Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu amo vocês pelos seguintes motivos:

Primeiro - a fic atingiu a marca de 20 seguidores, e vocês não fazem ideia de como eu pulo de alegria ao ver esse número aumentar de um por um.

Segundo - são os leitores (ou as leitoras, any man there? Hahaha) mais assíduos que já vi. Sempre comentam e elogiam, quase explodindo esse meu coraçãozinho num infarto.

Terceiro - vocês sempre perdoam a minha demora em postar capítulos.

Então, mais uma vez, obrigada! E enjoy!



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Meus olhos já estão abertos há praticamente uma hora, contudo ainda insisto em revirar na cama com as pernas presas entre o edredom. Minha mente é um filme em câmera lenta que não pausa: nele Marco e eu são os protagonistas, e aquela cama aveludada o cenário. Mesmo que o medo tivesse me dominado momentos antes de descobrir a real intenção de Marco, agora não sou capaz de imaginar outra coisa além das mil e uma hipóteses do que poderia ter ocorrido dentro daquelas quatro paredes. O aperto de sua mão firme, a respiração pesada sob o vapor da banheira, seu olhar verde-oliva penetrando no meu e todos os outros detalhes do dia anterior estão embaralhados na minha trama e vívidos na imaginação aguçada por toques que não existiram.

Ouço mamãe reclamando na cozinha de três quinas sobre as compras do mercado nunca feitas. Arrasto-me da cama e calço as havaianas, sentindo subitamente a dor de cabeça pulsar como um segundo coração sobre as têmporas. Ah, então é isso que as pessoas chamam de ressaca. Deparo-me no espelho e arregalo os olhos para o rímel derretido, que me proveu uma cara de panda. Rapidamente tento remover os excessos de maquiagem borrada, evoluindo de “panda” para “noiva cadáver”. Saio de fininho pela porta e tento correr direto para o banheiro, mas minha mãe me vê antes disso. O que não é difícil sabe, já que a cozinha é grudada com a sala e a sala é praticamente do meu tamanho.

_ Que horas você chegou ontem? – Ela logo interceptou, tomando um suco Detox.

_ Dee... noovoooito da noite.

Minha mãe dorme com as galinhas, significando que por volta das sete e meia você já pode encontrá-la roncando no sofá “assistindo” a novela. Por este motivo, sempre foi muito fácil mentir sobre o horário que chego em casa.

_ Oito da noite, Eleonora? Me conta outra.

O.k. Não tão fácil.

_ Umas nove e... pouca. – Resmungo torcendo o nariz, enrolando um cacho de cabelo.

_ E as compras? Nada, né? O pão integral acabou e o Becel sem sal também...

Aleluia.

_ Agora tudo o que temos para o café da manhã é uma jarra de Detox.

Merda.

_ Desculpe, mãe. Você sabe que foi só dessa vez. Eu sempre faço tudo o que me pede – Justifico, colocando a mão sobre a testa e podendo sentir minhas artérias latejando.

Mamãe projeta um bico insatisfeito e apoia os punhos sobre a cintura, em tom de reprovação.

_ Está de ressaca, não está? – Ela adivinha, sua voz denunciando a repreensão à beira de uma condolência. Estou prestes a discordar, porém ela continua. – Guarde suas negações, eu já tive a sua idade.

_ Vou ficar de castigo? – Pergunto num murmúrio chateado, soltando o ar pelas narinas. Eu sei que já estou na faculdade e ninguém da minha idade ainda deve ser ameaçado por castigos, mas como diz o ditado: a casa é dela, logo as regras também.

_ Mas é claro que vai. – Ela sentenciou, dando uma generosa golada no Detox que desceu amargo pela garganta.

_ Vou limpar a cozinha ou o banheiro?

_ Nada disso. Vai fazer o que deveria ter feito ontem.

E aqui estou eu, indo para o supermercado debaixo do sol quente e a cabeça rodopiando. De fato, um belo castigo. Com a lista de nada mais e nada menos que trinta e dois itens, vou caçando os produtos entre os corredores, porém estou tonta demais para decidir se é Ypê ou Omo que deixa as roupas mais branquinhas. Então, basicamente escolho pelo preço mais em conta. Todos estão olhando para mim com feições atordoadas por trás dos seus carrinhos de ferro, e talvez isto se deva ao fato de que estou com os óculos escuros postos no nariz em pleno salão fechado. Como já disse, meus olhos são sensíveis e descubro que estes ficam ainda mais ardentes que o olhar do Ciclope de X-Men quando estou de ressaca.

Após a meia hora mais entediante da semana, dirijo-me para a fila gigante e bufo em tom de revolta. Olho em volta e avisto alguns metros adiante de mim um jovem de cabelos claros, que automaticamente me recorda de Tomas.

Tomas.

O que acontecera com ele? Tudo o que consigo captar da amnésia alcoólica é momentos antes de pisar em casa, quando me despedi dele com um tchau, ou com um beijo no rosto, ou um abraço. Merda. Eu definitivamente não sei o que houve. Então saco meu celular do bolso e envio uma mensagem:

Nora S. S.: bom dia, Tom! Obrigada pela carona de ontem, foi muita gentileza da sua parte. Como anda? Beijos da Noura.

Aguardo ansiosamente pela resposta, que não costuma demorar mais que um minuto. No entanto, vários se passam e nenhum bipe foi soado. Apenas quando já estou praticamente no caixa, ele me devolve a resposta mais seca que me escrevera até o dado momento.

Tom Fófis: bom dia. Estou bem, obrigado por se importar ao menos com isso.

Franzo o cenho, desconcertada. O que ele pretende dizer? Logo meu coração dispara e tento desesperadamente lembrar os ocorridos. Todavia, minha memória alcança até o determinado momento em que nós conversamos no jardim de inverno, e todos os convidados gritam em uníssono ao nos ver juntos. Mas não creio que esta seja a principal causa para a sua frieza, afinal ele acabara me dando carona e não parecia estar tão chateado assim. Quer dizer, ao menos eu espero que não.

Nora S. S.: o que houve, Tom? Eu fiz alguma coisa de errado? Sabe muito bem que eu me importo sim com você.

Tom Fófis: you’re unbelievable, Eleonora. Após tudo o que me disse ontem à noite, ainda tem a audacidade de fingir que nada aconteceu.

Apenas audácia, eu quis corrigir, mas o assunto está sério demais para as normas da Língua Portuguesa.

Nora S. S.: pelo amor de Deus, Tomas, me conte o que eu lhe disse. Não estou me passando por dissimulada, é que... eu realmente não lembro. Confesso que errei feio ontem, não deveria ter bebido tanto. Mas seja lá o que for, saiba que as palavras de ontem são apenas palavras ditas por uma bêbada que estava longe de dizer qualquer verdade.

Tom Fófis: muito pelo contrário, Eleonora. Você nunca esteve tão perto de dizer uma verdade como a de ontem. E mesmo que o álcool tenha se dissipado do seu cérebro, sei que essa verdade não se transformou numa mentira.

Estou começando a digitar uma nova mensagem quando a caixa ranzinza grita “próximo!”, e sou obrigada a guardar o celular para empilhar os produtos sobre o balcão. Desnorteada, xingo eu mesma por não conseguir resgatar as memórias da noite anterior.

Uma verdade. Eu possuo muitas verdades jamais ditas para ninguém.

Mas apenas uma é capaz de ferir os sentimentos de Tomas.


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