minha carona diária com Tomas, que tem demonstrado ser um amor. Eu temo que ele esteja sentindo algo a mais que uma amizade entre nós, porque seus olhos não mentem para mim. Sempre nos encontramos em frente à biblioteca após a aula, e Tomas me abre um sorriso tão bem sorrido que chega a ser contagiante. Em seguida, ele diz “preparada para mais um atentado à vida?” com seu sotaque divertidamente enrolado, e eu respondo “você sabe que dirige muito bem!” o que é verdade, pois Tomas dirige com uma diligência europeia. Às vezes chega até ser irritante, porque ele nunca ousa atravessar um sinal amarelo e tampouco acelerar além do permitido segundo a pista. Ao ver uma pessoa na faixa de pedestres, ele sempre reluta em avançar, mesmo que o sinal esteja verde. “Não é assim que funciona no outro lado do mundo!” Ele exacerba, mostrando indignidade. “Ah gracinha, na verdade aqui não funciona”, respondo ironicamente. De resto, ele é um anjo que definitivamente saiu da Capela Sistina, ao contrário de Marco. De vez em quando olho para ele e suspiro pesarosamente, perguntando-me se eu não poderia fusionar Tomas e Marco numa outra dimensão: pegar toda a fofura e inocência do inglês para misturar ao corpo endeusado do italiano. Surgiria o homem perfeito.

Voltando ao lance dos olhos, eles não têm como mentir para mim. Quando eu entro na sala (atrasada só para variar) vejo de relance todos os rostos entediados e sonolentos, e no meio deles lá está Tomas me observando com seus grandes olhos azuis-claros, feito uma criança que espia a mãe fazendo bolo. Quando nossos olhares se encontram, ele abre um sorriso de lado bobamente e levanta a mão num aceno rápido, e eu retribuo da mesma forma. A mesma coisa acontece em qualquer lugar que nós nos esbarramos, e Tomas sempre inventa alguma desculpa para puxar assunto comigo. Vai comigo hoje? Está estudando muito para as provas? Eu trouxe um CD novo para a gente escutar no carro. E quando meu coração amolece após um disparo de metralhadora com balas de fofice, aparece logo atrás meu sonho de consumo: Marco, impecavelmente lindo, que ao contrário do ingênuo Tomas esbanja atitude e autoconfiança, como se cada passo que ele dá fosse friamente calculado. Ele naturalmente passa direto por mim e troca alguma palavra com Tomas, sobre onde eles irão almoçar ou o horário do jogo de futebol. Ah, outro detalhe que aparta totalmente o comportamento entre os dois: Tomas é o goleiro do time quanto que Marco é o zagueiro. O primeiro feito para resguardar, o segundo pronto para atacar.

Confesso que eu adoro o Tomas, acho ele um gato e muito amável. Já pensei várias vezes em beijá-lo na hora de sair do carro ao chegar à minha casa, porque a tentação é muito grande. Enoooorme. É como se todo o momento e até as engrenagens do carro conspirassem para a gente se beijar. Tomas costuma desligar primeiramente a ignição para depois se despedir de mim (como havia dito antes, diligência europeia), e aí ele me encara com seus olhos cujo sol reflete até as profundezas das suas íris e seu tom de azul ganha uma nuance celeste. Bye, ele diz numa rapidez quase inteligível, e se inclina para me abraçar. Neste momento meu coração quase pula para fora da boca e um milhão de coisas passam pela minha cabeça, oferecendo-me um milhão de oportunidades. Durante o abraço sinto como seu peitoral é firme ao encostar no meu, e meus dedos discretamente acariciam a margem de seus cabelos loiros acima da nuca. Eu sinto sua respiração exalar sobre a pele do meu pescoço. Arrepio-me toda. Ai, devo ou não devo? Devo ou não devo? Depois do abraço sempre chega a pior parte, o beijo no rosto. No início das nossas caronas, esta parte era mais curta e mais objetiva, pois o beijo era estalado e tão rápido quanto por minhas pernas para fora do veículo. Mas agora o beijo no rosto parece durar uma eternidade em cinco segundos. A gente se separa do abraço e Tomas se inclina novamente em direção ao meu rosto, e seus lábios encostam milímetros de distância do canto da minha boca. Suave e quente. Ardente de vontade. O corpo de um homem cheio de desejo (note que estou me referindo a qualquer tipo de desejo) é como um foguete prestes a ser lançado em órbita. Eu posso sentir o que ele quer, como se letreiros apontassem o que passa na mente dele. Mas eu respiro fundo e me afasto, envergonhadamente coloco minha mochila nas costas e vou embora. Nunca aconteceu nada. Até hoje.

Não posso me envolver com Tomas porque isso significaria o fracasso da operação Dionísio, porque no dia que eu resolver beijar Tomas, será o dia em que irei resolver ter algo sério com ele. Não dá para simplesmente ficar com o príncipe da fofura sem compromisso, como muitos amigos fazem. Ele é diferente. Ele é o tipo de cara que sabe amar, e quer ser amado. Por isso me contenho todos os dias quando saio daquele carro, e concluo que manter a amizade é bom para ambos. Ninguém gostaria de descobrir que a garota que ama está apaixonada pelo seu amigo de faculdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!